15 Contos Sobre Percabeth escrita por AnnaSun


Capítulo 15
Eu amo você, cabeça de alga


Notas iniciais do capítulo

É, é isso. Gente, sinto muito em dizer, mas finalmente chegamos ao último capítulo de 15 Contos sobre Percabeth! É com muita tristeza no coração que eu dou a última palavra em conto da fic. Esse capítulo é especial. Dei o meu máximo nele e tentei colocar um pouco de tudo. Percy humano, Percy semideus, Percabeth e sim... um pouco de Pernico, mesmo que indiretamente. Na minha opinião, ficou emocionante. Tanto que em alguns momentos eu lia e pensava: "poxa, eu acho que eu vou chorar" :C. Mas eu fiquei satisfeita com o resultado. Acho que consegui fechar com chave de ouro. Ou melhor, de bronze celestial, haha. Enfim, leiam por favor c: Espero de coração que gostem tanto quanto eu, e comentem, certo?



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Percy apertou ainda mais a mão de Annabeth quando viu que aquele grupinho de garotos grandões e mal encarados estava vindo em sua direção. Por ser um distrito grande e MUITO populoso dentro da cidade de Nova York, é muito comum, em algum momento da sua semana, cruzar com algum tipo de grupinho como estes.

Percy odiava acusar as pessoas tão rapidamente, mas a julgar pelo sorrisinho maldoso que tinham na cara, e pelo fato de que seguiam os semideuses desde que tinham saído do cinema, o garoto deduziu que aquilo não podia ser boa coisa. E sim, você agora deve estar pensando: "Wow, Percy Jackson, o garoto que derrotou o Titã Cronos, preocupado com meia dúzia de trombadinhas de rua?". Na verdade, soava ridículo, de fato. Mas ele estava com Annabeth e não confiava nas circunstâncias. Tinham acabado de sair de uma guerra de proporções enormes. Seria uma eterna vergonha sair perdedor em algum confronto de rua.

Ainda assim, para o caso daqueles caras estarem armados, ele puxou a namorada até uma loja de conveniências que havia por perto. Acelerando o passo, para evitar possíveis confusões, Percy entrou junto com Annabeth no beco que dava para a lojinha simples.

Foi quando uma sarcástica e desagradável voz masculina veio de trás.

– Ei, ei, para que a pressa, casal?

Percy ignorou a voz do garoto e continuou andando, sem se preocupar mais ou menos com aquela situação.

Ouviu-se uma risada, uma outra voz.

– Não vão querer visitar aquela loja chinfrim, vão? - O garoto mudou o tom de voz para algo mais frio – não se importam de dar uma palavrinha com a gente, não é?

Alguém do grupo se adiantou e correu até caminhar ao lado de Annabeth. O cara de uns 17 anos estava usando um moletom esverdeado e tinha os cabelos desgrenhados sob uma touca. Os olhos claros esbanjavam malícia.

Ele deu uma boa olhada de baixo à cima na semideusa e liberou um assobio. O qual nada agradou Percy. O semideus se adiantou para socá-lo, e não teria remorso em fazê-lo, mas Annabeth o empurrou. O menino de touca deu um passo para trás e riu. Ela apertou a mão de Percy Jackson e assentiu, passando uma mensagem óbvia: “eu cuido disso”.

– Olá, boa noite. Está precisando de algo? – Annabeth perguntou, utilizando uma "doce" voz de recepcionista enraivada e mirando profundamente os olhos cinzas nos daquele garoto. Por um segundo, apenas por um segundo, Percy quis dizer: “vai embora, cara, você não vai aguentar essa pressão por muito tempo. Muito menos vai querer vê-la enfurecida”. Não era novidade, o peso do olhar frio de Annabeth era tão difícil quanto o peso do olhar da Medusa.

O cara deu mais um passo para trás e franziu a sobrancelha. Garoto esperto.

– Hum, eu...

Mas os que estavam atrás foram mais rápidos. Cinco garotos avançaram e cercaram o casal até não restar mais espaço para correr, a menos que quisessem se arriscar. Alguns deles seguravam uma navalha em mãos, o que não os assustava nem um pouco depois de terem enfrentado a foice de Cronos; mas, ainda assim, eles poderiam usar outros recursos para saírem dalí.

Percy respirou fundo e apertou os olhos.

– Acho que não precisamos disto, não é? – tentou soar convincente, mas não era muito bom nisto – sugiro que vão embora e nos deixem em paz.

– Não vamos embora – rosnou um garoto de cabelos loiros e despenteados. Aquele o chamou atenção. O semideus o olhou mais nitidamente, e por incrível que pareça, ele aparentava ter apenas uns 14 anos, e a visão dele ali assustou Percy. – passa a bolsa, agora! – ele voltou o olhar para a bolsa de alças longas que Annabeth carregava no ombro e começou a ficar, visivelmente irratado.

Mas Annabeth apenas puxou o acessório para mais perto do corpo.

– Não vamos te passar nada.

Uma chama de raiva subiu nos olhos do garoto loiro, mas antes que ele pudesse fazer algo, um outro tomou voz, dando um passo a frente.

– Escuta bem, gatinha, a gente tava aqui, normalmente, dando uma volta, então nós encontramos vocês e deu aquela vontade de brincar um pouco. A gente até queria, sei lá, bater um papo, se divertir um pouquinho. Quem sabe, poderíamos até... conhecer melhor você, não é? – Ele deu uma risadinha e Annabeth apertou com mais força a mão de Percy, o que o obrigou a respirar profundamente, tomar paciência e calma para não decepar todos aqueles caras com um único golpe de espada – Mas a verdade é que isto aqui já está perdendo a graça. Já estamos ficando cansado da brincadeira. Mas então, para não termos dado viagem perdida, eu sugiro que entregue isso aí e voilà!, ficam todos satisfeitos.

O silêncio ficou presente no local por alguns minutos. Ninguém se movia, ninguém falava mais nada. Até Annabeth permanecia quieta ao lado de Percy, pensativa, olhando para um monte de canos nas paredes e estreitando seus olhos cinzentos para observar melhor aqueles caras e o que queriam. A não ser pelo barulho dos pingos de água que vazavam dos canos nas paredes, o beco estava silencioso.

Espere, água.

Era isso! Era isso que Annabeth estava observando, havia água ali. E se havia água, não era necessário machucar ninguém. Bom, pelo menos não gravemente.

Percy relaxou com a certeza de que tudo estava bem.

– Então, caras, sinto muito, mas vamos deixar essa coisa de bolsa pra próxima, ok? – ele disse, sorrindo, o que deixou Annabeth visivelmente aliviada. Ela soltou um suspiro e percebeu que, finalmente, seu namorado havia visto os canos – E quanto a brincadeira... eu acho que ela ainda não acabou, não.

Percy olhou bem para os canos de água nas paredes dos prédios dos seus dois lados e ganhou segurança. Os outros caras não tiveram isso. Um deles franziu o cenho.

– Do que está falando?

– Sinto muito por isso, mortais – disse Annabeth, com seu típico ar de superioridade não-proposital.

– Eu não sinto não – retomou Percy. Ele estendeu os braços e todos os canos de água estouraram, em perfeita sincronia. O líquido jorrou para todos os lados, causando um espetáculo de confusão e água, muita água. Os garotos começaram a se debater e gritar, correndo para todos os lados com uma tentativa de ver e entender o que estava acontecendo, no entanto a água varria todos os cantos daquele beco, e parecia que quanto mais forte jorrava, mais forte vinha. Em mais de trinta segundos de confusão, Percy já se perguntava de onde saia toda aquela água. Parecia que ali havia um verdadeiro reservatório, de onde saia todos aqueles litros potentes e inacabáveis. Ele pegou Annabeth pelo braço e a puxou para longe do beco, mas foi só a tempo de se virar e dar de cara com o garoto loiro e despenteado, que o olhava como se estivesse observando algo sobrenatural. Bom... ele estava.

– Saia da minha frente! – gritou Percy.

– O que... quem... como você...

O semideus não pensou duas vezes, empurrou o garoto de sua frente, e voltou a andar, mas foi parado bruscamente quando o mesmo loiro puxou o outro braço de Annabeth para trás. Ela berrou, mas soltou o braço direito das mãos de Percy e socou o bandido. O soco foi tão forte que o garoto cambaleou para trás. Annie analisou a parte do braço por onde foi puxada bruscamente. Parecia ter levado aquilo como a coisa mais normal que já havia feito na vida. Em outras circunstâncias, o semideus teria rido. Mas ao invés disso, foi até o garoto loiro e o encarou, segurando-o pela gola da camiseta.

– Eu já lutei como coisas muito mais assustadoras do que você. Agora suma da minha vista antes que eu mude de ideia e decida te pendurar em algum poste por aí até que alguém chame a polícia. Vá! E leve todos os seus amiguinhos juntos. Não tenho tempo para gastar com vocês.

Percy empurrou o garoto para trás e ele caiu no chão, assustado. O brilho em seus olhos era o de uma criança amedrontada, despreparada e com medo do mundo. Como se não quisesse acreditar no que via. Como se preferisse estar fazendo alguma outra coisa. Ao ver o menino daquele jeito, instantaneamente Percy se arrependeu de ter derrubado-o.

Ele parecia com Nico Di Angelo, a alguns anos atrás.

O mesmo olhar frágil, o mesmo brilho assustado nos olhos. O rosto fino que tentava mostrar que já era forte o suficiente para enfrentar os problemas sozinho, mas que não passava de uma máscara.

O semideus se aproximou para estender a mão, mas antes que o fizesse, o garoto se levantou aos tropeços e correu desesperadamente, dobrando a esquina com um monte de outros caras atrás.

Dois segundos depois, a água parou de jorrar dos canos. E Percy Jackson continuava alí, parado, olhando para a viela à frente, sem entender direito o que lhe havia acontecido. Porque havia atacado aquele garoto e porque ele estava ali, fazendo aquelas coisas.

– Percy? – a voz doce de Annabeth lhe acordou dos seus próprios pensamentos.

Ele se virou e percebeu que a garota não tinha nenhuma gota de água espalhada pela sua pele, roupas ou cabelo. Ela estava completamente seca.

Pela risada suave que deu, Annabeth deve ter percebido que seu namorado havia percebido o fato.

– Você segurou minha mão o tempo inteiro. E eu acho que por estar perto de mim, eu também não me molhei.

Sim... Como filho do deus do mar, Percy podia escolher se queria molhar-se ou não ao entrar em contato com a água. Provavelmente havia passado as mesmas energias para Annabeth, a ponto de a garota não se molhar em nenhuma gota.

Ele assentiu e Annabeth se aproximou. Ela mirou seus olhos cinzentos nos de Percy, parecendo preocupada.

– Percy? Está tudo bem? – perguntou.

– Hã, sim - respondeu, mas não muito certo disso.

– De verdade?

Ele ergueu um pouco mais a cabeça para observá-la mais nitidamente.

– Sim. Acho que fiquei um pouco cansado depois disso, mas está tudo bem - respondeu o que queria que fosse verdade. Não poderia deixar Annabeth com tal preocupação agora.

Ela ergueu uma de suas sobrancelhas loiras. Não cairia nessa. Era esperta demais para não perceber uma mentira, mas por algum motivo, preferiu ficar em silêncio.

– Esses caras não vão mais voltar aqui. Você foi muito bem, cabeça de alga -Annabeth se endireitou um pouco e beijou o namorado. Ela entrelaçou seus braços finos em torno da cintura de Percy e ele a puxou para mais perto, respondendo ao carinho.

Quando se afastaram finalmente, ela pegou sua mão e o levou de volta para seu antigo curso, o qual foi interrompido pelos bandidos. A noite já havia caído, realmente. Devido ao clima frio, Percy passou um de seus braços por cima do ombro de Annabeth e a trouxe para se juntar ao seu corpo, por mais que ambos já estivessem bastante agasalhados. Pelos seus cálculos já devia ser um pouco mais tarde que seis horas da noite. As luzes já estavam completamente acesas e o tráfego da cidade já estava bastante enérgico. Mais um dia normal no bairro de Manhattan.

Disposto a se livrar da loucura da noite e do clima triste que seu último conflito tinha deixado no ar, Percy dobrou a esquina mais próxima e, junto com a namorada, seguiu para o píer velho e abandonado de madeira sobre o rio East, o qual haviam descoberto na batalha de Manhattan. Era um lugar calmo e escuro, longe da multidão, bom o suficiente para relaxar, e bom o suficiente também para fazer uma mega festança sem que ninguém sequer ouvisse. Naquele dia, eles cortavam a segunda opção. Annabeth gostava de chamá-lo de Visão do Crepúsculo, pois como era bastante escondido, a madeira sobre o rio ficava bem longe dos grandes prédios, o que dava uma vista serena e completa para o céu. Nada de perturbações, nada de barulho, apenas o rio e eles.

Engraçado. Desde seu último encontro com o espírito daquele rio, quando lhe entregou metade do dólar de areia e despoluiu suas águas, Percy decidira que não faria tantas visitas àquele lugar. A lembrança de ter discutido com dois deuses teimosos e arrogantes lhe dava enjoo, mas aquilo ali era diferente. Ele se sentia bem e relaxado, principalmente com Annabeth por perto.

Eles andaram até o ponto final do píer velho, com a madeira fraca rangendo sob seus pés. Você deve estar se perguntando: “Puxa, mas isso não é perigoso?”. Sim. É perigoso. Mas nenhum dos dois se importava. Era tão difícil ficarem sozinhos, longe de monstros e da vida complexa que tinham, que qualquer sugestão era bem vinda. Não tendo mais do que sete metros de comprimento, logo eles chegaram onde queriam. Percy sentou-se sobre a madeira e Annabeth também o fez, um junto ao outro, um esquentando ao outro. Não havia nome melhor para aquele lugar. Embora não estivessem de fato, no momento em que o sol se põe, o céu brilhava com glória sobre suas cabeças.

Annabeth segurou a mão do namorado.

– Algo está incomodando você, cabeça de alga.

Percy apertou os olhos para olhar melhor o que tinha à frente. As águas do rio ainda estavam limpas, longe do contrário. Ele se recordou do brilho no olhar do espírito do rio East quando viu o dólar de areia que o pai do garoto, Poseidon, uma vez lhe dera. Mas quanto tempo iria durar aquilo?

Olhando para Annabeth, ele lembrou-se de sua pergunta.

Engoliu em seco antes de responder.

– Aquele garoto. O que você tentou quebrar o nariz – Annabeth olhou para o rio e começou a corar – ele... ele me lembrou Nico. Nico Di Angelo.

O silêncio se fez por alguns segundos, até Percy tomar a voz novamente.

– Eu não entendo, mas algo nele, talvez o brilho assustado no olhar, me lembrou o pequeno Nico di Angelo. Aquele garotinho sorridente que nós salvamos a alguns anos e que se transformou completamente quando... quando nós deixamos sua irmã morrer.

Uma sensação terrível lhe subiu o peito. Um aperto monstruoso no coração fez com que Percy começasse a se sentir pesado. Tudo aquilo lhe voltou à memória: o pequeno Nico brincando de mitomagia, o sorriso de Bianca Di Angelo, e o modo frio como ele a deixou morrer, sem poder fazer nada. Depois daquele dia, o semideus não reconhecera mais Nico. Ele havia se tornado um garoto sombrio, triste e traiçoeiro. Percy tentava não lembrar daquilo, e seu orgulho era tamanho que ele conseguia. Mas toda vez que esse flashback lhe vinha à mente, ele sentia uma culpa tão ardente e difícil de aguentar quanto o peso do céu.

Annabeth se inclinou e recostou sua cabeça loura nos ombros do namorado.

– Também me dói, Percy. Bianca morreu para trazer alegria para seu irmão, e nós não pudemos fazer nada – Annabeth falou, com o olhar triste – de qualquer maneira, aquele garoto não era Nico di Angelo. Nada o forçava a ter aquela vida. Nico não teve a mesma sorte.

Percy a olhou.

– Como você pode ter certeza que ele estava ali por vontade própria?

– Eu pude ver – respondeu automaticamente a semideusa – ele não parecia satisfeito, mas estava ali porque queria. Ao vê-lo, você viu Nico. Mas pode ser apenas a névoa lhe pregando uma peça.

Percy tentou recordar a face do garoto, mas até mesmo a cor de seus olhos já era uma lembrança distante. Annabeth tinha razão. Aquela era apenas a névoa lhe pregando mais uma peça desnecessária, forçando-o a lembrar que ele não poderia ser um garoto normal, que simplesmente gastava as noites passeando com sua namorada. Algo sempre o traria de volta à sua complicada realidade.

As horas se passaram rapidamente, e quando eles se levantaram para dar mais uma volta, já passavam de oito da noite. Annabeth apertou o casaco sobre o corpo e eles voltaram às ruas bagunçadas de Manhattan. Curiosos com a noite, visitaram uma loja de quinquilharias antigas, – a pedido de Annabeth, que gritou “Ah, meus deuses, um rádio f406 feito em 1947 em homenagem à Atena” e atraiu a atenção de todas as pessoas cultas e reservadas que estava no local – uma livraria, um lar de bonecos de pano e, finalmente, uma doceria. Ficaram no local por mais de meia-hora, saboreando todos os tipos e sabores de bolinhos, doces e guloseimas. Por fim, foram embora do local com o bolso um pouco menos pesado que antes, e uma mancha enorme de sorvete azul na calça jeans de Percy Jackson.

Ao fim da noite, já estavam satisfeitos com tudo o que haviam feito. No entanto, algo ainda poderia ficar melhor. Os semideuses andaram, completos e de mãos dadas até um certo ponto, quando Percy finalmente puxou Annabeth para uma rua mais vazia e a beijou. Ela o abraçou por alguns segundos, mas depois se afastou.

Annabeth buscou a hora em seu celular e soltou um suspiro assustado. Logo se virou para o namorado.

– Precisamos ir – ela disse – já está ficando tarde para estarmos aqui. À noite ficamos mais propensos a ataques de monstros, Percy.

Ele concordou, era verdade. Mas tinha certeza que no fundo, no fundo Annabeth queria dizer: “Sally já deve estar ficando preocupada”.

Mas Percy sabia que ela estava certa. Sempre estava, na verdade. Ele assentiu e sorriu para Annabeth.

– Você tem razão.

Ela o encarou, como se tentasse decifrar algo. Talvez a ideia que ele tinha em mente.

Percy virou-se de costas, levou a mão até a boca e soltou o típico assovio. O que servia para diversos casos, mas principalmente, para pedir carona. A suacarona.

Annabeth não conseguiu evitar um sorriso e apertou um pouco a mão do namorado. Não demorou muito. Ao olhar para o céu, o garoto o viu. Viu sim, viu o que queria ver. Sentia saudades daquela criatura que tanto lhe ajudara.

A sombra negra de Blackjack voava triunfante acima deles.

Os semideuses se afastaram um pouco e o pégaso pousou, com todo o seu esplendor místico, trazendo aquela carranca orgulhosa e leal que sempre agradava o seu velho amigo.

Hey, chefe. Sentiu falta de mim?A voz de Blackjack soava na cabeça de Percy Jackson, que correu até o pégaso, afagando sua crina escura.

– Você sabe que sim, amigão – disse, olhando para Annabeth com sorriso que dizia, “depois traduzo para você”. Logo voltou seu olhar para a criatura – Ei, cara, será que pode nos levar até nossa casa?

Certamente, chefe. Mas será que você tem por aí, hã, algum torrão de açúcar?

Blackjack esticou o pescoço e começou a fuçar as roupas do semideus. Buscou por todos os bolsos, dobraduras e até mesmo na gola da camisa, mas quando sentiu o cheiro do sorvete na calça do garoto, o pégaso deu um passo para trás.

Chefe, isso não é açúcar, é?

Percy olhou para a mancha na calça e depois voltou-se para o animal.

– Bem, não – disse – mas se nos der carona, eu posso lhe dar um punhado de açúcar quando chegar em casa. O que me diz?

Blackjack se animou. O pégaso endireitou o corpo e bateu as asas, pronto para decolar.

Percy sorriu. Aquilo era um sim.

– Ótimo, cara.

Ele se aproximou mais de Annabeth e lhe ofereceu a mão para que ela pudesse subir. A garota montou primeiro, e em seguida, Percy. Quando os dois se acertaram em cima do pégaso, Blackjack subiu aos céus com a velocidade de um raio. Um belíssimo raio negro apaixonado por torrões de açúcar.

Embora fosse uma criatura da noite, com uma velocidade assustadora nos céus, Blackjack voava suave, naquele momento, dando de presente para seus amigos, a incrível vista de Manhattan, bem abaixo de seus pés. O vento frio batia nos cabelos de Annabeth, que esvoaçavam brilhantes no céu escuro. Percy enroscou seus braços na cintura da namorada e Annabeth relaxou. Eles estavam tão perto que, mesmo com o ruído de Blackjack cortando a ventania, ele podia ouvir a sua respiração. Ela virou um pouco o rosto e o beijou, novamente.

– Eu amo você, cabeça de alga.

E assim, mergulharam mais uma vez na escuridão do céu reluzente, um ao lado do outro. Estavam completos, estavam juntos. E Percy não conseguia se imaginar em uma situação melhor do que a de estar junto a Annabeth. Aproveitando da melhor maneira que podiam, a companhia um do outro. E claro, de um pégaso que amava torrões de açúcar.


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Notas finais do capítulo

Então... é isso. Sinto muito não escrever um capítulo extra, de despedidas da fic, mas já tentei e infelizmente isso é contra o regulamento do Nyah!. Enfim, só gostaria de agradecer a todos, do fundo do meu coração. Por me acompanharem desde o início numa jornada que foi um grande desafio. É, 15 Contos sobre Percabeth foi um baita de um desafio. A cada dia buscando ideias, inspirações e cenas novas. Não foi fácil, mas graças a vocês e ao Rick Riordan, consegui fazer isso com êxito. Espero que tenham gostado da fic e que continuem sempre a reler, comentar e quem sabe, recomendar. Muito obrigada mesmo, gente. Ah, e mais. Para quem quiser continuar me acompanhando, já estou com uma nova fic: Imperfeitos um para o outro é um romance divertido e original, que espero que vocês leiam e comentem, ok? É isso, gente. Não queria ir embora assim, mas devo ir. Obrigada. De verdade, meus amores, eu amo vocês.