Avalon escrita por Ninha Harlocchi


Capítulo 3
Nickolas


Notas iniciais do capítulo

Um pouco de romance pra quem queria... Divirtam-se!



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Era tudo perfeito demais. Certo demais. Ainda mais depois de tudo. Depois do meu último ano super tumultuado, era estranho as coisas estarem dando tão certo. Primeiro, Coren. Essa cidade é mesmo incrível, parece que tudo aqui é mágico. Falando em magia, havia a Morgana também. Nem acredito que conhecei alguém como ela. Além de linda, muito linda, ela não era nem um pouco fútil. Nem um pouco parecida com a... Ás vezes olho para a Tutti e sinto como se eu fosse a pessoa mais sortuda do mundo. Tudo que passei e fiz por ela, valeu a pena. Eu a amo mais do que tudo nesse mundo e se pudesse voltar no tempo, não mudaria nada. Ainda mais as coisas desse ano. Fazem apenas três dias que a conheço, mas parece que são três anos. É quase como se a conhecesse de outra vida, outro tempo, outro lugar... Quem sabe. O problema é que amanhã começam as aulas e eu realmente não sei o que fazer em relação à ela. E nem em relação à escola, os alunos. Acho que depois de ter uma filha eu perdi um pouco dessa coisa de adolescente, não sei mais como me comportar perto de pessoas da minha idade. Tudo bem que a Morgana e a Ludmila têm quase a minha idade, mas é diferente. A idade mental delas é mais parecida com a minha ao passo que a idade mental do pessoal da minha futura sala provavelmente será muito menor que a de todos nós. Mas eu aguento, afinal já passei por coisas piores.

         Só queria poder ficar perto dela sempre. Conversando, brincando, chorando, fazendo qualquer coisa ou até mesmo não fazendo nada. Queria que ela me deixasse chegar perto, me deixasse cuidar dela. Isso porque não sei nem se ela tem alguém, mas algo me diz que não, que ela é foda demais para perder tempo com um garoto. E ainda assim adoraria que ela perdesse seu tempo comigo.

         Cansei de nunca fazer nada, só seguir o que está acontecendo. Eu vou fazer ela querer isso, eu vou fazer ela sentir o mesmo que eu.

- Você realmente procurou meu endereço na lista telefônica? – ela perguntou incrédula, enquanto caminhávamos na praia vazia, pois a chuva estava chegando ali.

- E onde mais eu conseguiria saber onde é a sua casa?

- Mas você nem sabia meu sobrenome. Não sou a única Morgana por aqui.

- Ok. Você me pegou. Eu fiquei aqui na praia esperando que você aparecesse de novo, mas isso não aconteceu. Então eu resolvi perguntar para cada um aqui sobre a Morgana que parece uma fada, e sabe, foi meio difícil, há poucas pessoas na praia em um dia nublado como esse.

- Mas você me achou. Então valeu a pena.

- Talvez. Não tinha percebido o quanto você é convencida.

- Não sou. Eu quis dizer que valeu a pena, porque você conseguiu cumprir seu objetivo – porra, além de linda ela era inteligente.

- Sim, você tem razão. Tenho que admitir isso.

- Ótimo. É muito bom quando alguém é humilde o suficiente para admitir a vitória do outro.

- Vitória? Espera aí. Tem certeza que você não é nem um pouco convencida? – falei rindo.

- Tenho – ela sorriu – Cadê a Tutti?

- Minha mãe queria passar o dia com ela, disse que desde que viemos para cá elas não tiveram um momento de ‘avó e neta’, então eu não pude fazer nada – dei de ombros.

- Até parece. Você deve estar aliviado de não ter que tomar conta dela por algumas horas, ainda mais sabendo que ela está em boas mãos.

- Primeiro, eu não estou aliviado não. Depois desse último ano cuidando dela, me sinto mal quando ela não está perto. É como se faltasse uma parte de mim. E também, quem disse que minha mãe significa “boas mãos” só por que é avó da minha filha?

- Não sei. Deveria ser – ela disse confusa.

- Mas não é. Ela mima demais a Tutti. Não duvido nada de que a essa hora as duas estejam sujas de doce brincando de Barbie com a casa na maior bagunça.

- Mas é isso que as avós fazem não é? Mimar os netos? – jurava que podia ouvir uma tristeza em sua voz ao dizer isso.

- Não sei se posso generalizar como você está dizendo, mas posso afirmar que minha mãe acredita nisso. Embora meu pai tenha opiniões diferentes e meus avós com quem convivi nunca tenham sido muito carinhosos sabe.

- Entendo. Acho que é uma coisa mais das avós de hoje em dia mesmo.

- Por quê? Sua avó é assim?

- Era.

- Ah, descu...

- Tudo bem. Eu adoro dias nublados, eles fazem as coisas ficarem mais fofas, sei lá, mas ás vezes eles trazem coisas tristes á tona. Acho que a falta de pessoas na praia, nas ruas, sempre me faz pensar que elas estão em casa, lendo, tricotando, vendo televisão. Aproveitando suas famílias, as pessoas que elas mais amam. Isso é ótimo, claro. Mas e quem não tem isso? Quem é sozinho?

- Eu acho que cada um arruma um jeito de sobreviver a esses dias, para alguns esses são os melhores dias – falei me lembrando de que geralmente nesses dias eu ficava em casa aproveitando a Tutti e dormindo junto com ela – enquanto para outros são os piores. Mas é sempre assim. Cada um prefere uma coisa e não há como agradar a todos.

- Isso é verdade. Você é um cara inteligente e não só um rostinho bonito.

- Hum, eu sou um rostinho bonito é? – falei maliciosamente.

- Sabia que você só iria prestar atenção nessa parte – ela bufou – Acho que mudei de ideia.

- Sobre eu ser inteligente ou um rostinho bonito? – falei para irritá-la.

- Talvez os dois – e saiu andando na minha frente e logo mudou para uma corrida. Sorte que sou uma pessoa em forma e a alcancei rapidamente.

- Você faz academia? Eca! – ela disse em meio a respiração ofegante.

- Claro. Acho que todo cara que tem uma filha com menos de dois anos é obrigado a fazer – ela revirou os olhos.

- Vamos correr então – e saiu em disparada na minha frente. Ainda gritei que isso não valia, mas ela estava longe o suficiente para não me ouvir.

- Você mora aqui mesmo? Ou é só uma casa de praia, literalmente?

- Moro. Espera aqui, vou ver se meus pais estão na biblioteca.

         A casa dela era simplesmente linda e confortável. Ficava bem na praia e a varanda dos fundos dava de frente para o mar. A decoração era bem hippie e havia livros por toda a parte. Me peguei pensando que adoraria morar em um lugar como esse um dia.

- Nickolas não é? – uma moça ruiva com a Morgana se aproximou de mim e me cumprimentou com um beijo no rosto.

- Sim, você é…? – perguntei confuso.

- Estrela, sou a mãe da Mog.

- E eu sou o pai dela, Samir – eles eram o oposto do que eu imaginava. Ambos me passaram uma ótima energia.

- Ótimo, agora que todos se conhecem, será que podemos mostrar ao Nick – Nick? Ela nunca tinha me chamado assim – os talentos da nossa família?

         Todos assentiram e juro que não estava entendendo nada, mas queria ficar ali para sempre.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo!



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