The Coldness escrita por Alice Mary


Capítulo 2
Capítulo 2




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Já passava do meio dia. Ela precisava se levantar. Mal consegui abrir os olhos, mas com muito esforço conseguiu se sentar na cama. A próxima tortura foi a caminhada até a cozinha. Ela então fez um pouco de café e tomou tudo em um único gole. Pressentindo que aquilo não seria o suficiente para acordá-la, resolveu tomar uma ducha. Saiu do banho e colocou a primeira roupa que encontrou: uma calça preta, uma bota  com salto baixo, cadarço e ilhoses e uma camiseta, já meio surrada, que dizia “you’re not a slave, so get off your kness!” Andou até a sala ao lado e sentou-se em seu velho piano. Tinha que acabar aquela maldita música, ou iria acabar perdendo uma boa grana. Não se sentia inspirada, mas sabia que não terminar esse trabalho não era uma opção, mas a melodia não fluía, ela simplesmente não conseguiria sem uma pequena ajuda.  Se levantou, foi até seu armário e abriu uma garrafa de vodka, levando-a a boca e dando um bom gole. O álcool queimando sua garganta já lhe propicia uma sensação de alivio, e mesmo que ainda não tivesse surtido efeito, já servia como um bom placebo.  Voltou ao piano e pode sentir a diferença: a música estava realmente fluindo naturalmente agora. Pegou o gravador e registrou sua criação.

Se sustentar financeiramente era realmente um terror para ela. Artistas não ganhavam bem. Mas em compensação  muitas vezes se contentavam em ter o que comer e um quarto para passar a noite, e gostavam mais ainda se tivessem o que beber e alguém para poder passar a noite.

A campainha tocou. Provavelmente era Adam, só ele a viria visitar sem avisar. Saiam juntos frequentemente e eram bons amigos e amantes ocasionais. Quando se sentiam sós, no frio, e precisavam de alguém para esquentar os lençóis, era para o outro que ligavam.

Ela abriu a porta e o olhou com olhar de desaprovação

-Você não avisou que vinha. Eu estava ocupada.

Ele lhe deu um beijo rápido –Eu sei, mas achei que precisava de alguém para te entreter um pouco. Você anda trabalhando demais.

-Trabalho porque preciso. Não tenho tempo para outra coisa. Você sabe que estou apertada e que preciso de dinheiro. –disse ríspida

-Eu sei, eu sei. Se você quiser que eu vá embora é só falar.

Ela não respondeu. Se virou e andou até a pia –Pelo menos trouxe algo para beber?

-Trouxe – ele abriu a sacola que segurava e tirou dela um queijo e um vinho – Sei que é um de seus favoritos...

Um pequeno sorriso brotou no seu rosto. Era bom saber que alguém a conhecia ao menos um pouco, que não estava tão só afinal. – Obrigada. –Ela pegou uma faca, cortou o queijo e o degustou, junto ao vinho.

Eles comeram sem dizer nada. Depois de um tempo, Myrian se levantou e caminhou até a porta do quarto.

-Vou para a cama, se quiser me acompanhar....

Adam deu um sorriso de lado, se levantou e foi para o quarto.

O sol batendo na janela era tão forte que obrigou Myrian a se levantar. Ela pegou uma coberta, se cobriu e andou até o banheiro. Escovou os dentes, tomou seu punhado de remédios e foi se trocar. Percebeu que Adam também havia acordado e a observava enquanto se trocava.

- Não é algo descente observar uma mulher enquanto ela se veste sem sue consentimento.

-Não é descente se trocar na frente de um homem.

Ela sorriu e se sentou ao lado dele. Acariciou seus cabelos e o observou mais um pouco. Ele era realmente muito bonito. Tinha olhos verdes como os dela, uma barba por fazer e um cabelo moreno que quase chegava a bater em seu ombro. Ultimamente, a frequência com o via havia aumentado. Ele estava se tornando alguém realmente especial para ela. Vendo que ela não para de encará-lo, ele sorriu.

-Eu sou tão bonito assim é?

-Nah, pelo contrário, como tenho coragem de dormir com você? – Ela o beijou, mas logo se afastou.

-Preciso ir, tenho coisas pra fazer hoje.

-Eu também- ele se levantou, recolheu suas roupas do chão e se trocou. Eles andaram até a porta do apartamento. Ela a trancou e se dirigiram até a portaria.

-Alias, Adam, você poderia me dar uma carona?

-Só se você retribuir o favor depois – Ele deu um sorriso pervertido

-Vou pensar no seu caso.

Eles se dirigiram até o carro. Era velho, mas pelo menos funcionava. O silêncio se instaurou. Ambos já se conheciam há algum tempo, mas pouco sabiam sobre a intimidade do outro, era uma amizade superficial.

-Então...-Adam começou, enquanto olhava pela janela e dava a partida no carro –Você não me disse para onde vai.

-Ah, é. Vou tentar assinar um contrato hoje, dificilmente eu vá conseguir, mas ainda tenho um pouco de esperança.

-Hum...aonde quer que eu a deixe?

-O lugar fica a umas 10 quadras, só siga em frente que eu te oriento.

-Mas se é tão perto, porque quer carona?-Ele riu

Myrian fechou a cara na hora. Não estava de bom humor, ou talvez estivesse, mas aquilo a irritou profundamente. Abriu a porta do carro e saiu, sem dizer nada. Adam ficou sem ação, mas a conhecia minimamente para saber que tudo nela era inesperado. Ele ligou o carro e dirigiu na direção oposta, observando pelo retrovisor ela acender um cigarro e seguir seu caminho.

Myrian sabia que novamente tinha errado com Adam. Gostava dele, mas ela não deixaria ele se aproximar mais um centímetro se quer. Havia prometido a si mesma que não deveria se dar ao luxo de confiar, muito menos confiar seu amor.  Se tivesse vivido esse momento há alguns anos antes, teria chorado, mas também prometeu a si mesma que não iria mais chorar, afinal, de que adiantava?

Andou até a avenida onde se encontrava a produtora. Apesar de ruim, seu apartamento era bem localizado. Avistou o prédio logo a sua frente. Era inteiramente preto, de granizo. Entrou e se dirigiu a recepção. Uma mulher loira, de cabelos bem curtos, mascava um chiclete e olhava com tédio para o monitor, mal notando sua presença ou simplesmente ignorando-a. Myrian pigarreou, tirando a mulher de seu devaneio.

-Boa tarde.

-Boa tarde. Vim para mostrar meu trabalho, tentar um contrato. Me chamo Myrian.

-Ok, entre no elevador a sua esquerda, 9º andar.

-Obrigada. – Ela se dirigiu ao elevador e apertou o botão. Mal continha a ansiedade, tamborilando os dedos no CD onde havia gravado seu trabalho. Aquele contrato era muito importante para ela, mas sabia que um “não” era muito provável também. O mundo simplesmente não estava pronto para ela, para sua música.

A porta se abriu. Havia somente uma porta a sua frente. Bateu nesta e não ouvindo uma resposta, resolveu entrar. Não havia ninguém lá dentro, somente uma mesa de vidro, com uma cadeira a frente dela e uma poltrona atrás. Um lustro negro enorme pendia no teto, ricamente adornado com cristais. Era uma sala muito bonita, e Myrian invejou seu dono e todo seu dinheiro. Dentro da sala uma porta se abriu, e dela saiu um homem baixo, muito gordo e calvo. Ela suspirou: essa era sua chance.


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Notas finais do capítulo

Não tive tempo de revisar a ortografia, então provavelmente há muitos erros, mas prometo arrumar tudo depois. Enjoy o/



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