Eu sei. Fugir assim não foi nada maduro e consciente da minha parte, mas eu não conseguia olhar para os lindos olhos castanhos da minha pequena sem lembrar-se do seu beijo. Sei que foi coisa rápida, afinal foi só um selinho. Mas, foi o suficiente para deixar meu mundo perfeito, por alguns segundos eu imaginei que ela tinha finalmente me correspondido, mas não. Era apenas uma brincadeira. Meu coração está despedaçado. Não tenho palavras para descrever o tamanho da dor e da angústia que eu estou sentindo.

Aqui, sentado na beira do mar da Ilha de Esmee, eu nunca me senti tão sozinho e infeliz em toda a minha vida. Eu só a queria. Só isso. Eu não conseguia a ver como uma amiga ou irmã, essa fase passou. Quando encaro seus lindos lábios, tudo o que eu quero é vê-los colados aos meus. Mas, as vezes, eu penso que isso é impossível. Eu não sou nada além de que um amigo que grudou na família dela e ela não sabe por que eu não desgrudo.

Estou no último lugar da Terra em que eles pensarão em me procurar. Estou me preparando caso Edward e Bella decidam voltar, já tenho uma mala pronta e poderei fugir no mesmo segundo, indo para o lado oposto da Ilha e pegar uma lancha que está pronta para uso há dias. E caso isso aconteça, passarei algumas noites em algum hotel do Rio de Janeiro, até eu me decidir para onde ir.

Gustavo, o caseiro da Ilha, e sua mulher não estranharam minha visita repentina. Não falo nada de português, mas, por sorte, Gustavo entende algumas coisas em inglês. Eu apenas disse que iria ficar alguns dias e que só precisava que ele aparecesse uma vez por semana para limpar a casa da Ilha, como ele sempre fazia, e uma compra pequena só por uma semana, talvez eu ficasse ali até menos.

Quando fui embora, deixei tudo para trás. E estou me referindo a alcateia. Apesar de não gostar nada dessa coisa de alpha, eu tinha a minha própria alcateia, tinha mais de 7 lobos que preferiam seguir a mim, do que a Sam, quer dizer, o instinto deles preferiam. Os garotos não devem estar gostando nada da atitude do seu alpha. E mais algum tempo que eu permanecer alpha, outro pode ocupar o meu lugar. Mas eu não me importo com isso. Não desejo isso para mim, só sou porque eu tenho que ser.

Começo a brincar na areia e sinto o vento forte balançar meu cabelo. E meus pensamentos voltam a Renesmee. A única razão de eu ainda estar vivo. Sou feliz e ao mesmo tempo infeliz com isso. Sou feliz por vê-la feliz, vê-la sorrir, vê-la segura. Sou infeliz por saber que pareço estar mais longe dela a cada dia que passa. Meu coração acelera. Eu estou causando tudo isso. EU! Se eu não estivesse sido tão imaturo e ter levado aquele beijo como uma brincadeira, como ela, eu não estaria aqui, chorando feito um bobo, eu estaria com ela. Levanto em um salto e corro adentro da casa e pego todos os meus pertences. Preciso deixar um bilhete para o Gustavo. Subo para o quarto da Resnesmee e pego seu notebook, ligo e coloco no tradutor e escrevo a seguinte mensagem “Gustavo, muito obrigado por tudo. Vou embora nessa tarde. Leve os alimentos para a sua casa. Não comente com Edward ou alguém da família que eu estive aqui, por favor. Eu vou fazer uma pequena surpresa e não quero que eles saibam de nada”, menti. “Desejando tudo de bom, Jacob Black”.

Escrevendo esse bilhete lembrei-me da surpresa que eu tinha planejado com Edward para o aniversário da Renesmee. Dar a ela a chance de escrever um livro, o que ela sempre quis. Sei que ela tem vários esboços no seu notebook, ela nunca me deixou ler, mas eu já a vi escrevendo. Ela escreve bem e as redações que Edward pedia que ela fizesse eram incríveis, iam muito mais além. Edward tinha conversado com o dono de uma editora famosa, que era amigo do Carlisle e fez questão de analisar pessoalmente uma das obras da Renesmee. Seria o presente perfeito. A ideia foi minha, mas foi o pai dela que colocou o plano em prática. Ele era muito atencioso quando se tratava da filha e da Bella, e com razão. Eu faria o mesmo se tivesse uma mulher e uma filha.

Escrevi as palavras estranhas em um papel qualquer e desci o mais rápido possível as escadas. Deixei o bilhete no lugar mais visível possível: na bancada da cozinha. Fechei todos os lugares, deixando apenas a porta da frente encostada e adentrei na lancha e coloquei na velocidade máxima. Demorou a metade do tempo previsto até chegar ao continente. Peguei um táxi e fui para o aeroporto.

Para a minha sorte, tinha um voo em menos de duas horas. Só foi o tempo de eu fazer o check-in e tomar um café.

Sentei na minha poltrona e, para minha sorte novamente, não tinha ninguém ao meu lado. A viagem foi tranquila... o de sempre.

Quando pousei no aeroporto de Seattle, meu coração disparou em alegria. Faltava pouco. Logo eu veria a minha pequena Renesmee.