The Secret Weapon escrita por Pacheca


Capítulo 72
Private Investigation


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas. Eu sei que já tem algum (muito) tempo que eu não apareço por aqui. Na verdade eu já estava tentando escrever esse capítulo há quase um mês, mas a faculdade sempre me puxava de volta para ela e eu tinha que deixar para depois. Com o feriado eu decidi, finalmente, tentar encerrar esse capítulo e postar (e fiz, quase no último minuto do segundo tempo). Enfim, eu peço desculpas, mas infelizmente é uma questão de prioridades, realmente. Agradeço a quem esperou todo esse tempo e tentarei não me demorar tanto para o próximo.



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   Aqueles pergaminhos eram extremamente incômodos. A presença deles em minha tenda fazia com que eu não quisesse ficar lá. E em parte era algo que eu não sabia explicar, mas a outra tinha razão. Era a sensação de furto. De que eu havia sido roubada pela minha própria mãe. O roubo daqueles documentos explicaria a insistência de Galbatorix de tê-la em suas mãos.

   A outra parte, no entanto, a que eu não sabia explicar, afetava Elrohir também. Como se aquele pedaço escrito estivesse sussurrando seus segredos para nós, mas sem conseguirmos entende-los. Um barulho ensurdecedor se instalava em nossas mentes após alguns minutos, e logo eu os deixava sozinhos e ia caminhar.

   Esperei alguns dias para abrir o primeiro. Eu observava Delrio de longe, sua expressão preocupada, suas pequenas conversas com pessoas pelo acampamento, pessoas essas com as quais ela nunca tivera contato. E eu sabia o que ela estava procurando.

   Quando os dias finalmente se passaram, quando uma parte dos homens tinham se retirado do acampamento para resolverem certos assuntos, chamei Sano até minha tenda. Desde o início do nosso relacionamento ele parecia incomodado de ficar ali dentro comigo, mas naquele dia me portei como sua capitã. Ele estranhou.

   – Pois não, Capitã?

   – Quero que vigie minha tenda. De longe. Delrio e Wayn raramente passam por aqui, mas desde o sumiço dos pergaminhos eles não tem feito as coisas como normalmente fazem. Logo, preciso me garantir que eles não me verão com eles.

   – E como te aviso caso algum deles apareça?

   – Tome. – O entreguei o pequeno adereço de madeira. – É um apito. Um dos filhos do ferreiro fez para mim num dia, distraído. Vai soar como um pássaro quando assoprá-lo. Te aviso quando terminar.

   Ele concordou, calado. Enfiou o apito no bolso e saiu da tenda. Não tardei a me sentar à escrivaninha e pegar os pergaminhos dentro de uma camisa, dentro do baú. Estavam bem dobrados, conservados apesar das pequenas marcas do tempo. Eram um total de 3 pergaminhos. Peguei um deles, sem saber por qual começar e o desdobrei.

   A caligrafia era polida e desenhada, quase encantadora. No entanto, os primeiros símbolos foram capazes de me explicar porque Delrio parecia tão concentrada em decifrá-los. Não era uma linguagem comum, nem mesmo élfico. E mesmo sem conhecer a língua, eu sabia do que se tratava. A Língua Antiga.

   Senti um arrepio me subir pela espinha e aquela sensação de algo puxando minha nuca, como um fio de cabelo preso a algo, se intensificar. Levei a mão à nuca, mas a sensação não passou. Respirei fundo. Talvez não fosse uma boa ideia relembrar Galbatorix daqueles documentos.

  Se bem que, pelo tanto que ele perseguia Delrio, ele parecia não ter esquecido. Respirei fundo de novo e esperei alguma reação de Elrohir. Ele apenas esperou para ver se eu prosseguiria.

  Dobrei novamente o pergaminho e o escondi de volta na camisa. Eu não conseguiria nada sem algo para me ajudar nas traduções. E, infelizmente, não acho que conseguiria acesso à biblioteca real de Surda sem uma boa justificativa.

   Dispensei Sano de sua vigília e me recolhi novamente. Aqueles pergaminhos tinham me trazido muitas dúvidas sobre Delrio. Algumas que poderiam ser trama de Galbatorix, mas eu não era capaz de distinguí-las naquele instante.

   Quem era realmente Delrio? Uma simples pirata que explorava lugares ainda não conhecidos não parecia ser um grande problema. Então, o que a fazia tão odiada?

   E como ela tinha pegado aqueles documentos? No fundo da minha mente, provavelmente pela maldita ligação, eu quase sentia o cheiro da biblioteca do palácio naqueles pergaminhos. Não pareciam o tipo de coisa que o rei se permitiria perder.

   Eu não queria duvidar de minha mãe, mas algo parecia fora de seu lugar. Decidi tirar um cochilo durante a tarde, simplesmente querendo esvaziar a mente. No entanto, despertei ainda mais angustiada.

   No sonho, estávamos novamente naquela mesa enorme, mas Murtagh não estava. Seu lugar vazio parecia emanar uma aura quase gélida. Galbatorix me tirou dos meus pensamentos com o tamborilar dos dedos sobre a mesa.

   – Você vive uma mentira há tantos anos, Eleanor. Eu só quero lhe abrir os olhos.

   – O senhor não me parece tão esforçado assim, meu pai. – Engoli o vinho, sentindo o ardor em minha garganta. Ele deu uma risadinha e prosseguiu.

   – Vejo que já começou a se habituar com o que havia de ter sido. Sua vida teria sido outra, não fosse por esses anos todos de mentiras e falcatruas.

   – Exponha logo as tais mentiras, então.

   – Para que possa duvidar de mim? Ora, Eleanor, do que vai adiantar eu lhe dizer tudo que eu sei sobre sua mentora e você nunca percebeu?

   – Ela é minha mãe.

   – Não a chame disto. Ela não merece tal título depois do que fez.

   E então o sonho começou a se desfazer, como se água o diluísse. Acordei atordoada, tanto pelas palavras que havia acabado de escutar, quanto por sua influência em mim. Não muito tempo atrás, eu nunca cogitaria acreditar em Galbatorix, mas agora parecia algo tão plausível, tão...necessário.

   Aquilo sim me assustava.  

   Ainda meio afetada pelo sonho, sentei-me no catre e olhei a pouca claridade que entrava na tenda. Horas se passaram no que deveria ser um descanso rápido. A sensação em minha nuca ainda me incomodava, mas consegui reprimir o impulso de levar minha mão até o ponto invisível.     

   Respirei fundo novamente, sentindo meu olhar sendo atraído até o baú com os tais pergaminhos. Aquele som, como um sussurro, uma voz no fundo da minha mente que dizia coisas que eu não entendia, não cessara. Elrohir também estava incomodado com aquela sensação. Eu podia nota-lo tentando encontrar algo de distinto em nossas mentes, mas logo tentava esquecer aquilo. Mas as pequenas vozes não cessavam de forma alguma.                     

   Deixei a tenda, pensando em comer algo para me distrair. O sol já não brilhava intenso, apenas um feixe de luz que logo se esvairia também e inundaria o mundo no escuro. Sentei-me em uma mesa, só, e pedi meu jantar.

   “Essa sensação estranha diminui quando nos afastamos daqueles documentos”

   “Mas não some. Espero não ter dado um passo maior que a perna com isto, Grande”

   “Só precisa de uma forma de traduzir isto. Talvez Aidan possa ajuda-la”  

   “Não quero involver mais ninguém, por enquanto. Vamos tentar pensar em algo, Grande. Algo que não sejam esses documentos, nesse instante.”

   “O garoto-laranja está vindo falar com você”

   “Ele tem nome, Elrohir”

   Ele se mostrou insatisfeito com a pequena repreensão e ficou quieto. Ergui o olhar e vi Sano se aproximando, o cabelo solto e o rosto cansado. Ofereci a ele o lugar de frente para o meu, o qual ele aceitou calado.

   – Tudo bem? – Questionei, enquanto ele também pedia sua refeição e cruzava os braços sobre a mesa.

   – Não muito. Com você?

   – Alguma preocupação, mas prefiro não aprofundar o assunto. O que houve?

   – Não é nada demais. Estou ficando cansado muito cedo durante os treinos.

   – O sol anda particularmente impiedoso esses dias. Não me surpreende.

   – É, imagino que sim. – Ele deu de ombros e se inclinou sobre a mesa após olhar ao seu redor. – Conseguiu descobrir algo?

   – Não, ainda não. Preciso traduzí-los.

   – Delrio passou o dia rondando o acampamento, de novo. Chegou a perguntar a alguns recrutas se eles não tinham visto alguns documentos. Mas só recrutas.

   – Ela o evitou?

   – Não necessariamente, apenas não se aproximou. Mas Wayn parecia...desconfiado. Tentei ao máximo continuar treinando como de costume.

   – Obrigada, Sano. Você realmente me ajudou bastante. Agora eu só preciso pensar no próximo passo.

   – Não me faça roubar mais nada, por favor.

   – Não se preocupe, meu guerreiro, suas funções já voltaram a ser apenas da minha tropa, sem serviços secretos. – Falei formalmente, ao que ele riu, justamente quando recebeu dos cozinheiros seua refeição.

   Elrohir não disfarçava seu ciúme, mas eu apenas achava graça. Ele não gostava que eu gastasse mais de dois minutos em uma conversa com ninguém, ainda mais homens. Talvez quem ele tolerava era somente Nasuada. E possivelmente Orun, mas somente até este começar com suas piadinhas sobre os outros rapazes.

   Apesar de tudo, eu sabia que ele achava Sano um bom rapaz. Ele só preferia que Sano fosse um bom rapaz com uma certa distância entre nós.

   Terminamos nossa refeição e decidimos nos recolher. Ele me acompanhou até minha tenda, e em seguida se despediu com um beijo carinhoso no meu rosto. Dessa vez, Elrohir se contentou em apenas grunhir, voltando ao seu descanso.

   Entrei na tenda e ouvi seus passos se afastando, antes de voltar minha atenção ao baú. Talvez Elrohir tivesse razão, eu precisaria de ajuda para desvendar aquele segredo.


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Notas finais do capítulo

Que segredo será esse? E pra quem pedir ajuda?



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