Quando saí da sala e fui até o andar de cima , no corredor dos quartos com a Amália, a levei até um dos quartos de hóspedes, que agora seria seu quarto.

Quando a estava ajudando a desfazer as malas ficamos conversando.

- Amanhã acho que nosso pai vai ao colégio em que estudo ver as coisas da sua transferência - mencionei depois de uns minutos de conversa.

- É . E temos que ver também a sua situação na justiça. É justo que você tenha o sobrenome da nossa mãe nos documentos.

- Concordo com você . - eu disse e depois de um pensamento me veio na cabeça, o que me fez rir

- Rindo de que ? - ela me perguntou

- Emily estava tão empolgada com a minha chegada que nem reparou em você, mas eu estou imaginando como vai ser a reação dela quando nos ver uma ao lado da outra. To pressentindo que haverá uma enxurrada de perguntas - eu disse e ri de novo, porém com Amália me acompanhando

- Ela é muito fofa. É filha do nosso pai com a Lúcia?

- Não. É adotada.

- E por que eles adotaram? Eu sei que Lúcia não tem o cabelo ruivo e sim loiro, mas a nossa tia Carmem, irmã do nosso pai, tem cabelos ruivos também, poderia tem puxado dela.

- É, era o que meu pai me dizia toda vez que eu perguntava porque meu cabelo era meio vermelho e o dele e o da minha mãe não. Mas eles adotaram porque minha mãe não pode ter mais filhos, então optaram por fazer isso.

- Como assim "mais filhos" ? Ela tem outros?

- Sim. Um. Em São Paulo. O nome dele é Igor. Não o conheço, mas pretendo conhecer.

- Entendi.

- Sabe, Amy, eu sei que você não comprava roupas mais bonitas porque não tinha condição, aliás, desculpe por dizer assim, mas agora você tem e amanhã à noite vamos ao shopping refazer o seu guarda-roupas - eu disse e ela riu

- Não posso aceitar isso, acabei de chegar aqui, não quero dar despesas.

- Claro que pode. Você é da família, mulher . - ela riu do jeito que eu falei.

- Ta bom, eu aceito. Mas leve suas amigas junto. Quero me enturmar.

- Bom, eu só tenho uma amiga de verdade. E tenho certeza que ela vai adorar te conhecer. Vão se dar bem. Ta com fome? Porque eu to.

- Um pouco. O que tem pra comer?

- Bom, o que eu queria não tem, então vamos atacar a geladeira.

- E o que você queria?

- Um bolo de chocolate saído do forno agora da Lurdinha.

- E quem é essa?

- A nossa secretária do lar, como diz minha mãe. - ela riu. Será que essa menina só sabe rir ? Meu Deus. 

- Vamos comer logo? Está ficando tarde e amanhã acordaremos cedo.

- Tem razão. Vamos.

(...)

Na noite de domingo naquele momento, nós descemos e comemos. Logo depois fomos dormir.

Acordamos cedo na segunda, no caso, hoje.

Estamos nesse momento tomando café da manhã, todos juntos, menos a Emily porque está muito cedo pra ela acordar. Ainda são 6 horas da manhã, acordamos antes do horário de costume por conta das coisas que meu pai tem que resolver no colégio e tal, pra não se atrasar pro trabalho, porque, embora ele seja o dono daquela empresa de advocacia, ele sempre gosta de chegar no horário pra mostrar que seu esforço não é diferente do dos demais funcionários.

Depois do café meu pai nos levou à escola e lá não havia nenhum aluno ainda, por conta do horário. Então eu e Amália fomos pra sala da minha turma - porque meu pai disse que como ela não conhece ninguém, ia fazer de tudo pra deixar ela na mesma turma que eu - e ficamos conversando por um bom tempo até meu pai aparecer na porta da sala de aula e dizer que está tudo certo e que ela ja pode começar as aulas hoje.

Pra ela assistir as aulas e essas coisas, emprestei uma roupa legal pra ela, - ja que na minha escola geral liga pra aparência - emprestei também material escolar e uma bolsa pra que ela guardasse as coisas.

Eu estava com essa roupa: http://www.polyvore.com/mandie_14/set?id=84179204

(...)

Amália conheceu praticamente todos da minha turma: Lua, Lucas, Gabriel, Caio, Vanessa, Bianca, Bárbara, Nícolas, Amanda Duarte, Manuella, Maria Clara, enfim, todo mundo.

Se deu bem com muitos deles, inclusive com Vanessa.

Depois da escola fomos pra casa, almoçamos e passamos a tarde sem fazer nada. Até que deu 17:00 horas e Lurdinha pediu pra que eu e Amy buscássemos a Emily na escola dela. Quando ela viu "duas de mim", em suas palavras, aconteceu o que eu previ: ela nos encheu de perguntas. E até que ela gostou da Amália logo de cara. Que que essa menina tem que faz com que todo mundo goste dela assim de cara? Meu Deus, hein! 

À noite fomos ao shopping e fizemos um buraco no cartão de créditos do meu pai, não sem antes o avisar , claro, porque senão eu teria que dizer adeus à minha vida social.

Quando chegamos em casa ja estava na hora do jantar, entao chegamos e comemos.

Mais tarde, quando todos estavam em seus quartos ou, no caso do meu pai, no escritório, eu chamei minha mãe pra conversar.

Ja sentadas no sofá eu me pronunciei.

- Desculpa.

- Meu amor, você não tem que me pedir desculpas. Quem tem que fazer isso sou eu. Eu é que te privei de saber a verdade sobre a sua vida.

- É mãe, mas eu gritei com a senhora, eu me exaltei, eu disse que a senhora não era a minha mãe.

- Mas eu é que dei motivo pra isso. Eu devia ter te contado antes.

- Nisso eu concordo. Por que fizeram isso? Por que mentiram pra mim? Era a minha vida poxa, eu tinha o direito de saber.

- Nós ficamos com medo, meu anjo. Medo de que se você soubesse, não me aceitasse por ter "roubado" - ela fez aspas no ar - seu pai da Miriam. Por ter separado seus pais, por ter te separado das suas irmãs, por te privar de uma vida que talvez fosse melhor pra você. Medo de que por conta de seus apelos seu pai me deixasse e voltasse pra Miriam. Medo de que .. - eu a interrompi.

- Mãe, isso não ia acontecer. E me desculpe por dizer que você não é minha mãe. Você sim. Você me criou, me fez ser quem eu sou hoje, me fez ter a verdade que há em mim agora, me fez ter a vida que tenho. E eu amo isso tudo. Eu amo você, mãe. - eu disse e a vi chorar.

- Me desculpa minha filha - ela me abraçou

- Tudo bem, mãe. Tudo bem. - a abracei de volta e fiquei acarinhando suas costas.