Busca De Um Amor escrita por Milena Buril, Andressa Picciano


Capítulo 16
O presente de aniversário




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Eu já estava cansada de voar. Meu estômago roncava, e minha boca necessitava de água. Tudo o que eu tinha, era Ambrosia, mas eu não sabia se podia, e nem queria arriscar. Me sentia bem... o.k. não tão bem.

"Deixe eu caminhar um pouco, por favor" falei à Blackjack.

O pégaso começou a descer, e rapidamente pousou. Desci de seu dorso, e minhas pernas doíam. Parecia que eu precisaria aprender a andar novamente.

"E me deixe ir sozinha. Quero pensar em algumas coisas" pedi.

"Tudo bem, Alice" ele respondeu, e se pôs a voar.

Comecei a andar pela floresta, sentindo que alguma coisa ia acontecer. Já estava tudo escuro, e eu não conseguia me localizar de jeito nenhum.

A lua apareceu, e as corujas começaram a piar. Tudo ficava cada vez mais horroroso e extremamente assustador.

Minha caminhada fora interrompida, por um estranho movimento na terra. Dei um passo para trás, e comecei a perceber, que vários buracos apareciam na minha frente, e delas saíam mãos. Eu respirava cada vez mais forte, e corpos começaram a surgir. O eram aquilo? Zumbis, talvez. Seja o que for, eram soldados.

Apertei meu bracelete, e esperei o momento certo para atacar. Havia dezenas contra uma. Injustiça. E por um momento ficou naquilo. O exército olhando para mim, e eu olhando para eles. Tentei manter a calma, e andei mais um pouco para trás, e foi quando eu quebrei um galho. O pequeno som, fez com que todos aqueles soldados, decidissem me atacar.

Me abaixei das espadas, e fui atacando os que conseguia. Eu corria em meio à multidão, desviava, e cortava. Minha fraqueza se tornava cada vez mais presente. Minha visão já não ajudava, e eu tinha que seguir os sons. Senti uma lâmina cortando meu braço, e quando fui ver, a carne estava viva, e escorria sangue. Acertaram calculadamente o machucado de minha perna. Me encolhi de dor, e sem intenção, caí. Eu ia morrer, bem ali.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto, e eu lutava a aceitar que era o fim. Enfiaram uma espada em minha coxa, e giravam ela, fazendo com que perfurasse bem. Quando tiraram, ainda fizeram o favor de limpar a lâmina em meu rosto. Eu não conseguia mexer nenhum músculo. Meu corpo doía mais do que o suportável.

Depois disso, nada mais aconteceu. Abri meus olhos e o exército não estava mais lá. Achei que a loucura havia subido à cabeça, mas não, todos os cortes ainda permaneciam no mesmo lugar, com o mesmo grau de ferimento.

Minha bolsa estava uns cinco metros de distância. Obriguei meu braço bom me ajudar a rastejar, e toda a pouca força que eu tinha, coloquei exclusivamente nele. Demorei muito para chegar, quase meia hora para isso. Eu tive que parar várias vezes, porque a dor não colaborava. As lágrimas não cessavam, e eu parecia cada vez mais fraca.

Procurei pela Ambrosia, e comi, até a dor diminuir, nem que fosse só um pouco. Deitei no chão, e comecei a brincar com as folhas, na esperança de conseguir chorar tudo o que precisava, e de conseguir controlar a dor.

Ouvi sons de galopes, e com dificuldade, girei.

"Blackjack" disse, tentando sorrir.

"Pelos deuses, Alice! Que luta foi essa que eu perdi?" respondeu.

Mas não foi Blackjack, só depois percebi.

"Dock?" perguntei "Dock! Onde está Blackjack?"

"Comunicação de pégasos".

Não consegui entender o que ele quis dizer com aquilo, mas não era importante.

"Me tire daqui" pedi. Dock se aproximou, e conseguiu servir de apoio. Foi um trabalho rápido, pois eu não aguentava ficar de pé por muito tempo.

"Ache um lugar bom, e me deixe por lá".

Voamos por algumas horas, e o pégaso avisou:

"Aquela caverna serve?"

Se servia? Era perfeito. Tudo o que eu mais precisava.

"Sim" respondi.

Ele começou a descer, e fez a gentileza, de me deixar dentro da caverna, para que apenas abaixasse, e eu rolasse de suas costas.

Me sentei, e olhei para a lua. Uma sensação me percorreu, então murmurei:

- Parabéns Alice.

Então, fui engolida por uma névoa. 

...


Me encontrei em um lugar que eu não conhecia. Espera, eu estava debaixo d'água? Na verdade, era um reino. Poseidon, era a única resposta que eu tinha. Tudo era bem bonito, do jeito que eu sempre imaginei. Me virei para olhar mais, e me deparei com um trono, e nele, meu pai estava sentado.

- Poseidon? - perguntei, e senti uma ponta de orgulho por conseguir respirar e falar.

- Alice - respondeu - Hoje é seu 17º aniversário se não me engano.

Então ele sabia. Lembrei de meus machucados. Ainda estavam lá, mas não doíam.

- Apenas amenizei a dor - falou, como se lesse minha mente - Será uma boa cicatriz.

Olhei para ele, com um pouco de indignação, mas agradecendo também.

- E o que me traz aqui? - disse, com mais curiosidade na voz do que eu queria.

- É aniversário da minha filha. Qual o motivo, que eu não posso presenteá-la?

Respirei fundo, então concordei. Poseidon começou a se aproximar, e eu me sentia cada vez menor. Eu poderia ficar em sua mão, que pareceria apenas uma migalha. Ele me deu uma pedra. Azul como o mar, com manchas verdes, iguais meus olhos.

- Quando se sentir segura - começou a explicar - Faça um desejo. Não recomendaria fazer agora, espere o momento certo.

- Então eu tenho direito a qualquer coisa? - perguntei - Até mesmo um milhão de dólares?

Ele riu, e respondeu:

- Até mesmo um milhão de dólares, Alice.

Observei atentamente o presente. Era do tamanho da minha mão.

- Como funciona?

- É simples - Poseidon falou - Segure bem forte, e faça seu pedido.

Então eu ganhara o direito de realizar o que eu quisesse. Eram tantas coisas.

- Obrigada - murmurei. Realmente, eu estava feliz.

- Feliz aniversário - ele falou.

A névoa me encobriu, e antes que piscasse, me vi dentro da caverna.


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Notas finais do capítulo

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