Relatos e convívios de uma nação morta escrita por willian guerreiro


Capítulo 9
Capítulo 9 Visões


Notas iniciais do capítulo

A mais longa até agora...confiram.



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Visões

            Cyce foi coroado rei bem jovem, logo teve que assumir responsabilidades e não frequentou a zona Alfa, afinal tinha um reino para tomar de conta. Consequentemente Cyce não teve uma vida social ampla, não tinha amigos, não tinha nem seus pais(seus únicos parentes), era um garoto que segurava as rédeas de uma nação inteira.

            O dia no palácio não era muito tumultuado, seus deveres estavam resumidos em mandar, desmandar e guardar o resto do tempo para nada.

            Certo dia, Cyce tinha feito todas as obrigações enquanto rei e dispunha de tempo o suficiente para fazer o que quisesse, foi quando se deu conta de que não conhecia o palácio completamente, não pensou, foi direto para a sala do trono.

            O lugar estava vazio, era como uma igreja, mas ao invés de mármore, era ouro, ao invés de vitrais eram janelas de cristal, um grande tapete que parecia ser feito de veludo bordado com fios de seda, vermelho, tingido com a essência de uma flor do deserto, a víbora de sangue.

            Ele foi caminhando em direção ao trono, era grande e de base piramidal, nele estavam esculpidas figuras de combates enfrentados pelos reis da dinastia, o objeto todo tinha o formato de um urso, no apoio das mãos eram as patas, e no ponto mais alto a cabeça do animal. Estava finalizando a tarde e no ponto em que o sol estava “baixando”, a iluminação espelhava nos vitrais e se juntavam em um único ponto. Cyce viu que o ponto de encontro dos raios solares se localizava a poucos metros do trono, algo por debaixo do tapete.

            O jovem rei deu-se ao trabalho de retirar o tecido, descobrindo gravuras no chão feitas de forma rudimentar, estavam apagadas, mas o ponto da luz apontava para algo que parecia o palácio no desenho. Logo pensou que precisava de algo para rebatê-la, não soube por que fizera aquilo, mas sentiu-se motivado a fazer.

            Pôs a coroa bem na direção da luz e a mesma refletiu-se na “pata do urso” no trono, Cyce encaminhou-se para lá e pôs a mão junto a luz, ouviu o ranger de engrenagens e viu que o trono se movia, estava sendo guiado para um outro cômodo através da parede.

            Era simplesmente de outro mundo, construções brilhavam com uma luz azul, mas não era fogo, não era tinta, era algo criado e artificial, paredes de vidro e um espaço gigantesco. Cyce viu ao fundo uma base, e nela o formato de uma mão humana. A cadeira parou de se mexer, ele se levantou e encaminhou-se para lá, ficou de pé na base daquilo e sentiu-se atraído a colocar a mão, estava curioso e cheio de poder por presenciar aquilo.

            Ele fez, ajustou sua mão no “dispositivo” e antes que pensasse que nada havia acontecido não conseguia tirá-la, ele tentou de todas as formas até que sentiu uma energia forte que passou pela sua mão e que sentiu em todo o corpo; o ambiente ao seu redor estava mudando, estava se fragmentando até que se viu em um lugar escuro e bem a sua frente uma coisa gigantesca, parecia azul e arredondada, de repente estava indo para lá e viu que estava na terra, mas era diferente, não via pessoas, via animais diferentes, via muita natureza e campos de flores e frutos, até que viu duas pessoas correndo neste campo, desesperadas, estavam fugindo atordoados, atrás deles Cyce não conseguia ver nada, absolutamente nada, até o momento em que saíram desse lugar e Cyce agora estava dentro de uma caverna, viu pessoas comendo um animal queimado na fogueira, eram selvagens.

            A paisagem mudou, estava em seu tempo e viu a construção de uma cidade, uma cidade muito grande rodeada por um muro gigantesco, era Thai no período de sua construção, Cyce fou encaminhado para a base do palácio, viu um homem e na sua mão um objeto de metal brilhante, uma adaga, provavelmente este era o fundador de Thai, seu antepassado.

            Estava mais a frente, viu a queda de Thai, viu os céus se abrindo e dele viu fogos e rochas, viu pessoas gritando, viu também dois homens e uma mulher liderando o que seria a tomada de Thai, um deles tinha a mesma adaga na mão e parecia ter muito poder.

            Viu um homem sob o comando de Thai, já reconstruída, ele não parecia contente mas a população estava, este homem não era Cyce.

            Viu a morte desse rei, viu sua rainha o apunhalando.

            Viu a desgraça, a segunda devastação de seu império, viu o deserto sendo expulso do horizonte, viu um oceano invadindo a cidade, viu desastres de todos os tipos, viu a cidade rachando ao meio e viu luzes no céu, viu uma mulher de olhos verdes no topo do palácio, chorando com uma criança no colo.

            Cyce já não aguentava o que via, queria parar, mas não conseguia, viu algo diferente, viu palácios de pedra, planejados de forma vertical, viu máquinas que transportavam pessoas e ficou maravilhado, viu pessoas debruçadas diante de uma máquina que reproduzia imagens, viu máquinas do céu, da terra e do ar, viu que quase não existia natureza, viu um império diferente do seu, não era comandado por um único rei, eram vários, e estes não ostentavam riqueza visível.

            Viu modernidade e se maravilhou, viu tantas e tantas coisas que não soube discernir o que via, até que as visões cessaram e ele estava em um quarto branco, uma dama de olhos dourados o encarava e disse:

-Está na hora de voltar jovem rei.

            Cyce estava caído no chão quando acordou, sua mão direita ardia e nela a marca de um triângulo com um olho no centro. Por um momento se espantou, mas o seu sangue real clamava por poder, e o que vira foi a demonstração daquilo, voltou para a cadeira do trono, pôs sua mão sobre a pata do urso e em poucos segundos estava na sala real.


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