Então, continuávamos naquela situação complicada de caimento de ficha. Parece que tudo que fazemos não vale a pena, que de qualquer jeito nós não temos chance. Precisamos em menos de trinta dias achar um abrigo e as nossas únicas pistas são algumas paradas que Fred e Jorge acham que são seguros apenas para passarmos nossas noites. Agora só me resta uma coisa a fazer, que é calcular todas as probabilidades possíveis para abrigos entre os nossos "lugares seguros" e pensar em possíveis lugares bons para acomodar bastante gente, que tenha alguma fonte de suprimentos por perto e com um espaço que talvez seja possível trajetar uma rápida fuga, bom pelo menos se eu estivesse no comando seria nisso que pensaria.

Talvez esse seja o nosso destino, talvez o nosso dever seja lutar até o fim e não desistir. O emocional do A team (o nome maravilhoso que eu resolvi dar para a nossa linda equipe de busca do abrigo) estava visivelmente acabado. É sério, eu nunca vi os meu amigos, claro excluindo o Malfoy e o Nott, tão acabado, sem expressar nenhum sinal de felicidade.

– Mione você não prefere começar isso quando chegarmos a um SP?(safe place)- Perguntou Gina enquanto já começava a me preparar para fazer algumas anotações.

– É Hermione, eu acho que nenhum de nós está com cabeça para nada nesse momento. - Disse Nott com um certo tom de preocupação em sua voz.

– Vocês podem descansar um pouco. - Disse Malfoy após alguns minutos. - Eu e o Weasley gêmeo damos conta.

E foi o que aconteceu. Após uma discussão todos acabaram dormindo até chegarmos no primeiro SP. O lugar ficava no meio do nada. Quando entramos demos de cara com um mapa enorme colado na parede, o mesmo mapa que Fred carregava, e foi instantâneo, todos abrimos um sorriso. O mapa continha um ponto a mais do que o nosso, todos seguindo aparentemente uma trajetória. Estávamos no caminho certo. A casa não era tão desagradável como o lado de fora, era até aconchegante. A sala de estar tinha uma televisão quebrada e uma decoração bem anos 80. Bom, queria eu dizer que nós achamos três perfeitos quartos, mas não foi o que aconteceu. Nós achamos dois quartos perfeitos com uma beliche e uma cama em cada, e o outro quarto estava lotado de coisas entulhadas. Conclusão: Temos dois perfeitos quartos. A cozinha estava novinha em folha e aparentemente tudo em perfeito funcionamento, apesar da aparêcia que não era nada agradável.

A casa parecia realmente estar protegida contra qualquer ataque. A janela estava com grades e as portas bem resistentes. Ao lado da porta de entrada tinha uma estante enorme, e pelo que entendi, é para se de alguma forma eles tentarem entrar a gente possa ganhar um pouquinho mais de tempo para sair pela porta dos fundos.

Malfoy logo teve a ideia de levar um dos sofás para o quarto, ja que não teriam camas suficientes para os garotos.

Depois de comermos um macarrão com queijo que Luna preparou para comermos, e tenho que admitir, essa garota cozinha muito bem, eu me despedi temporariamente dos outros e me isolei num dos quartos para poder começar a trabalhar a questão do abrigo.

Passei horas marcando no mapa algumas possibilidades, considerando os mercados da cidade e tive que tentar lembrar dos lugares que continham subterrâneo. Era um trabalho muito cansativo levando em consideração a pressão que eu estava sentindo por ter que tentar encontrar a nossa única salvação.

Eu estava indo consideravelmente bem, é mais ou menos. Levando em consideração que de cinco em cinco minutos eu me distraía com coisas estupidamente bobas, mas uma distração muito boa apareceu para complicar mais a situação, ou não.

Malfoy chegou batendo na porta duas vezes. Ele entrou com aquele sorriso tímido no rosto, o sorriso que eu particularmente nunca tinha visto em sua face.

– Se incomoda se eu ficar um pouco? - Perguntou já se sentando ao meu lado.

– Acho que sim né, você nem sabia se eu queria sua presença e já chega se acomodando. - Disse mais para deixa-lo constrangido, e funcionou.

– Bom é que eu estive pensando...

– Isso sim é uma coisa difícil de se ver. - O interrompi rindo descontroladamente, e fiquei muito surpreendida quando ele começou a me acompanhar misturando o som das nossas risadas.

– Então... Eu estive pensando sobre os mapas, e o tempo todos nós estávamos vendo o abrigo perto de algum dos pontos marcados, mas e se o abrigo for no final da trilha dos pontos marcados.

– Como assim? - Perguntei sem realmente entender nada. Poxa todo mundo têm um momento desprovido de inteligência.

– Eu quero dizer que no nosso mapa temos quatro SP's contando com esse, e no mapa daqui temos quatro sem contar esse em que estamos... - Ele falou me olhando como se quisesse que eu continuasse. E naquele momento meus parafusos voltaram a funcionar.

– Entendi! É claro. A cada SP que chegarmos seguindo a linha devemos encontrar um outro mapa com algum ponto a mais, e provavelmente se seguirmos esses pontos...

– Nós chegaremos ao abrigo.

Foi instantâneo, nós dois nos levantamos e nos abraçamos como se o mundo estivesse acabando diante de nós, o que meio que não deixa de ser uma mentira. Nos olhamos e nos soltamos rapidamente olhando para o chão visivelmente constrangidos.

Depois de um tempo começamos a conversar sobre varias coisas aleatórias. Conversamos sobre nossas vidas, sobre o que gostávamos de fazer e sobre o livro que escreveríamos quando tudo terminasse.Talvez eu tenha visto o Draco Malfoy com os olhos errados. No fundo ele era uma pessoa gentil que tentava proteger uma imagem de garoto mimado e arrogante, mas naquela noite pude ver quem ele realmente era. A partir daquela noite passei a considerar Draco Malfoy meu amigo.