Trancada em um castelo. Literalmente passei minha vida inteira trancada em um castelo desde, bem, desde que eu me lembro.

Sem poder sentir a luz do sol tocando minha pele, ou apreciando o cheiro das flores, vendo o que o mundo tem para oferecer, ou pelo menos até onde as grades do castelo permitiam que eu fosse.

Desde pequena fui criada por Petúnia como se fosse uma empregada qualquer, e não sua irmã de sangue.

Meus pais? Desaparecidos, ao menos é isso o que Petúnia sempre se permitiu me contar. Por que eu passei a vida trancada em um castelo? Por que segundo Petúnia eu sou uma anormal e se saísse do castelo, seria massacrada pelos moradores do pequeno reino de Hogsmead.

Quando não tinha mais tarefas domésticas para fazer, ficava sentada no parapeito da janela do meu pequeno quarto imaginando se algum dia eu poderia me aventurar fora das paredes de pedra do castelo, olhando o céu azulado, e as nuvens com seus diversos formatos.

Vez ou outra eu fazia algumas coisas anormais. Certa vez consegui fazer com que um lindo lírio se projetasse em minhas mãos, e quando eu era menor e estava passando o meu tempo livre no balanço dos jardins, me balancei tão alto que até hoje eu me pergunto como as correntes aguentaram.

Mas Petúnia me proibiu, me proibiu de fazer qualquer anormalidade enquanto eu vivesse embaixo de seu teto, ou seja, para sempre.

Estaria sempre solitária, esperando por algum milagre, esperando que eu pudesse ao menos uma vez na vida sair daquela prisão na qual eu vivia.