Fear escrita por Adrenaline Plasma


Capítulo 2
But does anyone notice? But does anyone care?


Notas iniciais do capítulo

Segundo cap, espero que gostem. Ah eu quero pedir desculpas por que eu meio que perdi o foco no primeiro cap, e ele acabou ficando muito meloso, mas não vai se repetir ok? Desculpa também pela demora, tive alguns problemas pessoais e nao deu pra escrever, mas isso já está resolvido. Enjoy :3



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   "- Essa é uma história tão longa...faz alguns anos que isso vem acontecendo, mas eu me lembro desse dia como se fosse ontem."

   

-Damon POV-

   

   Me lembrar das inúmeras brigas com o meu pai, fez calafrios percorrerem meu corpo. Fitei minhas mãos sobre a mesa, não estava certo sobre contar isso a ele. Zack parecia ser uma garoto muito legal, mas eu nunca havia contado minha história a ninguém. 

   

   Fiquei em silêncio por alguns segundos, os pensamentos indo e vindo na minha mente. Abri a boca para me pronunciar, mas fui interrompido por Zack, que me olhava com um sorriso.

   

   - Você não precisa contar se não quiser, eu não sou tão curioso assim. - Agradeci mentalmente  por isso.

   

   - É que isso é difícil pra mim... - Respondi cabisbaixo.

   

   - Hey...tudo bem, por que não fazemos nosso pedido? - Ele disse chamando uma garçonete.

   

   Zack pediu um café expresso, e eu pedi um chocolate quente. Conversamos um pouco sobre música, e filmes. Descobri que ele e seus amigos faziam cover de uma banda que eu gostava, soube também que Zack tinha um filhote de husky siberiano chamado Scorpion. Era bom conversar daquela forma, sentia como se meus problemas tivessem desaparecido.

   

   - Puxa, já são três horas, o tempo passou bem rápido. - Zack disse a um certo ponto da conversa.

   

   - É, vou pagar a conta, se quiser me esperar á fora tudo bem. - Respondi. Tivemos uma breve discussão sobre quem pagaria a conta, que acabou sendo paga por Zack, e caminhamos até a saída.

   

   Quando já estávamos lá fora, senti meu estomago embrulhando, eu não queria ter que ficar sozinho. E não queria ir pra casa. Eu sei, estava parecendo uma garotinha de treze anos preocupada por deixar a casa da amiga, mas acredite, embora eu ficasse a maior parte do dia sozinho, eu detestava ficar com meus pensamentos. Após alguns passos Zack se pronunciou.

   

   - Olha eu tenho que ir pra casa... - Tenho certeza que involuntariamente olhei pros lados como um idiota. - Por que você não vem comigo, posso te apresentar à minha família.

   

   - Eu não sei...não quero incomodar vocês. - Respondi com um pouco de receio.

   

   - Ah vamos lá, não vai ter problema. - Ele me olhou com olhos brilhantes.

   

   Acabei aceitando, fizemos o caminho até sua casa em silêncio. Quando chegamos pude ver a fachada. A casa era toda branca por fora, tinha um jardim com árvores em volta do terreno, e uma garagem ao lado da porta de entrada.  Observei Zack girando a maçaneta, mas ele parou o que fazia e me olhou por cima do ombro.

   

   - Você vai ficar aí parado? - Ele perguntou confuso.

   

   Eu não estava tão certo, não precisava da aceitação dos pais dele, na verdade isso pouco me importava. Tinha medo das reações deles, medo que fossem extremas, é complicado de entender. Mas depois de tudo que eu já passei, olhares tortos já passavam despercebidos por mim.

   

   Suspirei e segui Zack até dentro da casa, atravessamos a sala para chegar até a cozinha. Lá pude ver uma mulher, ela parecia ter seus quarenta anos. Tinha cabelos castanhos na altura dos ombros, ela estava lavando frutas e quando percebeu que estávamos alí se virou com um sorriso doce nos lábios.

   

   - Oi filho, quem é seu amigo? - Ela perguntou secando as mãos.

   

   - Esse é o Damon, conheci ele na escola hoje. - Zack respondeu sorrindo. - Damon essa é minha mãe Sally.

   

   Tentei sorrir da melhor maneira que pude. 

   

   - Oi, é um prazer conhece-la. 

   

   - O prazer é todo meu. - A moça disse apertando minha mão.

   

   - Mãe, nós vamos até o meu quarto, ok? - Zack me puxou levemente pelo braço, o que fez meus cortes recentes latejarem um pouco.

   

   Subimos as escadas e entramos na primeira porta a esquerda. No quarto havia uma grande janela na parede à frente da porta, de um lado da janela tinha uma cômoda, e do outro uma mesa com um notebook. Na parede ao meu lado tinha uma cama, e haviam posters de bandas espalhados por todos os cantos.

   

   Zack entrou no quarto e fez um sinal pra que eu entrasse também. 

   

   - Olha, fique a vontade, eu vou ao banheiro, volto logo. - Ele disse saindo do quarto.

   

   Me sentei na cama e levantei a manga direita da minha blusa, o corte mais profundo estava sangrando um pouco. Agradeci mentalmente por estar usando uma roupa escura. Pressionei o tecido da blusa contra o ferimento e segurei por algum tempo até o sangramento diminuir mais e parar. Me assustei quando Zack entrou subitamente no quarto.

   

   - Eu não queria te assustar. - Ele disse rindo. - Então o que achou da minha mãe.

   

   - Ela é muito legal, ou finge muito bem ser. - Meu comentário fez Zack rir mais um pouco.

   

   - Ela falaria o dia todo se você deixasse.

   

   - E o seu pai? Onde está. 

   

   - Ele está no trabalho, e na verdade ele não é meu pai. Meu pai morreu quando eu era bem pequeno. - Zack respondeu se sentando na cama. - Harris e minha mãe estão noivos há algum tempo, então ele é como um pai pra mim.

   

   - Entendo, sinto muito pelo seu pai.

   

   - Ah não se preocupe, isso já faz muito tempo. Então o que quer fazer? - Ele perguntou se levantando.

   

   - Eu não sei, pode ser qualquer coisa. - O imitei levantando da cama também.

   

   - Nós podemos desenhar, eu não desenho muito bem, mas você sim. - Segui Zack que saiu do quarto e abriu uma porta bem na frente. 

   

   Confesso que fiquei um pouco estático com o que vi naquele comodo. Havia um cavalete de pintura, e algumas telas empilhadas. Na parede à minha esquerda uma estante de madeira com pincéis e tintas de todos os tipos. No lado direito do quarto também tinha uma mesa com papéis e lápis de todas as cores, uma guitarra Wilshire Phant-o-matic verde e um amplificador em um canto.

   

   - Nossa...todas essas coisas são suas? - Perguntei sem tirar os olhos das tintas e pincéis.

   

   - São sim, mas eu quase nunca uso as telas. O que eu mais uso aqui é a guitarra. - Ele respondeu se sentando na cadeira ao lado da mesa. - Por que você não pinta alguma coisa?

   

   - Eu posso mesmo? - Peguntei cauteloso.

   

   - É claro que pode.

   

   Passei um bom tempo fazendo esboços e as sombras, sempre ouvindo Zack tocando. Quando olhei para a janela o Sol já estava se pondo.

   

   - O tempo passou rápido, que horas são? 

   

   - Sete e quarenta e cinco. - Zack colocou a guitarra de volta no lugar e se levantou pra ver o meu desenho. - Muito bom, esse lugar me parece familiar.

   

   - É a escola de Silent Hill. - Concluí, ele sorriu e fez que sim com a cabeça. - Tá ficando tarde, acho melhor eu ir. Se você quiser, eu volto outro dia pra terminar isso.

   

   - Seria ótimo.

   

   Descemos as escadas e eu vi que haviam duas pessoas a sala, Sally e um rapaz, ele devia ter quase a mesma idade que ela, tinha cabelos curtos em um tom castanho claro, e olhos azuis.

   

   - Oi, quem é seu amigo Zack? - Ele perguntou assim que me viu.

   

   - Pai esse é o Damon, mas ele já está de saída.

   

   Cumprimentei Harris e me despedi de Sally. Andei até a calçada sendo seguido por Zack.

   

   - Foi legal ter você aqui hoje. - Ele disse sorridente.

   

   - Eu gostei de vir aqui, seus pais são muito gentis. - Olhei para o Sol, que estava quase sumindo. - Então eu te vejo amanhã na escola. Tchau.

   

   Zack acenou sorrindo e deu alguns passos para trás, ficando encostado à porta. Me virei e fui andando calmamente pela rua.

   

   Enquanto fazia o caminho de volta pra casa senti algo estranho, dois sentimentos se misturando quase como se fossem um só. Um já me era bem familiar, medo. Dessa vez um medo diferente, eu sempre sentia um pouco de medo de voltar pra casa, mas agora era diferente, um medo maior, que fazia meu estômago embrulhar e minhas mãos suarem frio. O outro sentimento era estranho, meio como um arrependimento.

   

   Aqueles dois sentimentos juntos fizeram minhas mãos tremerem, o que era estranho, há tempos eu tinha o costume de ficar fora e só voltar pra casa bem tarde. E nunca senti nada assim. 

   

   Depois de caminhar por um tempo, encarei a fachada da minha casa, o tom azul das paredes, que a noite parecia mais escuro, o gramado amarelado denunciando a falta de cuidados com o jardim. Respirei fundo e entrei pela porta. A não ser por um estranho som de choro vindo da cozinha.

   

   Não tive tempo de ir ver o que estava havendo, dei uns dois passos e senti uma forte ardência no meu rosto. Me virei para o meu lado esquerdo e vi meu pai, seus olhos cheios de ódio, dentes cerrados e a mão ainda erguida.

   

   - Qualé o seu problema?! - Gritei.

   

   - Meu problema? Me diga você o seu problema! - Ele gritou de volta, não entendi o que ele quis dizer, mas tudo ficou claro quando ele jogou na minha frente a lamina ensanguentada que eu usara na noite passada. Como eu fui idiota ao me esquecer de me livrar daquilo! 

   

   - Por que mexeu nas minhas coisas?! - Perguntei ainda gritando.

   

   - Por que EU sou seu pai, e mexo nas suas coisas quando EU quiser. - Sua voz estava meio enrolada, ele estava bêbado, não foi algo que me deixou surpreso. - Já não basta as surras que te dou quase todo dia? 

   

   - Em primeiro lugar, você não é o meu pai. Nunca será! E eu faço as coisas por uma razão, que no caso você jamais entenderia, por que passa muito tempo só pensando em si mesmo.

   

   Me arrependi de ter dito isso quando senti minhas costas batendo fortemente contra a parede e meu pescoço sendo apertado. Pensei que dessa vez nada o faria parar. Eu estava errado. Suas mãos foram levadas para longe, e o ar entrou de uma vez em meus pulmões. Senti minhas pernas tremendo e me fazendo cair no chão.

   

   Quando finalmente abri os olhos vi Norman caído no chão, e minha mãe parada à sua frente. Tive que me levantar para analisar melhor a situação. No chão havia sangue e cacos de um vaso.

   

   - Acho melhor você ir para o seu quarto, querido. - Lucy disse apreensiva. - Eu resolvo isso com ele depois não se preocupe.

   

   Subi com dificuldade as escadas e entrei em meu quarto. Fui até o banheiro e me olhei no espelho, eu estava horrível. Lágrimas saiam dos meus olhos, passavam por um corte não muito bem recuperado em baixo do olho, e pousavam nas marcas vermelhas no meu pescoço que ainda doía.

   

   Não me preocupei em trocar de roupa, me deitei na cama e fechei os olhos com força. Só queria esquecer. Queria que tudo fosse um pesadelo, queria acordar e ver minha mãe sorrindo docemente ao me ver saindo da escola. Queria ver meu pai, que embora eu não tivesse conhecido deveria ser uma pessoa incrível.

XxX 

   

   Acordei no meio da noite, "quatro da manhã" constatei ao olhar o rádio-relógio. Todos deveriam ter ido dormir, então eu resolvi descer e comer alguma coisa.

   

   Me levantei e andei lentamente até o primeiro andar, em um certo ponto da sala, vi alguns vestígios de sangue. Já na cozinha abri a geladeira e peguei um pedaço de bolo que havia lá. Não me preocupei em sentar ou fechar a geladeira, apenas fiquei lá parado enquanto comia. Quando acabei de comer tomei alguns goles de água, e voltei para o quarto. 

   

   Tirei os coturnos, a blusa e a calça, ficando só de boxers. Deixei as roupas jogadas no chão e me deitei, levei o cobertor até a cabeça. Decidi que não iria na escola amanhã. Ninguém se importava mesmo, a não ser Lucy, mas eu estava muito mal pra ir a qualquer lugar que não fosse dentro da minha casa. 

   

   Adormeci em poucos minutos, todos os machucados latejando juntamente com a minha cabeça. Eu não iria tomar remédios nem nada, talvez se deixasse doer iria um dia me acostumar com a dor.


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Notas finais do capítulo

Reviews? :3



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