The Paths Of A Rain Woman escrita por Ling


Capítulo 20
Colorless


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Faz um bom tempo. Eu gostaria de deixar justificativas, mas acredito já ter comentado nos capítulos anteriores (sem contar que não tenho muito tempo até que minha mãe me pegue teclando freneticamente e declare que é hora de dormir).

Esse não é o capítulo "oficial" de reações da F.T.

É mais focado no Gray. Não saiu como eu esperava e a primeira parte foi escrita num momento de stress (minha capacidade em julgar o que escrevo é horrível, por isso seria de grande ajuda se alguém dissesse como está), mas, ainda assim, resolvi postar.

Caso queiram algum capítulo baseado em algo com relação à Fairy Tail é só dizer.

Boa leitura.

Espero que gostem!



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Um copo de vidro preenchido pelo familiar líquido matizado foi posto diante de seus olhos, causando leves estrondos ao encontrar a superfície áspera do balcão e retirando-a de seu devaneio.

A loira ergueu o olhar, contando com o amparo da balconista que todos os dias tentava obrigá-la a tomar uma terrível vitamina; mas não encontrou muito além do salão — ofuscado pela presença das nuvens negras permeando o horizonte — e uma guilda desprovida, mesmo de vestígios, da emoção que já houvera ali um dia.

Lucy não sabia quanto tempo fazia desde a última vez que vira alguém sorrir.

Semanas? Meses?

Mais lhe pareciam anos. Um terrível aglomerado de dias, agrupando-se em algo maior, arrastando-se com malícia e de forma vagarosa, se espreitando por cantos obscuros de suas memória e sempre trazendo a tragédia à tona, impedindo-os de esquecer.

Era como um ciclo interminável.

Sempre que a esperança ressurgia, era questão de tempo até tudo voltar ao chão.

Estavam presos por sua próprias dúvidas. Relutavam para aceitar sua morte; mas ao mesmo tempo pareciam incapazes de prová-la contrária.

A princesa baixou a cabeça e voltou a encarar o vidro, dessa vez lutando contra as lágrimas que candidamente acreditou ter dominado, abafando os soluços que se projetavam para fora de sua boca.

Depois de analisar os arredores e certificar de não ter sido vista, abandonou o copo e atravessou o salão em silêncio, desejando evitar um futuro flagra.

Quando passou pelo portão, seu rosto rubro foi embebido pelo líquido de antes. Voltou a provar do salgado sabor das lágrimas, parcialmente satisfeita pela liberdade adquirida — sentindo a tontura capturá-la e causar um leve embaço na visão.

A garota se encontrou quase sem forças para continuar a andar.

Seus joelhos cederam e ela esperou pelo impacto iminente.

Talvez devesse ter sido obediente e se alimentado direito, ela pensou. Pôde ouvir a voz baixa de Mirajane ecoar quase como um mantra, repetindo o mesmo discurso num eterno e bem conhecido monólogo.

Em perfeita sincronia, um forte par de braços enrolou-se ao redor de seu corpo, impedindo que ela caísse e, ao invés do chão, Lucy encontrou-se pressionada contra aquele que desde o início desejara a seu lado.

Aconchegou o rosto contra o peito de Natsu e aproveitou-se de seu calor, prendendo o cachecol subitamente entre os dedos.

Não precisava se segurar mais.

Não enquanto estivesse ao lado dele.

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Logo quando ouviu as insistentes batidas em sua porta, seriamente considerou ignorá-las.

Conseguiu se manter em negação por exatas duas horas — nas quais, surpreendentemente as batidas se recusaram a ceder. De sua poltrona reclinável, prestou um único olhar à porta.

Levou algum tempo para estabilizar a voz e engolir por completo a saliva, mas não mediu esforços em falsificar sua indignação.

— Vai embora! — Gray Fullbuster berrou, soltando a bituca gasta sobre uma enorme pilha que rondava o estofado.

— G-gray! Abre a p-porta... precisamos estar juntos— ouviu o choramingo abafado de sua companheira, já acendendo um novo cigarro — M-mesmo que esteja doendo... p-precisamos continuar todos juntos! — sua voz, repleta de embargo, preencheu o vazio da sala de estar.

O rosto dele se contorceu, tomando forma terrível que estivera evitando até Lucy bater sua porta. Os soluços se arrastaram, sempre baixos, e ele levou a mão à boca para tentar contê-los, o cigarro quase escorrendo por entre os dedos soltos.

— G-gray... por favor...

Foi tanto uma frustração como alívio sua incapacidade de chorar. Talvez suas lágrimas estivessem secas — provavelmente haviam sido gastas nos últimos três meses, ou mesmo naquela manhã.

Fechou os olhos e revirou sua mente à procura das lembranças do dia que aprendera a odiar, o corpo trêmulo e as mãos cerradas em punhos revoltosos, sua teoria de lágrimas secas sendo imediatamente banida.

Sua primeira reação havia sido choque.

Levou tempo para absorver a informação. Foi necessário ainda mais tempo para se convencer de que tudo era real. E quando o pensamente finalmente se concretizou, o que antes era negação se condensou em pura e absoluta dor.

Desde então, passou seus dias evitando contanto e recusando qualquer tipo de proximidade. Tentou fingir sentir tanto quanto os outros, tentou manter a postura indiferente; mas foi impossível. Afinal, sua dor era ainda maior que a deles.

Talvez fosse culpa o que o mantinha isolado.

Talvez fosse orgulho.

Talvez fosse apenas seu subconsciente tentando castigá-lo da forma mais cruel que conseguiu encontrar, como naturalmente fazia.

Talvez, fosse outra coisa.

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— Gray, desgraçado! Abre a porta!

Em frente à uma modesta porta de mogno, que muitos dos recém chegados juravam nunca ter visto ser aberta, um pequeno aglomerado de magos estava reunido.

A loira mantinha a cabeça baixa, os cotovelos apoiados contra a mureta e as mãos sustentando-lhe a cabeça, já havia desistido de convencer Gray a deixar o apartamento — isso é, naquele dia.

Obviamente, voltariam no dia seguinte.

E, provavelmente, ainda estariam lá durante o mês que estava para chegar.

— Maldito, abre! Abre, Gray! Cuecão gelado! Princesa de gelo! — Natsu cuspiu, batendo os punhos contra a porta repetidamente — Picolé! Stripper desagraçado! Graaaaaayy — vociferou , sua voz mais parecendo um rugido entrecortado enquanto ele chutava, socava e cabeceava o bloco de madeira.

A menina, encolhida no degrau da escada, apertou sua gata com um pouco mais de força, ouvindo aos gritos incessantes de Natsu — que não parecia disposto a ceder dessa vez.

Haviam feito isso pelos últimos três meses. Lucy, Wendy, Natsu, Happy e Carla haviam estado lá, dias pós dia, tentando convencê-lo a deixar o cômodo abafado e, ao menos tentar, seguir em frente.

De todas as vezes, Wendy se lembrava de quatro principais respostas — que, na verdade, não passavam da mesma mensagem, ocasionalmente reformulada e dita com palavras diferentes.

— Graaaaaaaaaayyyy!

O som de colisão se tornou mais frequente.

— Grayyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyy, não vamos sair até você abrir!

Salamander rosnou, aumentando a distância entre ele e a maldita madeira que estivera em seu caminho por tanto tempo. Flexionou os joelhos e fixou o olhar no alvo, pronto para levá-lo ao chão.

Por três meses esperou que Gray tomasse coragem para viver novamente.

Não esperaria mais. Nos próximos segundos estaria dentro da casa, com a porta por debaixo do braço enquanto tentava trazer a sanidade até ele, gritando pedaços desconexos das sentenças que reunira durante todo aquele tempo — Gray provavelmente não entenderia, mas o arrastaria para fora do quarto de qualquer maneira.

Seus pés empurraram o chão, guiando-o em alto velocidade até sua vítima.

Ignorando os protestos incoerentes de Lucy, Wendy e Carla— todas falando ao mesmo tempo—, arqueou o cotovelo e seu punho se preparou para acertar em cheio o mogno rachado, chamas brandas envolvendo-o.

No último momento, a porta se abriu.

Quando se deu conta, seu punho em chamas havia repousado no estômago de Gray, imediatamente levando-o ao chão.


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Notas finais do capítulo

E... então?

Hum... vocês ainda se interessam pela fic?

Gostaram do capítulo?

Algo que queiram ver, opniões, sugestões, dicas ou qualquer coisa que queira dizer?

Comentários são sempre bem-vindos ^^

Até o próximo o/