The Secret Weapon escrita por Pacheca


Capítulo 75
Truth


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, um segundo para "compensar" minha ausência enorme. Mais uma vez, desculpas. Espero que gostem.



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A manhã parecia brilhante demais, quente demais, mas era pela falta de sono. Todas aquelas horas estavam cobrando seu preço. Levei o pergaminho original e minha tradução para Nasuada logo cedo, antes mesmo do desjejum. Ela estava acabando de se aprontar, mas deixou que eu entrasse. Esperei, enquanto estudava suas cicatrizes. Eram a prova de como ela estava disposta para manter a ordem como seu pai faria. Sorri.

— Qual o assunto, Silbena? — Ela perguntou, também cansada. Com o pouco tempo até nossa partida definitiva, era fácil entender a causa. Depois que deixássemos acampamento, estaríamos muito mais em guerra agora.

Ininterruptamente.

— Bem, você deveria saber sobre isto. Aqui. Eu gastei alguns dias para fazer esta tradução pobre, mas é compreensível. — Ela aceitou os dois pergaminhos, desdobrando com cuidado o original e lendo a tradução em seguida. Seu olhar permanecia sério sobre o papel, sem demonstrar pânico algum.

— Você viu algo sobre isso? — Ela questionou. Não costumávamos falar sobre meus dias de princesa, mas em algumas ocasiões era inevitável.

— Não. Descobri sobre estas coisas por este documento. Elrohir disse que sentia algo em si, mas não sabia o que era, relacionado a isso. Aidan, no entanto, ele disse algo que faz sentido, mas me assusta.

— O que foi?

— O castelo dele tem essa energia...inexplicável. É pesado. Aidan a descreveu como milhões de pessoas sentindo coisas diferentes.

Finalmente viu, mesmo que brevemente, o olhar de Nasuada tremer ao ouvir milhões. Esperou que a líder dissesse algo, mas ela esperou que Silbena continuasse.

— Tem que ser mais de um. Um dragão é, sem sombra de dúvidas, um adversário formidável, mas não imbatível. Não como Galbatorix é.

— Algo mais que eu deva saber?

— Não, ainda não. Eragon provavelmente vai saber mais sobre isso quando ele voltar. Acho que Oromis e Glaedr serão capazes de explicarem muito mais do que esse pergaminho.

— É bom se ter uma noção do que estamos encarando, ainda assim. — Ela suspirou, dobrando os pergaminhos. Ela fez menção de devolvê-los, mas eu recusei.

— Eram de minha mãe, ela não sabe que eu os peguei.

— Eram?

— Ainda estou trabalhando em alguns, Nasuada, mas peço que tenha a paciência de esperar.

— Eu respeito sua decisão e lhe deixo com este trabalho. Obrigada, Silbena. Pode ir.

— Com licença. — Fiz uma reverência e deixei sua tenda. Orun já tinha organizado praticamente tudo, então pedi que ele e Sano assumissem a liderança até segunda ordem. Eu não podia gastar nenhum minuto que fosse sem ler aqueles documentos.

Sentei-me, pegando mais uma vez o livro. Eu não pedira, mas imaginava que Nasuada não contaria sobre o meu pequeno furto para minha mãe. Ainda não. Elrohir, com uma memória muito melhor que a minha, ajudou-me. O processo parecia mais fluido agora, mas ainda assim demorado. Eu apenas redigia, sem buscar entender seu significado ainda.

Fiz o mesmo com o segundo. Demoramos agora apenas dois dias para traduzir os dois. Ao fim da segunda noite, já ao fim da leitura, identifiquei o nome. Eleanor. Eu.

Minhas costas estavam doloridas por todo o tempo sentado, com poucas interrupções, mas por fim eu tinha dois escritos compreensíveis sobre aqueles papéis. Sobre mim. Com a boca seca, peguei primeiro o segundo pergaminho, o com meu nome. Lembrei-me do sonho onde Galbatorix acusava minha mãe de mentir.

“Ficou-se então decidido pela origem de um herdeiro, como símbolo de esperança para o povo. A esperança, mesmo que falsa, é uma ótima forma de satisfazê-los e manter todos na linha. A constante espera por minha morte, ou até mesmo por um golpe vindo do meu próprio sangue, faz com que todos tenham apenas mais um pouco de paciência, até que estes morram por falta de tempo e eu continue em meu lugar.

Na presente data, fica anunciado o nascimento de tal herdeiro. Uma menina maior que meu antebraço, de bochechas rosadas e pouco cabelo na cabeça. Eleanor. Seu nome veio até mim quase que como uma visão. E assim que pronunciado, soou tão correto quanto poderia. A princesa Eleanor da Alagaësia.

Parece impossível que um homem como eu possa sentir algo, quanto mais adoração, por algo tal como uma criança, mas a perspectiva do nosso futuro faz com que eu sinta por esta criança um laço indestrutível. Sangue de meu sangue.

Infelizmente, a concubina que foi capaz de me gerar um herdeiro não resistiu ao difícil parto, de forma que seus cuidados terão de ser feitos por uma outra mão. Ainda assim, ela há de aprender tudo que se deve, sobre seu destino e sobre nosso império.

Minha pequena Eleanor…”

— Galbatorix tem um diário? — Eu questionei, rindo por entre as lágrimas. Um futuro como o que ele descrevera parecia sombrio, mas a mentira…Como ele poderia escrever aquilo e no dia seguinte me atirar ao rio? Não fazia sentido. E pensando bem, a medalha do império nos meus pertences parecia errado se eu havia sido rejeitada. — O outro, eu preciso ler o outro.

Com uma mão trêmula, tentei secar o rosto, enquanto a outra segurava o traduzido que eu fizera mais cedo. Elrohir não dizia nada, mas eu podia senti-lo em minha mente como se seu pescoço estivesse ao meu redor.

“Apenas três meses depois de ser posta para trabalhar no castelo, a traidora cometeu o mais grave de seus crimes. Além do roubo de uma enorme quantidade do ouro real e de documentos, a condenada Ascilia encontrou maneiras, com o auxílio dos rebeldes, para deixar Uru’bâen com a custódia da princesa. Desta forma, pelo impacto de sua traição, esta deve ser encontrada e trazida ao Império para o cumprimento de sua pena, a morte por enforcamento. Haverá uma recompensa para qualquer um que encontre a traidora, ou a princesa, e as traga com vida até o Imperador.”

“Ascilia?”

Não respondi. Ainda trêmula, soltei o documento. Ela não estava tentando interpretar aqueles dois, oh não. Ela sabia muito bem o que eram. Sua condenação e uma página de diário do imperador. Quem diria que Galbatorix mantinha um diário?

“Não faça nada de cabeça quente”

Eu quis rir com o comentário de Elrohir, o ser mais explosivo do mundo, mas suspirei e fiquei de pé. Ele não podia evitar, mas eu não podia mais esperar um minuto que fosse. Peguei os dois pergaminhos e marchei pelo acampamento, até a tenda dela.

Entrei sem aviso, vendo uma vela acesa dentro da tenda. Ela e Wayn se viraram ao mesmo tempo de sua discussão sussurrada. Vi que o olhar dela parou sobre os pergaminhos no mesmo momento.

— Silbena...O que faz aqui, filha?

— Vim devolver isso. — Joguei os pergaminhos no chão. Ela estranhou o tom de voz, mas confesso que eu também. Achei que estaria muito mais histérica, mas eu mantinha o controle.

— Sil, o que há? — Wayn tentou intervir, o que fez meu sangue ferver ao ver sua imagem.

— Você sabia, claro que sabia. Deve ser quem a ajudou a fugir.

— Você conseguiu traduzi-los? Sabe do que são? — A capitã Delrio tentou apanhar um dos documentos, mas eu respondi antes que ela os alcançasse.

— Como se você não soubesse. Eu entendo que você tenha conseguido roubar a página do diário, mas como roubou sua condenação?

E lá estava o silêncio, os olhares em pânico congelados sobre mim. Sorri, debochando dos dois. Wayn fitava a parceira, parecendo buscar orientação.

— Silbena…

— Eleanor. Meu verdadeiro nome é Eleanor, qual o seu Wayn? Eu sei que o dela é Ascilia. Os dois fizeram muito bem mentindo todo esse tempo.

— Gawyne. — Delrio quem chamou o nome, fazendo Wayn olhar em sua direção. — Ele se chama Gawyne. Nos conhecemos no castelo, quando fui obrigada a fazer o juramento. Galbatorix me fez pronunciar todos os tipos de juras para garantir minha lealdade enquanto cuidava de você.

— Seu nascimento não foi anunciado aos quatro ventos, mas quem morava na cidade soube. — Wayn continuou. — Eu estava com os rebeldes e avisei-os sobre você.

— Nós dois fomos postos dentro do castelo numa missão suicida, Silbena. Uma que não cumprimos.

— Iam me matar. — Não era preciso ser nenhum gênio para entender aquilo. — Qualquer um aproveitaria qualquer chance para matar qualquer criatura que tenha o sangue do imperador correndo nas veias.

— Eu não conseguiria lhe ferir. Não com suas mãozinhas segurando meus dedos de um jeito tão delicado. — Ela falava, muito mais encurvada agora. O peso dos anos finalmente jogaram sua postura para baixo. — Eu te amei. E meu amor por você, junto do medo do que seria da Alagaësia se você crescesse conforme o plano, fez com que todo meu ser mudasse. Por isso conseguir fugir, tanto eu quanto Wayn.

— Eu nunca duvidei disso. Desse afeto que me deu e me dá. De nenhum de vocês. — Suspirei. Wayn parecia confuso com toda a situação. — É a mentira que me enche de raiva. Você me contou sobre quem eu era. Eu cresci com isso nos últimos anos. Vocês poderiam ter me contado que não houve abandono nenhum. Isso não me faz ter compaixão por ele.

— Não podíamos ter certeza, Silbena.

— O que você ganharia com este conhecimento? Os fatores dessa história pouco alteram seus resultados. — Ela agora esbravejava, como se ela é quem fosse a traída.

— Eu ganharia confiança em vocês. Eu ganharia mais uma vantagem sobre os joguinhos mentais dele. Eu ganharia uma vida só minha, que não está conectada a dele. — Ela engoliu em seco na última fala, quando eu agora estava a menos de centímetros de distância.

— Eles modificaram a ligação, não? — Wayn questionou.

— Não temos como ter certeza. O único jeito de saber se deu certo, é ele morrendo.

— Ele ainda teria te levado, Silbena. — Delrio disse, a voz contida. Olhei para ela novamente.

— Será? Ele não ganharia nada sem o impacto dos joguinhos mentais, seria perda de tempo para nós dois. — Ela segurava o ar, pensando na possibilidade. Afastei-me. — O terceiro está com Nasuada.

— Você traduziu aquele? — Wayn parecia perplexo. Aquele dava para ver que eles não sabiam o que era. — Como?

— Com um livro enorme da Língua. Não é nada bom, mas não vou dizer nada enquanto Nasuada não disser.

— Não pode fazer isso comigo, Silbena. — Delrio pareceu horrorizada com o silêncio.

— É o que eu vou fazer pelo que vocês fizeram. E acreditem, é quase um favor que eu faço. — Eu me virei para sair, mas tive que rir antes de deixar a tenda. — Quem diria que eu seria obrigada a dar razão a Galbatorix, hein? Uma vida inteira de mentira.

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada, pessoal. Boa noite.



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