Ako-chan passou a me ignorar desde então. Apesar de eu aparentar não me importar com sua atitude, aquilo me magoava muito. Ela beijara Keita na minha frente… e ainda por cima no dia seguinte. Eu não conseguia mais me interessar por aquela disputa inútil, se ela não tinha coragem de me amar, era justo e esperado que ela escolhesse esse caminho. O Keita ainda era a melhor opção.

Fazia um mês e meio desde o dia em que tudo acontecera. Ela parecia cada vez mais desesperada para estar ao lado do Keita… E eu apenas torcia para que tivéssemos mais um dia no qual não tivesse ninguém mais em casa além de nós duas. Eu não a deixaria fugir de mim.

Os dias iam passando morosamente. Todos em casa pareciam não perceber que a Ako-chan se insinuava para o Keita. E se se insinuasse? Naquela casa ninguém parecia se importar muito com nada. Aquilo era tão irritante… Eu preferia ficar trancada no meu quarto dentro do meu próprio mundo.

Minha postura despreocupada era uma preocupação, eu sabia que deveria fazer alguma coisa, mas o quê? A única saída seria novamente investir no Keita. Terminei de jantar antes de todos e comentei estar me sentindo indisposta. Tranquei-me no quarto do Keita até ele se recolher para dormir. Seria o ultimato. Eu desistiria de tudo se fosse o caso.

– Riko-chan, que susto! O que você está fazendo aqui? Não me meta em confusão, você e Ako sempre me colocam em confusão.

– Quero saber o que você já fez com a Ako-chan! Faça o mesmo comigo!

Eu poderia gostar um pouco do Keita, talvez o suficiente para aceitar seu corpo roçando asquerosamente no meu. Ele me olhou confuso. O que ela está pensando? Certamente, deve ter sido isso o que ele pensou.

– Vamos, eu só quero que você faça o mesmo que já fez com a Ako-chan, quero que fiquemos quites.

– Que loucura agora é essa, Riko-chan? Eu pensei que você já tivesse desistido disso…

Antes que ele se opusesse terminantemente, eu sabia que ele era um adolescente tarado, ele não conseguiria resistir ao beijo de uma garota. Atirei-me em seus braços e o beijei intensamente… Ako-chan, você é a única que deveria estar recebendo meus beijos… Mas você não quer o meu amor…

Caímos no chão… cada vez mais eu sentia seu pênis se esfregando em mim e, até certo momento, isso era tolerável. Eu sentia seus dedos invadirem minha calcinha por dentro… aquilo era gostoso. Ako, você chegou a fazer isso com o Keita? Eu queria saber mais e mais, queria saber o que Ako seria capaz de fazer para me esquecer…

Seus beijos alucinados me sufocavam, apenas me diga, você fez tudo isso com a Ako? Suas mãos invadiam minha blusa, acariciavam meus seios… O que você está fazendo, Keita? Você já deve estar fora de si… Acho que já foi o suficiente… A Ako foi mais longe do que imaginei… Eu poderia fazer a mesma coisa, Ako e você ainda se sentiria mais feliz, porque você não me contou, mas eu sei… é a mim que você ama.

Keita arrancava a minha calcinha agora… Senti que não valia mais a pena aquilo tudo. Seus lábios beijavam a parte interna de minhas pernas… Ele fizera isso com você, Ako? Por que você não me deixou ser a primeira na sua vida? Minhas lágrimas começaram a cair… Keita parou como se em todo o momento ele estivesse consciente do que estava fazendo.

– Engraçado, quando eu comecei a fazer isso, a Ako também começou a chorar. Isso dói?

– Começou a chorar?

Meu coração explodia de alegria naquele momento! Então você não foi até o fim? Ako… apenas me ame, apenas me queira além de qualquer outra pessoa… Saí do quarto do Keita correndo e com o coração aos pulos de alegria, mas também de ansiedade. Àquela hora, a Ako deveria saber que eu estava no quarto dele.

Parei em frente à porta do seu quarto. Não tinha coragem de bater muito menos de entrar despreocupadamente como eu costumava fazer. Minhas lágrimas caíam aos montes… Por que, Ako… Por quê? Por que tinha que ser assim?

Eu queria poder gritar… e gritar e gritar pro mundo inteiro escutar: eu só quero você, Ako! Minhas pernas não tinham mais forças… Desabei no chão, parada em frente ao quarto da minha irmã. Eu não tinha mais forças para continuar… Era o fim. Não havia mais chance de aquilo se tornar real… Em breve ela estará nos braços do Keita e tudo terá passado como se nada tivesse acontecido.

– Sayounara… Ako-chan…

Levantei-me com um pouco de dificuldade… Provavelmente todos deveriam estar dormindo. Exceto eu e, talvez, o Keita. Ele deve estar pensando em por que todas as garotas fogem dele no final?

Fui para o meu quarto. O que você está fazendo aí, deitada assim na minha cama?

– Ako, Ako… Ako… acorde!

Seus olhos se abriram devagar… Seus olhos castanhos cruzaram os meus… Ela estava tão linda dormindo assim, tão à vontade na minha cama. Sentei-me perto de sua cabeça. Ela não me encarava mais, também não falava nada. Seu rosto parecia levemente amassado, teria chorado?

– Você estava no quarto do Keita? – finalmente alguém quebrava o silêncio daquele cubículo. Assenti com a cabeça. Ela mordeu o lábio inferior com raiva e tristeza… Aquilo deveria ter sido um golpe, eu estava trancada com o seu pretendente.

– Me desculpe. Se isto te aborrece não farei mais nada disso. Não me colocarei em seu caminho, se você quer o Keita, eu não ficarei entre vocês dois.

– Por que você está dizendo isso, nee-chan?

Sorri desolada… Havia mais o que fazer? Ela estava tão a fim de ficar com o Keita que já tinha ido tão longe com ele. Saber de tudo isso era tão difícil… Tão doloroso…

– Porque você deseja ser a mulher do Keita e não há razão para que eu me oponha a isso…

Em meio às lágrimas, Ako-chan me censurava ainda mais magoada:

– E aquele dia? Não foi nada para você?

Nada para mim? Como você podia falar algo assim? Ako, você não quis seguir adiante, mas como conseguiríamos seguir em frente, se mesmo que nos mudássemos para outro lugar, e mesmo eu não vendo nenhuma semelhança entre nós, ainda somos irmãs gêmeas.

– Eu não estava brincando com você, nee-chan. Eu estava séria. Mas você gosta do Keita e eu entendi isso hoje.

Ela levantara-se bruscamente da cama. Em pé na minha frente, ela apenas permaneceu parada. Não havia nada de novo no que eu estava dizendo.

– Me desculpe fazê-la passar por isso, Ako-chan… Eu passei por cima dos seus sentimentos…

– Não! Não!

Seus gritos abafados e suas lágrimas incessantes não acabavam nunca. O que estava acontecendo, afinal? Seria possível que você estivesse sofrendo por mim?

– Não, não… eu não amo o Keita. Mas eu precisava ter a certeza.

Meu coração imediatamente se alegrou… Havia uma chance? Então havia uma oportunidade? Abracei-a sem pensar… caímos no chão e começamos a rir… Como era bom sentir essa sensação de alívio… Você não vai ter nada com o Keita de agora em diante? Não…

Nossas mãos estavam entrelaçadas… Olhávamos uma para a outra com ternura. Poderia ser possível que depois de tudo ainda tivesse um amanhã para nós. Seu rosto suave tinha nuances agradáveis à luz da lua. Você é tão bonita, Ako-chan…

– Você que é linda, Riko.

Acariciamos o rosto uma da outra… sua pele macia, minha pele macia em suas mãos… como era provocante sentir seu calor no meu corpo… Eu tenho permissão?

Beijei sua mão e quando percebi estávamos nos beijando… Beijos longos, intensos… Pausados… sem pressa… calientes… tínhamos a noite toda para nos amarmos… minhas mãos mais e mais exploravam seu corpo… seus seios e seus gemidos no meu ouvido me deixavam ainda mais excitada… Ako me beijava o pescoço, os seios… como eu te desejo, nee-chan… e nosso desejo era mútuo…

O calor de nossos corpos era intenso… seu corpo nu no meu corpo nu era como se fôssemos apenas uma só naquele lugar. Queria beijá-la inteira. Cada parte de seu corpo, queria ouvi-la gemer de felicidade em meu ouvido… queria sentir todo o seu corpo vibrando enlouquecido apenas com o meu toque.

Ela estava tão excitada… como manter o controle?

– Nee-chan… eu descobri que quero ser sua, me faça apenas sua…

Aquelas palavras em meus ouvidos… Ako-chan, eu só amo você em todo esse mundo. Farei-te unicamente minha… Que meus beijos sejam como tatuagens que façam com que todos saibam que você é minha…

O seu gemido de prazer só me faz querer mais e mais beijar seu corpo, te acariciar o sexo com meus dedos, com minha língua, eu só quero te enlouquecer todos os dias de amor e de prazer…

– Ako, eu apenas posso te garantir que enquanto houver um amanhã para nós, eu farei de tudo para que nosso amor não acabe. Se isso exigir tudo de mim, farei tudo e até o impossível por você.

– Riko, eu amo apenas você e quero te fazer tão feliz quanto você me fará de agora em diante.

Nossos corpos sob a luz da lua, agora, eram como uma pintura numa tela. Nós poderíamos nos entregar ao amor sem tanto sofrimento, pois tínhamos uma à outra de agora em diante