A Filha Dos Mundos escrita por Devill666


Capítulo 40
Saudade




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Os dias no hospital foram tristes e enfadonhos. A mãe deixou de a visitar e Kohaku ia lá todos os dias, para grande desespero de Saya, que tentava a todo custo fugir às suas carícias. Não le podia dizr que estava apaixonada por outra pessoa porque antes do acidente essa questão nem squer se puna e depois do acidnte, para ele, ela estivera sempre a dormir, pelo que não podia ter-se apaixonado. Por outro lado, doía-lhe ter de rejeitar todos os beijos e não conseguir disfarçar o desconforto que as carícias lhe provocavam, pois podia ver como isso o magoava. E para agravar a situação, não conseguia deixar de pensar em Kai. Revia constantemente a noite do primeiro beijo e o amanhecer em que o encontrara sentado num banco, ao relento, com a cara coberta de lágrimas silenciosas. Às vezes dava por si a chamar o nom dele baixinho, na sperança de que ele aparecesse vindo do nada.

O hospital era velho e estava a precisar urgentemente de obras. Os corredores, de deteriorada tijoleira branca e castanha, eram sombrios e encontravam-s repletos de rostos cansados por uma doença que lentamente lhes amargurava o espírito. A janela do quarto onde estava dava para as traseiras onde ficava o parque de estacionamento. A comida não era propriamente a melhor. E nas casas de banho (banheiro) Saya mal se atrevia a entrar.

Para quem acabava de chegar de Caladmirion, a Grande Floresta, ceia de risos, altas e verdes árvores, belas casas de pedra branca e magnificentes palácios de cristal e vitrais onde habitam Fadas, Youkaie e Elfos de rosto alegres e harmoniosos, altos e belos, sábios e quase tão poderosos como os alicerces da Terra, aquele não era propriamente o lugar ideal para ficar. E assim ela tinha saudades das árvores, do verde e do dourado, da luz, dos Youkais, dos Elfos, das Fadas, dos Duendes.... Tinha saudades daquele Mundo do pai, tão belo e puro do qual também fazia parte.

O doutor White examinava-a todos os dias. Achava aquela doença muito estranha. Saya ficou a saber que fora atropelada pelo camião e que estivera a dormir durante um mês. O que evidentemente não era normal. Além disso, mais estranho que partir o úmero, era o profundo golpe que tinha na perna. Enfim, o doutor White deparara com todo um conjunto de curiosas situações que a sua ciência não conseguia explicar. E Saya, por mais que quisesse, não lhe podia contar a verdade. Ele era um homem persistente. Estava decidido a encontrar uma explicação para tudo aquilo (talvez fosse uma doença desconhecida). Por isso, ela continuava retida naquele triste hospital para fazer mais e mais exames. Mas finalmente, depois de uma semana e meia, o doutor White deu-lhe alta.

Kohaku foi buscá-la e Saya tinha esperanças de que a mãe também fosse. Mas não foi. Apenas mandara um pequeno bilhete onde estava escrevinhada a seguinte mensagem: «Quando souberes em que Mundo vais ficar, procura-me na casa de campo».

A intenção de Saya era telefonar à mãe assim que chegasse a casa e dizer-lhe que decidira regressar ao Mundo do pai. Mas durante a longa viagem de carro do hospital para casa, as certezas começaram a dissipar-se. Enquanto estava parada nas longas filas de trânsito, com buzinas a soarem impacientes no ar, observava os bancos de jardim, os prédios, as cabinas telefónicas, as lojas, os cafés pelos os quais costumava passar todos os dioas. Viu o cinema onde tanto gostava de ir e relembrou o sabor doce das pipocas quentes e estaladiças que lá comiam. Nas ruas já se podiam ver os vendedores de castanhas a anunciar a chegada do inverno; as pessoas aconchegavam mais para si os sobretudos, calçavam as luvas e apressavam o passo para chegarem secas a casa. E lentamente um sentimento nostálgico começou a crescer dentro de si.

Por isso, quando chegou a casa, não telefonou à mãe. Limitou-se a sntar-s no parapeito da janela do seu alto apartamento, a olhar lá para fora. E assim foi adiando essa decisão tão importante, tornando-a cada vez mais difícil e penosa.


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