The Secret Weapon escrita por Pacheca


Capítulo 63
Deal


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas, não me matem pelo sumiço, esse semestre na faculdade foi meio punk (agarrei em duas matérias e passei raspando em quase todas) De toda forma, esse capítulo tem uma pequena surpresinha no final, pra varia um teco :3 Espero que gostem ^~^ Até lá embaixo, boa leitura ♥



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   Eu estava tremendo e não era pouco. Aquele lugar era frio, mas naquele momento estava se tornando insuportável. Toda minha pele estava arrepiada, as pontas dos dedos todos gelados e quase dormentes. Era como deitar na neve e esperar que o frio me matasse. Talvez fosse o plano dele.

   Estava tentando ao máximo não pensar nos assuntos que Galbatorix me interrogava, mas não conseguia mais. Eu estava com saudades do meu dragão e da minha tenda. Tentei mais uma vez aquecer os dedos da mão com o ar da minha boca, mas não adiantou de nada.

   Já sentia dores por todo o corpo de estar sempre acorrentada e no chão duro, o frio apenas acentuava tudo isso. E o espelho ainda estava lá. Maldito.

   – Você vai sobreviver, Silbena. Já enfrentou situações piores. – Continuei repetindo para mim mesma, mesmo sem estar tão certa assim. Pelo menos eu me sentia sozinha dentro da minha cabeça também, e não só na cela.

   – Boa noite. – Tossi junto da fala de Galbatorix, ainda trêmula. Ele deu um sorriso dissimulado, como se a temperatura para ele fosse a mais agradável possível. Tendo em vista a capa pesada que o cobria, provavelmente era. – Andou pensando no que eu te disse?

   – Se vai me matar, seja mais rápido.

   – Não é meu plano. Isso é só um castigo, eu já te disse. Assim que falar eu te solto.

   – E eu volto a ser a princesa encantada? Passo.

   – Murtagh estava ocupado, ele não pode me acompanhar. – Ele mudou o assunto. Hoje não teríamos tortura? Chocante. – Tive que improvisar.

    Falei cedo demais. Ele puxou um alicate de dentro da manga da capa e chamou um de seus guardas. O homem de prontidão entrou na cela e veio parar ao meu lado. Pelo menos não parecia que o frio ficaria pior.

    – Silbena, capitã de sua própria divisão. Muito me impressiona. Por que não me conta dos seus homens, hum? E se começarmos pelo elfo desgarrado.

    – Parece que o conhece.

    – Não como você. Qual seu nome?

    – Já te disse que não vou te falar.

    Um sinal e homem prendeu meu dedo mindinho no alicate. Esperou mais um segundo para ver se eu diria algo, mas ao receber meu silêncio, ordenou que o homem apertasse.

    Meu berro abafou o som de um dos meus ossos sendo quebrado. Magia não parecia mais a pior opção. Foram três, um seguido do outro. Eu estava custando a ficar consciente, mas ele apenas riu.

    – Não vou invadir sua mente, Silbena. Já o teria feito há tempos se esse fosse o problema. A questão é que eu sei o que vou encontrar. Uma luzinha pouco concreta e bastante confusa. Não é nada divertido.

    – Sabe disso?

    – Como eu disse, eu só não quero ler sua mente. Pura opção. Goste ou não Silbena, dividimos laços sanguíneos. Mais que isso. Eu lhe dei sua vida e existência. Portanto, eu sei tudo que há para saber de você.

    – Por que é assim? Diferente.

    – Não vai ter respostas sem me dar as que eu peço antes.

    – Ficaremos os dois sem saber.

    – Que seja. É melhor ajeitar seus dedos, ou eles ficarão tortos assim. Os ossos acabam remendando de qualquer jeito. – E novamente me deixou. O homem do alicate já tinha ido bem antes. Suspirei, segurando o mindinho e respirando fundo antes de empurrá-lo para seu lugar de nascença. Não contive o choro.

   Ele não ia desistir. E eu sabia que não tinha como ganhar dele numa batalha. Fuga também não era uma opção. E eu não conseguiria fazer contato com ninguém de fora. Se eu mesma não conseguisse um acordo com o Imperador, estava fadada a morrer numa cela fria e escura. Mas o que eu poderia dar a ele sem criar maiores danos?

   Delrio era minha mãe. Ela me encontrara e me criara para ser a capitã que eu me tornara. Ela me salvara antes de a si mesma. Eu devia o mesmo a ela. Assim como Wayn. Meus homens também não estavam em cogitação e Nasuada provavelmente já era conhecida. Quanto a Elrohir...

   – Ele vai querer captura-lo e enfia-lo em todo tipo de tortura possível. Foi o que fez com Murtagh e Thorn. Não, também não serve. Mas o que eu tenho, então?

   A realidade ia me atingindo cada vez mais cruel e gélida. Suspirei. Eu só tinha a mim mesma depois daquelas exclusões. Se é que eu tinha qualquer valor para ele. Se Eragon conseguisse encerrar seu treinamento e enfrentar Galbatorix, então pelo menos eu teria contribuído ao não entregar ninguém. Mas até mesmo aquilo me soava pouco.

   E conhecia a história de que dragões podiam morrer se não mais se relacionassem aos seus cavaleiros. Perder Elrohir não seria suportável. Ele era parte de mim agora. Eu não o queria longe, mas...

   – Jantar. – Quis ignorar a comida, mas ouvi o timbre familiar e ergui o rosto. Murtagh. – Pensando?

   – Não planejo passar os meus últimos dias aqui. Ele o mandou?

   – Não, mas ele sabe que estou aqui.

   – Ele sempre sabe.

   – Sabe. Posso sugerir algo? Ele não me pediu, mas sei que ele ficaria satisfeito.

   – Diga.

   – Nasuada não a culparia. Ela toma responsabilidade por todos que seguem os Varden e...

   – Não posso vender ninguém assim.

   – Vamos pegá-la de toda forma.

   – Como?

   – Não me agrada, não minto. Mas não tomo decisões por aqui. Ela é seu portal para fora daqui.

   – Quando?

   – O que?

    – Quando?

    Silêncio. Que maldição. Se Murtagh estava ali me dando aquele aviso, podia ser apenas uma armadilha de Galbatorix para me manipular e acabar virando o jogo novamente. Ainda assim, se Nasuada fosse raptada, a única chance dos Varden se manterem seria a volta de Eragon. Era ele quem inspirava multidões por ser a arma contra Galbatorix. Murtagh me deixou sozinha depois de afagar de leve meu cabelo. Estranhei o gesto, mas não reclamei.         

    Não tinha mais nenhuma noção de tempo, a não ser quando recebia as refeições. Galbatorix voltou um dia, provavelmente no terceiro depois da visita de Murtagh. E eu já tinha me decidido.

    Nasuada não me culparia por aquilo. Pelo contrário, ela provavelmente estava se matando para pensar em algo para me resgatar. Eu só estava facilitando tudo. E até que ele tivesse tempo de atacar, eu provavelmente poderia avisá-la.

    – Tenho uma proposta. – Murmurei depois que ele me fez uma pergunta sobre Elrohir. Ele se ajeitou no banco que tinha trazido consigo, esperando eu prosseguir. – Te digo tudo que eu souber sobre Nasuada sob duas condições. 

    – Não está na posição de ficar impondo condições.

    – Deveras não estou, mas você não vai ter nada a perder.

    – Diga.

    – Você me tira essa porcaria de selo e me deixa livre.

    – Já te disse que ia te tirar da cela...

    – Varden. Eu vou voltar.

    Tentando ao máximo me manter firme, mesmo com todo o frio, ele me estudou. E finalmente desviou os olhos para pensar.

    – Muito bem. Posso ceder por hora.

    – Jure.

    – Duvidando da minha palavra?

    – Não vou entregar o ouro antes de receber minha mercadoria.

    – Delrio te educou bem. – Ele suspirou e simplesmente murmurou na língua antiga, como se estivesse lendo uma carta qualquer. – Comece.

    Falei. Cada palavra parecia uma pontada com uma adaga no meu peito, atravessando e chegando às costas, mas era um mal necessário. Tudo iria acabar dando certo. Ele questionava algumas informações, mas eu ainda as dava, claras, para que ele não pudesse de forma alguma burlar seu juramento. Ao final, quando ele apenas escutava, sentia o frio menos cortante.

    – Pode ir. – Ele chamou um dos guardas e me tirou de dentro da cela, deixando apenas o grilhão do meu pescoço, ainda com um pedaço de corrente preso nele. Ia resmungar, mas ele meteu a mão na minha testa e começou a resmungar uma ladainha. Ele realmente estava cobrindo sua parte. Parecia mentira. Fiquei lá um minuto, absorvendo tudo. – Vamos, seu tempo aqui acabou.

    Corri. Ele tinha me libertado, mas assim que virei as costas ele disse a todos do palácio que tinham permissão de me capturarem se eu não estivesse longe dentro de vinte minutos. Apanhei uma tocha na parede e corri, desviando de tudo e todos, tentando me valer de memória para sair do calabouço.

     Murtagh estava parado ao meu lado, de pé, olhando a figura minúscula que se afastava ao longe, ainda correndo. Tinha que reconhecer, sua resistência era imensa. O garoto tinha a postura dura, como se estivesse segurando algo com força contra si. E estava. Seus sentimentos pela garota. Ele parecia muito conectado a ela, de uma forma ainda mais íntima do que um casal apaixonado. Não, o afeto dele era muito mais forte do que uma mera paixão. Era quase como um amor de irmão.

     – Murtagh. Por que contou a ela? – Questionei, levando a taça de vinho aos lábios e tomando um pequeno gole. Ele hesitou por um segundo. Ele sempre hesitava. Feito um ratinho encurralado.

    – Eu queria ajuda-la, senhor.

    – Tudo bem.

    – Eu não imaginava que fosse realmente deixa-la ir.

    – Não deixei. Ela só acha que sim. – Comentei, tomando mais do vinho. E lá vinha o olhar de soslaio, cheio de medo de encontrar alguma hostilidade nos meus olhos. Não tinha nada neles.

    – O que quer dizer, senhor?

    – É muito simples, Murtagh. Ela não tem mais motivos para esconder o dragão. Ela não vai mais se esconder, vai passar a ser um ícone entre os seus. – Ele escutava, calado e confuso. Sorri, tomando um grande gole agora, o sol que se punha iluminando minha taça. – Quando for buscar Nasuada, traga-a junto.

    – Claro, senhor.

    – Não vai questionar? – Sorri de lado. Ele estava apavorado.

    – Posso saber sob qual intuito?

    – Simples. Ela vai querer se tornar Eleanor. Eu preciso da minha princesa. E uma com um dragão é ainda melhor.

    – Como pode ter certeza?

    – Ela me pediu para tirar o selo de magia.

    – E dai?

    – Ela só pediu que eu me desfizesse desse. Os outros não estavam no nosso acordo. – Sorri mais uma vez, vendo a expressão apavorada de Murtagh. Chamei-o por seu nome verdadeiro e ele estremeceu. – Não ouse contar isso para ninguém. É uma ordem.

    E acabei meu vinho.


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Notas finais do capítulo

Gostaram da narrativa mudada? Bjsss



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