Depois de mais alguns longos momentos a olhar para a cara perfeita daquele rapaz, a ficha caiu...

Eu não morri...

A minha mãe não está aqui comigo.

–Eu... Eu quero... Quero a minha mãe - disse baixo. Da maneira que falei, parecia uma criança de 3 anos quando é deixada pela primeira vez no infantário, mas... Eu quero mesmo a minha mãe aqui comigo.

–Eu não sei onde está a tua mãe. Eu não sei nada sobre ti.

–Eu quero morrer, quero...

–Shh... Não digas isso- disse interrompendo-me e pondo o seu dedo indicador sobre os meus lábios.

–Mas a minha mãe já morreu... Eu não tenho mais ninguém, quero morrer para poder ficar com ela.

–Oh. Desculpa... Mas podes sempre ficar com o teu pai..

–Não... Não. O meu pai não... Ele é horrível, ele vai magoar-me! Eu não quero, eu não posso ficar com ele! Por favor, não o deixes levar-me.

–Calma, ele não está aqui e não te vai levar. Podes ficar comigo... Eu vou ajudar-te e...

–PÁRA!- gritei interrompendo-o - Eu não quero a tua ajuda, não quero a ajuda de ninguém! Só quero a minha mãe comigo. Só quero a minha mãe! - assim que acabei de falar arrependi-me imediatamente, mas já estava tudo dito, não havia volta a dar. Assim que vi a cara que ele fez quando acabou de ouvir as minhas palavras horríveis fiquei com vontade de chorar. Ele ficou... dececionado? Não sei, só sei que me senti terrivelmente mal. Para piorar ainda mais a minha situação, ele largou as minhas mãos e afastou-se de mim.

–Desculpa, eu... É tudo tão recente, está tudo tão confuso para mim. Eu ainda não superei certas coisas que se passaram na minha vida... Preciso de pensar, desculpa.

–Não, desculpa-me a mim... Eu sei que não me conheces e tal, mas eu só estava a tentar ser simpático, não te queria assustar nem nada, só te queria ajudar mesmo. Desculpa. - suspirou - Estou lá fora caso precises de alguma coisa. Xau.

–Xau.- disse enquanto sentia lágrimas a cair pela minha cara.

"Por que é que eu sou tão estúpida?! Pela 1º vez em muito tempo na minha vida, tenho alguém que parece preocupar-se realmente comigo, além da minha mãe, claro, e o que eu faço? Aproveito? Claro que NÃO! Eu afasto essa pessoa dizendo-lhe, com palavras duras e fortes que não quero, nem preciso da sua ajuda. Mas bem lá no fundo eu sei que o que eu queria mesmo dizer era EXATAMENTE o contrário. Eu quero a ajuda dele. Eu quero ficar com ele. Eu preciso da ajuda dele. Ele é o meu anjinho da guarda. Ele vai proteger-me."

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Depois de mais algum tempo a pensar na minha vida, tomei uma decisão.

Vou dar mais uma oportunidade a mim mesma.

Vou dar uma oportunidade ao "rapaz perfeito".

Vou fazer o que a minha mãe me pediu antes de morrer... Vou viver e aproveitar ao máximo a minha adolescência e a minha vida.

Quando ia carregar no botão azul para chamar a enfermeira, ela abre a porta.

"Good Timing."

–Menina Isabella, o seu irmão quer falar consigo, posso deixá-lo entrar?

–Desculpe, deve ser... - ia explicar-lhe que eu não me chamo Isabella e que não tenho nenhum irmão quando fui interrompida por outra voz.

–Maninha, estou aqui! - Maninha? O que se está a passar afinal? Ele viu a minha expressão facial que devia estar muito confusa e adicionou - Podemos falar?

–Sim... Claro.

"Preciso de perceber bem esta história... Desde quando é que eu me chamo Isabella e tenho um irmão? Ainda por cima um gato como este... Se ele for mesmo meu irmão talvez cometa incesto. AHAHA talvez..."