(...)

– Tudo bem. – Disse dando lhe passagem. O medo que me consumia no começo havia passado. Estava com medo deles falarem que tinham provas, mas revistar nossa casa não iria levar a nada mesmo. Tudo que tínhamos de armas e coisas ilegais estavam escondidas em lugares totalmente seguros e protegidos, só conhecidos por mim e Thayane.

Nos entreolhamos e acho que ela leu minha mente, pois começamos a rir desesperadamente, chegamos a rolar no chão de tanto rir.

- Demônio?! - Ela falava embolada pelo fato de tantas risadas. Os policias passaram por nós e foram embora, fechando a porta assim que saíram. Concentramo-nos novamente e respiramos fundo, me sentei no sofá e Thayane, ou como a chamo, Thaty, foi em direção a cozinha. Hoje ainda teríamos mais um trabalho a cumprir.

- Que horas vamos?! - Ela gritou de dentro da cozinha.

- De madrugada, quando estiverem somente os seguranças e pouco movimento na rua, não quero ter que passar por suspeita novamente. - Respondi.

- Prepara já as coisas, que eu vou à garagem preparar o carro. Não quero correr o risco de esquecer de tampar a placa ou coisa parecida. - Ela saiu da cozinha e se encostou ao portal da porta, dando uma mordida no seu sanduíche. - Hoje mesmo temos que sair daqui.

- Está muito perigoso continuar aqui, tem muito tempo que nos fixamos. - Falei indo ao escritório, onde ficava nosso cofre.

Peguei uma grande mala que estava dentro do armário e joguei tudo que estava no cofre de valor lá dentro. Depois, peguei a minha mochila e as armas que estavam no cofre coloquei dentro dela. Peguei também algumas coisas do fundo falso do meu guarda roupa, uma combinação de roupa para cada, só para poder troca no final do nosso "serviço" e não dar muito peso na bolsa.

Deixei, como sempre, as coisas menos importantes e mais pesadas, quanto menor o número e o peso, melhor para podermos carregar.

- Tudo pronto? - Perguntou Thaty me olhando.

- Pronto, fez sua parte?! - Falei.

- Já arrumei o carro, já está o dispositivo e já coloquei outro veículo na rua em que você disse. - Ela respondeu se sentando na sala e completou. - Vou sentir falta daqui, mas vamos logo nos arrumar.

Saímos apressadas, pegamos o carro na garagem e fomos a tal joalheria, lá estava o tão querido colar de uma das mulher mais rica da cidade, ele havia sido mandado para ser limpo ou algo do tipo.

Fomos ao beco ao lado e escalamos lentamente pelas paredes, claro que usamos equipamentos e outras coisas. Rapidamente chegamos ao teto, feito 95% de vidro. Thaty colocou as unhas de gato e me ajudou a arrumar os cabos.

Thayane POV

Passei lentamente as unhas fazendo um círculo, não muito grande no vidro, desci pelos cabos e fui letamente saindo deles. Quando me soltei completamente, peguei o splay e espirrei contra o local que provavelmente estaria com alarme a laser.

Como previsto, tinha. Peguei meu kit de maquiagem e espalhei alguns espelhos que tinha pela entrada, abrindo um caminho para passar, foi muito mais fácil do que parece.

Cheguei bem perto da caixa de vidro em que estava o colar e assim como fiz no teto de vidro, fiz no vidro da caixa e depois retirei o colar.

Virei e quando me dei conta o colar caiu. O alarme disparou e todo o local começou a piscar. Ouvia barulho de passos e lentamente fui colocando a mão em minha cintura, onde tinha uma arma.
Vi um vulto chegando muito próximo e logo senti sua respiração falha e pesada sobre meu rosto. Estava totalmente paralisada.

- Acho que este colar não te pertence. – Ele falou em um sussurro e suas mãos já seguravam as minhas.

- Pois penso o contrario. – Abri um sorriso. Não era que fui “pega” que ia logo desistir.

Fui me aproximando lentamente dele e quebrando todo espaço que existia entre nós, lhe dei um selinho, pedi passagem e ele cedeu, o beijo era quente e parecia ser desejado a muito tempo, o que era estranho, mas era bom, pois assim aproveitei da situação para empurrá-lo em uma das portas que havia nos corredores, tranquei e guardei a chave entre meus seios.

- Me tira daqui. – Ele gritava desesperado e barulhos de empurrões se estrondavam na sala.

- Isto que dá não trabalhar direitinho. – Peguei o colar que ainda se encontrava no chão e coloquei em minha mochila.

Ana Alice POV

Estava a espera da Thayane ainda em cima da joalheria, quando ouvi vários barulhos parecidos com alarme sair pelo pequeno buraco aberto no vidro.

Com o susto arrumei todos os cabos que ainda se encontravam no mesmo lugar e tentei pensar em um plano rápido, mas nada surgiu.

Ouvi alguns passos vindos de minhas costas e no impulso olhei para a direção dos barlhos, tinha três armários, três dos armários que também bateram na porta da minha casa.

Sorte que estava de mascara. Apontei a arma, mas um deles a chutou indo parar longe.

Fui andando de costas, os encarando, até sentir que era o fim da linha.Olhei para meus pés e já estava na borda do edifício, em uma tentativa de fuga olhei para os lados, mas eles já haviam me cercado.

- Por favor, por favor, não faça nada comigo. – Disse me ajoelhando na frente do loiro. Em seu rosto havia um sorriso de vitória.

Em um movimento rápido, abaixei as calças dele e quando ele foi levantá-la sai correndo para pegar a arma que estava do outro lado.

Estava quase pegando, quando um dos armários de cabelo castanhos e bem alto, segurou minhas mãos.

- Tentando fugir?! Que coisa feia. – Debochou um deles. Foi quando olhei para traz e vi Thayane segurando um revolve pronta para dá uma coroada no armário que me segurava.

- Tão tudo fudido. – Comecei a rir igual uma hiena e assim ouvi o barulho da revolve se chocar com a cabeça do armário. – Isso que dá comemorar cedo de mais. – Thayane me jogou uma das armas.

Ela mirou na cabeça de um, quando eu disse:

- Tenho plano melhor para eles. – Falei com um sorriso malicioso.

(...)

Saimos de lá o mais rápido possível e fomos até onde estava o carro, colocamos todas as coisas que não iríamos usar tão cedo e fomos embora para o outro automóvel que nos esperava na rua ao lado.

Já um pouco distante, apertamos o botão vermelho do nosso querido e lindo controle e o carro se desfez em segundos, virou apenas cinzas.

Estávamos na estrada nos direcionando para a nossa casa no meio do nada, numa floresta de mata fechada, mas nos deparamos com uma menina, possivelmente, sendo atacada por alguém.

Parei o carro no mesmo momento e sai com tudo, posicionei a mão na cintura ao lado da arma e caminhei até o “casal”

- O que está acontecendo aqui?! – Perguntei já um pouco desconfiada.

- Soco... – O menino não a deixou termina, tampando sua boca.

- Solta ela. – Eu disse desafiadora.

- Ela é minha namorada. – Ele disse.

Retirei minha arma e apontei diretamente no meio dos miolos daquele moleque, apertei o gatilho e tudo passava tão lento, quanto uma novela.

Me aproximei da garota ainda em choque e ajudei ela chegar no carro. Ela se sentou e Thayane continuou quieta.

- Como é seu nome?! – Perguntei.

- Thaís... Thaís Bittencourt.

(...)