Flawz escrita por ChocolateQuente
Mel
Mel. Eu sou a Mel. De novo. Tenho que admitir o quanto me sinto leve por assumir a saudade que eu tinha de mim mesma. Digo, todo aquele esforço pra manter a pose de durona e insensível estava me deixando cansada. Eu precisava voltar ao normal. E ter o Sale de volta era realmente tudo que eu precisava. Conhecemo-nos desde que me entendo por gente, e ele sabe cada mania e história sobre mim. Sinto-me confortável para voltar. Sinto-me bem. Novamente. Finalmente.
No outro dia levantei cedo e comi antes de tomar banho e me arrumar. Mamãe já havia saído para trabalhar e eu arrumei-me sem pressa. Andei até a escola escutando as músicas que eu gostava de escutar. Quando passei pelo portão da escola, fui andando até a sala, mas antes que eu chegasse lá, senti mãos taparem meus olhos. Ri.
- Sai daqui Sale. – ri esquivando-me das mãos e jogando-me nos seus braços, agarrando seu pescoço. Foi aí que eu senti o perfume. Não era o Sale. O cheiro amadeirado e marcante era diferente. Soltei-me rapidamente e encarei o garoto que eu conhecia. – Ga-Gabe? – gaguejei.
- Oi. – ele sorriu passando a mão nos cabelos bagunçados propositalmente. – Er...
- Desculpa, pensei que fosse...
- O Samuel. Eu sei. Desculpa aparecer do nada. – ele se justificou meneando o corpo e sorrindo.
- Tudo bem. – falei e sorri.
- Er... Não te agradeci por devolver meu livro... Quer dizer, não do jeito certo.
- Foi só um livro. – eu disse e ele sorriu.
- É que é meu livro preferido. – ele disse.
- Ah claro.
- Er... Obrigada. Mesmo. – ele disse sorrindo.
- Por nada. – respondi rápido. Um silêncio irritante e constrangedor se seguiu, até que ele interrompesse.
- O que acha de sairmos? – ele perguntou de repente. – Digo não como casal, mas como... Er... Sei lá...
- Eu entendi. – eu disse rapidamente.
- É só que não quero que pense...
- Eu sei. Eu sei. Acho que não fui legal com você na última vez. Desculpa. – eu disse.
- Tudo bem, eu fui um pouco... Precipitado. – ele disse e eu sorri sem jeito. – É que você parece ser legal e misteriosa, fiquei curioso. Não entendo porque não nos damos bem.
- Desculpa. Foi uma fase. Garanto que não sou tão misteriosa quanto pensa. – eu ri sem jeito. – Talvez nós possamos nos dar bem. – sacudi a cabeça.
- Talvez. Se nos conhecermos. – ele sugeriu e eu sorri gentil.
- Aonde quer ir? – perguntei e ele sorriu.
- Posso te mostrar um lugar que gosto de ir. – ele disse e eu o encarei, depois sorri.
- Tudo bem.
- Sério?
- Sério. – respondi. – Me dá seu número. – pedi.
- Me dá o seu.
- Eu te ligo e você grava o meu. – eu disse e ele concordou. Anotei seu número e ouvi o sinal anunciar o início da aula. – Preciso ir. Até depois. – eu disse e virei-me para entrar na sala.
OK. O que tinha acontecido ali? Eu tinha mesmo aceitado sair com Gabriel Johnson? É. A Mel voltou mesmo.
Gabriel
- John, John, John. – berrei entrando no vestiário. John que vestia a camisa da aula de educação física, se virou pra me encarar.
- Que cara de safado é essa? – ele perguntou rindo, voltando a ficar de costas.
- Consegui, consegui, consegui. – disse fazendo uma dancinha.
- Você já pegou a esquisita? – ele quase berrou me encarando de olhos arregalados.
- Calma meu caro, ainda não. Mas... Vou sair com ela.
- Quando conseguiu isso?
- Falei com ela agorinha. Ela aceitou sair comigo.
- Tá brincando?
- Não, acho que ela tá numa nova fase sabe. Está totalmente diferente, até me pediu desculpa pela outra vez. – eu disse e ele abriu a boca fingindo espanto. – O problema é que eu dei meu número a ela, e não peguei o dela. Será que ela vai me ligar?
- Claro que vai. Vai demorar um pouco pra se fazer de difícil, mas ela vai ligar. – ele disse como se fosse expert no assunto mulheres.
- Espero. Estou cada vez mais maluco pela Lucie, cara. – eu disse tirando a camisa e colocando a da educação física.
Nos trocamos e fomos para a quadra treinar para o jogo da próxima semana.
- Gabriel! – o treinador chamou e eu o encarei. – Vai pro banco!
- O QUE? POR QUÊ? – Gritei ofegando no meio da quadra.
- Porque eu quero dar a chance dos outros jogadores treinarem, já que você não larga a bola. – ele disse naturalmente. – Samuel vem pra cá. – ele chamou e eu encarei o ruivo que correu pra quadra.
- Droga. – bufei e sentei no banco.
- Relaxa, você é o melhor. – ouvi a voz suave e sorri.
- Lucie. – falei sem olhar pra trás.
- Eu. – ela disse e sentou-se ao meu lado com um banco entre a gente. Encarei o lugar vazio. – É que você está todo suado, não me leve a mal. – ela disse e eu ri dando de ombros.
- Tudo bem, vou lembrar de te abraçar mais tarde. – disse e ela sorriu.
- Como vai o projeto “beijo na esquisita”? – ela perguntou depois de um breve silêncio.
- É só um beijo? – perguntei fingindo incredulidade.
- Você quer mais? – ela perguntou.
- Não. – ri. – Quero você.
- Vai ter. Espero. – ela disse, levantou-se e saiu. Sorri sozinho, antes de levantar e olhar de relance a arquibancada. Ela estava lá. Amélia. Estava sentada na última fileira da arquibancada, lendo um livro e com fones nos ouvidos. Pensei em falar com ela, mas não queria forçar. Não podia estragar as coisas.
- Como vou conseguir beijar essa garota? – sussurrei pra mim mesmo.
O resto do dia foi ridiculamente tedioso. Fui pra casa, e esperei que Amélia ligasse, mas ela não ligou. Aproveitei pra arrumar o quarto. É, foi surpresa pra minha mãe também. Foi no meio da tarde que meu telefone resolveu se manifestar.
- Alo? – atendi rápido demais.
- Oi Gabe. – ouvi a voz hesitante do outro lado da linha. Era ela. Só ela me chamava de Gabe.
- Oi Amélia. – falei tentando parecer desinteressado e interessado ao mesmo tempo.
- Mel. – ela corrigiu.
- Mel, claro. Pensei que não ia ligar.
- Porque pensou isso?
- Sei lá... Er... Pensei que tivesse pegado meu número só pra se livrar de mim hoje de manhã.
- Não sou assim. – ela disse naturalmente.
- Er...
- Mas sei que passei uma impressão errada sobre mim no semestre passado, estou disposta a mudar isso. Não sou aquela garota mal humorada e carrancuda que você chamou pra sair. – ela disse rindo e fez uma pausa. - Estava numa fase ruim, mas... Estou... Melhor.
- Quer falar sobre isso? – perguntei só pra fazer média, não estava nem um pouco a fim de ouvir desabafo de garota mal amada. Apostava um hambúrguer como tinha namorado e chifre no meio.
- Não. – ela respondeu rapidamente. – Quer dizer, não precisa se preocupar. Mas, quando quer sair? – ela perguntou mudando de assunto de repente.
- Que tal hoje à noite? – perguntei e arrependi-me ao ouvir o silencio que se seguiu.
- Tudo bem. – ela respondeu um tempo depois. – É, tudo bem.
- On-Onde a gente se encontra? – gaguejei pensando na possibilidade de beijá-la naquela mesma noite, e no outro dia conseguir... A Lucie. - Posso te buscar aí na sua casa.
- Não, tudo bem. A gente se encontra na sorveteria da rua do shopping, pode ser?
- Claro, claro. Tá ótimo.
- Então tá... Er...
- As oito?
- Tudo bem. Er... Até mais tarde. Tchau. – ela disse rapidamente.
- Tchau, até. – respondi e desliguei.
Há. Vai ser muito fácil. Pensei encarando o telefone entre os dedos.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Por favor, por favorzinho comentem. *-* Façam uma aspirante a escritora feliz.