ROSE ON

Scorpius dormia tranquilamente, era engraçado vê-lo assim, tão quieto, tão próximo de mim, uma angústia invadiu o meu peito, saber que em uma semana não o veria mais me fazia querer desistir de tudo.

As lágrimas começaram a cair lentamente, elas escorriam pelo meu rosto fazendo com que ele ficasse manchado, estava experimentando mais uma sensação humana, a tristeza. Eu já não chorava mais silenciosamente, era soluços altos, pena que ninguém me ouviria.

Nunca alguém chegaria me ouvir, eu era invisível a todos menos a Scorpius e a Lily. Estávamos na casa dos Malfoy, era uma semana antes do natal, uma semana antes de eu finalmente ir embora, uma semana antes de um anjo cair.

Levantei a cabeça e olhei para as paredes, finalmente sem as fotos das mulheres peladas, dei um sorriso ele mudara tanto, era como se tivesse crescido, eu tinha completado o meu trabalho, por mais estranho que pareça.

Um grito agudo fez a minha cabeça doer, parecia uma mulher, na rua, levantei do chão e corri até a janela, e então eu vi, uma mulher sendo envolta por uma sombra negra, um demônio, um frio percorreu até a minha espinha, abri a porta do quarto e saí correndo para a rua.

Ela gritava, se esperneava, era madrugada, as pessoas deveriam estar dormindo, ou não ouvindo, e então eu ouvi uma gargalhada na minha cabeça e o vulto negro ganhou forma, a mulher sumiu, era uma armadilha.

- Rose, deveria manter a cabeça no seu Criador e não em menininhos bruxos... – ele disse, sua voz era grave, rouca, sedutora, ele se aproximou.

- Desde quando quem eu penso lhe importa?

- Ah, realmente agora não, mas em breve sim. – ele disse andando até mim, estava paralisada, estava com medo, ele relou sua mão em meu rosto, ela era quente, macia.

- O que você quer dizer com isso? – rebati, virando o rosto e fazendo-o retirar a sua mão.

- Calma querida, você está tensa, será que o bruxinho está lhe dando muito trabalho? Aposto que você está se apaixonando... – ele disse e deu uma gargalhada.

- E se estiver o que isso tem a ver com você? O que isso tem a ver com a guerra?

- Ah, a guerra, meu doce a guerra só existe porque Ele tem algo que nós queremos e que vamos ter.

- Vocês nunca terão o poder. – disse, estávamos próximos demais, seus olhos eram negros, assim como os seus cabelos e suas roupas.

- E quem disse que queremos o poder? O que queremos vai estar conosco antes mesmo do ano novo, é o destino o seu Deus sabe disso e Ele não faz nada para evitar, por que você faria? – ele disse colocando a mão em minha cintura, dei-lhe um tapa e ele a retirou.

- Porque eu acredito no poder do Senhor, do Meu Deus. E diga ao seu superior que ele não ganhará essa guerra e nenhuma outra.

- Você parece ser bem lenta não? Mas ao mesmo tempo tão apetitosa, venha aqui ruiva, eu vou lhe mostrar a verdadeira razão para essa guerra. – ele abriu um sorriso e então saltou sobre mim.

Algo estranho aconteceu, uma luz surgiu das minhas mãos, a voz da Anna na minha cabeça falando para continuar o que estava fazendo, para rezar, e foi o que eu fiz, aos poucos a sombra negra desaparecia e os gritos do homem a minha frente aumentava.

Minhas asas foram libertadas, elas estavam em um tamanho muito maior que em um dia chegara a ter, enormes brancas, com as penas totalmente novas, cheias, um vento começou a surgir, meus cabelos balançavam, a paz estava aqui comigo.

Uma pomba branca apareceu no poste do outro lado da rua, com uma rama na boca, como aconteceu a Noé, uma pomba, o Espírito Santo, a paz, o Senhor.

E então a sombra negra desapareceu por completo, foi varrida de volta ao inferno, caí na rua de joelhos, mas não me machuquei, minha metade humana havia sumido por instantes, eu havia sido um anjo completo, um anjo de luz.

Suspirei, isso havia gastado todas as minha energias, eu não conseguia levantar, mas eu precisava, tinha que ficar a postos, o diabo queria algo do céu, algo que eu evitaria que ele conseguisse, porque nessa guerra ele não sairia vencedor.