A Filha Dos Mundos escrita por Devill666
Fez uma pausa, olhou para o lado e soltou um leve suspiro. Tinha os olhos cheios de tristeza e Saya percebeu que não era nenhum pormenor específico que o magoava. Nunca tinha conhecido Nessya, Aerzis ou mesmo Valindra e não eram as suas mortes em particular que o magoavam, mas sim a história do seu povo. Um povo que vivera sempre em paz, mas que podia ver a sua paz acabar com a chegada de Naraku.
- Kai.... - chamou a medo - Aquele youkai de há bocado era Naraku, não era...?
- Era - respondeu o youkai - Eu disse-te.
- Hai, eu sei que disses-te. Mas então... O que é que eu lhe fiz? Matei-o?
Ele soltou uma gargalhada triste.
- Lie, Saya. Confesso que teria sido bom se o tivesses feito. Mas infelizmente não o podes fazer, pelo menos não para já. A única coisa que fizeste foi assustá-lo e enfrequecê-lo um pouco. Ele estará de volta muito em breve, talvez nem demore um mês.
Saya sentiu-se ligeiramente desanpontada. De certo modo, gostava de ter destruído Naraku. E então uma pergunta formou-se na sua cabeça.
- Kai? Afinal como é que o Ceptro funciona?!
- Não sei - respondeu ele como se fosse perfeitamente natural - Ninguém sabe, nem nunca ninguém soube.
- Estás a dizer-me que vocês possuem a única coisa que pode destruir Naraku e nem sequer sabem como funciona? - ele ficou a olhá-la como quem não percebe o porquê da admiração - Gomenasai, mas é preciso ser-se muito burro.
- Saya... O Mundo onde vives-te até agora pode ser linear, mas este Mundo é complexo...
- O meu Mundo também é complexo - estava outra vez a ficar irritada com ele. Ele não tinha o direito de dizer que o seu Mundo era pior que o dele!
- Tudo bem - disse ele com um tom de voz de quem está a perder a paciência - Só estou a dizer que este Mundo está envolto em magia; ele próprio foi criado com magia. Por isso, se não sabemos algo desta importância, não é por não tentarmos, mas porque, pura e simplesmente, não conseguimos descobrir. Talvez o Ceptro não queira que saibamos, talvez esteja à espera da pessoa certa... Não sei, Saya. Estou cansado.
Olhou para ela e depois fez uma cara de desespero. Suspirou profundamente, fechou os olhos e encolheu os ombros.
- O Ceptro é um objecto mágico e, como todos os objectos mágicos, tem uma vontade própria, que muito dificultamente pode ser vergada. É evidente que alguém como Naraku o poderia fazer e é por isso que seria tão perigoso se ele o apanhasse. Imagina o que ele poderia fazer se tivesse na sua posse algo tão poderoso como o Ceptro. Eu concordo que temos poucas respostas para tantas perguntas, mas as pessoas aqui também não passam a vida a questionar-se sobre tudo e mais alguma coisa. Pelo menos a maior parte delas - e como Saya parecia estar novamente aborrecida, acrescentou rapidamente - Não me interpretes mal. Não estou a dizer que não seja bom que faças perguntas. De facto, acho que até é importante que te interrogues e tentes procurar respostas para as tuas perguntas. O único problema é que, como eu não tenho resposta para todas elas, acabas por destruir toda a minha paciência. E a minha paciência até costuma ser bastante grande.
Ambos se riaram com gosto. Ele levantou-se e estendeu-lhe a mão para a ajudar a levantar.
- Vamos entrar? - perguntou ainda a rir.
Ela assentiu com a cabeça, também a rir. E os dois empurraram as magnificentes portas.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
No próximo capitulo, emoções fortes para a Saya. Ao descobrir toda a verdade sobre as suas verdadeiras origens, como será que ela vai reagir.