Maldições do Velho Oeste escrita por Avei Garcia


Capítulo 3
Ares




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O sol estava pronto para partir, Madame Soveig desceu da carruagem e foi para a grande porta de entrada de seu casarão, Lucille estava posta na frente da porta segurando a maçaneta.

–Bom final de tarde, Madame?.- Lucille pegou sua sombrinha e abriu a porta, mais dois escravos apareceram, ajudaram a tirar o longo vestido florido de festa e colocou um vestido de renda, mais fresco.

–Seu café está pronto na sala de jantar, madame.- um dos escravos se dirigiu às portas duplas com detalhes dourados, abriu as porta e deu espaço para Soveig passar.

–Podem ir, me deixem.- Soveig abanou as mãos com gestos para saírem.

Comeu sua refeição, pães, molhos, biscoitos e um chá verde fervendo.

Com o tempo, ela passou seus dedos entre sua aliança pesada, um belo diamante cor amarela, trazido da Índia, tão valioso quanto milhares de vidas, refletindo sobre a vida Soveig levantou-se da cadeira e foi para perto da lareira apagada, se olhou no enorme espelho e tentou ignorar as rugas que começavam dar sinal de vida, respirou fundo.

Observou as vidraças, sua janelas com detalhes de ouro, sua paredes enfeitadas com quadros das outras gerações , presa em duas famílias, não podendo se apaixonar por outro alguém, seu casamento já estava marcado assim que nasceu, com um garoto 20 anos mais velho, Henry o iniciante do segundo tempo da vida. Soveig saiu da sala e foi para o banheiro, outra parte do enorme casarão que podia analisar, ama aquele lugar, lá ela poderia chorar sem ninguém ouvir, se despindo, Soveig passou a mão sobre seu corpo e passou a mão em suas estrias, seus seios já flácidos, entrou na banheira e abriu a torneira dourada, pegou o sabão e começou a se esfregar, uma batida na porta, era Henry, ela mandou o entrar, Henry disse o que estava acontecendo no fórum e disse que havia havia falado com o Xeriff sobre as minas.

–Os caras estão nas minas agora, investigando, isso é bom, assim se perdemos eles, não serão da cidade, e nem o Xeriff.- Henry refletiu, não estava excitado de ver ela nua na banheira, até por que não sentia mais prazer com ela, mas tinha prometido não trai lá pelos seus filhos, imaginando Rose na banheira, começou a subir o tesão sobre aquele momento, Soveig tinha visto o volume crescer, sem pensar, Henry começou a se despir, trancou a porta e passou seus dedos pelos seios da mulher. E entrou na banheira.

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A areia subia conforme andavam, apenas uma volta naquela montanha e já estava na estrada que levava os fim da fazenda das minas, Fuller e Charlie havia mudado a direção, não estavam a fim de ir ao encontro dos totens e descobrir,eles já estavam lá, talvez muitos anos atrás, não tinham porque se preocupar, andaram mais tempo e não acharam o fim da montanha, talvez seja para o outro lado, pensou Fuller, -Vamos voltar.- disse Fuller, -Não iremos achar o caminho, droga.-Charlie obedeceu, já cansados, começaram a descansar em intervalos pela caminhada, Fuller se sentia espionado, como se alguém o olhasse através das montanhas, andaram para a entrada do túnel de onde vieram, o vagão continuava lá, torto e enferrujado. Os Totens atraindo a atenção, Charlie então começou a caminhar para as pequenas torres de madeira, Fuller sem cambaleou e o seguiu, mais uma vez tinha a impressão de ser observado, olhou para os lado e para cima das montanhas, havia alguém lá, segurando um longo arco, segurando uma flecha vermelha na outra mão, ele se posicionou, Fuller gritou para Charlie se abaixar, a flecha atingiu um cacto ao lado de Fuller, Charlie gritou para Fuller se havia alguma arma, mas havia deixado na pousada, junto com a pá e os outros equipamentos, desgraçado, pensou Fuller, se protegendo das flechas que chegavam perto, tentou olhar entre os cactos o rosto do maldito índio, cessando o ataque, o índio correu, e desapareceu, Charlie e Fuller correram para os totens, ele pode estar dentro da montanha agora,pensou Fuller, Charlie respirava fundo, com falta de ar, seja forte, pensou Charlie, lembrando da infância, quando havia corrido de um cão maior que ele.

Mas Fuller já tinha visto um rosto parecido, com a mesma pintura daquele índio, no túnel, pelas minas. Nervoso, ele voltou a olhar para a montanha e para a entrada das minas, passou os olhos sobre uma fumaça vindo da montanha atras dos totens.

–Olhe aquilo.- Fuller apontou, Charlie observou, e começou a correr.

–Ta esperando oque? Charlie gritou.

Os dois correram, e passaram pelos totens, tendo impressão de ser observado Fuller, já cansado, levantou o dedo do meio e girou o corpo, mostrando para todos os lados.

–Ta fazendo o que?-Charlie soltou uma risada.

–Tem alguém nos observando, mas não sei onde.-Fuller e Charlie correram com mais velocidade, subindo pelas rochas, e escalando a montanha, já estavam no topo, e andaram para cima, virando o corpo para observar a origem da fumaça.

Havia uma tribo, enorme, muita crianças passavam correndo, um índio estava à direita deles, Fuller e Charlie se abaixaram atrás de um arbusto seco, os cactos mais à frente, impedia a visão do índio e conservava a de Fuller e Charlie, mas que droga é isso?,pensou Fuller, Charlie estava suando frio,-Temos que dar o fora daqui, você viu o que aquele índio lá atrás fez conosco, imagina todos eles.- sussurrou Charlie, Fuller concordava, mas já era tarde, havia muitos índios perto, Não vai dar para correr agora, esperamos até dar uma melhorada.- Fuller sussurrou de volta, só desejava que quem quer que estivesse os observando lá atrás não abrisse a boca.

A noite chegou, e havia uma enorme fogueira no centro do campo da tribo, tinha muitos outros totens entre a montanhas , muitos índios saíram das ocas coloridas e pintadas, outros índios chegavam carregando bodes, ovelhas e pássaros mortos, uns estavam postos como guarda em volta do campo, a maior oca e a que parecia mais confortável abrigava um homem velho com um grande cocar vermelho, branco e preto. Ele se dirigiu para o centro, perto da enorme fogueira, havia chegado um índio novo, e Fuller e Charlie conheciam ele, era o que havia atacado eles, indo diretamente para o índio idoso, sussurrou algo em seu ouvido e os dois olharam em volta, o índio mandou que tomassem cuidado e começaram a cerimonia, uma índia trouxe um saco cheio para perto do índio e ele então pegou o conteúdo, o que parecia ser um pó preto, e despejou na fogueira, ela cresceu atingindo um tamanho estupendo, fazendo calor aumentar , o índio disse algo em uma língua antiga e não conhecida por Fuller e Charlie, assustados nenhum dos dois disse absolutamente nada.

Conforme a cerimonia ia passando e eles cantavam música para o que seria um Deus, alguns entravam em estado de transe começavam a babar, o índio velho chorava sangue agora, pedindo para que trouxessem o sacrifício, uma índia, que chorava aos prantos , Fuller ficou abismado, não pensava que eles iriam realmente fazer isso, a lança dourada do índio idoso entrou no coração do sacrifício, Charlie virou para seu amigo horrorizado, -Vamos voar daqui.- sussurrou, Fuller concordou, abaixados, virarão para trás, um longo pio invadiu suas mentes, parecia que iriam explodir, Fuller e Charlie caíram deitados , sem conseguir se mexer ou fazer nada, uma enorme coruja preta surgiu da escuridão da noite, seu bico prateado ofuscava o brilho da lua e a fogueira, seus olhos vermelhos anunciava que ela era o animal que estava na ponta do totem da entrada da tribo. Todos se curvaram quando a coruja parou no totem mais alto, o velho índio falou, agora na língua que Fuller e Charlie conhecia, "Oh, velha e poderosa rainha dos ares e da sabedoria, deixou com você nosso sacrifício para essa lua", um momento silencioso se passou, parecia que a coruja falava mentalmente com o índio, ele repetiu a frase na língua desconhecida e então a coruja pegou o corpo da índia e voou para bem longe, sentindo os músculos de novo, Charlie e Fuller levantaram sem medo de serem visto, atordoados e confusos, correram para o começo da montanha, ouvirem vaias e pessoas apontando, o índio mais velho levantou o rosto, observando os, arcos se levantaram e atiraram flechas, Charlie e Fuller, já estavam no topo da montanha, um vulto negro voava alto, era a coruja, se eles continuassem ali, morreriam pelo bico enorme prateado e ameaçador, pularam nas rochas e desciam, flechas atingiam o chão frente deles, Charlie tropeçou e caiu, levantou se depressa e continuou correndo, eles já estavam longe, Fuller olhou para trás e não viu ninguém seguindo, mas logo entendeu, a enorme coruja voava bem atrás deles tão depressa quanto um trem, -Abaixa Char...- Fuller gritava para Charlie, deveria se abaixar ao ataque da coruja, mas Charlie não agachou, Fuller observou a coruja pegar com suas garras seu melhor amigo, e levar para as alturas, Charlie gritava e balançava querendo cair, onde é que essa droga deixou a mulher?, pensou Fuller, seguindo a coruja, tinha que salvar seu amigo, -Calma, vou te salvar- gritou Fuller, -Charlie, não.- Fuller sentia seu corpo dolorido, mas ignorava essa dor, tinha que ser forte.

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O sol surgiu mais uma vez, como não se cansava? ele sabia de tudo que estava acontecendo, todas as histórias, todas as pessoas, todos os momentos da vida, desde a origem, e sabe se lá o final.

Twrimi estava no auge, bem decorada, com um festival acontecendo, um circo na cidade, pessoas felizes, sem saber do que realmente estava acontecendo. O Xeriff era ignorado por Henry, o prefeito cuidava mais do lazer e dos comércios do que para a segurança, sempre foi assim, os ataques dos golpistas há 2 anos atrás foi parado só por pura sorte, 3 rapazes que se envolveram e mataram o golpistas que também assaltavam os passageiros dos trens, Henry adorava ver a população de Twrimi alegre.

Logo de manhã, Soveig acordou e não encontrou seu marido em casa, as crianças dormiam, e alguns escravos preparava o café da manhã, não deixou nenhum recado, e nem se quer disse "tchau".

Henry olhou para os lados e subiu na escada do lado do açougue, bateu na porta e Rose atendeu.

-Preciso falar com você.- revelou Henry.

-Também preciso...  vamos, entre.-Rose saiu da frente deixou Henry entrar na sala. 

-Olha, vim falar... preciso ser sincero.- disse Henry, refletindo- Tenho que tomar uma atitude adulta.-

-Eu acho que sei do que veio tratar, não quer mais...- Rose se virou, seu roupão feito de seda balançado pelas perna, então sentou na cama.

-Não quero mais trair minha mulher.- Disse Henry-Acabou.-

-Ótimo, vá brincar de casinha, mas ainda não acabou.- disse Rose, com raiva, passou a mão pela cabeça.

-Como não?-Henry interrogou- Como não acabou?-

-Seu grande canalha... você não pode ir,  não agora.- Rose gritou, levantou da cama e olhou no fundos dos olhos de Henry.

-Você é louca.- Henry virou e abriu a porta.

-Eu estou grávida.- afirmou Rose.

-Você não pode estar.- Henry tremia, tirou sua cartola e colocou na estante. Exausto pôs a mão no batente da porta e descansou a cabeça.

-Eu vomitei, estou passando mal, sinto me doente.

-Isso é virose.- Henry estava começando a ficar nervoso, sua mão estava suando.-Você vai estragar tudo... Robyn.. não- henry andava de um lado para o outro.

-Posso fugir, mas quero dinheiro e não abro a boca...-Rose passou a mão sobre a barriga.

-Dinheiro? abrir a boca? você não quer morrer, quer?- perguntou Henry, não acreditava no que aquela prostituta falava.

-Sim, se não eu conto para a desgraçada da sua esposa... e se duvidarem, daqui 9 meses mostrarei seu quarto filho.- Rose não brincava, havia tido muito clientes e Twrimi, e guardava segredo quando pais de famílias deitava em sua cama, totalmente despidos.

-Não tem um jeito de, sei lá.. parar a gravidez? o chá! você tomou o chá?-Henry perguntou esperançoso.

-Não, acabou a erva.- disse Rose com um sorriso malicioso no rosto.

-Por que não comprou?- Henry estava indignado.

-Aproveitei a situação.- Rose deu uma longa risada e deitou na sua cama, passou a mão sobre as rosas que ganhavam de seus clientes.-A última que fiz, foi contigo.-

-Desgraçada.- Henry puxou Rose pelos cabelos, e tampou sua boca, se debatendo Rose levantou, Henry a puxou e empurrou para a cama de volta, caída imóvel, bateu com a nuca na borda da cama.Seu corpo relaxou e caiu de lado.

Rose estava morta.

Henry, caiu do seu lado, começou a chorar e lamentar, não acreditava no que havia feito, o prefeito assassino, assustado e limpando as lagrimas olhou a rua pela janela, esperou que as pessoas terminassem de passar e saiu da casa de Rose. Que alguém tenha misericórdia de mim, pensou Henry, deveria tomar cuidado agora, estava com medo e com peso na consciência.

Queria chorar, mas apenas continuo andando sem olhar para trás, cumprimentando as pessoas, não conseguia sorrir, por isso apenas acenava. 

fim do terceiro capítulo.



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