The Hikers Dead - Infecção escrita por Gabriel Bilar


Capítulo 39
Chedcostier parte 1


Notas iniciais do capítulo

Em primeiro lugar, desculpem esse autor irresponsável que vos fala pela demora, andei sem muita inspiração e como busco sempre apresentar um bom capítulo, acabou demorando, podem me xingar nos comentários EHUEHUE Obrigado por não abandonarem e... é só, boa leitura!



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POV – Carla

Era difícil para nós, depois de tudo, acreditar em sorte, mas naquele dia parecia que havíamos encontrado alguma. Chedcostier era o nome da mansão localizada no ponto alto da serra e nossa atual localização.

Depois de muito tropeçar pela floresta escura, com os irmãos Fernando e Ashley a tiracolo, acabamos nos desviando um pouco do curso inicial e, ao invés de dar de cara com a rodovia, nos vimos de frente a uma mansão de dois andares, sólida e imponente por trás de uma cerca eletrificada – que não funcionava, em consequência da falta de energia.

Era uma daquelas casas “sustentáveis” com janelas enormes e o teto do segundo andar dando lugar ao vidro, ao invés do gesso, em algumas partes. Suei só de pensar no trabalho que a empregada devia ter para manter aqueles vidros impecáveis – o que não era o caso agora, já que estes estavam cobertos de poeira. Na parte de trás havia um campo gramado que em alguma época deve ter sido bem aparado e uma piscina em condições de limpeza lamentáveis. Havia ainda algumas árvores frutíferas na extremidade do campo e um banco de pedra sob elas, aproveitando a sombra.

Amanhecia quando entramos na mansão pela primeira vez. Receosos, por mais que a casa aparentasse abandono.

Steve e Paula subiram as escadas para o segundo andar enquanto o resto de nós permaneceu vasculhando o primeiro andar. Bruno e Fernando foram para um canto e Ashley e eu para outro. Era melhor não deixar os dois irmãos sozinhos enquanto não confiássemos totalmente neles.

Assim que dei os primeiros passos pela mansão, desejei ter ido com Fernando, pois duvidava que ele fizesse tanto barulho ao andar e fosse tão assustável quanto a irmã, cujo nervosismo começava a me contagiar. Tanto que quase pulei ao me deparar com o busto em mármore de um senhor desconhecido; mas nada comparado à reação de Ashley, que berrou e tropeçou nos próprios pés na tentativa de sair dali o mais rápido possível.

Os rapazes não demoraram a aparecer, Fernando se ajoelhou ao lado da irmã.

– Ela só se assustou com uma estátua. Não precisa se preocupar – esclareci. – A propósito, tenho quase certeza de que está tudo limpo por aqui.

– Sem infectados, sem humanos, parece que nos demos bem nessa – observou Bruno.

– Assim espero.

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No fim, os irmãos acabaram ficando conosco. Não que alguém tivesse tocado no assunto, os dois apenas não foram embora conforme os dias passavam e não houve objeções quanto a isso. Encontramos um certo senso de família que nenhum havia sentido desde que aquela coisa toda começara. No segundo dia, Bruno limpou a piscina – de onde retirou um cadáver repulsivo que não contribuiu em nada para aumentar minha vontade de nadar, mesmo depois de a água ter sido trocada – enquanto o resto de nós escolhia quartos no segundo andar e trabalhava para deixa-los limpos; não tive muito trabalho com o meu, que mal era mobiliado, mas vi Paula recorrer a Steve para se livrar de um rato bem inconveniente.

Sim, eu sabia que não era nossa casa e que não precisávamos fazer nada daquilo, mas, pelo menos para mim, a faxina funcionava como uma espécie de passatempo, algo para preencher a mente e não ficar pensando na morte, então, valia a pena.

Aos poucos o lugar foi ficando confortável, as fotos dos antigos donos continuavam ali, espiando-nos, mas eu não me sentia mal, muito pelo contrário, gostava de pensar que eram parentes distantes que tinham se ausentado por algum motivo qualquer. A sensação de que tudo desapareceria da noite para o dia ainda estava ali, mas não perturbava como antes. Certa sensação de estabilidade se apossava de mim.

No nosso quarto dia ali, o tempo virou. As nuvens escureceram e o vento fazia as janelas baterem e portas rangerem. Até aquele momento tinha sido ótimo habitar a mansão, mas ninguém havia me contado o quão aterrorizante poderia ser aquele lugar durante uma tempestade. À noite, não encontrei dificuldades em dormir num primeiro momento, porém fui arrancada bruscamente dos meus sonhos quando passava das 2 da madrugada. A princípio imaginei que o barulho de um trovão ou algo assim me acordara, mas após um momento escutando com atenção a chuva que despencava, deduzi que não podia ter sido aquilo. Todos os meus músculos enrijeceram com um som que me lembrou imediatamente o grunhido de um infectado, porém abafado. Não era algo que eu pudesse simplesmente ignorar, e se alguém amanhecesse morto? Como eu viveria com a culpa de ter ouvido e mesmo assim deixado para lá?

O pensamento sombrio me fez levantar, agarrar a faca que estava sempre presente ao lado da minha cabeceira, mesmo nesses tempos de aparente tranquilidade e deixar o quarto.

Colei as costas à parede do corredor e avancei, o coração martelando no peito, desejando que estivesse errada e fosse apenas minha imaginação. Estava a porta do quarto de Steve e quase passando reto quando ouvi outro gritinho abafado. Não pensei duas vezes e atravessei a já entreaberta porta do seu quarto, pronta para, embora não desejando, encontrar um infectado debruçado sobre Steve.

E realmente havia algo debruçado sobre Steve, mas não era um infectado.

– Que diabos, Carla?! – indignou-se Paula. Mesmo na escuridão iluminada apenas por relâmpagos imprevisíveis, senti meu rosto corar enquanto Steve, que não estava à beira da morte sendo atacado por um infectado – na verdade, o oposto disso – parecia escolher algo apropriado para dizer.

– Me desculpem, eu, ah, ouvi um barulho e... a porta estava aberta! Sério, me desculpem.

Deixei o quarto antes que pudessem dizer mais alguma coisa, reprimindo a vontade de rir que se apoderava de mim. Steve e Paula, quem diria?

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Quando desci para o primeiro andar no dia seguinte, passava das 9 horas e apenas Paula se encontrava na cozinha, ela me cumprimentou cautelosa.

– Oi – respondi, reprimindo um bocejo. – Onde está todo mundo?

– Bruno e Steve acharam que os garotos precisavam aprender alguma coisa sobre defesa pessoal. Estão lá fora, treinando no campo.

– Certo – procurei algo mais para dizer antes que o silêncio ficasse constrangedor, mas falhei.

– Uhn, você quer tomar café?

– Claro, boa ideia! – comentei, espiando pela janela da cozinha. Em comparação com o que fora no dia anterior, o tempo hoje estava bem mais agradável, o Sol quase podia ser visto através das nuvens que prometiam mais chuva para a noite ou mesmo fim de tarde.

Terminei o café rapidamente e deixei a mansão, indo ao encontro dos rapazes e Ashley nos fundos da propriedade.

– Joelhos e cotovelos, use-os mais, Ashley! – aconselhou Steve. No meio do campo, a garota enfrentava Bruno com empenho, mas era óbvio que se tratava apenas de um treinamento. Bruno quase não se mexia, exceto para bloquear seus golpes errôneos. Fernando observava a tudo com atenção.

Cumprimentei-os com um simpático bom dia antes de me posicionar ao lado de Steve, olhando o treinamento. Não havia outra coisa a fazer, de qualquer maneira.

Logo em seguida Ashley e Bruno se cansaram, o que deu à Fernando possibilidade para perguntar quando seria sua vez de lutar.

Aproveitei o clima para buscar minhas facas de arremesso no interior da propriedade e praticar a pontaria na árvore mais conveniente. Logo os irmãos e Steve entraram, mas Bruno ficou uns minutos a mais.

– É... Nada mal. Você está ficando boa nisso. – disse Bruno, olhando o estrago no tronco da árvore com satisfação.

– Sim. É meio que necessário ser boa com alguma arma hoje em dia.

– Tem razão. – Sem ter mais nada para acrescentar, ele saiu um minuto depois, deixando a impressão de que queria ter dito alguma coisa.

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Acordei tarde no dia seguinte outra vez, preocupada que aquilo estivesse se tornando um hábito, mas o clima que encontrei ao descer as escadas era exatamente o oposto do dia anterior. Os olhos de Paula estavam arregalados e tinha uma mão sobre o peito, como se pudesse enfartar e cair dura a qualquer momento; sentados no sofá estavam Steve e Ashley, a garota escorada nele chorando copiosamente. Bruno tratou de me puxar por um braço e arrastar para a cozinha.

– O que foi? Meu Deus, Bruno, o que aconteceu?

Ele tinha uma expressão cansada e aborrecida no rosto, os olhos como se avaliassem se eu era capaz de aguentar a notícia.

– É o Fernando – Deu um suspiro longo e entrecortado. – Simplesmente... desapareceu.


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Notas finais do capítulo

Vou tentar não demorar com o próximo u.u
A propósito eu vi agora, quando fui editar os espaços do capítulo, que a história completou um ano hoje *0* Juro que não fiquei esperando a data para postar ASHAUSHU