Ajuda-me a Viver escrita por Vitoria Bastos


Capítulo 8
Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Hey minhas gostosas!
Capitulo que acabou de sair do forno.
Conversamos lá embaixo ...



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Estávamos na praia. O céu estava tão lindo, eu nunca tinha visto algo igual. Andávamos pela areia de mãos dadas, como sempre costumávamos fazer. É óbvio que eu tinha consciência que estava sonhando, não só pelo fato de que a pessoa que estava segurando a minha mão era o Mike, mas também porque já tinha visto aquela cena.

Foi no dia que ele me levou para passar o fim de semana na casa de praia da família dele. Aquele dia foi tão perfeito, tão lindo. Eu estava com a sua camisa branca e um short e ele só de bermuda com o cabelo todo bagunçado. E estava tocando música clássica. Mas desta parte não lembrava. Não me lembro de estar tocando música em plena praia. E sons fortes de coisas caindo no chão. Não me lembrava disso no dia...

Foi então que senti alguém puxar o meu braço.

– Filha acorda. Acorda bailarina. – conhecia muito bem aquela voz, mas queria muito estar enganada.

Abrir os olhos e vi a minha mãe me encarando.

– Essa não é uma das melhores formas de acordar uma pessoa – falei sentando na cama, meio grogue.

Sinceramente não queria ver Renée agora, não depois do sonho que tive e depois do que ela me falou. Já sabia que essa visita dela não seria melhor do que as outras.

– Achei que você ia querer saber que o médico te deu alta. – falou ela, diminuindo o som. Estava explicado da onde estava vindo a música.

– Você colocou música clássica alta, enquanto eu estava dormindo? – falei meio irritada.

– Foi. É um dos seus cds prediletos – Renée falou me mostrando a capa de um dos cds de *Andrea Bocelli. – Então, gostou da notícia? Vamos para casa!

– É, eu... – ela não me deixou falar e foi terminar de arrumar a minha mala.

– Amanhã é a apresentação. Eu sei que você não vai poder se apresentar – ela fez uma cara de deboche e continuou – Eu não consigo entender porque esses médicos exageram tanto. Mas tudo bem, você não se apresenta amanhã, mais semana que vem volta aos ensaios e na próxima apresentação estará novinha em folha.

E Renée continuou falando dessa nova fase, que eu ia superar, que eu ia voltar melhor que antes e... Eu não podia suportar isso. Não novamente. Há vinte anos minha mãe controla a minha vida, mas não podia continuar assim. É óbvio que eu queria voltar à dança, mas tinha plena consciência de que não podia agora.

Não só fisicamente, mas psicologicamente. Será que Renée não entendeu que preciso fazer fisioterapia? E que tive um acidente de carro, perdi meu noivo e estou de luto? Não, ela entendia isso, nunca vai entender. Será que um dia falaremos a mesma língua? Infelizmente sabia muito bem a resposta. Não. Ela não me entendia e aconteça o que acontecer, Renée sempre vai continuar a mesma.

– Mãe – a chamei, mas ela não ouviu. Continuou falando e colocando as minhas roupas na mala. – Mãe. Mãe? – gritei, para ver se ela conseguia me ouvir.

– Isabella, nossa, porque o grito? – ela falou com cara de inocente.

– Eu não posso fazer isso. – tinha que ser forte e enfrentar a minha mãe. Ela tinha que ouvir.

– O que você não pode Isabella? – falou ela virando-se para mim e fazendo uma cara não muito boa.

– Não posso voltar a dançar, não posso voltar a minha rotina normal. Preciso fazer fisioterapia. – falei com a maior calma do mundo. Sabia que isso seria uma missão impossível, então teria que começar com muita, muita calma.

– Isabella, querida, entenda: você não vai ser nem a primeira nem a última bailarina a sofrer uma lesão e todas continuam a sua rotina. – ela falou dando um sorrisinho que me dava medo, mas eu precisava deixar os meus medos de lado para enfrentar a minha mãe.

– Acontece mãe, que eu não tive só uma lesão – falei – Eu quase morri. Tive um trauma que talvez eu leve a minha vida toda para superar. Você não entende isso? Mãe olha pra mim – tentei puxar o braço dela e olhar nos seus olhos.

– Isabella, eu sei disso. – falou ela calma e até certo momento achei que ela entendia – Mas quem morreu foi o Mike e não você. Você não pode parar a sua vida por causa dele. Você tem que voltar a dançar... Sair com os outros homens.

Ás vezes acho que a minha mãe só ouvi as coisas que ela acha interessante para ela. É obvio que eu não poderia passar na frente dos médicos e simplesmente voltar a dançar, eu acabaria ficando com uma lesão ainda pior. E é claro que eu não sairia com outros homens. Talvez no futuro, mas não agora. Não sei se algum dia poderei amar outra pessoa como amei o Mike.

– Mãe, entenda uma coisa. Eu vou seguir em frente, mais preciso respirar. Não vou sair com outros homens. O Mike morreu há pouco tempo, estou de luto. Estou acabada por dentro... – e as palavras faltaram neste momento, tudo que eu queria era que a minha mãe me entendesse, ou que simplesmente agisse como qualquer pessoa normal.

– Isabella, luto para mim é coisa de pessoas fracas. Pessoas fortes levantam a cabeça e seguem em frente – ela falou com uma expressão dura no rosto.

Não podia dizer que Renée estava errada. Não na parte do luto, porque acho que nas circunstâncias que me encontro, o luto é a única coisa a que tenho direito. Mas sim na parte de que luto é coisa de pessoas fracas. Eu era uma pessoa fraca? Sim, eu era. Nunca lutei por nada. No primeiro obstáculo que aparecia, eu recuava, deixava ele me vencer. A única coisa na qual sempre fui boa foi dançar, fora isso sempre fui uma fraca.

Para quem via de longe, eu poderia parecer durona por aparentar não me importar com nada e não chorar por coisa bestas. E não agradecer. Nunca agradeci por nada, mesmo as coisas boas que sempre aconteceram comigo. E sim, eu reclamava apesar de sempre saber que existiam pessoas passando por coisas bem piores na vida. Mas por dentro? Sempre fui uma fraca e minha mãe sabia perfeitamente disso.

– Não vou fazer o que você quer mãe. – falei chorando – Só vou voltar a dançar quando o meu médico permitir.

–Isabella, como você pode dizer isso? Você vai dançar sim, já conversei com o fisioterapeuta amigo meu e ele disse que começando devagar você pode voltar. – ela falou subindo a voz.

–Não, eu não confio nesse médico. Desculpa te decepcionar. – essa conversa estava me fazendo muito mal, mas tinha que termina-lá, se não poderia me arrepender por toda a vida.

– Você vai sim, Isabella. Você é a minha filha e deve me obedecer.

– Claro mãe, eu devo te obedecer, mas até onde concordo. Já sou adulta e posso tomar as minhas próprias decisões. – falei tentando manter a voz firme, tentando transparecer confiança.

– Não, você mora no mesmo teto que eu. Então vai me obedecer sim.

– Não seja por isso, não moro mais na sua casa. – falei e vi à surpresa no seu olhar.

Apesar de sempre ter tido condições suficientes de morar sozinha e ter uma vida confortável, sempre morei com a minha mãe. O por quê disso sempre foi à facilidade, a casa ficava perto da escola de dança, era grande o suficiente...

– Ah claro e onde você vai morar? – ela falou com um sorriso cínico. É claro que a minha mãe iria subestimar a minha capacidade de morar sozinha.

– Não sei, mas não vou morar com você.

– Isabella, você não sabe fazer nada. Não sabe cozinhar, lavar, arrumar uma casa. Você nem sabe cuidar de você sozinha. – estas últimas palavras foram cuspidas de uma forma tão grosseira que me atingiu em cheio.

– Eu vou dar um jeito. – falei secando as lágrimas e olhando para ela.

– Isabela, um dia você vai se arrepender de tudo que está jogando fora – Renée se virou para pegar a sua bolsa – E espero que dê tudo errado na sua vida e que você sinta tudo que eu senti quando tive que parar de dançar. – assim ela bateu a porta e saiu.

Acho que já deveria ter me acostumado com todas as ameaças dela, chantagens e pressões psicológicas. A minha vida toda vivi assim, sendo controlada por ela, tentando completar os passos que ela não pode dar. Mas eu sei por que ainda fico surpresa. Por mais que eu conheça a minha mãe como ninguém e saiba que tudo isso não é mais que novidade, eu esperava mais... Esperava mais carinho, atenção e afeto. Mais conselho, mais conversa de mãe e filha, mais carinho de mãe. Esperava tudo aquilo que não tive dela e sei que nunca vou ter.

Mas agora precisava voltar para a realidade. Aonde iria morar? Tenho condições suficientes para comprar um apartamento, mas no momento precisava de um lugar, de alguém que cuidasse de mim... De repente, encontrei a minha salvação e resolvi ligar para a única pessoa que se importava comigo.

– Alô? – ouvi a voz da minha amiga.

– Alice minha amiga, que bom que você atendeu. – estava tão feliz de ouvir a voz dela.

– Belinha minha linda, de que numero é esse que você está ligando? Não me lembro de ter deixado um celular com você... – ela perguntou confusa.

– Não é celular Alice, é o número daqui do hospital – como Alice ás vezes é devagar para entender as coisas.

– Ah claro, no seu quarto tem telefone... – ela falou meio que rindo – Aconteceu alguma coisa?

– Aconteceu. Eu vou ter alta hoje. – falei fazendo uma pausa.

– Sério? Que bom. – ela falou gritando do outro lado da linha.

– É Alice, mas tem uma coisa – fui direto ao assunto – Eu não tenho onde ficar, será que eu poderia ficar na sua... – Alice nem me deixou terminar de falar.

– Na minha casa? É claro que pode Belinha, não precisa nem pedir. – ela falou toda animada – Nós vamos fazer muitas bagunças juntas, podemos assistir um filme hoje... – a interrompi. Ninguém segura Alice quando está animada com algo.

– Esta bom Alice, depois nós vemos isso. Tem outra coisa que eu preciso te pedir – essa eu tinha que ir com calma. Respirei fundo e falei – Eu preciso de todas as minhas coisas que estão na casa da minha mãe...

– Como assim Belinha, todas as coisas? Então você está saindo da casa da sua mãe, literalmente? – quando a Alice falou, aparentou tanta surpresa que achei que ela ia desistir de me deixar ficar na casa dela.

– É Alice, preciso sair de lá. Mas se eu não puder ficar na sua casa... – e novamente ela não me deixou terminar de falar.

– Até que enfim Belinha, achei que você ia ficar a vida toda morando com aquela Naja – ela falou rindo – Já estava na hora de se juntar a mim, não acha?

– Estava Alice. – ela como sempre fazendo festa em tudo que eu falava. – Mas e as minhas coisas? Eu não tenho condição de enfrentar minha mãe novamente.

– Sem problemas, eu vou pegar. – assentiu ela – Mas se eu for pegar suas coisas, quem irá te buscar para te levar para meu apartamento? – falou ela com duvidas

– Eu não sei talvez a... – e pela terceira vez Alice me interrompeu.

– Já sei. Eu vou buscar suas coisas e o Jasper vai te buscar.

– Não sei Alice, não quero incomodar o Jasper. – Jasper era como se fosse um irmão para mim, mas eu não queria incomodar.

– Deixa de besteiras Bella. Ele vai te buscar, nos encontramos no meu apartamento e almoçamos juntas.

– Esta bem, Alice. Obrigada – não tinha como agradecer o que a Alice estava fazendo, ela sim se importava comigo.

– Por nada, até daqui a pouco. Beijos

– Até. Beijos

Levantei da cama e resolvi encontrar algo confortável e prático para vestir. Nada com muito brilho, babado ou coisas do gênero que Alice tinha trazido para mim. Olhei-me no espelho e vi as olheiras profundas das ultimas noites que passei em claro. Vi também a marca do meu choro de hoje, o resultado do que minha mãe fez. Novamente.

Procurei por um kit de maquiagem que tivesse algo para poder esconder essas marcas. Não queria que ninguém soubesse que eu estava chorando. Por mais fraca que eu seja, não quero que ninguém perceba a minha fraqueza. Quando finalmente consegui a achar o kit, ouvi alguém entrando. A pessoa educada não teve nem a consideração de bater.

– Bom dia Isabella – era a voz do meu fisioterapeuta.

– Bom dia – falei tentando manter a voz estável, coisa que não obtive muito sucesso.

– Está tudo bem? Você parece que estava chorando? – Edward falou olhando para mim.

– Não, está tudo bem.

– Vi sua mãe saindo daqui e percebi que ela estava um pouco nervosa – ele falou com um ar de preocupação.

– Já disse que eu estou bem – falei irritada – Não consigo entender por que você vive se intrometendo na minha vida.

– E eu não consigo entender o por quê dessa arrogância toda. Você ainda acha que tem alguém que se preocupa com você!

– Não pedi para você se preocupar comigo – falei – Nem você e nem ninguém – era muita ousadia da parte dele se meter assim na minha vida e ainda me falar essas coisas.

– Mas eu me preocupo Isabella, por que as pessoas costumam se preocupar com as outras. – ele falou chegando mais perto de mim – Deve ser um pouco difícil para você entender isso, já que provavelmente você nunca deve ter se preocupado com ninguém.

Não estava acreditando que Edward estava tendo a audácia de falar assim comigo. Como ele ousa? Apesar do que ele falou não era uma mentira, nunca me preocupei com ninguém. Mas ele não podia falar assim comigo, não ele.

– Você não tem o direito de... – e quando estava falando ouvi alguém batendo na porta.

– Desculpa interromper. Bom dia Bella. – era o Jasper. Foi bom ele ter chegado, só assim para esse médico chato sair daqui.

– Oi Jazz, quanto tempo. – ele veio na minha direção e me abraçou.

– Oi Edward, tudo bem? – então eles se conheciam. Era só o que me faltava.

– Tudo ótimo, precisamos marcar um dia desses para colocar o papo em dia. – Edward falou e os dois pareciam bastantes amigos.

– Claro, vamos sim. – Jasper falou dando um sorriso.

– Bom Isabella, já assinei a sua alta. Aqui está uma lista de coisas que você deve e não deve fazer – ele falou me entregando um papel e dando um sorriso torto. Fechei a cara para ele, não queria nem um pouco de intimidade com esse chato. – Lembrando que nada de peso, salto alto, corrida e nada que seja exaustivo. Pelo menos só até terminar a fisioterapia.

– Mais alguma coisa?

– As nossas próximas sessões de fisioterapia não serão aqui e sim em um centro de fisioterapia. Aqui está o endereço. – Edward me entregou outro papel – Então é isso. Até breve Isabella.

Não fiz esforço algum para responder e enfim ele saiu.

– O que foi isso? – Jasper perguntou sentando na poltrona – Você não vai muito com a cara dele, não é? – ele falou rindo.

– Não. Ele é muito intrometido. – falei indo me sentar perto dele – Vocês se conhecem de onde?

– Nós estudamos na mesma faculdade e desde muito tempo ficamos amigos.

– Engraçado, Alice não me falou nada.

– Ela não o conhece pessoalmente. Digamos que Edward é um pouco antissocial. – Jasper falou meio sério. – Como você está querida?

– Bem, estou a cada dia melhor. – claro que isso era uma grande mentira, mas o Jazz não me conhecia tão bem como Alice, então eu podia mentir para ele.

– Que ótimo, sinto muito por tudo que aconteceu – ele falou me abraçando.

– Eu também. Vamos? Não aguento ficar mais um minuto nesse hospital.

– Claro. – Jasper falou pegando as minhas malas.

Assim que saímos do quarto, tive que andar de cadeira de rodas. Apesar de puder caminhar perfeitamente, o médico achou melhor ir até o carro desse jeito. E depois irei usar uma muleta e só com a fisioterapia iriamos ver o que seria de mim. E assim fomos em direção à casa da Alice e a minha nova vida.

Continua...

*Andrea Bocelli – é um tenor, compositor e produtor musical italiano. Bocelli gravou quatro óperas completas, além de vários álbuns clássicos e populares.


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Notas finais do capítulo

Minhas gostosas, o cap. foi maior né? e de agora em diante será sempre assim.
Vim compartilhar coisas boas com vocês. A nossa fic linda e maravilhosa está concorrendo a fanfic do mês em dois blogs. Pensem como estou mega feliz?
O primeiro blog é o Sunrise fanfics, link abaixo para votar:
http://sunrisefanfics.blogspot.com.br/
Estamos ganhando, mas a disputa está dificil, porque tem outras fics maravilhosas!
E o segundo é Nossas Fanfic's, link abaixo para votar:
http://nossas-fanfics.blogspot.com.br
Estamos perdendo feio rsrs, mas não vamos perder a esperança.
Espero contar com vocês, porque se ganharmos teremos prêmios como ; trailer, capa, divulgação ... enfim.
Conto com vocês! Minhas leitoras que sempre comentam e também as fantasminhas! hihi vamos votar galera?
Não esqueça o seu comentário, please!
* Roupa da Bella : http://www.polyvore.com/hospital_cap.7/set?id=72767880