Minha filha Rebeca, estava saindo há alguns dias com Tomás, quando ela entrou em casa, chorando :

- Mãe, o Tomás estava com outra garota, aí eu fui tirar satisfações com ele, e sabe o que ele me disse ? Ele disse que eu era apenas um objeto nas mãos dele .

- Ah filha, mas você já sabia disso. Você nem estava namorando com ele. Você estava ficando com ele.

- Mas mãe . . .

- Rebeca, chega de mas e vai dormir agora . . .

Ela foi . Quando Rebeca me contou isso, eu havia pensado em dizer a Bill, mas ele ficaria estressado, e eu resolvi deixar para lá .

Mas como as notícias voam, em menos de uma hora, ele veio falar comigo :

- Evy, agora eu tenho certeza que é meu irmão encarnado nesse garoto !

- Tá bom Bill, esquece isso. Isso já faz muito tempo que ele morreu, e se for a encarnação dele, o que você faria ?

Bill ficou pensando um pouco, e balançou a cabeça, eu sorri e disse :

- Viu ? Você não faria nada, pois não há nada a ser feito. Agora, querido, esqueça isso, por que eu quero muito me casar.

- E você já decidiu onde vai ser ? Já comprou seu vestido ?

- Tudo ao seu tempo amor, ainda tenho que comprar meu vestido, contratar salão, buffet, fotógrafo, e todas essas coisas.

Eu sai andando pois havia muitas coisas a ser feito, de verdade.

Dois dias depois, Bill veio falar comigo meio preocupado :

- Evy, você acha que a Rebeca está bem ? Ela não caça faz dois dias.

- Ela vai ficar bem. É a primeira decepção amorosa dela. Foi o primeiro rapaz que ela beijou. Isso é normal.

Bill sorriu, e mudando de assunto ele disse :

- E eu ? Fui que número em sua lista ?

Ele estava com seu lindo sorriso, aquele que somente ele e o falecido irmão dele saberiam fazer.

Eu apenas sorri, e disse hesitando :

- Hmmm . . .  Já tive váaarios rapazes .

Claro que aquilo era mentira, pois ele havia sido meu primeiro, mas ele apenas gargalhou, e me beijou .

Aquilo era incrível, mesmo fazendo quinze anos que eu o beijava, eu me arrepiava inteira, e sentia vontade de o beijar mais e mais .

Mas uma batida na porta fez com que eu saisse daquele torpor após o beijo dele.

Fui atender, e por um segundo pensei que fosse Tom. Mas que engano, era Tomás, querendo falar com Rebeca.

Sem tirar os olhos dele, eu gritei :

- Rebeca, Tomás está aqui e quer falar com você !

Meu pior erro foi ter gritado, pois Bill era mais rápido que Rebeca, e então ele veio correndo e gritando com Tomás :

- Quem é você para chamar minha filha de objeto ? Você acha que ela vai ter coragem de vir falar com você depois do que você a chamou ? Não, Tom, ela não vai vir. Você não vai fazer com ela o que eu sempre vi você fazendo com as outras garotas . Não. com a minha filha Tom !

Rebeca, ouvindo os gritos de Bill, com lágrimas nos olhos. Ele também estava. Eu apenas o retirei da sala.

Saimos de lá, e quando chegamos ao quarto, Bill começou a quebrar tudo o que tinhamos, chutou várias comôdas, e jogou meus vidros de perfume no chão. Eu achava isso demais, e gritei com ele :

- Bill, sossega, ele não é o teu irmão. O Tom morreu. Morreu faz quinze anos. Realiza, cai na real. Até hoje, eu tive paciência com seu luto, mas já chega, olha a destruição que você fez em nosso quarto . Olha as minhas fotos, olha os meus perfumes .

- Cala a boca - Ele me disse, dando um tapa.

- Você não me ama de verdade, não é ? Você apenas me atura. Por que você não me deixou morrer ?

- Eu amo você sim . Por que você pensa isso ? Eu te salvei por que você é linda !

Só faltava eu pular em seu pescoço. Eu o queria esganar. Ele havia me salvado só por que eu era linda ?

- Ah Bill, eu te odeio . Você é desprezivel ! Só por que eu sou linda ? Ah vai a puta que te pariu ! Eu vou embora dessa casa .

- Ah Evelyne, eu que sou desprezivel ? E você que está fazendo esse showzinho rídiculo ? Você nem tem lugar para ficar, onde você iria ?

- Qualquer lugar é melhor que essa casa com você !

Naquele momento, eu sabia que havia conseguido o atingir bem no fundo de seu peito. Nós dois estavamos com lágrimas nos olhos .

Ele tinha os olhos fundos, de quem precisava de alguém . Mas esse alguém não seria eu . Eu não me deixaria levar . Eu o amava muito, mas me amava em primeiro lugar. Eu iria para um lugar onde ele não me encontraria tão cedo .

Peguei minhas roupas, comecei a procurar o isqueiro que ele havia escondido de mim, e quando eu achei, eu sai do meu quarto decidida, sem dizer nada . Ele veio correndo atrás de mim, e gritando muito :

- Evelyne, o que você vai fazer ? Volte aqui !

Nós passamos perto de Rebeca, e Tomás, eles nos olharam assustados, mas contnuaram a conversar . Nós tinhamos uma garagem ampla, e Bill que nem gostava de  " exageros " , tinha não apenas uma , como três Ferraris, pelas quais eu era apaixonada. Escolhi a mais nova, e com uma dor no coração imensa, coloquei minhas roupas sobre o capô e coloquei fogo .

Ele nem ligou, eu não entendia aquilo, ele apenas me olhou e disse :

- Já acabou com o seu show ?

Aquilo me estressou profundamente, afinal quem estava dando show era o Bill, e  por causa de um morto, não eu, mas para não ficar pior aquela briga eu disse :

- Sim, mas eu vou dar um tempo na nossa relação  !

Eu estava com um sorriso cínico, talvez ele estivesse esperando que após eu estragar o carro dele, minha raiva iria passar, ele ficou com uma cara de bobo e disse :

- Mas, Evy ? Nós não nos acertamos ?

- Não . . .

Ainda, pensei comigo mesmo, e sai de perto, pois se ele fizesse carinahde cachorrinho sem dono, eu não iria aguentar ir embora daquela casa.

Fui ao encontro de Rebeca para lhe dizer adeus :

- Rebeca, faça o que você quiser da sua vida, por que eu estou caindo fora . Eu não aguento viver com Bill. Ele vai me por louca !

Ela sorriu, me abraçou e disse :

- Ah mãe, eu irei com você para onde você for . Tomás, mais tarde eu te procuro, minha família está em crise, como já deu para ver !

- Tchau, até mais tarde . - Ele chegou perto dela e lhe deu um beijo agressivo, parecido com os de Tom .

Fiquei imaginando como seria um beijo de Tomás, se era bom, ou melhor que Tom .Ai a convivência com Bill havia me feito ficar reparando nas semelhança entre ambos. Que ódio dele.