Flawz escrita por ChocolateQuente


Capítulo 37
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap. *-* AAAAAAAAAAAAH queria agradecer de coração à GaMelo* por ter recomendado a minha fic. Obrigada mesmo flor, fiquei muito feliiz. *-* *-* *-*



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Gabriel

Amigos. Amigos? A-M-I-G-O-S. Ok. Amigos.

– Amigos? – perguntei pela enésima vez, só que agora em voz alta. Amélia assentiu com a cabeça. – Amigos. – sussurrei e ela sorriu fraco.

Então seríamos amigos de agora em diante? Era isso que ela propunha pra nós dois? Então ela não sentia mais nada? Não sentia a azia, o déficit de atenção, a paralisia momentânea e o problema nas glândulas sudoríparas, quando me via? Não. Não, NÃO. Não vou aceitar de jeito nenhum ser só amigo dela. Não mesmo.

– Então somos amigos? - ela perguntou.

– Claro. – respondi de imediato. Como eu sou fraco. Eu devia dizer que não. Espernear e agarrá-la. Dá-lhe um beijo daqueles e obrigá-la a dizer que ainda gostava de mim. Mas eu não podia fazer isso. Eu tinha um plano melhor. Ser seu amigo por um tempo e se isso não desse certo, aí investiria no plano B.

– Tá ouvindo isso? – Mel perguntou me fazendo voltar a prestar atenção nela.

– O que?

– Esse barulho. – ela disse enquanto colocava a cesta de lado e se levantava andando em direção à janela. Ela encarou a janela de vidro por um momento e depois balançou a cabeça olhando para o Monte Three ao longe. Encostei-me ao seu lado. Vi que ela retesou o corpo por um momento. Paralisia momentânea. Ela tocou a barriga e respirou fundo. A azia.

– Será que tá tendo uma festa? – perguntei e ela encarou-me parecendo perdida.

– Ãnh? – ela perguntou e balançou a cabeça.

– Festa. Será que tá tendo uma? – repeti a pergunta. Ela balançou a cabeça e não respondeu. Déficit de atenção. Olhei-a e a vi passar a mão rápida na testa. Suando frio?

De repente uma chuva fina começou a cair. A gente podia ouvir ela começar a cair mais forte e bater nos galhos e folhas secas no chão.

– Amo a chuva. – ela sussurrou e eu sorri.

– Eu também. – eu disse e fiquei encarando-a de costas. Os cabelos castanhos quase podiam esconder seu rosto, mas eu ainda podia ver parte dele. O olhar perdido no cenário através da janela, como no dia que lhe mostrei o parque desativado. O pensamento parecia estar longe e eu me vi tentando decifrá-la apenas pelo olhar. Passei a encarar sua pele morena à mostra nos decotes e cortes da bata floral que ela usava. A cor de caramelo da sua pele deixava-a ainda mais sexy. Eu sorri e estendi a mão para tocá-la. Quando meus dedos tocaram delicadamente seu ombro, vi que os pêlos de seu braço se eriçaram. Arrepio? Cheguei mais perto dela e deslizei meus dedos do seu ombro até sua mão, entrelaçando a minha mão na dela. Ela continuou parada, sem mover nem um único centímetro.

Ela gostava de mim. Ela ainda gostava. Não sabia o quanto, mas ela gostava. As mariposas no estômago, a falta de fala, a incapacidade de me mover, o suor frio e o arrepio. Todos os sintomas que eu havia lido naquele livro que encontrei no quarto da mamãe. Ela gostava de mim. Não havia dúvida.

Ela estava de costas para mim, encarando a janela, mas algo me dizia que ela não estava realmente olhando para lá fora. Minha mão direita estava entrelaçada na sua, e eu apertei-a levando-a até sua barriga. Depois fiz o mesmo com a outra mão. Abracei-a forte e vi-a suspirar.

– Somos só amigos. – ela sussurrou e eu sorri beijando o topo de sua cabeça, e aspirando o cheiro frutal de seus cabelos. – Só amigos. – ela repetiu.

– Uhum. – murmurei.

– Apenas amigos. – ela sussurrou novamente, e eu percebi que ela não falava isso pra mim, e sim pra ela mesma.

– Uhum. – eu murmurei de novo. Dessa vez comecei a virá-la lentamente. Ela não me impediu. Em poucos segundos ela estava de frente pra mim, minhas mãos ao redor do seu corpo e as suas na minha cintura. Ela não me olhava e eu sabia o porquê.

– Só amigos. – ela repetiu e eu sorri. Minha mão boa deslizou de sua cintura para seu pescoço, mas antes que eu conseguisse tocá-la do jeito certo, ouvimos um barulho que fez nós dois pularmos na mesma hora. Um barulho seguido de gritos histéricos. – O que foi isso? – ela perguntou se afastando subitamente de mim. Apertei os olhos com força, antes de voltar a encarar a janela.

– É na festa. – eu disse antes de me virar pra sentar no sofá. Passei a mão na cabeça sentindo-me frustrado. Uma vontade ainda queimando dentro de mim. Encostei a cabeça no sofá e fechei os olhos. Ela ainda me deixaria louco. Eu pensei antes de sentir o sofá remexer. Mel sentou-se ao meu lado e eu permaneci de olhos fechados. – Queria que você sentisse por mim a mesma vontade que eu sinto de você. – eu murmurei depois de um breve silêncio e ouvi-a se remexer.

– Droga Gabe. – ela reclamou e eu abri os olhos só pra vê-la apertar os olhos ao meu lado e depois estender as mãos para amarrar os cabelos em um rabo de cavalo.

– O que? O que, Mel? – eu perguntei virando-me para ela. Algumas ondas soltas de seus cabelos estavam fora do rabo, e isso a deixava ainda mais bonita.

– Você não entende. – ela balançou a cabeça.

– Me explica então.

– Estou fazendo isso por mim também! – ela quase gritou. – Não funcionamos bem juntos.

– Quem te disse isso? Funcionamos muito bem juntos, você sabe.

– Isso foi antes de todas essas coisas acontecerem!

– Que coisas?

– Gabe, por favor! To tentando descomplicar as coisas pra gente. Não gosto de ficar longe de você, e sermos amigos é a única opção agora. Pelo menos pra mim. Por favor. – ela disse quase como se aquilo fosse uma súplica. - Só me ajuda.

– Então me ajuda também, Mel. – eu pedi, fazendo-a virar de frente pra mim. – Esses dias tem sido um suplicio. Eu tentei ficar afastado de você. Juro que tentei. Mas...

– Gabe, não complica.

– Me deixa falar. – eu disse e ela suspirou. – Você quer ser só minha amiga. Esse é seu desejo. E o meu? Não conta? Tenho direito a um desejo também não é? – eu perguntei e ela ficou calada apenas meu encarando. – Meu desejo é que apenas por hoje você não fale de apostas, nem mentiras, nem consequências, nem coisa ruim nenhuma. Quero que nessa noite em que estamos juntos, sejamos apenas a Mel e o Gabe do parque desativado, da loja de músicas, do fundo do seu quintal. Quero que sejamos só nós dois. Sem preocupações. Sem amanhã. Quero você e eu. Quero conversar com você. Quero ouvir você cantar. Por favor, Mel. – eu pedi levantando seu rosto pra mim. Ela me encarou e naquele instante eu soube que ela diria sim. Seus olhos se perderam nos meus como acontecia antes. Era a resposta. Aproximei-me dela rápido demais e ela estendeu a mão, tocando meu peito, como se impusesse uma distância.

– Isso é como um jogo, e eu não gosto...

– Vamos jogar então. Por favor. – eu pedi e ela suspirou fechando os olhos.

– Tudo bem. – ela sussurrou. Meu rosto a pouquíssimos centímetros do seu. Fechei os olhos ao sentir seus lábios tocarem minha bochecha. Ela encostou os lábios em meus olhos, depois em minha bochecha e parou apenas quando a distância de uma amêndoa estava entre nossas bocas.

Não precisei abrir os olhos para vê-la suspirar. Sua mão ainda pendia em meu peito e eu apenas esperei aquele tempo que pareceu um século. Até que ela encostou superficialmente seus lábios nos meus. Por um instante eu não me movi e sorri ao sentir seus lábios se moverem, não pra me beijarem, mas pra sussurrar entre um sorriso maroto. – A noite é uma criança, Gabriel. E já que o que você quer é jogar, vamos jogar então.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem, comentem *-*