Medo Do Escuro escrita por B Volturi


Capítulo 10
Capítulo 10 - Descobertas.


Notas iniciais do capítulo

Olá, esse é o capítulo mais importante da fic, e eu gostaria que vocês lessem com muito carinho, porque na minha opinião é o meu preferido.



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     O número do destinatário estava oculto, porém era claro que a pessoa me conhecia, ou sabia algo de mim, uma coisa tão obscura que nem eu mesmo sabia.

-Silena Henderson, seu pai está aqui. – Edward entrou na sala correndo.

-Filha, o que aconteceu com você? – Ele perguntou preocupado, aquele era um dos poucos momentos em que eu o via longe de seu Ipad.

-Nada pai, não foi nada, apenas um acidente. – Um acidente que eu causei. – Olha, eu estou bem.

- Vamos para casa. – Edward deu um olhar feio para a enfermeira, e praticamente me carregou até o estacionamento, onde vários pais chegavam e entravam correndo no prédio.

        Minha mãe não estava em casa, depois da briga que eu havia escutado minha mãe nunca ficava muito tempo em casa. Meu pai me carregou para cima, me deixando em seu quarto.

-Bom, filha. Eu vou preparar algo para você comer. – Ele limpou a garganta me deixando sozinha.

        Assim que ele saiu tirei minhas roupas, ficando apenas de calcinha e sutiã, enchi a banheira e peguei alguns sais de banho, colocando na água. Deixei meu corpo afundar lentamente, abaixei a cabeça, ficando submersa por mais tempo possível. Quando voltei à superfície o celular de Henry avisava uma nova mensagem.

“Soube das noticias, ela é realmente muito poderosa. Hoje no lugar de sempre, arqueiro? T.”.

        O número também era oculto, porém não parecia a mesma pessoa. Ótimo, mais pessoas sabiam algo de mim, e que história era aquela de poder, eu nunca tive nenhum poder, quer dizer olhem para mim! Vou completar 16 daqui a três meses, não tenho idade para ter poderes.  Continuei pensando naquilo até a água da banheira ficar fria, talvez eu tivesse cochilado, não me lembro bem. Vesti um moletom folgado que batia nas minhas coxas, um shortinho curto, e o celular de Henry na minha mão.

        O cheiro vindo da cozinha era ótimo, Edward tirava alguns biscoitos do forno, e na mesa havia suco de laranjas e torradinhas.

-Uau pai! Eu não que você sabia cozinhar. – Disse me servindo de suco.

-Faço apenas o básico. Agora, se não se incomoda, vou fazer algumas ligações para avisar que não voltarei mais para a empresa.

-Não pai, não precisa, eu estou bem. Juro. – Implorei para ele com o melhor beicinho que conseguia fazer.

-Tem certeza Silena? – Ele me encarou levantando uma sobrancelha.

- Tenho sim. – Assenti, um plano se formava na minha mente.

          Assim que Edward saiu, troquei de roupa na velocidade da luz, estava vestido uma blusa e shorts pretos, com uma ankle boot metálica, por cima uma jaqueta pink e uma bolsa de mão com a estampa da Inglaterra. Fui andando, meu plano era visitar Henry e perguntar que significavam aquelas mensagens sobre mim, porém quando me dei por mim estava da rua da loja rosa-desbotada.

           Podia ver meu reflexo na gigantesca vitrine, sabe aqueles poucos instantes que definem sua vida? Era assim que eu me sentia, podia ver meu passado e futuro estampados no vidro, não sei por quanto tempo fiquei ali.

                                   *              *             *

             O interior da loja era igualmente colorido e alegre, porém estava vazio, havia algumas mesas em estilo retro, as paredes rosa bebê deixavam o ambiente claro, tinha um balcão com várias bandejas lotadas de cupcakes coloridos e perfeitamente decorados, cristaleiras com todo tipo de cacarecos em cristal estavam por todos os cantos, ao fundo, sem qualquer divisória havia o que parecia ser um estúdio de pintura, com cavaletes e enormes telas, além de tintas de todas as cores existentes. Apesar da “bagunça organizada”, o lugar era limpo, e o ar cheirava a rosas e cupcakes recém-assados, o que tornava tudo aquilo aconchegante.

-Ah, que honra ter você por aqui. – Uma senhora de cabelos castanhos segurando uma bandeja com mais bolinhos sorriu.

-Não, olha, eu só passei e...

- Shhhhh! – Ela se aproximou rodopiando e saltitando. Era jovem, muito jovem, porém ainda assim não parecia ter menos de 30, usava um vestido roxo esvoaçante, um colar, tornozeleira, e muitas pulseiras no braço esquerdo, seu cabelo era ondulado e longo, o rosto tinha formato de coração e estava sujo com farinha de trigo, assim como seu cabelo que tinha manchas de tinta verde. – Estava esperando por você!

-Por mim? Olha, tem um engano aqui, eu só vim... – De repente, me perguntei o que estava fazendo lá, nunca estivera naquela loja antes, porém estava estranhamente familiarizada.

-Sim, minha querida por você. – ela rodopiou, deixando a bandeja de cupcakes no balcão. – Oh! Mais que falta de educação a minha. Tsc, tsc. Não, não, está errado muito errado. – Seu olhar vagou por um instante.

-Desculpe-me? Mas, o que está errado? – Perguntei, embora parecesse estranhamente amável e maternal, ela definitivamente tinha algo anormal.

-Bea, meu nome é Bea. E você? – Ela pegou um pincel e começou a pintar uma tela.

-Silena. Silena Henderson.  – Houve uma longa pausa até a resposta da moça.

-Mais roxo! Precisamos de roxo! – Comecei a ir em direção a porta, mas Bea me impediu.

-Você Silena, é um garota muito especial, e muito poderosa também. – Bea tinha largado o pincel e olhava para mim fixamente. – Agora você tem dúvidas, porém tudo irá se esclarecer. Pegue este livro. – Ela tirou um diário de couro velho de detrás de um dos cavaletes, e me entregou. – Vai te ajudar. E coma um cupcake. – Indicou para as inúmeras bandejas no balcão.

           Peguei o livro e escolhi um dos cupcakes, acabei pegando um coberto por M&M’s com cobertura de chocolate. E fui em direção a porta.

-Hey! Bea. – Me virei, mas ela já não estava mais lá.

          Uma chuva fina caia sobre a cidade, como não trouxera guarda-chuva, fui obrigada a tomar um taxi até em casa. Não ousei abrir o livro durante o caminho, a loja rosa-desbotada e sua dona peculiar continuavam em minha mente. Bea tinha um aspecto maternal estranho para alguém com sua condição psicológica, perguntei-me se ela tinha filhos ou coisa assim.

         Assim que cheguei em casa, peguei alguns cookies que Edward tinha deixado e levei para o meu quarto. Larguei os sapatos e a jaqueta em algum lugar qualquer. O livro era bem velho e suas paginas estavam amareladas, havia coisas tanto escrita a mão como impressas, algumas coisas ilegíveis e páginas arrancadas. Em sua maior parte falava de mitologia e bruxas, já estava quase desistindo quando um paragrafo me chama a atenção.

         “Os homens primitivos temeram raios e trovões. Os incêndios produzidos nas florestas e nos campos permitiram a eles “colher” o fogo, “alimentá-lo” com galhos e ervas secas e experimentar seus efeitos: iluminar, aquecer, espantar animais e insetos, provocar tosse e sufocação, irritar os olhos, assar carne, queimar [...]”

Logo abaixo a seguinte anotação.

          As bruxas pertencentes ao elemento fogo tem sua personalidade refletida nas chamas, não se pode domestica-las, apenas se pode controla-las, são selvagens e voláteis, seus poderes, apesar de fortes e intensos, são de extremo perigo, pois se usado de maneira incorreta pode causar danos imensos, bruxas inexperientes podem ser extremamente prejudiciais, já que causam incêndios involuntários e até mesmo mortes. Após usar seus poderes, as bruxas do fogo inexperientes podem desmaiar ou sentir fraqueza, já que é uma habilidade difícil de controlar.

          O diário continuava em minhas mãos, tudo fazia o maior sentido, eu era uma bruxa.

                                 *               *                *

- É aqui. – Indiquei ao motorista. Do lado de fora do taxi a imensa mansão Black se estendia.

        Subi as escadas procurando pelo quarto de Henry, ignorando a empregada que abrira a porta, para minha surpresa acertei de primeira a porta. Henry estava deitado na cama ouvindo o que parecia ser Beatles e brincado com seu anel que ele usava.

-Mas o que...? – Ele se sentou sobressaltado quando me viu entrando sem ser anunciada.

-Calado Black.

-Como te deixaram entrar. – Ele se levantou indo em direção à porta, porém com uma força recém-descoberta o empurrei, fazendo o cair deitado no colchão.

-Eu sou uma bruxa. – Falei, desviando o olhar.

-Eu sei. – Henry deu de ombros jogando uma bolina pula-pula no chão.

- Henry, eu acabei de te dizer que eu sou um ser imaginário e você só fala isso. – Eu praticamente gritava com ele.

-Não somos imaginários. – Ele pareceu ofendido. – Somos discretas.

-O que? Como assim, o quer dizer como “Somos”.

-Hã... Que eu também sou bruxo...? – Me respondeu como se fosse mais do que obvio. – Venha cá, eu vou te explicar. – Ele tirou um arco e flechas de debaixo da cama e saiu.

           Henry penetrava cada vez mais fundo na mata, e isso me deixava bastante assustada, não tinha ganhado a medalha de sobrevivência na selva. Continuamos andando até que chegamos a uma clareira.

- Então. – Perguntei olhando ao redor procurando um caminho de volta.

- Shhh. – Ele olhava em nossa volta examinando as árvores. – Perfeito. – Henry tinha um punhado de terra em suas mãos. – Agora, eu quero que você observe. – Ele se aproximou e depositou a terra em minha mão.

        Com um movimento habilidoso de Henry, a brisa soprou mais forte, eu mantinha meu olhar no dele, porém um formigamento na palma de minha mão me fez desviar o olhar. Um pequeno furação rodopiava levantando os grãos de terra, Henry gesticulou novamente e o furação tomou força, ficando cada vez maior e mais rápido, até que finalmente sumiu.

-Isso não está acontecendo. – Sussurrei ao sair do transe. – Eu sou louca.

-Silena espera.

-Você – Apontei meu dedo na cara dele. – O que você é? Porque me trouxe aqui? Eu não sei como você fez isso, mas não é real. – Eu gritava tão alto que podia ser ouvida a metros de distância.

-Silena...

-Já chega, eu não em que você está metido, mas me deixa fora disso, ok? – Sai correndo pela floresta, não sei quanto tempo levou para achar o caminho de volta, mas consegui chegar à avenida. 


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Notas finais do capítulo

Hey Leitores! Então, o que acharam, peço que comentem porque esse capítulo foi muito especial para mim (como disse lá em cima). A partir daqui a história começa, até mais ou menos o capítulo 15 vão ter mais três personagens novos, e eu tô trabalhando duro para que eles fiquem certinhos. Obrigada. Beijos. E seguem os links para quem curte:
Look 1 - Silena: http://www.polyvore.com/mde_silena_cap_10/set?id=73287687
Look 2 - Silena: http://www.polyvore.com/mde_cap_10_silena/set?id=73291734
Bea: http://images.buddytv.com/btv_2_7450_1_434_593_0_/elizabeth-reaser-pho.jpg
Look Bea: http://www.polyvore.com/mde_bea/set?id=72558003



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