Ao abrir os olhos percebo que estou coberta e completamente sozinha em meu quarto. A porta da varanda está aberta, fazendo as cortinas voarem com a brisa. Mas, consigo ver uma sombra na varanda, não estou sozinha.

Levanto devagar, minha tontura passou completamente. Caminho até a varanda e vejo Jacob sentado de costas, de pernas cruzadas, fitando o céu.

– Acho que você já encontrou seu imprinting – digo sorrindo ao sentar do seu lado.

Jacob virou e pude ver que estava pálido e confuso.

– Calma, estava falando do céu. – digo.

Ele suspirou aliviado e voltou a fitar o céu. Não dissemos nada durante um bom tempo. Não havia som algum, apenas o cantarolar de alguns bichos e das árvores chacoalhando com o vento.

Lembrei-me de Billy, que Jacob me informou estar com câncer. Queria perguntar, saber como ele estava, mas não sei se seria uma boa ideia. Para mim, é pior lembrar algo ruim que esteja acontecendo com alguém, não que seja melhor esquecer, mas talvez seja melhor seguir em frente. Entretanto, essa dúvida está me matando de curiosidade. Gosto muito de Billy, preciso saber qual seu estado atualmente, Jacob disse que seu câncer tem cura, o que parece melhorar um pouco a situação.

– E Billy, como está? – pergunto hesitante. Arrependo-me quando vejo seu olhar angustiado ao me encarar.

– Ele está melhorando, eu acho. – ele responde dando de ombros. Continuo encarando Jacob, essa não foi uma resposta completa e ele sabe disso. – Está fazendo quimioterapia e os médicos disseram que seu caso está melhorando, aos poucos, mas está.

Aceno positivamente com a cabeça. Acho melhor encerrar o assunto, não gosto de ver Jacob triste.

– Ainda está com sono? – Jacob pergunta depois de alguns minutos.

– Não, dormi o bastante. Por quê?

– Então quer jogar videogame? Podemos pedir umas pizzas. O que acha?

– Perfeito.

Jacob levanta e pega seu celular do bolso, telefone para uma pizzaria e percebo que reclamam de ter que ir a uma casa, praticamente no meio da floresta, durante a noite. Jogamos videogame durante os 20 minutos em que a pizza não chega, depois comemos duas pizzas inteiras e voltamos a jogar. Foi divertido e também cansativo, tanto que dormimos no tapete e quando acordo, já estou na minha cama e Jacob não está no meu quarto, nem na varanda.

Olho no relógio e já são 8h00 da manhã. Ainda é terça-feira, ou seja, ainda tenho uma semana de aula. Meu primeiro dia foi confuso. Não esperava ficar doente ou muito menos encontrar Robert lá. Não tive tempo de contar tudo em detalhes para minha família. Mas, meu pai deve ter lido meus pensamentos ou Jacob contou o ocorrido.

Ainda não consigo entender como Robert pode ter uma irmã, ele não é híbrido como eu. Pelo meu ponto de vista, não há possibilidade de isso acontecer. Eu preciso saber, sou curiosa demais. Mas, não é tão simples assim, não posso simplesmente perguntar para ele. E também não posso ficar com essa dúvida.

Levanto-me rapidamente e cuido da minha higiene pessoal. Escolho uma roupa mais leve e aberta, um vestido claro com um casaco fino por cima, pois hoje o sol resolveu aparecer em Forks. Prendo meu cabelo, mas não totalmente.

Ao chegar à cozinha, a mesa do café da manhã está pronta, mas intocável e me pergunto onde pode estar Jacob.

– Nessie! Nessie! – é a voz doce de Blaire. Ela corre ao meu encontro e me da um abraço.

– Bom dia, Blaire! Aonde vai com tanta animação? – pergunto.

– Ao colégio. A Professora disse que hoje vamos aprender a fazer contas de divisão. – ela responde sorrindo e dando pequenos pulinhos.

– Onde está sua irmã? – digo colocando Blaire na cadeira para tomar seu leite.

– Carly está se arrumando. – ela responde e pede para eu me aproximar, parece que vai me contar um segredo. – Ela está gostando de um menino do nosso colégio, então agora fica se perfumando e passando batom.

Blaire ri e eu também.

– E você vai aonde tão bonita? – Blaire pergunta já pegando sua mochila.

– Ao colégio também. – responde me levantando e indo com minha prima até o hall de entrada.

Logo minha tia Rose aparece com Carly, que está com um brilho labial rosa e um perfume doce pairando no ar.

Beijo as minhas primas e minha tia na bochecha e elas logo saem sorridentes.

Fique encostada no batente da porta, observando o conversível vermelho da minha tia Rose se afastar, até não restar nem sua sombra.

A casa estava outra vez silenciosa, era possível ouvir apenas o cantar dos pássaros e o chacoalhar das árvores.

– Bom dia. – Jacob sussurrou em minha orelha, fazendo-me pular de susto.

– Ah, bom dia! – sorri.

– Já comeu? – ele perguntou indo até a cozinha.

– Não, estou sem fome. – respondi sentando-me ao seu lado, enquanto ele devorava a mesa do café da manhã.

Em menos de meia hora saímos de casa, com o carro novo de Jacob, ele ainda parecia maravilhado com o carro.

O caminho foi tranquilo e rápido, pois, como sempre, não havia muitos carros na pista.

Ao chegarmos à escola percebemos que por pouco não nos atrasamos. Praticamente todos os alunos já haviam entrado no prédio.

– Tenho que ir à secretaria, perdi meu horário. – Jacob disse ao abrirmos nossos armários para pegar nossos materiais do dia.

– Tudo bem. Te encontro na sala de aula. – respondi me despedindo dele com um beijo na bochecha.

A próxima aula é de biologia e apresso o passo para não me atrasar. Chego à sala de aula e todos os alunos já estão sentados em seus lugares, o professor ainda não chegou. Olho por todos os lados, a procura de um lugar para sentar-me. Restam dois lugares: um ao lado daquela garota metida que estava com Jacob ontem, a Natalie, e outro com Robert, o vampiro misterioso. Prefiro sentar com Robert, pelo menos o conheço. Concluo que quando Jacob chegar só restará o lugar ao lado de Natalie. Não gosto nada da ideia, essa garota me enoja.

– Bom dia, Renesmee. – disse Robert estendendo a mão para mim quando me aproximo.

– Bom dia. – respondo em olhá-lo nos olhos e quando estendo minha mão ele fez algo inacreditável: beija-a.

Não tenho tempo de dizer mais nada, pois o professor chega e todos se calam. Viro-me para frente, evitando o máximo não olhá-lo. Logo atrás do professor vem Jacob, andando apressadamente e procurando um lugar para sentar. Ao avistar o lugar ao lado de Natalie, que está sorridente acenando para meu melhor amigo, ele suspira e caminha até ela. Olho para trás e sorrio para Jacob, que sorri de volta.

A aula não é nada divertida. Apoio o queixo sobre minhas mãos e finjo que estou prestando atenção. Durante alguns minutos Robert não diz nada, nem eu.

– Você está melhor? – Robert perguntou me encarando.

– Sim, obrigada. – respondi mostrando um sorriso leve.

Ele faz que sim com a cabeça e se cala. Quando dou conta, palavras “proibidas” saem da minha boca.

– Por que você tem uma irmã? – murmuro. Arrependo-me no mesmo instante. Ele se vira para me encarar.

– É complicado. – Robert respondeu engolindo em seco. Pelo jeito é uma longa história.

– Então explica. – respondi impaciente.

– Você me intriga.

– Não, você me intriga.

– Senhor Price e senhorita Cullen. – chamou o professor nos encarando sério, de braços cruzados. – Fiquem quietos, por favor.

Viro para frente e Robert faz o mesmo. Apesar de continuarmos calados durante o restante da aula, ficamos inquietos em nossas cadeiras, ambos estamos ansiosos. Talvez ele esteja tão curioso quanto eu.

Quando o sinal toca todos saem correndo apressados e falando muito alto. Enrolo-me um pouco com tantos livros e Robert não se move da sua cadeira. Olho para trás e vejo que a tal de Natalie não para de falar com Jacob, enquanto ele insiste que tem que sair. Robert segue meu olhar e ri.

– Ela não vai descansar enquanto não ficar com ele. – ele diz rindo.

– Ela não faz o tipo dele. – digo franzindo a sobrancelha.

– Você parece bem curiosa em relação a mim, como eu em relação a você. – Robert diz sem rodeios.

Encaro meu colega de turma sem nenhuma reação. Não respondo, apenas continuo olhando-o.

– Acho que precisamos conversar. – Robert diz ao perceber que eu não digo nada.

Não respondo de imediato. Apenas o encaro estupefata.

– Também acho. – respondo finalmente.

– Mas, com seu amigo Jacob o tempo todo com você fica complicado. – ele responde com um tom irônico.

– Por quê? – pergunto cruzando os braços. – Ele é meu melhor amigo e não tenho nada a esconder dele.

– Talvez eu tenha.

Robert suspira e olha rápido pela janela da sala de aula.

– Você terá todas as suas perguntas esclarecidas se me encontrar do lado do colégio, na última aula. Lá é tipo uma mata, mas tem uma pequena trilha. – ele diz apontando e eu sigo seu dedo. – Vá sozinha, por favor.

Observo-o pensativa, analisando sua proposta. Não sei se devo aceitar, por mais que eu esteja muito curiosa em relação a esse vampiro loiro. Olho na direção de Jacob, que continua tentando se livrar de Natalie. Ela joga seus braços em cima do ombro do meu melhor amigo, que tira-os imediatamente, deixando a garota irritada. Natalie pega sua mochila e diz ao em seu ouvido. Jacob revira os olhos e franze a sobrancelha ao me ver ao lado de Robert.

– Tudo bem, eu vou. – sussurro rapidamente e pego minhas coisas. – Não tente fazer algo contra a mim. Você não conhece minha família.