Flawz escrita por ChocolateQuente


Capítulo 33
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap. *-*



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Mel

O dia foi muito cansativo. Um bando de provas nos deixou ocupados, e nós paramos apenas para almoçar e tomar banho. Ignorei Gabe, e o vi olhar-me de soslaio com uma expressão indecifrável algumas vezes. Ignorei também a vontade de querer saber sua versão da história. Estava cansada de tantas versões. Cansada de tantas suposições. Queria verdade e certeza, sempre. E Gabe era a personificação da dúvida pra mim. Ele ficou de fora das outras provas, por causa do punho esquerdo imobilizado, e só participou da última prova de perguntas gerais, na qual ele  fez nossa equipe avançar no placar ganhar o primeiro lugar, me deixando boquiaberta com sua inteligência e esperteza. Ignorei isso também e me direcionei para a cabana Verde, com Zoey e Ellie, quando a lua apareceu no céu. Entramos no nosso quarto e pegamos nossas coisas pra tomar banho. Ao voltar para o quarto encontrei um bilhete em cima da minha cama.

“Esperando você na cabana abandonada para acertarmos nossas contas sobre ele. L.”.

- O que é isso? – Zoey perguntou quando eu li o bilhete em voz alta.

- A pergunta é quem mandou isso? – Ellie perguntou enquanto penteava os cabelos. – L? Quem é L?

- Lucie? – sugeri e elas se encararam.

- Por quê? – Zoey perguntou e Ellie a encarou.

- Ah, qual é? Acertar as contas sobre ele? L? – Ellie arqueou uma sobrancelha enquanto falava como se aquilo fosse óbvio.  – Ela deve estar falando sobre Gabe. E L com certeza é Lucie. – Ellie disse. – Vai lá. Vai mesmo. Se quiser eu também vou e te ajudo a deformar aquela cara safada dela. – Ellie berrou socando a própria mão. Zoey riu.

- Não vai não. Não procura problema com essa garota. Deixa-a ir sozinha. Se for ela mesma. – Zoey disse e eu joguei o bilhete em cima da cama. Peguei um short jeans e uma bata floral e vesti. Calcei meu all star branco e soltei os cabelos molhados que caíram em cachos grandes sobre as costas, ombros e peito.

- Onde é essa tal cabana abandonada? – perguntei fazendo Ellie rir e Zoey me olhar com uma cara de preocupação.

- Não vai não. Você não sabe de verdade quem vai tá lá. Pode ser perigoso.

- Sabe aquele pé de laranja enorme que tem lá depois do monte Three? – Ellie perguntou e eu assenti. – Então, depois dele tem uns ipês amarelos enormes, e atrás dos ipês tem uma cabana quase escondida pelas arvores. Soube que ninguém vai lá. – ela disse e Zoey revirou os olhos.

- Vai mesmo seguir o que essa doida tá dizendo? Ellie não é normal, pode ser perigoso. – Zoey falou e eu balancei a cabeça.

- Relaxa. Não vai acontecer nada demais. E se acontecer alguma coisa, eu aprendi  um pouco de karatê quando era pequena.- eu disse e Ellie riu.

- Não brinque. – Zoey reclamou.

- Não estou brincando. – eu dei de ombros e abri a porta pra sair do quarto.

- Toma cuidado, ok? – Zoey disse.

- Não quer mesmo que eu vá? – Ellie perguntou e eu balancei a cabeça negativamente.

- Estou bem. – eu disse antes de me virar e sair.

Saí da cabana e andei pelo campo, passando para uma estradinha ladrilhada de pedras marrons. Andei devagar ponderando se devia realmente ir aquele lugar. Será que não era mesmo perigoso? Tarde demais para se arrepender, eu já estava andando ao lado da laranjeira enorme. Estava começando a ficar escuro, já que não tinha mais postes de luz pelo caminho, e a lua minguante solitária no céu não ajudava em nada. A estradinha de pedras acabou e eu comecei a andar pela grama verde escura que começou a ficar amarela pelas flores que quase cobriam todo o gramado. Comecei a ver os ipês amarelos e rosas. Eram mais ou menos cinco árvores enormes. De longe não consegui ver cabana alguma, mas ao me aproximar mais vi uma cabana de madeira diferente das outras. Era um pouco maior, e tinha uma varandinha. As portas eram de madeira, e as janelas de vidro. A cabana era bonita, mas pela varanda dava pra perceber que ninguém ia pra lá com frequência. Andei a passos lentos a fim de conseguir ver se havia alguém lá. Sem sucesso. A cabana estava escura e pela primeira vez eu senti medo de continuar a ir para lá.  Mas mesmo assim continuei. Hesitei apenas quando pisei na escadinha de madeira que dava acesso a varanda, que rangeu sob meus pés. Apertei os olhos e subi os dois degraus pisando enfim na varanda.

- Tem alguém aí? – perguntei alto e não tive resposta. Demorei a decidir se entrava ou não na cabana. Acabei entrando. Empurrei devagar a porta de madeira que rangeu, e entrei. Estava tudo escuro e eu não consegui enxergar absolutamente nada. – Tem alguém aqui? – gritei novamente e ouvi apenas o barulho de grilos e insetos fora da casa. Até que saltei ao ouvir o som de uma pegada sobre a varanda da cabana. Droga, o que vim fazer aqui? Um pânico súbito me consumiu e eu virei rápido para sair, mas acabei me batendo em alguma coisa. Na verdade em alguém. Dei um grito tão alto que quase pude ter certeza que ele tinha sido ouvido na minha cabana.

- Ei, calma, calma. – ouvi a voz da pessoa que apertou meus braços delicadamente. Por um segundo eu fiquei indecisa entre entrar em pânico e ficar calma.

- Ga-Gabe? – gaguejei sentindo uma vertigem me fazer tombar para o lado.

- Calma. – ele sussurrou segurando-me pela cintura me fazendo ficar de pé. Era ele. O cheiro amadeirado, a voz, o hálito. Era ele. Eu sabia. Mas, espera... Ele tinha me enganado para me trazer até ali?  Empurrei-o com força.

- Porque droga me trouxe pra cá? O que você quer? Não quero falar com você, Gabriel. – eu berrei, sentindo-me estranha, já que eu não conseguia enxergá-lo.

- E quem disse que eu quero falar com você? – ele berrou de volta fazendo-me pular com a irritação em sua voz. – Não te trouxe até aqui. Veio porque quis, e eu só vim porque recebi uma droga de bilhete seu.

- Agora quer que eu acredite que alguém armou para a gente se encontrar aqui? – eu berrei.

- Eu sei lá! Não quero que acredite em nada!

- Ainda bem, porque eu não acredito em você!

- Incrível seria se você acreditasse! – ele gritou e eu ia responder, mas escutei uma batida forte e corri para a direção da porta que estava fechada.

- Droga, droga, droga. Armou isso também? – gritei e senti Gabe me empurrar devagar para tentar abrir a porta. Sem sucesso.

- Acha mesmo que eu quero ficar aqui com você? – ele berrou e eu tenho que admitir que me senti um tanto... Magoada por ouvi-lo falar daquela forma.

- Vai para o inferno, Gabe.

- Seria muito melhor passar a noite lá do que aqui com você.

- O que? Passar a noite? – Berrei para o ar. – Não vou passar a noite aqui!

- Sinta-se a vontade para arrombar a porta. – ele disse e eu ouvi sua voz ficar mais distante.

Puxei a maçaneta da porta mais algumas vezes e me cansei. Eu não ia conseguir abrir. Virei-me para encarar o interior da cabana e dei de cara com Gabe acendendo um fósforo. A luz do fogo que se acendeu depois que ele riscou o fósforo, mesmo sendo pequena me possibilitou ver seu rosto firme. O fósforo se apagou e a casa voltou à penumbra, ele acendeu outro e eu voltei a encará-lo. Agora ele também o fez. Olhou-me, e sabendo que ele não podia me ver tanto quanto eu podia vê-lo me deixei sorrir. Ele era lindo e eu precisava ficar longe dele e desse sentimento idiota que ainda existia em mim. Gabe e eu, éramos gasolina e faísca, juntos entrávamos em combustão e uma explosão se iniciava, e se eu não a contivesse, alguém sairia queimado e eu, de jeito nenhum queria ser vítima desse incêndio. Eu só não sabia se poderia resistir a adrenalina que isso poderia me causar.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem *-* Vou tentar escrever com mais frequência. E me desculpem pela demora. *-*



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