Busca De Um Amor escrita por Milena Buril, Andressa Picciano
Eu não conseguia parar de chorar. Eu consegui tirar Nathan do ferro que estava em sua barriga, e o coloquei em meu colo.
Por mais estranho que parecesse, as pessoas conseguiram apagar o fogo, e já estavam em suas casas, ou o que restara delas. O único morto, era Nathan. Eu me sentia culpada por tudo aquilo, queria que eu estivesse no lugar dele.
Me apoiei em seu tórax, e mergulhei nos soluços. Nathan era aquele tipo de garoto que todas as meninas queriam. Era bonito, e um doce de pessoa. Me ajudou quando eu precisei, e desde o primeiro minuto, fora gentil comigo. Eu me sentia ainda pior a cada lembrança que me ocorria, mas eu me forçava a pensar ainda mais, só para me castigar.
Você acredita em amor à primeira vista, ele me dissera. Sim, acreditava. E foi isso que eu tive em relação a Simon. Não era justo o que eu estava fazendo com Nathan, mas ele se tornou alguém especial para mim, desde as primeiras palavras que trocamos. Não podia abandoná-lo daquele jeito. Não queria. Precisava que os pais deles soubessem que ele morreu tentando me ajudar. Nunca esqueceria disso. Nunca esqueceria do anjo que aparecera para mim.
Dock pousou a minha frente.
"Quem é?" perguntou.
"Nathan" respondi "Ele foi importante para mim nessa cidade. Morreu para me salvar."
As lágrimas escorriam em tal velocidade, que era difícil de controlar. O próximo Minotauro que decidisse aparecer na minha frente, morreria em menos de cinco minutos. Já não gostava mesmo deles.
"Precisamos leva-lo até os pais dele" pedi "Por favor"
"O.k."
Coloquei Nathan em seu dorso, e fomos até sua casa. Não tinha coragem de dar a notícia, mas era o certo.
Toquei na porta, e Maryah apareceu sonolenta.
– Alice? - disse - O que está acontecendo aqui? - ela olhou para fora e viu a cidade - O que aconteceu?
– Incêndio... - minha voz falhava e eu não conseguia parar o choro.
– Alice, querida - ela me abraçou - O que foi?
– Nathan - consegui dizer em meio aos soluços - Ele...
Maryah me olhou séria, então conseguiu enxergar Dork. Provável que tenha visto um cavalo, porque não se assustou. Mas isso não era importante.
– Meu filho! - ela gritou e saiu correndo em direção à ele - Meu pobre filho! Alice, o que aconteceu?
– Foi culpa minha - respondi, com as lágrimas escorrendo, ao ver o que ela estava passando - Ele morreu como um herói. Tentou me salvar, mas não se salvou. Sinto muito! Queria tanto que fosse eu.
– Não fale assim - ela disse. Mesmo que o filho dela estivesse morto, ela ainda conseguiu ser gentil comigo - Nathan era assim mesmo - ela passou os dedos trêmulos pelas maçãs do rosto do filho - Sempre queria salvar as pessoas. Ele gostou de você, Alice. Faria isso a qualquer momento. Não se culpe pelo o que o destino preparou à ele.
– Eu não aguento ver isso - falei baixinho - Não consigo suportar a ideia de que eu fiz isso com ele - passei minhas mãos debaixo de meus olhos - Ele tinha uma vida pela frente, e eu fiz isso.
– Venha - Maryah pediu - Me ajude a levá-lo até o quarto. Vou preparar um chá para nos acalmar. Estou escondendo as muitas outras lágrimas que estão querendo sair, mas eu sei que isso estava preparado para ele. A missão da vida dele era salva-la, Alice. Era para isso que ele estava aqui.
Aquilo só podia ser brincadeira. A cada palavra que ela dizia, a cada lágrima que escorria de seu rosto, meu coração pesava. Ajudei ela a leva-lo até o quarto, e ela foi fazer o chá.
– Adeus Nathan - sussurrei - Eu nunca vou me esquecer de você. Nunca.
Beijei de leve seu rosto para me despedir. Para sempre.
Peguei as minhas coisas no quarto da frente, e avistei a caixa de primeiros socorros. Senti que meus pulmões falhavam, mas antes de sair, tinha que retribuir uma coisa. Peguei o buquê que havia ganhado, então fui para o quarto de Nathan. Cuidadosamente, o coloquei ao seu lado, e só ai, me senti segura. Fui diretamente para a cozinha.
Encontrei Maryah com a cabeça abaixada na mesa, ela tremia, e eu ouvia os seus soluços.
– Acho que... eu vou indo - falei.
Ela levantou seu rosto, e seus olhos já estavam vermelhos e inchados. O cabelo grudado na testa, e a pior expressão que eu vira. A da perda.
– Se você achar que é o melhor - falou - Obrigada, Alice. Por ter trazido o meu filho para mim.
Assenti, e antes que perdesse as forças, sai da casa.
"Vamos Dock" mandei "Me tire desse lugar, por favor."
"Se é o que deseja" respondeu "Mas devo lhe avisar que precisa descansar."
"Pare em uma floresta longe daqui."
Começamos a voar, e minha mente estava um turbilhão. Me agarrei as lembranças de Simon, de como ele fazia meu coração acelerar, de como o toque dele me delirava. Tudo estava voltando ao normal, tirando a parte de que meu coração sentiria falta de alguém.
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