A Filha Dos Mundos escrita por Devill666


Capítulo 9
A viagem II




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O sol estava a começar a pôr-se. Saya calculava que tivessem caminhado cerca de cinco horas desde que tinham parado, mas, como não tinha relógio, não podia ter a certeza. Nunca o usava, pois existiam milhares por toda a redação do jornal. Mas agora sentia-se descontrolada, sem qualquer controlo sobre o que acontecia. Estava habituada a reger-se pelo tempo. Ele era vital, pelo menos se queria ter todos os artigos prontos na altura da impressão.

- Hoje dormimos aqui - declarou o Kai.

Ele só podia estar a brincar. Nunca na sua vida Saya tinha dormido ao relento, nem mesmo das raras vezes em que fizera campismo. E certamente não seria aquela a primeira.

- O que foi? - perguntou ele admirado - Não gostas do lugar?

Então ele estava a falar a sério!

- Não posso dormir aqui.

- Porque não? É perfeito. Não é nem muito exposto, nem muito ventoso. E já está a anoitecer. Não temos tempo para procurar outro lugar.

- Não há nenhuma casa por aqui? Nenhum barracão abandonado?

- Lie. É claro que não - ele parecia estar a ficar irritado - Mas porque é que não podes dormir ao ar livre?

Ela sabia que ele ia achar ridículo, por isso não ia dizer-lhe. Recusava-se a dar-lhe um motivo para se rir dela.

- Saya, porque é que não podes dormir ao relento?

- Não é da tua conta. Não te vou dizer.

- Estou a perder a paciência. E não queria. Dá-me um bom motivo para não poderes dormir aqui, só um, e eu prometo que hei de arranjar uma solução. Não sei como, mas arranjarei.

S ele arranjasse uma solução... Valia a pena arriscar.

- Eu... Eu tenho medo de aranhas.

Kai ficou a olhar espantado para ela, mas não se riu.

- Se é só por isso, podes ficar descansada. Elas temem-nos. Não se aproximarão sequer. Podes estar tranquila, que não acordarás com nenhuma em cima de ti.

- Tens a certeza? - perguntou ela com medo

- Absoluta - respondeu ele, e Saya acreditou. - Agora podemos comer? É bom que esta noite durmas bem, pois amanhã teremos de andar mais do que hoje.

Comeram e depois estenderam-se no chão, com as mantas por cima deles. Passado pouco tempo, Kai tinha adormacido. Ele devia estar habituado aquilo, mas ela não. Deu várias voltas até que finalmente adormeceu também.

Era ainda de noite quando Saya acordou. Tinha sono, mas depressa percebeu que não podia dormir mais. Kai estava a tirar alguns bolos para o pequeno almoço e já arrumara a sua manta.

- Bom dia - disse o youkai.

- Boa noite, queres tu dizer! - retorquiu a Saya de mau humor.

Ele encolheu os ombros e deu-lhe um bolo. Para grande surpresa de Saya, os bolos ainda estavam frescos, pareciam acabados de fazer. Comeu dois e bebeu um pouco de água. Ia arrumar as suas coisas mas o youkai já o tinha feito.

- Estás pronta para continuar?

- De maneira nenhuma - respondeu - Estou cheia de sono.

- Receio que tenhas de dormir enquanto caminhas. Não podemos atrasar-nos mais.

- Ah! E tu sabes se eu consigo ou não andar. Se eu me recusar a sair daqui, o que é que fazes?

Aparentemente continuava sem ela. Quando terminou a frase, já Kai começara a andar. Não teve outro remédio senão apressar-se a segui-lo

- Pensei que eras o meu guia e protector. Não me podes deixar para trás! - sorriu sarcasticamente - Assim não me proteges.

Kai parou bruscamente, o que fez com que Saya chocasse com ele.

- Eu quero fazer esta viagem contigo tanto quanto tu a queres fazer comigo - virou-se profundamente irritado. - Por isso, Saya tenta não me aborrecer. Estou a tentar ser o mais simpático possível, mas se preferes que me comporte como se fosse invisível, tudo bem. Só não me faças perder a paciência.

- Não preciso, Kai. Já a perdeste.

O youkai levantou uma mão e por momentos ela pensou que ele lhe ia bater. Mas ele cerrou o punho e baixou lentamente o braço.

- Tens toda a razão, Saya. Por isso, se achas que consegues fazer esta viagem sozinha, podes ir. Está descansada que não vou tentar impedir-te.

- Ótimo! - disse secamente - Sayonara, Kai. Até nunca.

- Até nunca, Saya.


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