Com a casa de Alex queimada e meu espaço de paz conturbado pela recente morte, só havia um lugar para onde correr a esta hora: minha própria casa. Não que isso fosse muito confortante.

Abro a porta de madeira com um rangido e entro na ponta dos pés. Minha mãe atira uma garrafa verde vazia, que quase raspa meu nariz e atinge a parede com um barulho. Solta uma risada desafinada.

-Sarah! – Ela grita.

-Oi, mãe... – Respondo.

-Sarah está chorando! – Ela grita para o idiota da noite.

-Não estou. – Retruco.

-Vem cá e console ela! – Ela grita ainda mais alto, e percebo que uma luz se acende nas casas vizinhas.

-Eu estou bem.

-Doug! – Ela aperta minhas bochechas com um sorriso forçado e bate os pés até o quarto. Para a felicidade do bêbado e minha própria, ele fugiu antes que ela notasse.

-Mãe, ele não é o Doug. – Eu digo áspera. Ela sempre chama seus brinquedos sexuais de Doug, mas eu nunca vi um se chamar Doug realmente. Às vezes me pergunto se esse seria o nome de meu pai, mas não há nenhum Doug vitorioso em nosso Distrito, mesmo que ela afirme com firmeza que meu pai é um. Torço para que ela tenha razão e eu não seja bastarda de um gordo cambaleante qualquer. – Não existe Doug nenhum.

-Claro que existe, Sarah. – Ela ri. – Só é preciso ter fé.

Ela cai no chão com um tropeço, e lá permanece, ressonando. Mordo o lábio e nego com a cabeça.

-Fé e uma grande garrafa de Vodca. – Resmungo, passando por cima de seu corpo e caminhando até meu quarto. Sem motivação alguma para retirá-la do chão desta vez.