Novamente era Edward que me levava para a escola, ele estava pegando um caminho diferente, porém as ruas não pareciam novas sobre a habitual garoa que caia.

       “Depois de uma longa conversa com a diretora da escola, meus pais foram convocados, não escutava o que eles falavam, porém mentalmente já me preparava para uma grande bronca vinda de ambos, mas nenhum dos dois disse se quer uma palavra sobre o assunto, porém, o mais estranho foi que eles não voltaram a brigar.

        Graças ao mar de calmaria que envolvia a casa, eu conseguia dormir a noite toda, sem sonhos, nem pesadelos, apenas a doce inconsciência do sono.”

       Eu observava as gotas de chuva se chocando contra o para-brisa, tudo parecia calmo e tranquilo, do jeito que sempre foi talvez as coisas estivessem voltando ao seu normal, talvez aquele fosse meu final feliz.

      Já era o sétimo semáforo em que parávamos, eu sentia que o transito estava tão lento que os pedestres riam das pessoas dentro dos carros. Meu raciocino continuava a mil, mas algo me fez parar. Em meio a diversas lojas, restaurantes e cafés disputando o espaço disponível na calçada, havia uma pequena, ao menos parecia pequena, loja com as paredes pintadas com rosa desbotado, uma grande vitrine revelava o interior da loja que estava vazio, em cima do prédio havia um grande toldo amarelo, azul e verde, todas as cores em tons claros. Apesar de ser colorida, nenhuma das pessoas entravam ali, ou ao menos se quer olhavam para a fachada convidativa. O semáforo finalmente ganhou a cor esverdeada, antes da loja-rosa-desbotada sumir totalmente do meu campo de visão olhei para ela no meu espelho retrovisor, e tive quase a certeza de que cabelos ruivos examinavam a vitrine.