Quando voltaram ao apartamento a mãe da menina já havia chegado e estava andando de um lado para o outro, preocupada com os dois.

– Mas onde é que vocês se meteram?! - A mulher gritou correndo em direção aos dois e os abraçando.

– Estávamos fazendo a matrícula para o colégio... - O pai da garota disse tenso, com um certo olhar para a mãe.

– Nós já f... Quando aconteceu? - A mãe ficou séria de uma hora para outra, já se preocupando novamente.

– Foi hoje de manhã, á pouco tempo. - O pai disse sério e então todos se sentaram nos sofás.

– Mãe... Eu acho que sei do que estão falando. - A garota disse sorrindo.

Ela abaixou uma parte do roupão a mostrou as asas novamente.

– Elas cresceram ainda mais... - O pai disse as observando.

– Um anjo?! Desde de quando nossa família pode receber um anjo?! - A mulher falou irritada.

– Calma querida... - O homem disse a abraçando.

A menina se assustou e saiu correndo da sala, se trancando em seu quarto no andar de cima.

– Não devemos forçá-la a nada... - A mulher disse segurando o braço de seu marido, o impedindo de seguir a menina.

A garota correu para os espelhos de seu banheiro e ficou olhando suas asas.

– Olha em que encrenca você foi se meter Louise... - A menina, denominada Louise por si mesma, falou.

Ela ficou acariciando as asas e elas pareciam ter vida própria.

– Vocês são tão legais... Por que meus pais odeiam vocês? - Ela disse conversando com as asas que começaram a bater desesperadamente.

*Toc Toc*

Louise ouviu o barulho de alguém batendo na porta.

– Querida... As aulas começam hoje. Já comece á se arrumar que o ônibus passará aqui logo, logo. - O pai da garota disse e logo o quarto se silenciou novamente.

– Tudo bem. Preciso dar um jeito em vocês... Se eu for com vocês á mostra vão me achar estranha. - Louise disse e procurou em seus armários uma velha cinta, que ela usava para segurar suas antigas "gordurinhas".

Ela a encontrou e vestiu um pouco á cima do normal, segurando as suas asas.

Ela se vestiu como normalmente. Uma blusa de renda branca e uma saia que batia nos joelhos também branca. Calçou seus sapatos pretos depois de colocar uma meia-calça delicada e colocou uma tiara que prendia sua franja, a impedindo de bater no rosto.

Seu cabelo era loiro e seus olhos eram verdes, bem escuros. E seus cabelos lisos tinham certa harmonia com o formato de seu rosto.

Ela desceu as escadas e ficou esperando na sala.

– Filha, o ônibus logo chegará. - Sua mãe disse da cozinha.

– Lou, hoje você não precisará levar materiais, mas quero te avisar que enviarei tudo necessário, já que passará seus dias lá até começarem as férias de verão. - O seu pai disse sorrindo e acariciando seu rosto.

" Que ela seja um anjo negro por favor..."

O pai de Louise pensava.

– Até o verão?! Mas isso não era um colégio?! O que está acontecendo?! - Louise perguntava perturbada.

Logo ela ouviu a buzina de algo e sem perguntar desceu pelas escadas até chegar nos portões.

Os pais ficaram preocupados, mas tinham que deixá-la ir. Ela tinha razão, tudo estava bagunçado e nem conseguiram explicar o porquê dela ter asas e por que ela estava indo para este colégio, que mais servia de internato.

Por outro lado, Louise estava aliviada por ter chegado no ônibus e estar um pouquinho livre dos seus pais.

– Boa tarde... Moço. - A menina falou, vendo que uma espécie de lagarto humano dirigia o ônibus.

– Boa tarde senhorita. Encontre seu lugar e... Boa sorte. - Ele disse sorrindo e fechou as portas do ônibus amarelo.

Os olhos de Louise se arregalaram ao ver o tamanho do ônibus por dentro. Por fora parecia normal, mas era gigantesco internamente.

Louise foi andando calmamente até perto de um banco vazio quando algo esbarrou nela. Ela tombou em um banco mais á frente e se ajeitou perto da janela, não entendendo o que estava acontecendo.

Ela olhou pelo ônibus, mas não viu nada. Apenas pessoas quase normais.

Havia algumas garotas que caso ela se metesse entraria em encrenca. Havia uma garota, muito fofa, estava usando um guarda-chuva muito fofo também. Mas para que o guarda-chuva?

Tinha um garoto que estava dormindo agarrado com sua calda nos últimos bancos, os ocupando totalmente, no ponto de vista de Louise ele era fofo.

Ela observou várias pessoas que preferiam não conversar com ninguém e acabaram se sentando sozinhas.

– Quem me empurrou? - Louise sussurrou.

Ninguém a respondeu, então ela continuou observando os bancos.

Todos os anjos exibiam suas asas, arqueiros carregavam suas flechas em uma bolsa e alguns tinham marcas estranhas pelos braços, pernas e pescoços.

– Será que ainda terão novos estudantes? Nenhum aqui parece... Normal. - Louise sussurrava para si mesma.