Donzela E Guerreira escrita por Scarllett Dark


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Fangirls YAOI...Acreditem: pode não ser o que parece....OK... ;-) O mais provavél é quem sabe...rsrs

Ah, e o link que segue no meio do texto foi a imagem que me inspirou a escrever a respectiva passagem da história...Então quis colocá-la no ponto exato em que praticamente a descrevo...

Qualquer coisa avisem se não abrir...



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O cavaleiro de escorpião havia levado seu melhor amigo, Camus de aquário para ver sua pequena discípula, Omena... Após alguns minutos analisando a menina com certo grau de frieza no olhar, o guerreiro dourado do gelo havia ajoelhado diante dela e depositava sobre uma de suas pequenas mãos uma dose de sua energia congelante, sem que se soubesse com qual exato objetivo...

Em poucos instantes quando o cavaleiro de aquário retirou a mão, tanto Omena quanto Milo se surpreenderam com o que viam... Pois na palma da mão da menina se encontrava uma pequena rosa que parecia esculpida em cristal mas era inteiramente feita de gelo...!

A menina logo abria um sorriso... E olhava para a própria mão alegre e impressionada, pois aquela flor de cristal, precisamente esculpida como se magicamente, lhe parecia o objeto mais bonito que já havia encontrado em sua curta vida!

Sem esconder certo brilho nos pequenos olhos azuis como safiras , ela olhou para a face sempre estática do aquariano e o agradeceu calorosamente, com certa empolgação...

- Isto não foi nada demais... Trata-se apenas de uma demonstração simples... Não se deixe levar por algo tão banal... Lembre-se, desde já, que nós não podemos ser como pessoas comuns que se deixam impressionar ou emocionar com facilidade...

Era o que o guerreiro aquariano aconselhava à pequena com sua voz um tanto ríspida e solene... Foi quando só então o escorpiano interveio ao notar a discípula um tanto sem jeito; ele deu um meio sorriso e comentou, ao repousar a mão sobre o ombro do amigo:

- Ora Camus, não espante a minha pupila... Ela começou o treinamento há pouco tempo, e é de fato apenas uma criança... Ao menos por enquanto, deixe-a se comportar como tal... Ela tem sido ótima aluna apesar disto, então por hora não fará mal algum que ela seja como é...

- Há realmente algo que posso afirmar com total certeza: teu mestre se orgulha muito de você! E certamente como tutor a considera em demasia, talvez mais do que ele deveria... Creio que não seja portanto a pessoa correta para lhe ensinar a lidar com tuas emoções de modo racional...

Dizia Camus ainda encarando a garotinha e sem olhar para o amigo, com seu já costumeiro tom serenamente frio... Em seguida ergueu-se se colocando ao lado de Milo novamente enquanto continuava falando no mesmo tom, agora se voltando para ele:

- Ela deve ser ensinada sobre o quanto as emoções podem comprometer seu desempenho e força durante uma batalha... Mas creio não ser departamento meu intervir em seu treinamento... Já que a discípula é somente sua...

Milo de escorpião ainda olhava com certa descontração para o colega dourado, como se não levasse muito a sério suas palavras... Em seguida o mestre voltou-se para a pupila perguntando-lhe se ela desejava ser liberada do treino por aquele dia ou continuar com as mesmas lições que exercitava antes sem ele, já que estaria o resto da tarde caminhando pelo santuário com o amigo aquariano recém-chegado da sibéria...

Omena era dedicada, e levava muito a sério seu objetivo de tornar-se guerreira no futuro... Ela não desejava desperdiçar um só dia inicialmente destinado a seu treinamento, então preferiu continuar o treino sozinha, mesmo com a ausência atípica do "sensei"...

Milo tentou não demonstrar tão evidentemente, mas vê-la agir daquela maneira enchia seu coração de um orgulho franco e o fazia inevitavelmente pensar na amazona forte que aquela querida discípula provavelmente se tornaria um dia...

Os dois guerreiros áureos logo deixavam a casa de escorpião, enquanto a garotinha ficara sozinha no templo zodiacal, ainda admirando por alguns minutos a bela rosa de gelo que Camus lhe fizera e encantada ao contemplar o objeto...

"Alguém capaz de fazer algo tão bonito e delicado assim não pode ser tão severo e rígido todo o tempo... Tenho certeza que ele na verdade poderia ser uma pessoa bem mais gentil e sensível do que aparenta...!" 

A menininha, já sozinha e sentada ao chão, pensava consigo mesma sorrindo pela própria conclusão... Depois colocou a rosa de cristal com cuidado próxima a coluna de mármore onde havia se recostado, já que ela parecia não correr o risco de derreter... Logo se levantou e se pôs a socar o pilar, e dar-lhe inúmeros chutes como fazia antes da chegada dos dois cavaleiros...

A pequena Omena queria fortalecer mais seu cosmo e seus golpes, pois sabia que aquele era o único caminho para obter mais conhecimento de seu "sensei"! Tinha seus motivos para querer se aprimorar cada vez mais na técnica venenosa que Milo de Escorpião estava tão disposto a lhe ensinar...

Ela possuía fortes razões sentimentais em seu passado para querer dominar qualquer tipo de veneno... Ainda se culpava por uma triste perda que sofrera há algum tempo, embora fosse apenas uma criança...

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Enquanto isso os dois amigos dourados caminhavam pelo santuário e em poucos minutos deixavam a área das doze casas, após terem passado pela passagem secreta dos oficiais - caminho que pouquíssimas pessoas conheciam...

Era um dos conhecimentos que Milo confiara a sua pequena pupila e protegida, para que ela pudesse ir e vir entre as doze casas e a área restrita feminina do santuário, onde ela residia, sem ter de atravessar os outros sete templos zodiacais que naturalmente  haviam antes da casa de escorpião...

Após assistirem a uma batalha entre dois soldados rasos em uma das arenas do santuário, os dois amigos haviam encontrado um recanto onde o forte sol quente não alcançava àquela hora do dia, já que ainda era algo um tanto incomodo para Camus que havia chegado há pouco das terras geladas da Sibéria...

Se tratava de uma pequena parte de uma ruína antiga formada por uma meia parede de tijolos de pedra já bem gastos e uma coluna em estilo clássico feita do mesmo material onde se acomodaram para verem alguns  aprendizes a cavaleiro que treinavam ao longe...

Camus havia debruçado com ambos os cotovelos na meia parede de frente para área de treinos dos rapazes, a maioria já adolescentes e alguns bem jovens assim como Omena... Milo se sentara ao chão ao lado e logo a baixo, recostado à meia parede, e ambos olhavam na mesma direção...

Repentinamente o escorpiano ria-se enquanto o aquariano olhava dele para os rapazes à frente, tentando imaginar o que havia ali de tão engraçado... Mas antes que perguntasse o amigo se pôs a comentar ainda sorrindo:

- Vê aqueles dois mais próximos daqui? A atitude deles por acaso não lhe parece um tanto familiar? (...)

- Como assim? O que vejo é que derrubam um ao outro, mas são golpes desferidos sem raiva alguma... Parecem estar se ajudando mutuamente no treino... Apenas isto!

- Oras, Camus! Como "apenas isto"??? E não foi exatamente assim que começamos há tantos anos...? Quando você era recém chegado da França e eu da Ilha de Milos... Também nos ajudávamos da mesma maneira...

-Lembro-me, é obvio... Compreendo o que você quer dizer... E recordo-me inclusive de que fui o primeiro, além de teu mestre, a receber as tuas agulhas sem me abalar com elas... E por fim ainda saí conversando normalmente com você... A mim, não pareciam nada demais...

- Pode até ser... Mas naquela ocasião você teve muita sorte porque eu ainda não dominava bem a técnica, então elas perfuravam, mas ainda não possuíam veneno algum! Nossa, isto já faz tanto tempo...!

O guerreiro dourado de escorpião, que ainda estava sentado ao chão, sorria descontraidamente ao recordar nitidamente a cena de muitos anos atrás como se a revivesse... Parecia divertir-se com a lembrança...

E o cavaleiro de aquário finalmente parecia demonstrar alguma descontração na face, apesar de apenas olhar o amigo que ria sem retribuir com sequer um meio sorriso - como de fato nunca era de seu feitio - enquanto ainda se encontrava debruçado acima do ombro do grego, sobre a meia parede de tijolos, como quem se debruça numa janela aberta... Ambos haviam retirado os elmos das armaduras...


http://www.4shared.com/photo/mwamJBIg/AMIGOS_DE_F.html?


- Devo admitir que aquela criança fez muito bem ao seu humor desde a ultima vez que nos vimos... Quando ela era ainda apenas um bebê...

O aquariano comentava já que mesmo sem demonstrar, não podia negar que estava satisfeito ao ver o colega bem mais disposto do que há oito anos atrás quando o deixara, pouco tempo após testemunhar a terrível perda que ele tivera que suportar...

Porém antes que pudesse falar algo mais, o escorpiano cessava o riso... E, num tom mais sério logo expôs ainda pensando na profunda amizade deles:

- Às vezes eu realmente lamento por saber que Omena provavelmente não terá ninguém para criar este tipo de vínculo...

- Milo... Não vá se torturar também por esta questão... Não deve se deixar afetar... Até porque pelo que me contou e pelo que pude perceber ao conhecê-la, você esta fazendo seu melhor dentro das possibilidades... Já basta o quanto você sofreu pelo destino da mãe dela...!

- Sei bem qual sua opinião a respeito... Mas nunca me esquecerei de Rubra!  Ela deu a própria vida apenas para me realizar meu sonho mais precioso, de ter alguém do meu próprio sangue para passar minhas técnicas e armadura... Serei eternamente grato à ela por isso! E de fato treinar nossa filha tem sido algo extremamente gratificante...

- E você ainda falando em sonhos realizados e sentimentos amorosos... Talvez tenha sido melhor assim... Tais sentimentos apenas enfraqueceriam teu coração... Já que ter uma mulher sempre esperando não seria algo de fato adequado na vida de um cavaleiro... Poderia com o tempo tornar-se de fato uma grande fraqueza em tempos de luta...

- Camus, você nunca muda de idéia mesmo! Precisa ao menos considerar exceções... E sei bem que os sonhos costumam ter um preço alto demais para serem realizados, e são de fato em sua maioria o sinônimo de algo impossível! Mas a despeito disto, Rubra não me era e nem nunca será uma fraqueza! Neste caso não a vejo assim...

O escorpiano falava ainda sentado ao chão, e erguia a cabeça para visualizar o aquariano que ainda estava recostado logo acima... E assim prosseguia enquanto o outro apenas ouvia sem esboçar nenhuma reação:

-...Muito pelo contrario, já que sem Rubra eu nunca teria minha querida Omena... Vida pessoal é uma questão completamente externa ao campo de batalha, meu caro! Até quando vai viver tentando se convencer de que a verdadeira força de teu cosmo está na ausência de tuas emoções? (...)

- Respeito teu ponto de vista Milo, somente porque lhe tenho grande estima... No entanto o meu pensamento será sempre o mesmo... Algumas pessoas tem sentimentos... E se eu me importo ou não, não mudará a situação...

- Ah, é? ...E aquele teu "querido" pupilo? Pelo tanto que me contou dele hoje... Você mesmo me confessou que ele seria para você como teu filho! E você mesmo disse  que, após ter perdido o teu outro aluno, se sentiu um tanto aliviado porque o desaparecido não havia sido o Hyoga...

Milo agora falava com certa dose de ironia, mas Camus não se despojara de sua costumeira postura fria e neutra, apesar de saber muito bem que o amigo possuía razão no que seguia indagando e afirmando já com ares de impaciência:

-...E quanto a minha Omena...? Porque fez aquela rosa de cristal para ela se realmente não se importa com ninguém? (...) Você às vezes contradiz sua própria filosofia, Camus...!

- Fiz questão de agradar a menina porque sei bem que ela é tua filha! Sei que é alguém importante para você... Quanto a Hyoga, se trata de uma questão atípica! (...) E creio que seja recomendável mudarmos de assunto, para evitarmos conflitos desnecessários depois de tantos anos...

Fez-se um incomodo silêncio... Os dois cavaleiros percebiam que podiam ter excedido um pouco os limites um do outro durante a conversa, que por pouco não se tornara discussão, ao tecerem certos comentários... Mas se controlaram, pois certamente não valeria à pena brigar por formas de pensamento divergentes entre eles... O sentimento de filia [VEJA NOTA] que os unia era muito maior que suas notórias diferenças...

Ficaram então alguns minutos em silêncio... Que foi quebrado por Milo ao confessar em tom de voz sereno, e ainda sentado a observar de longe o treino dos rapazes desconhecidos. E já sem olhar para Camus, apesar de dirigir as palavras a ele:

- Você sabe que se eu tivesse que confiá-la a alguém...  Se me acontecesse algo e eu não pudesse concluir o treinamento dela... Bom, este alguém a quem eu confiaria a minha amada pupila, seria... você...

-Sinto-me honrado pela tua confiança... Mas o que lhe garante se o primeiro a morrer em batalha, de nós dois, não seria eu...?

- Não diga bobagens, Camus! Como poderia ser você? (...) Com toda essa sua racionalidade e, se me permite dizer, a frieza para colocar teus próprios sentimentos sempre em segundo plano...! Diferente de mim, você nunca age movido por impulsos... Não creio que de fato o faria durante uma luta... E reconheço que isto se torna uma grande vantagem para garantir sobrevivência em combate...

- Se é de fato assim que você pensa, não direi nada para contrariá-lo... Até porque, só o tempo responderá esta questão muito melhor que você ou eu...

Os dois guerreiros não sabiam, mas uma certa pessoa os acompanhava às escondidas desde a casa de escorpião quando haviam estado com a pequena Omena, e agora se encontrava ali bem próxima...

Mas sem poder ser vista ou percebida, apenas ouvindo e observando a conversa entre eles, e muito lisonjeada com certas palavras proferidas pelo cavaleiro de escorpião minutos antes... Ela ainda viu e escutou, logo em seguida, quando Milo se levantou e disse precisar se retirar para junto de sua discípula, pois já a havia deixado tempo demais sozinha...

Camus logo o seguiu, comentando ainda que, apesar de ter visto Rubra somente uma única vez, poderia afirmar que a menina estava se tornando fisicamente um pouco semelhante à mãe, e que certamente herdaria seus traços no futuro...  Então os dois logo se afastavam descontraídos, rumo à direção do atalho secreto de volta às doze casas...

...Sem sequer desconfiarem que alguém havia escutado toda a conversa, e o quão feliz e orgulhosa ela se sentia naquele instante por testemunhar a maneira carinhosa como o cavaleiro de escorpião ainda falava de sua pessoa... E também a orgulhavam os progressos que sua filha estava fazendo ao ser treinada pelo pai...

Sim, a pessoa que escutava os dois guerreiros em segredo era ninguém menos que a própria Rubra, sacerdotisa da área feminina restrita do santuário... E a jovem mãe da filha e pupila de Milo de Escorpião...

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Notas finais do capítulo

Filia é o amor que não monopoliza, não escraviza, não cria dependentes. É o amor que vive a alegria de se comunicar com alguém do jeito que a pessoa é. Mescla perfeita entre amor e amizade, este amor culmina na disposição de expor a vida em benefício do outro. Para Epicuro, filósofo grego nascido em Atenas, a filia é o máximo que a sabedoria da felicidade nos pode oferecer na vida. A época mitológica q inspirou o tio Kurumada foi a Grécia antiga... Naquela época a noção de relação homoafetiva era muito diferente de hoje. Os homens (principalmente guerreiros e filósofos) costumavam se iniciar sexualmente através da filia, com seus amigos mais amados... Mas não costumavam ser efeminados por isso... E não havia a necessidade de haver uma relação fechada como se costuma pregar as histórias YAOI, seguindo os padrões mais atuais... E tão pouco a relação de filia impedia que os gregos tivessem separadamente suas mulheres (consideradas menos importantes) e delas sua prole(filhos de sangue)...

ENFIM!

Mais uma vez grata aos que chegarem até aqui, qualquer erro me avisem e até breve... o/



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