Sou Meu Pior Pesadelo escrita por Radami


Capítulo 12
Um Sonho Quase Normal ...




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Está tudo escuro

Mas na verdade percebo que estou de olhos fechados.

Quando os abro eu observo uma sala que na verdade parece muito mais com um vácuo profundo de plena escuridão.

Tento me mexer, desta vez consigo.

Ainda bem, pois não gosto da parte que não posso controlar os meus próprios movimentos.

Me levanto da cadeira, mesmo sendo a mais confortável que já estive, mas eu precisava explorar aquele lugar para ter uma noção de onde estou.

Ou de onde sempre estive.

Quando volto meu olhar para a sala escura com os pisos vermelhos e pretos bem espalhados, reparo que há velas em volta do lugar e também há várias cortinas grandes e roxas.

Visualizo bem a sala e quando percebo que tem espelho na minha frente, paro para me visualizar por inteira.

Não sou do tipo que se olha no espelho quando quero, mas era um momento interessante para tal.

E por mais incrível que pareça. Eu estou bonita.

Num estilo um tanto dark, mas estou.

Era um vestido bem preto, com uma camada curta na frente e outra longa na parte de trás. Tinha vários babados, mesmo que eu não goste, caiu muito bem no modelo; sofisticado demais para alguém como eu. Apesar do vestido parecer curto, ele subia com um tecido fino até o meu pescoço e o mesmo tecido descia pelos meus braços. Vestidos de manga longa era algo que eu admiro muito, pois acho que dá um ar mais misterioso, talvez um pouco igual a mim mesma. O sapato era muito alto, parecia uma plataforma gigante com uma agulha no salto, tinhas algumas fivelas interessantes pelo menos - alguma coisa de bom tinha que ter naquele sapato um tanto desconfortável.

O meu cabelo parecia o mesmo, só estava um pouco mais arrumado e mais sedoso; tinha um volume bonito na minha raiz, deixando que o meu cabelo parecesse mais leve do que já era. A franja se mantinha do lado esquerdo, como sempre. Porém só depois pude reparar que tinha um pequeno chapéu preto com uma rosa da mesma cor, porém um pouco mais brilhante, uma renda pequena e delicada que vinha do chapéu cobria o meu olho direito levemente, nada com que eu não pudesse enxergar direito.

 

Apesar de odiar maquiagem, tinha uma fina linha de delineador passando pelo canto dos meus olhos, era bem simples e discreto. Interessante, mesmo sabendo que eu nunca fosse usar mesmo assim.

Apesar de tudo, me impressiono com a garota que estava parada na minha frente. Mesmo sabendo que era eu.

Não estava me convencendo. E era muito real para ser um sonho.

Tenho milhares de perguntas e duvidas na minha cabeça, mas uma música suave e calma invade meus ouvidos.

Procuro de onde ela vinha.

Assim que acho sua origem, relaxo completamente o meu corpo.

[ observação da autora: Recomendo que escutem esta música enquanto leem a próxima parte! Link: http://www.youtube.com/watch?v=TzF7mTRrrnQ ]

Nicko está virado de costas para mim, tocando em um piano gigante e de cor preto. Sei que é ele pelo simples fato de só nós dois participarmos no mesmo sonho e que só ele tem o cabelo vermelho arrepiado.

Seu terno é lindo. Preto com a calça combinando. O cabelo vermelho e preto chama um pouco mais de atenção.

O que eu acho bem charmoso para ser sincera.

Chego perto e o vejo tocar com uma facilidade incrível. Seus dedos vão de um lado para o outro no teclado, aumentando e diminuindo o ritmo quando precisa, ele relaxa e se deixa levar pela música.

Nicko estava de olhos fechados e nem repara na minha presença.

A melodia era maravilhosa mesmo.

Fico admirada olhando tanto para ele quanto o piano durante a música, pois é absurdamente incrível e me tranquiliza.

Fecho os olhos, escutando cada nota que faz. Me sentia qualquer outro lugar, menos naquela sala que me dava arrepios.

Balanço minha cabeça de um lado para o outro suavemente e fico ali parada, de pé, escutando-o tocar uma das músicas mais bonitas que já ouvi.

Enquanto ele toca, alguns pensamentos rápidos sobre a minha vida passam pela minha cabeça. Como se não bastasse ela ser uma porcaria, estava bem melhor agora - ou pelo menos imagino que sim.

Nicko tinha razão: era realmente muito melhor saber que tinha mais alguém que sonhava as mesmas coisas que você. Como se você não fosse o único que carregasse esse peso nas costas.

Logo quando a música cessa com um tom mais suave do que o começo, abro meus olhos lentamente.

Nicko repara que estou ali e olha diretamente para mim, sorri de canto e depois me chama para sentar ao meu lado.

Concordo com a cabeça e me junto a ele.

— Quanto tempo não? – ele pergunta irônico, colocando o braço em volta no meu ombro, debochado.

— Com certeza! – concordo com a cabeça e olho mais atentamente para ele. A camisa vermelho sangue estava toda arrumada e a gravata preta bem feita.

Ele repara no meu olhar e depois desmancha a gravata, afrouxando-a e desabotoa três botões da sua camisa e suspira.

— Bom, – ele diz, parecendo um tanto impressionado. – Eu já estava achando que era bom demais saber que você era a garota dos meus sonhos... Se é que você me entende! – ele fala com aspas a última frase, como se achasse aquilo engraçado. Apesar do trocadilho terrível, acabo sorrindo em concordância – Mas você está incrível Cora! – ele diz olhando para minha roupa e depois mexe no meu chapéu, dando um pequeno tapinha.

Sorrio e respondo:

— Você também não está ruim...

Ele me olha indignado e coloca a mão no próprio peito como se tivessem o machucado ali, logo se levanta e colocando as duas mãos no seu “novo” terno.

— Eu estou incrível! – ele apontou para si mesmo, segurando a gola do paletó - Se a minha mãe me visse desse jeito, provavelmente ela teria orgulho de ter um filho bonito como eu! – ele sorri e volta a sentar do meu lado.

Ficamos conversando por um tempo ali mesmo, observando tanto a sala quanto nós mesmos e questionando coisas um ao outro.

Mas cada pergunta que fazíamos, sempre não havia resposta.

Logo, um som muito estranho - que parecia um zumbido - percorre a sala no instante seguinte.

Nos levantamos rapidamente, percebemos a presença de uma sombra que vinha em nossa direção e levando ou engolindo embora tudo que tinha naquela sala.

Antes mesmo de podermos fazer ou ter alguma reação sobre qualquer coisa, o chão se abre.

Foi tão rápido que nem mesmo percebemos a velocidade daquela coisa.

Logo, a única coisa que vejo é um buraco imerso na escuridão, estavamos caindo para um lugar estranho e sem luz.

Independente disto, estou nos braços de Nicko. Ele me segura como se quisesse me proteger e como se fosse a última coisa que faria.

Fecho os olhos durante a queda, acreditando no melhor para nós dois.

Finalmente eu acordo de outro sonho sem sentido algum.


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