Com a Bola Toda escrita por Machene


Capítulo 4
Para Alcançar Deve Rebolar




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Cap. 3

Para Alcançar Deve Rebolar

{Sanae Pov’s/Brasil, sábado}

Sanae – Sério? Ai Tsubasa, isso é incrível!

Oliver – “Acho que não tem problema em te contar isso, se nós queremos que esses dois fiquem juntos. Aconteceu alguma coisa naquele dia, no aeroporto.”.

Sanae – Com certeza! Nós só estamos há cinco dias no Brasil e a Gabi tá se dedicando aos treinos como se fossem os últimos minutos. Isso tá começando a me assustar!...

Oliver – “Pelo lado positivo, ela nunca foi tão dedicada!”.

Sanae – É mesmo! – rio – Mas ela só faz isso porque quer distrair a mente.

Oliver – “Todos aqui sabiam que vocês iam conseguir entrar na universidade Sonore.”.

Sanae – Você fala como se já fosse certeza... Eu tive muito trabalho pra derrubar todas as jogadoras que me desafiaram! A Gabriele, por outro lado, tava tão concentrada que venceu fácil!

Oliver – “Acho que na verdade ela não está focada nos treinos e sim distraída. Quando a Gabriele se concentra apenas no futebol, ela se diverte e ignora seus problemas! Mas agora, pelo que você me disse, ela parece muito preocupada com alguma coisa. Por isso está tão agressiva!”.

Sanae – Eu quero ajudar, mas acho que ela não vai me contar nada!

Oliver – “Você nunca vai saber se não tentar.” – sorrio; ele deve estar sorrindo também – “E a propósito Sanae, meus parabéns por ter entrado na universidade Sonore.”.

Sanae – Obrigada Oliver. – ponho o meu braço direito sobre o travesseiro – E o que você está fazendo agora?

Oliver – “Tomando o café. Eu tô esperando o senhor Mendes terminar a consulta do Leo pra fazer a minha.”.

Sanae – Você anda treinando muito? Tente não exagerar! É bom relaxar!

Oliver – “Eu sei. Não se preocupe, eu ainda tô no ritmo do treino que nós elaboramos.”.

Sanae – Você... – eu fiquei ofegante de repente – Você ainda tem aquele cronograma que a gente fez? Faz um ano!

Oliver – “Mas eu guardei! Eu gostei dele.” – alargo o meu sorriso – “E você? O que está fazendo agora Sanae?”.

Sanae – Agora? Ah, eu só tô deitada na cama! Tô dividindo o quarto com a Gabi.

Oliver – “E como é o lugar? O que você viu? Diz pra mim!”.

Sanae – Bom... O Rio de Janeiro é muito bonito! Eu insisti um pouco, e amanhã Gabriele vai comigo ver o Cristo Redentor. Eu passo umas fotos por e-mail pra vocês!

Oliver – “Tudo bem... Nossa, eu adoraria estar aí também! O Roberto sempre me contou muito do Brasil, e eu comecei a querer ver com os meus próprios olhos!”.

Sanae – Mas vocês vêm para o casamento dos técnicos e do Mark com a Talita, né?!

Oliver – “Claro! Mas eu também gostaria de treinar um pouco na universidade Sonore.”.

Sanae – Eu aposto que você ia deixar os cariocas de queixo caído Tsubasa!

Oliver – “Por quê? Você acha que eu tenho chance jogando contra eles?”.

Sanae – É claro que sim! Você é muito bom Tsubasa!

Oliver – “Obrigada... Isso é muito vindo de você.” – acho que tô corada – “Ah, e Sanae!... Pode me chamar de Oliver, tá?!”.

Sanae – Ah... Ok... – ah é, as minhas bochechas mudaram de cor drasticamente!

Oliver – “Olha só, eu tenho que ir, é a minha vez no exame!”.

Sanae – Ah tá, tudo bem!... Então... Tchau... Oliver.

Oliver – “Até mais Sanae. Eu ligo pra você de novo.”.

Assim que ele desliga o telefone, eu me levanto da cama e começo a pular de um lado para o outro, rodopiando feliz. Gabriele entra neste momento, com seus cabelos ainda meio úmidos do banho, e fica observando. Ela começa a rir e retira a toalha do pescoço, jogando no meu rosto.

Sanae – Ei! – rio, fingindo estar irritada enquanto penduro a toalha em uma cadeira.

Gabriele – Sabia que quando você fica irritada as suas bochechas incham? É engraçado!

Sanae – Só não diga que eu me pareço com um baiacu! Os garotos da escola diziam isso...

Gabriele – Eles são idiotas! – ela suspira e deita na minha cama de lado, apoiando o rosto na mão esquerda e pegando o telefone com a outra – Quem era?

Sanae – Ah, era o Oliver. – ela levanta uma sobrancelha e eu acabo corando – O quê?

Gabriele – Oliver? – ri – Desde quando chama ele assim?

Sanae – Desde agora... Ele me pediu pra chama-lo assim.

Gabriele – Oh Sanae! – ri de novo, fazendo uma voz de bebê – Que coisinha meiga!

Sanae – Ah pára Gabi! Nós não temos nada um com o outro! – viro de costas, cruzando os braços, e escuto ela levantar da cama e correr até mim.

Gabriele – Não seja boba! – sorri, segurando meus ombros – Eu tenho certeza que ele está gostando de você! – olho de banda pra ela – É sério! Vocês às vezes trocam uns olhares fofos!

Sanae – E por que você acha que ele ia se interessar por mim?

Gabriele – Por quê? Sanae, amiga, olhe para você! – ela me vira de frente e levanta meus braços puxando minhas mãos para o alto – Você é linda! Até com este pijama rosa fica sexy!

Sanae – Ah, pára! – rio junto dela, puxando as mãos – E o que mais?

Gabriele – Gentil e espirituosa...! Você não tem medo de mostrar quem é mesmo tímida!

Sanae – Parece que está falando de você mesma Gabi.

Gabriele – Tem um pouco de mim em você. – balança a cabeça, circulando meus ombros com o braço esquerdo – Olha só, se quiser eu posso ser sua professora!

Sanae – Minha professora? – estranho – E o que você pretende me ensinar?

Gabriele – A conquistar o Oliver! – ela me encara com cara de óbvio – Eu não sou expert em moda e maquiagem, mas posso te dizer algumas coisas sobre relacionamentos. E aí, topa?

Sanae – Claro! E agradeço Gabi. – sorrimos e voltamos a deitar na minha cama.

Gabriele – Mas e aí...? O que vocês dois estavam conversando?

Sanae – Ah sim, é importante eu te contar isso!... – ela olha confusa pra mim – Ele ligou pra me dizer que o Hyuga já sabe da nossa vinda pro Brasil.

Gabriele – Ah sabe?!... – suspira, desmanchando o sorriso – E daí?

Sanae – O Oliver disse que ele pode estar preocupado com você! – ela continua quieta e séria – Os meninos disseram ao Hyuga que nós viemos pra cá e ele parecia interessado.

Gabriele – Isso porque ele acha que nós não vamos conseguir aperfeiçoar nossas técnicas até a volta, mas se enganou! Quando conseguirmos um destaque na pré-escalação do Katagiri, o senhor enfezadinho vai desejar nunca ter me conhecido! – ela vira de costas.

Sanae – Ah Gabriele... – suspiro – Ei, me conta o que aconteceu no aeroporto!

Gabriele – Por que quer saber? – ela continua de costas.

Sanae – Você é minha amiga. Amigas contam coisas uma para a outra, não?! – devagar, ela volta o corpo de frente para mim e suspira, abrindo um meio sorriso.

Gabriele – Tudo bem, eu conto!... Vai ser melhor desabafar... Bem, por onde eu começo?... – ela se senta e abraça um travesseiro, olhando pra cima com certo interesse – Quando eu e tio Mark chegamos ao aeroporto, o Kojiro já tava pegando um táxi. Só deu tempo de eu chamar por ele, mas quando o desgraçado olhou pra trás...! Sabe o que ele fez?! – nego com a cabeça, quase rindo – Ele riu! Mas não foi um daqueles sorrisinhos de canto, ou um sorriso de despedida. Ele riu com um daqueles sorrisos de escárnio mesmo! Aquela besta tava zombando da minha cara!

Sanae – Zombando de você? – estranho – Tem certeza Gabi?

Gabriele – Eu acho que reconheço um sorriso de zombaria quando vejo um!

Sanae – Sim, eu não digo por isso, só que... É estranho logo o Hyuga fazer isso!

Gabriele – Como assim “logo o Hyuga”? Pra mim ele é muito capaz; disso e coisa pior!

Sanae – Eu conheci o Hyuga depois de você, mas pra mim ele não é do tipo de pessoa má.

Gabriele – Você escutou a discursão que nós tivemos perto do vestiário masculino lá na universidade Pritt? – nego com a cabeça – Mas ouviu algum comentário? – confirmo, de novo com a cabeça – Pois é... O bobão aceitou ser capitão do Filiam pra melhorar seu futebol e nem se incomodou quando eu disse que a sua própria família tinha me pedido pra tomar conta dele!...

Sanae – E você já pensou que ele pode estar fazendo tudo isso justamente para dar uma vida melhor pra família dele? – ela me encara surpresa – É sim Gabi! Olha... Pelo que eu soube da Jamile, Misaki contou para ela que o Hyuga era o único que podia ajudar a mãe com a casa e as despesas dos irmãos. E o Ken uma vez comentou que ele trabalhava depois dos treinos num restaurante, quase todos os dias, e dizia pra mãe que só fazia isso porque queria trabalhar!

Gabriele – Eu sei disso... – ela abraça as suas pernas melancólica – Eu só quero entender por que ele foi embora. O Kojiro podia ter continuado com a gente, mas preferiu ir pra Braja!

Sanae – Só que para uma pessoa que não tinha quase nada, o futebol abriu muitas portas pra ele Gabriele! – ela me olha com os olhos vermelhos; deve estar querendo chorar – O Hyuga devia estar pensando que ia perder a chance de participar do campeonato, pois o treinador Max disse que ele não tinha um bom equilíbrio físico, lembra?! – ela faz que sim com a cabeça – Para ele, talvez isso possa ser a coisa mais aterrorizante do mundo, porque se a única coisa que tem é o futebol, e nem isso mais ele poder fazer, a sua família quem sairia prejudicada! – Gabriele está me olhando realmente surpresa e parece estar refletindo sobre tudo – Só o que Hyuga sabe fazer é jogar um futebol mais agressivo, porque foi educado assim! Então, seu antigo técnico, Kira, se tornou a melhor opção pra treiná-lo e fazê-lo ficar em forma!... – Gabi não diz nada no começo.

Gabriele – Meu Deus... – suspira, passando as mãos no rosto – Você pode ter razão Sanae! Eu mesma já conversei com os irmãozinhos dele e descobri um pouco mais sobre o seu passado... Como o Kojiro perdeu o pai muito cedo, deve considerar aquele técnico um substituto. Mas não é culpa dele se a primeira influência paterna que recebeu logo de cara foi de um gorila vermelho!

Sanae – “gorila vermelho”? – rio; ela me olha sorrindo.

Gabriele – Já prestou atenção naquele nariz dele? Tá sempre vermelho! E diz se ele não se parece com um gorila! – nós duas rimos – Mas você tem razão, eu fui injusta.

Sanae – Então você vai ligar pra ele?

Gabriele – Claro que não! Ficou maluca?

Sanae – O quê? Por que não?

Gabriele – Eu ainda acho que aquele sorriso dele no aeroporto foi de desprezo. Ele deve tá muito irritado... Não vou arriscar ter o telefone desligado na minha cara! E pra mim ainda deve ter outro motivo pro Kojiro querer ficar tão forte. Kira não pode ser melhor que o Roberto!

Sanae – E o que pretende fazer? Esperar?

Gabriele – Pode ser... Mesmo por um bom motivo, ele agora está em Braja, com a nojenta da Natasha!... Então, eu vou dar um tempo e esperar que ele sinta falta de mim.

Sanae – E se isso demorar?

Gabriele – Você disse que o Oliver acha que ele tá preocupado comigo. Já é um bom sinal...

Sanae – Tá, eu não digo mais nada!... – suspiro, vendo-a sair da minha cama e ir pra sua.

Gabriele – Agora me diz... Você e o Oliver conversaram mais alguma coisa? – ela sorri de um jeito pervertido, me deixando sem jeito, então eu acabo contando tudo.

...

Sanae – Ai Gabi, é tão lindo! Olha lá! – aponto para o Cristo – Vamos tirar uma foto. Vai, abre os braços! – ela ri e fica na frente do Cristo.

Gabriele – Isso é o tipo da coisa que a Selena gostaria de fazer! – ri, abrindo os braços.

Eu tiro a foto e ela pede que também faça uma pose. Depois de muitas fotos, Talita e Mark nos pedem para voltar ao alojamento da senhora Aparecida. Após alguns anos, a casa dela foi reformada e se transformou em um alojamento. Ela precisa ser grande, mas não para receber os universitários ou trabalhadores de outros países, e sim para comportar os doze filhos! Em troca de abrigo e comida, Gabriele e eu ficamos de babás da senhora Aparecida enquanto está fora.

Agora ela precisa sair com as noivas, enquanto Roberto ajuda Mark com os acabamentos do carro alegórico. O tema da escola de samba que está sendo auxiliada por Talita é justamente o futebol. Eles só precisam rever alguns detalhes e logo a escola poderá desfilar na avenida. Por enquanto, Gabi e eu ficaremos com as crianças no tempo livre. São seis garotos e seis meninas. Todos são muito fofos, mas tomar conta de todos eles fica meio difícil quando só são duas...

– Tia Sanae, eu machuquei meu dedo! – Graça vem até mim com o indicador sangrando.

Sanae – Oh meu bem!... Venha aqui! – seguro-a no colo e coloco sobre a mesa de jantar – Tá tudo bem, já passou. – rapidinho, pego a caixa de remédios, posta estrategicamente sobre o balcão da cozinha ontem, e começo a fazer um curativo no dedo dela – Como isso aconteceu?

Graça – O Cauê derrubou a bola debaixo da tábua solta do porão e eu fui ajudar a pegar.

Sanae – Ah meu Deus...! – desço a pequena da mesa e puxo-a pela mão – Gabriele!

Gabriele – Ai, pra quê tanta gritaria? – ela está no jardim, brincando com os gêmeos.

Sanae – O Cauê derrubou a bola de futebol debaixo da tábua do porão.

Gabriele – De novo? – suspira, soltando o controle remoto do aviãozinho de brinquedo – Eu vou lá. Distrai esses dois! – concordo com a cabeça enquanto ela passa por mim.

Sanae – Gracinha, meu amor, vai brincar com as suas irmãs, vai! – ela sorri e corre para o quarto – Ei, vocês dois, o que estão fazendo?

– A tia Gabi achou as pilhas do controle! – um dos pequenos me olha sorrindo.

Sanae – Estou vendo... – sorrio de volta – Abílio, tome cuidado com as flores da sua mãe!

– Ele é desastrado! – o irmão ri e puxa o controle – Me dá, é minha vez!

Abílio – Só um pouco Brito, depois sou eu de novo!

Brito – Tá bom! – ele responde irritado, movendo os dedos de um lado para o outro.

Sanae – Ei, vocês ficam aí quietinhos enquanto eu termino o almoço? – eles confirmam – Tá bom. Cuidado, heim! – rio e entro, voltando para a cozinha e mexendo a sopa.

– Tia Sanae... – uma vozinha arrastada desce as escadas – Eu não tô me sentindo bem.

Sanae – Flávia, meu bem, o que você tem? – antes que eu faça algo, ela abaixa a cabeça e vomita, dando tempo apenas para que segure seus cabelos – Minha linda! Está com muita febre!

Flávia – Eu posso ficar deitada na cama?

Sanae – Claro! Venha! – empurro-a devagar pelos ombros – Eu vou pegar o termômetro.

– O que ela tem? – escuto outra voz atrás de mim, parada na porta, e viro de costas.

Sanae – Elvira, que bom! Por favor, vigie sua irmã enquanto eu vou buscar o termômetro.

Elvira – Ela tá com febre? – aproxima-se da cama.

Sanae – É sim. Vigie-a bem, eu já volto! – saio correndo até a caixa de remédios.

Gabriele – Chegamos! – escuto-a descer as escadas e vejo Cauê ao seu lado, com a bola em mãos – Ufa! Foi difícil arrancar aquela bola de lá! Seria bom um braço masculino pra consertar aquele estrago no chão!... Ah! – sacode a mão e faz cara feia, me fazendo rir – Que cheiro é esse?

Sanae – A Flávia tá doente e vomitou no chão. Alguém tem que limpar... – eu nem tenho tempo de terminar; Cauê escorrega no vômito.

Gabriele – Não precisa mais. – ri, com a mesma cara de nojo que eu – Bom trabalho Cauê!

Sanae – Gabriele! – ela ri, ajudando o garoto a se levantar.

Cauê – Que nojo! – ele larga a bola no chão – É sempre comigo!

Sanae – Ai... – suspiro – Será que você não pode...

Gabriele – Ah, ah! – ela sacode a cabeça e toma o termômetro da minha mão – Nem pense nisso! Você cuida da sujeira, eu ponho o termômetro na Flávia.

Cauê – E eu? – olhamos para ele, esperando de braços abertos.

Gabriele – Tá bom... Júlio! – ela grita e logo outro garotinho de quase oito anos aparece – Faz o favor de colocar o termômetro na Flávia. Eu vou ajudar seu irmão fedorento. – Júlio faz a mesma cara de nojo e sai rindo até o quarto – E você, vem comigo para o banheiro! – eles saem.

Eles têm entre cinco e doze anos. Os meninos geralmente assumem o papel de cuidar das irmãs enquanto a mãe fica fora e deixam o lado bagunceiro de lado. Os mais velhos fizeram um cronograma para revezar a limpeza da casa, enquanto os mais novos ficam de não desarrumar nada. Em ordem decrescente de idade, as crianças são: Nicodemos, as gêmeas Maiara e Lavínia, Júlio, Décio, Iara, Cauê, Graça, Flávia, os gêmeos Abílio e Brito e a caçula da família, Elvira.

Iara e Elvira parecem ser mais velhas do que realmente são, em mentalidade, e Nicodemos tem meu tamanho, mesmo não passando de doze anos e meio! Já nos foi avisado que Flávia fica doente facilmente e os gêmeos brigam com facilidade, mesmo sendo muito unidos. Dos outros, a gente descobriu com o tempo. As gêmeas passam muito tempo trancadas no quarto, escutando música e lendo revistas de moda, enquanto Graça e Júlio assistem TV. Cauê é o encrenqueiro...

Todos eles adoram futebol, mas Cauê, segundo a senhora Aparecida, parece que nasceu já grudado com a bola! Ele e o Oliver têm a mesma filosofia: a bola é sua amiga! Ele fica treinando, muitas vezes sozinho, quando os irmãos não tem condição de brincar com ele, no porão. Como a família é grande e a atenção precisa ser dividida, ele fez da bola de futebol uma amiga. Ah sim!O vizinho da frente, chamado Pedro, visita as crianças de vez em quando e brinca com o Cauê.

Ele acaba de chegar e o seu lugar à mesa já está pronto. Ao contrário do de costume, ele só liga na hora do almoço para avisar quando não vai comer aqui. A sua presença na casa é rotina.

Gabriele – Então Pedro... – ela começa, arrumando o guardanapo sobre as pernas – Você faz parte da liga de juniores?

Pedro – Faço sim! – ele toma um gole de suco – E se quiserem algumas informações sobre o estádio Domus Dei ou os jogadores da universidade Sonore, eu terei prazer em ajudar!

Foi assim que conhecemos Pedro, na mesma tarde da nossa chegada ao Rio. Ele estava no estádio, no meio dos turistas que seguíamos, falando curiosidades na frente do guia turístico. A quantidade de informações que ele tem prova que no Brasil você se interessa cedo por futebol.

Gabriele – O que é Domus Dei? Vem do latim?

Nicodemos – Vem. Quer dizer “A Casa de Deus”, ou “Morada de Deus”.

Maiara – Lá no estádio os jogadores e os fãs se sentem tão bem que...

Lavínia – O nome dele foi mudado dois anos depois da construção. – elas têm uma mania muito característica de alguns gêmeos de terminar a frase uma da outra.

Décio – Algumas pessoas juram ter visto alguns jogadores voarem, como pássaros! – fala em voz baixa, como se fosse um segredo, e nós rimos – Construíram o estádio sobre uma igreja.

Júlio – Todo mundo diz que é um lugar abençoado. Eu gostaria de jogar lá um dia...

Gabriele – Talvez possa. – sorri e todos a encaram – Por que nós não os ensinamos como jogar de verdade, Sanae?

Sanae – Sério? – os outros me encaram na expectativa – Claro! Por mim, tudo bem!

Décio – Ah cara, isso vai ser demais! – ah sim: ele é o contador de histórias empolgado do grupo – Aprender com as jogadoras do time que venceu o campeonato mundial!

Júlio – Mas isso não vai atrapalhar o treino de vocês?

Gabriele – Nós podemos aproveitar o tempo que temos pra tomar conta de vocês.

Nicodemos – Se formos incomodar, por favor, digam! – ele é o mais educado da família.

Sanae – Não vai incomodar. – rio – É bom ensinar novas gerações. Mas não facilitaremos!

Lavínia – Nós podemos fazer uniformes pra todo mundo!

Maiara – A mamãe ensinou. Só precisamos tirar as medidas.

Iara – A minha roupa vai ser a mais bonita de todas!

Gabriele – Só se você ajudar a preparar as jaquetas de técnicas que Sanae e eu queremos.

Iara – Tá bom, mas ninguém pode copiar a cor rosa! – nós começamos a rir.

Continua...


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