No orfanato....

Narr Marcelina

Primeira noite que a gente ia passar no orfanato. Fomos mandados pra cá porque não temos nenhum parente para ficar com a gente. Nossos pais bem que podiam voltar. Mas se até agora não foram encontrados, eles devem estar mortos mesmo. Se não já tinham aparecido. Pensar nisso dói. Eu estava perto do Paulo quando uma menina chegou e disse:

–-- Vocês são novos no abrigo?

Eu e Paulo: Somos.

–-- Eu sou Morgana, mas podem me chamar de Mog. E vocês?

Eu: Sou Marcelina e ele é meu irmão Paulo.

Morgana: Sou órfã desde que nasci. Fui deixada pela mãe. E até hoje ninguém me adotou. E vocês?

Paulo: Nossos pais estavam em um passeio de barco. O barco afundou e a equipe de resgate não os encontrou. Eles foram dados como mortos. E aqui estamos.

Morgana: Puxa, eu sinto muito pelos pais de vocês.

Eu e o Paulo conversamos muito com a Morgana e ela é bem legal. Mas percebi que ela olhava diferente pro Paulo. E resolvi perguntar pra ela:

–-- A gente pode receber visitas, não podemos?

Morgana: Sim.

Eu: Seria tão legal se o Jorge e o Jaime viessem aqui. E a Alicia também.

Morgana: São seus amigos?

Eu: O Jorge é meu namorado e a Alicia é namorada do meu irmão.

Morgana: Puxa, então você tem namorada, Paulo?

Paulo: É, tenho sim Mog. E você?

Morgana: Eu já namorei com um garoto do orfanato, mas ele foi adotado e a gente nunca mais se viu.

Percebi que Morgana ficou chateada quando soube que Paulo tinha namorada, mas ela tem que se conformar. Além do mais, mal chegamos aqui e ela já tá olhando interessada no meu irmão. Vê se pode?

Mas a Mog até que é legal. Eu estava conversando com ela e com o Paulo e ela se mostrou solidária e nos consolou, pois nossa família tinha desmoronado. De repente, a zeladora do orfanato chegou perto da gente e disse:

–-- Vocês dois são os irmãos novatos aqui no abrigo não é?

Eu: Somos sim.

–--- Eu sou a Márcia, zeladora do orfanato. Cuido das coisas por aqui. E tenho notícias pra vocês dois.

Eu e Paulo nos entreolhamos. Pensamos que fosse notícias de nossos pais. Mesmo que eles estivessem considerados mortos a gente tinha um pouquinho de esperanças e o Paulo perguntou agitado:

–-- O que é? Encontraram nossos pais?

Márcia: Não. Vim dizer que vocês dois tem visitas. São dois amigos de vocês.

Eu e o Paulo acompanhamos a Márcia, que nos levou até o jardim onde os órfãos recebem visitas. Lá vimos o Jorge e a Alícia. Fui correndo em direção ao Jorge. Ele também veio correndo em minha direção. Nos abraçamos e durante o abraço ele me levantou do chão e rodou comigo no colo. Nos beijamos. O Paulo e a Alicia também correram para se abraçarem, e se abraçaram bem apertados e deram um beijo longo. Depois disso abracei forte minha amiga Alicia. Jorge e Paulo se encararam e não se cumprimentaram. Damos falta do Jaime. E O Paulo perguntou:

–-- O Jaime não veio com vocês?

Jorge respondeu provocando:

–-- Não. Está vendo ele aqui por acaso? Se ele não está aqui é porque não veio, né?

Intervi na discursão:

–--- Jorginho, não fala assim com meu irmão, esqueceu que estamos passando por momentos difíceis?

Ele me deu um selinho e se desculpou.

Alicia:--- O Jaime não veio porque ele disse que ele não queria ficar de vela entre nós quatro.

Faz sentido. Principalmente porque o Jaime não gostaria de ficar perto de mim e do Jorge, pois a gente namorava e o Jaime gostava de mim. O Paulo e a Alícia começaram a sair pelo jardim de mãos dadas e eu e o Jorge sentamos no banquinho. Olhei pra baixo triste. Ele levantou minha cabeça e enxugou minhas lágrimas que deixei cair.

Jorge: --- Não fica assim, meu amor, tudo vai se resolver.

Eu: Mas como? Meus pais foram dados como mortos por não terem sido encontrados!

Jorge: Eu vou te tirar daqui ainda hoje. E você foge comigo e volta para a casa abandonada.

Eu: Você não tem como me tirar daqui.

Jorge: Eu não. Mas conheço pessoas que podem ajudar. Eu tenho dinheiro o suficiente pra contratar pessoas para fazerem cópias das chaves do portão desse orfanato e conseguir abrir a porta para resgatar você.

Eu: Isso é invasão domiciliar, Jorge. É crime! Não contrate ninguém pra fazer isso. Quem faz isso para conseguir abrir portas é gente sem caráter.

Jorge: Marce, eu não consigo ficar sem você. Eu sei que você não quer ficar aqui. E por isso eu já contratei pessoas para fazer esse serviço. As Duas horas da manhã, esteja na porta de saída que vou resgatar você.

O que ele ia fazer era errado, mas como eu não queria ficar no orfanato, concordei com essa loucura, pois eu queria mesmo fugir dali.

Narr Jorge

O Jackson me paga por ter contado pra assistente social que a Marce e o Paulo estavam na casa abandonada. Eu vou me vingar desse Jackson com a ajuda dos meus amigos do tráfico. Ou então mando os cientistas darem um jeito nele. Por culpa da língua grande do Jackson, a Marcelina e o Paulo vieram parar nesse orfanato e isso deixou a Marce triste. Hoje a noite vou resgatar a Marcelina. Meus amigos bandidos virão junto pra abrirem a porta do orfanato. Vou resgatar minha Marce ela não vai ficar no orfanato sofrendo. Só Paulo. Não penso em resgatar o Paulo, por mim ele pode ficar aqui. Mas minha Marce vem comigo.

Narr Paulo

A única coisa legal de ter vindo pra esse lugar terrível foi ter conhecido a Morgana. Ela é bonita e muito divertida. Vai ser bom ter ela como amiga aqui. Eu estava pensando nisso enquanto a Alicia falava comigo. Ela me achou disperso e viu que Morgana nos observava de longe. Mog passou de longe, olhou pra mim e sorriu como se estivesse me cumprimentando.

Alicia: Quem é ela?

Eu: É a Morgana. Ela foi muito legal comigo e com a Marcelina. Se mostrou muito amigável.

Alicia: Vocês só fizeram amizade com ela?

Eu: Ainda não conversamos com os outros órfãos. Só ela que se preocupou em acolher a gente.

A Alicia era muito cismada e se eu bem a conheço ela não gostaria da nossa convivência com a Morgana. Dei um beijo nela pra ela não ficar cismada. Eu não vou me deixar seduzir pela Mog, por mais que ela seja bonita. Eu amo a Alicia. Eu ainda estava conversando com a Alicia quando o Jorge e a Marcelina chegaram perto da gente.

Jorge: Vamos Alicia. Está na hora da gente ir. O horário de visitas vai acabar daqui a pouco.

Alicia me deu um selinho prolongado e me abraçou se despedindo.

Alicia: Se cuida meu amor.

Sorri para ela. Ela me deu um abraço demorado. Jorge aproveitou esse nosso contratempo e se preparou para beijar minha irmã. Me separei do abraço com a Alícia e puxei Marcelina para trás para que não desse tempo do Jorge beijá-la na minha frente. Eu adoro quando consigo impedir que os dois se beijem, o Jorge me olha com uma cara de merda tão engraçada... hahahaha. No final eles só se abraçaram e se despediram. Alicia se despediu da Marcelina e a Alicia e o Jorge foram embora.

Fiquei as sós com a Marcelina que me disse baixinho:

–-- O Jorge e eu combinamos um plano de fuga. Ele contratou uns caras pra conseguirem mexer na fechadura do portão do orfanato pra me libertar. Nós vamos fugir daqui hoje às duas horas da madrugada.

Eu: Pelo menos pra ter boas ideias o Jorge presta.

Marcelina: Mas não vai contar pra ninguém. Nem da Morgana nós vamos nos despedir.

Eu: Mas por que?

Marcelina: Nós não conhecemos a Mog, ela pode contar pra alguém que vamos fugir. Vamos ficar de bico fechado. E você pode parar de ficar babando pela Morgana, porque você tem namorada, viu?

Eu: Eu não estou babando pela Morgana sua boba.

Depois que eu e Marcelina conversamos, ela foi embora e a Morgana chegou perto de mim e começamos a conversar. Ela me abraçou e disse:

–-- Você e a Marce parecem ser muito legais. É claro que eu preferia que vocês estivessem com seus pais e não viessem pra esse abrigo, mas eu gosto da companhia de vocês por aqui.

Eu: A gente se conhece há pouco tempo, mas você foi a única pessoa desse orfanato que se preocupou comigo e com minha irmã. Já te considero muito, Mog.

Morgana: Você não sabem o quanto isso me deixa feliz! É bom ter você e sua irmã como amigos. O pessoal daqui não gosta muito de mim. Eles me acham um pouco hiperativa e preferem distancia. Você não sabe, Paulo, o quanto já me maltrataram aqui.

Após dizer isso, ela deixou uma lágrima rolar pelo rosto. Eu a abracei para consolá-la e fiquei com muita pena dela. Eu e Marcelina estamos doidos pra fugir daqui, mas logo agora que a Morgana se apegou a gente... Achei melhor contar pra ela toda a verdade.

Eu: Mog, hoje de madrugada às duas horas da manhã, eu e minha irmã vamos fugir do orfanato, com a ajuda do namoradinho chato dela.

Morgana fez uma cara triste, olhou pra mim e disse:

–--- Todo mundo que fica meu amigo no orfanato ou são adotados ou ficam contra mim. Vocês também vão me deixar?

Eu: Não podemos abrir mão da nossa felicidade Mog. Temos que fugir daqui. Você quer vir com a gente?

Morgana: Mas onde nós vamos morar?

Eu: Em uma casa abandonada que eu e meus amigos frequentamos. Meus amigos podem nos levar comida e água.

Morgana e abraçou com um grande sorriso no rosto. E ela estava tão feliz que durante o abraço, olhou bem nos meus olhos e me beijou durante uns 10 segundos. Imediatamente parei o beijo e disse:

–-- Por que você fez isso Morgana???

Morgana: --- Você não gostou?

Eu: Eu gosto de você, mas a gente não pode ficar junto. Aquela menina que veio aqui hoje, a Alicia, é minha namorada. E eu a amo. Você é muito legal comigo, Mog, mas você sabe que tenho namorada. Não podia ter me beijado.

Ela ficou muito sem graça e vermelhou a face de vergonha.

–-- Me desculpe. Eu confundi tudo. É que me empolguei por você ter me convidado pra fugir daqui do orfanato.

Eu: Tudo bem, não foi nada. Mas não conta pra ninguém que você fez isso.

Ela concordou e logo anoiteceu. Fiquei pensando no beijo que a Morgana me deu. Ela agiu como piriguete, eu já tinha falado pra ela que eu tinha namorada e ela me beijou mesmo assim. O pior é que agora não paro de pensar nela. Não posso deixar me confundir. Minha namorada é a Alícia e é com ela que eu devo ficar, não vou me deixar ser seduzido pela Morgana.