The Secret Weapon escrita por Pacheca


Capítulo 62
Same Old Memories


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas. A produção foi rápida pq a ideia já estava fresca na cabeça. Aproveitem ♥



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Acordei de uma vez, o ar faltando. O céu estrelado não existia mais, mas pelo menos meus membros voltaram a me responder. Levei uma mão até o pescoço, sentindo coisas familiares demais para não me preocupar. As mãos e pés pesados demais, a superfície dura, o ferro preso ao meu pescoço.

Prisão. As barras me separavam do homem sério, de expressão calma e cruel, coberto por suas vestes pretas. Ele me observava, ao que parecia, já por algum tempo.

─ Achou que eu não saberia? Que eu não estava enxergando tudo feito pelas minhas costas? ─ Não tinha mais o tom teatral na voz. Ainda ofegante, não respondi. ─ Achei que seria mais inteligente ao lidar comigo.

─ Desculpa. É isso que quer ouvir?

─ Não necessariamente. Eu entendo, para ser sincero. Eu tive minha fase rebelde. Sou compreensível o suficiente para lhe ser um bom pai e lhe libertar mais uma vez, depois que for punida.

Como se estar presa de novo não fosse o suficiente. Para ele, não era. Aquilo ia ficar bem pior.

─ O seu tempo ai depende de você. Se estiver disposta, não demorará mais que algumas horas, talvez dias. Se não…

─ O que quer de mim?

─ Só o que precisa fazer é sorrir e acenar quando seu momento chegar. Simples. Agora, se quer dizer esse exato momento…Vamos começar pelo dragão. Não contou ao seu pai que tinha um.

─ Não tenho.

─ Oh, não. Pode esconder sua mente com todas as forças, Eleanor, eu ainda estou nela. E por mais que não pense em algo ou o esqueça, sua mente ainda o guarda. Além disso, fico surpreso que tenha conseguido esconder isso.

Ele ficou de pé. Achei que me deixaria, mas simplesmente botou o espelho que ficava no quarto de frente para mim. E lá estava, com seu brilho sutil, todo o desenho que cobria meu braço, costas, partes do peito.

─ Qual o nome?

─ O que importa?

─ Quero saber sobre ele. É nosso aliado. Uma pena que não conseguiram capturá-lo com você antes de Aidan intervir.

─ Quem te disse que ele está do seu lado? ─ Tive que me arrastar até a grade, olhando ainda mais o rosto ainda calmo de Galbatorix. ─ Acabe logo com essa palhaçada de ser pai. Perdeu a chance quando me atirou no rio.

─ Não quer que eu trate das coisas assim.

─ Ah, eu quero sim. É melhor do que ficar me exaurindo com todo esse teatro de filhinha real.

─ Muito bem, Silbena. Façamos do seu jeito. Deixarei o espelho aqui. Seu selo ainda está com você, logo não se arrisque. Ou o faça, não me importa. Pode até se matar se quiser, desde que me conte o que quero saber antes.

─ Não vou falar.

─ Então será um longo tempo. Acostume-se com seu novo quarto.

E me deixou lá, acorrentada e com frio, mais pele exposta do que eu gostaria. Olhei o reflexo de novo. Meu cabelo. Ele o cortara. Estava curto como o de um dos soldados, cheio de falhas e buracos. A boca rachada, os olhos cansados e assustados. Sejamos francos, eu sabia o que estava por vir. Nada agradável.

Ele começou a me enfrentar por tentar me expor e mudar partes de mim. Humilhação, era sua punição original. Olhei os braços, cicatrizes agora cobertas por marcas brilhantes.

─ Bom, se vai morrer, que morra com todos os seus segredos.

Usei as barras como auxílio para ficar de pé, sentindo o ardor no peito dos pés. Eles devem ter me arrastado até ali, pois a pele estava avermelhada e arranhada. Fui para o fundo da cela, apenas desejando que tudo não passasse de um sonho ruim.

Meu estômago urrou mais uma vez. Faminta. Eu certamente já deveria ter comido algo, mas nem sequer água me trouxeram. Lamparinas passavam de vez em quando pela grade, iluminando meu corpo e me deixando ver mais no espelho.

Eu não estaria muito reconhecível se achassem meu corpo caído no rio. Desviei a atenção, ouvindo as botas de guardas e lamúrias de outros presos. Com o corpo dolorido e morta de fome, decidi matar meu tempo, dormindo.

─ Jantar, princesa. ─ Pisquei, o prato já dentro da cela. O guarda acabava de guardar a chave em seu bolso. ─ Bela roupa.

A risada debochada e finalmente silêncio de novo. Jantar. Era noite. Quanto tempo tinha ficado apagada? Sem se preocuparem, os guardas poderiam ter feito o retorno em algumas horas, mas tinham se ferido. Então, talvez um dia inteiro. Mas ali, já não sabia.

Frustrada, simplesmente fui até meu prato de comida. Pão, queijo, água e algumas frutinhas. Não era muito, mas era melhor que nada. Comi, quase como um animal, mas ainda assim querendo fazer tudo durar tanto quanto possível.

Lembrei-me enquanto comia, da minha última vez como prisioneira. Tornac viera me consolar, passar tempo comigo e conversar, até mesmo se arriscando para me deixar fugir. Ele e Aidan. Nenhum dos dois poderia me ajudar agora.

─ Já acabou? ─ O mesmo guarda voltou, a lanterna suspensa pela mão enluvada. Larguei o prato no chão, sentindo os grilhões que me prendiam. Ele entrou na cela, sem o menor medo ou receio e apanhou o prato, me trancando de novo.

Eu não tinha como enfrentar um castelo inteiro. Não adiantaria fugir das correntes e da cela, para ser parada em poucos passos. Encolhi os joelhos e os abracei perto do meu peito, desanimada.

Despertei, o bater metálico na grade. Galbatorix voltara. E ao seu lado, o Cavaleiro de Dragão. Murtagh estava sério, mal respirava. Parecia que cada cena ali seria idêntica a uma já existente.

─ Bom dia, Silbena. Espero que esteja pronta para nossa manhã. Vamos começar falando sobre Delrio.

Resmunguei, ainda meio sonolenta. Murtagh aproveitou a lerdeza para entrar na cela, sob as ordens do Imperador, e encostou a ponta de sua espada por cima do pano de linho fino que me cobria, bem nas costelas.

─ Delrio está com os Varden, sim? Toda sua tripulação.

─ Não sei. ─ Resmunguei, ouvindo Murtagh fechar a cara. E, com uma hesitação brevíssima, murmurou algo. Foi como ter o corpo inteiro atingido por um raio. Arfei, me encolhendo. A ponta da espada não me abandonava.

─ Não faça isso difícil, Silbena.

─ Não posso.

─ Então é um sim?

─ Não sei. ─ Outro choque forte. Meus braços pareciam se contrair sozinhos.

─ Pois bem. Vamos ao assunto principal. Seu dragão. Ele é diferente, não é?

─ O que? ─ Mais um.

─ Vamos, nós todos temos mais o que fazer. Já chegou a descobrir sua raça?

─ Eu não sei nada disso. ─ Mais forte. Ele ia me matar naquele ritmo. Fechei os olhos, respirando por um segundo. Evitei ao máximo olhar para Murtagh. Queria ter a esperança de que estava sendo difícil para ele também.

─ Você é muito resistente, sou obrigado a reconhecer. De toda forma, não sou de desistir. Eu posso ajudar você e seu dragão, Silbena. Só precisa me contar a história.

─ Não acho que um dragão gostaria da ajuda. Não de você, pelo menos.

─ Você saberia?

─ Já ouvi relatos. ─ Dei de ombros.

Ele olhou uma última vez para Murtagh, sem perder a pose e se retirou. A espada só me abandonou depois de um último choque. O suficiente para me deixar deitada no chão, encolhida e choramingando de dor.


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Notas finais do capítulo

Até mais amigos :3



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