Missão A Dois escrita por Sarah Colins


Capítulo 50
Capítulo 49 - Conselho


Notas iniciais do capítulo

Oi amigos, tudo bem? ^^
A fanfic está se aproximando do final, então esse e os capítulos seguintes serão decisivos para o desfecho da história. Para que todos já saibam essa provavelmente é a última temporada da saga. Logo teremos um final bem empolgante e definitivo.
Boa leitura ;)



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Será que eu iria me arrepender de ter seguido o conselho de Sally Jackson? Bom, de qualquer forma já era tarde demais para pensar nisso. Eu já estava lá, na sala de espera. A consulta já estava agendada e seria muito feio eu desistir de última hora. Além de fazer a doutora perder o horário, eu ainda passaria por covarde na frente de todos. Eu já tinha um certo trauma de salas de espera. Elas eram torturantes. Pra ajudar eu era uma semideusa, e ficar sem fazer nada por muito tempo poderia me enlouquecer literalmente. Mas naquele caso, se eu realmente ficasse louca pelo menos estava no lugar certo. Lá eles me entenderiam e me ajudariam. Pelo menos era isso que eu esperava. Pelo menos era o que Sally me dissera. E eu resolvi acreditar nela. Sua experiência de vida e sua grande vontade de ajudar me convenceram.

Mas minha apreensão não era só por isso. Sempre tive uma grande aversão por psicólogos. Não me leve a mal, mas não tem como gostar deles quando seus pais te obrigam a ir quando você é criança. Ainda mais quando eles acreditam que você está tendo alucinações de monstros que você sabe que são reais. Por um bom tempo eu achei que estivesse realmente louca e que tudo não passava de invenção da minha cabeça. Mas logo os monstros começaram a me atacar e me ferir, e foi ai que eu tive mesmo que ir ao psicólogo frequentemente. Meu pai acreditava que eu estava fazendo aquilo comigo mesma. Foi uma época horrível, então era obvio que eu não queria me lembrar dela. Me consultar com alguém que está querendo me convencer de que eu estou errada sobre algumas coisas não era o que eu precisava naquela época. Mas talvez fosse exatamente o que eu precisava no momento. Alguém para me fazer enxergar as coisas de outra forma, com outros olhos.

É, definitivamente acho que isso iria ajudar. Alguém que pudesse ver a situação de fora talvez entendesse melhor e conseguisse me explicar como e porquê Percy e eu havíamos chegado àquele ponto. O problema era que eu sabia que não poderia contar absolutamente tudo o que havia acontecido. Teria que omitir as partes que envolviam monstros e deuses. Teria que dar um jeito de adaptar essas partes para tornar tudo lógico. Não seria nada fácil. Mas eu não ia me preocupar com isso ainda. Primeiro eu tinha que entrar naquele consultório e encarar a doutora… Como era mesmo o nome dela? Taisa Marques, sim era isso. Deuses, pelo nome eu só conseguia imaginar uma mulher rigorosa e carrancuda. Na verdade não conseguia imaginar uma psicóloga de outro jeito. Elas me davam medo. Eu, porém era conhecida por encarar meus medos, não fugir deles. E era isso que eu ia fazer. Seria como mais uma de tantas batalhas que já enfrentei. Mais um de tantos monstros que encarei. Sem querer ofender a pobre da Sra. Marques, é claro. Ainda nem tinha olhado para a cara da mulher e já a estava julgando.

Finalmente a recepcionista chamou meu nome e disse que eu era a próxima a ser atendida. Aquilo foi um alívio já que eu não aguentava mais esperar. Que durou apenas dois segundos até eu lembrar o que me aguardava ao atravessar aquela porta antiga de madeira. Estufei o peito e me enchi de coragem. Entrei na sala da doutora e me sentei no divã que havia ao lado da poltrona onde ela estava. Sim, ela tinha um divã! A psicóloga Taisa Marques era, ao contrário do que eu imaginava, uma mulher muito jovem e bonita. Não devia ter passado da casa dos vinte anos, devia ser recém formada. Mas eu sabia que isso não tirava seu mérito, afinal Sally havia me dito que era uma das melhores de Nova York. Seus cabelos eram loiros e ela usava óculos de grau que lhe caiam perfeitamente. Ela me deu um sorriso sereno e acolhedor e em seguida consultou uma prancheta que levava nas mãos. Provavelmente ela estava checando meu nome e algumas informações que eu havia fornecido por telefone ao marcar a consulta.

– Annabeth, bom dia, é um prazer conhecê-la - me cumprimentou a psicóloga.

– O prazer é meu - respondi sem muita segurança na voz.

– Tudo bem, querida, sei que não deve estar assim tão feliz de me conhecer. Não tem problema, é muito comum isso aos que veem a primeira consulta - falou ela percebendo a minha falta de jeito - Mas posso fazer uma aposta com você de que iremos nos dar muito bem em pouco tempo. Pelo menos vou me empenhar para que me veja com outros olhos.

– Tomara que esteja certa - lhe devolvi o sorriso. Não sei que tipo de mágica Taisa estava fazendo, mas ela conseguiu me deixar bem mais tranquila e à vontade apenas com aquelas palavras.

– Bom, Annabeth, primeiro quero que saiba que não estou aqui para te julgar nem para te dizer o que certo ou errado - ela começou explicando - Apenas quero te conhecer, conhecer a sua história. Depois farei uma análise dela com a sua ajuda e futuramente poderemos saber os pontos positivos e negativos. Quero que entenda que não sou nenhum tipo de fada madrinha capaz de mudar o que aconteceu no seu passado. Mas irei fazer o possível para que juntas encontremos uma forma de tornar seu futuro muito melhor e que você consiga trilhar o caminho que deseja. Então, antes de mais nada me conte quem é Annabeth Chase…

E assim começou a consulta que mudaria minha vida. Eu ainda não sabia disso, obviamente, mas pelo menos já conseguia perceber que não seria tão ruim como imaginei. A doutora Taisa me deixou falar sem nenhuma interrupção enquanto eu contei a história da minha vida. Disse que fugi de casa porque minha madrasta me maltratava quando pequena, em vez de contar dos monstros. Contei sobre Luke e Thalia que me ajudaram a sobreviver. Contei do acampamento e até de Quíron, deixando de lado é claro o fato de ele ser um centauro. Tentei pular a parte da guerra dos Titãs e da guerra na Grécia contra as forças de Gaia descrevendo-os apenas como “anos agitados”. Ressaltei apenas as partes que envolviam Percy e eu e nossas constantes provas de amor um pelo outro. Taisa deve ter entendido aquilo como “coisas de início de namoro”. Então eu cheguei no ponto onde queria, o principal que havia me levado até ali: minha vida a dois com Percy e tudo que isso havia implicado em nossa relação.

Foi a parte mais longa da história sem dúvidas. Eu não deixei nenhum detalhe importante de fora. Bem, exceto aqueles que não podia mencionar. Como Afrodite, nossos pais, o Olimpo, os monstros e etc. Mas no geral consegui expor tudo a ela. Deixei bem claro que tivemos muitos problemas e que houveram erros em ambos os lados. Não fiquei colocando a culpa apenas em Percy, também admiti as burradas que fiz. Quando terminei Taisa disse que estava impressionada. Segundo ela muito precisam de alguns incentivos e até mais do que isso para conseguir falar e mesmo assim as vezes não conseguem colocar tudo pra fora assim de primeira. Cheguei a achar que tinha exagerado falando de tudo tão depressa, mas a psicóloga disse que aquilo era ótimo. Quanto mais eu compartilhasse as coisas com ela, mas ela conseguiria entender a história toda e me ajudar.

– Sua história de vida é realmente muito interessante, Annabeth. Vejo que passou por coisas difíceis e mesmo assim conseguiu seguir em frente e construir sua vida. Só por isso já posso dizer que é uma pessoa forte e destemida. Irá vencer facilmente esses empecilhos que surgiram em seu caminho. Bom, o que eu pude reparar a princípio é que o seu maior problema no momento é com a sua relação amorosa. Acredito que é por isso que me procurou, estou certa?

– Sim.

– Certo. E você e Percy continuam juntos?

– Sim. Quer dizer, acho que sim. Nós não chegamos a terminar, mas desde que ele me pediu em casamento que eu não o vejo. Estamos um pouco distanciados se é que me entende.

– Entendo perfeitamente. Normalmente esse tempo separados é muito bom para pensar e refletir sobre o que está acontecendo. Mas não diria exatamente da forma que as coisas aconteceram para vocês, afinal essa separação repentina não me pareceu de comum acordo.

– É… e não foi. Eu simplesmente deixei uma mensagem de voz avisando que ficaria longe um tempo e nem sequer pedi a opinião dele. Ok, pode dizer eu errei feio!

– De forma alguma direi isso. Você apenas fez o que estava sentindo, não imaginou que isso pudesse ter ferido Percy ou algo do tipo. É normal se arrepender. Mas devo te dizer que nunca é tarde para tentar reparar um erro. Por que você não liga para ele e tenta explicar melhor como está se sentindo? Diga que o melhor agora é que vocês fiquem um tempo longe um do outro. Que isso só irá ajudá-los. Tenho certeza que ele irá entender.

– Não sei… - disse pensativa. Talvez Percy não se opusesse se eu lhe dissesse que era melhor ficarmos afastados, mas isso não queria dizer que ele concordava. Achava estranho ele não ter vindo me procurar ainda e estava preocupada com ele.

– Bom, é apenas uma sugestão - completou Taisa - Agora só o que eu te recomendo é ir para a casa e descansar. Nos vemos na sessão de amanhã.

Me despedi da doutora e fui para a casa. Bem, não exatamente a minha casa, já que eu estava ficando no apartamento de Sally e Paul. Mas lá me sentia como se estivesse em minha própria casa. O fim de semana estava quase acabando e logo eu teria que voltar a minha rotina. Não sabia de onde tiraria forças para isso, mas precisava encarar o mundo de novo. Senão jamais conseguiria resolver minha situação. As últimas palavras de Taisa ficaram ecoando em meu cérebro o dia todo. Comecei a me sentir mal com aquilo. Eu realmente havia dado o “gelo” do ano em meu namorado bem depois de ele ter me pedido em casamento. E pra completar ainda me sentia magoada e traída por causa da história da Caroline. Por causa daquela parede que eu havia colocado em volta do assunto tudo havia ficado pior. Ela desmoronou me acertando em cheio. Fugi como uma criança amedrontada sem coragem de confrontar a verdade. Ainda não conseguia fazer isso. Mas sentia que devia ao menos uma explicação a Percy. Peguei então meu celular e disquei o número dele.

– Alô - atendeu ele soando evidentemente surpreso com minha ligação.

– Alô, Percy?

– Oi Annie, como você está?

– Não sei exatamente definir como estou. Mas acredito que melhor do que a última vez que me viu… E você?

– Mal - respondeu ele na lata - Eu fiz tudo errado e você está certa de querer ficar longe de mim…

– Percy, é melhor não falarmos disso. Ainda não - pedi com a voz fraca. Se ele continuasse eu iria começar a chorar - Só liguei para dizer que estou bem e que sua mãe e seu padrasto estão me tratando muito bem aqui. Quero voltar para casa logo, mas por enquanto acho que é realmente melhor eu ficar por aqui. Não se preocupe, nós vamos ficar bem. Eu ainda te amo e é isso que importa.

– Também te amo…

– …

– …

– Bom, então a gente se fala, tchau.

Desliguei a ligação antes que ele respondesse. Não estava mais aguentando ouvir a voz dele. Sentia uma saudade imensa e ao mesmo tempo não queria discutir com ele sobre nada. Logo, era melhor desligar de uma vez. Chorei bastante até conseguir dormir naquela noite. Por sorte Paul e Sally não ficaram muito tempo no apartamento naquele fim de semana. Não que eles me incomodassem, mas dessa forma eu pude me sentir mais à vontade para curtir o meu inferno particular. Durante todos os dias da semana seguinte eu fui a faculdade, ao trabalho e a consulta com a psicóloga. Eu sentia que estava fazendo progresso ao perceber que ficava cada vez mais difícil encarar meu dia-a-dia. Na semana anterior fora fácil porque eu estava em estado de estupor, me negava a sentir qualquer coisa. Agora, com a ajuda de Taisa eu consegui resgatar toda a experiência ruim, revivê-la e aprender a lidar com ela. Senti profundamente toda a mágoa, ódio, angústia, raiva, ciúmes e tristeza que deveria ter sentido muito antes. Prestar atenção as aulas e ao trabalho era mais difícil, mas pelo menos eu estava encarando e resolvendo o meu problema.

Então na sexta-feira, a psicóloga me deu uma notícia não tão agradável assim. Ela queria que eu trouxesse Percy para fazer o restante das sessões comigo. Segundo ela era fundamental que o meu parceiro estivesse presente. Aliás, seria impossível resolver totalmente a situação sem ele. Afinal tratava-se de um conflito amoro, um problema em uma relação entre duas pessoas. Por isso nada mais justo do que ele participar também. Taisa percebeu meu desânimo ao ouvir aquilo, mas insistiu que aquilo era imprescindível. Ela me aconselhou a ir pessoalmente procurá-lo para avisar. Essa seria uma etapa importante em todo o processo de recuperação que eu estava passando. Me dei por vencida e fui para a casa quebrando a cabeça em como eu diria isso a Percy. Sabia que ele não ia gostar nada da ideia. Tentei pedir a ajuda de Sally, mas ela tinha a mesma opinião de Taisa. Já estava na hora de eu e Percy voltarmos a nos ver, ou então eu enlouqueceria de vez!

E ideia de vê-lo em si não era má, obviamente. Eu estava mesmo com muita saudade e sentia falta de estar perto dele. Mas sabia que minha tarefa era complicada. Durante todo o caminho até nosso apartamento eu fiquei ensaiando como iria contar a Percy que ele tinha que ir as consultas com a psicóloga comigo. Ele nem mesmo sabia que eu estava indo a psicóloga. Será que sua mãe o tinha feito ir a uma também quando era pequeno? Pouco provável, afinal Sally sempre soube que Percy era um semideus e conseguiu mantê-lo longe de perigo até ele crescer e ir para o acampamento. No entanto, era difícil encontrar alguém que achasse legal a ideia de fazer terapia, ainda mais se nunca tivesse feito nada parecido antes. Eu mesma estava receosa a princípio. Mas acabei gostando depois. Entrei no prédio sem que o porteiro tivesse que anunciar minha chegada, ele já me conhecia e me deixou subir. Subi até o sétimo andar e usei minha chave para abrir a porta. Uma ideia completamente idiota que quase me fez levar uma pancada na cabeça com um taco de baseball.

– Você quase me matou do coração! - disse Percy paralisado enquanto ainda segurava o taco acima da cabeça - Por que, não avisou que estava subindo? Quase que eu te acerto com isso - indicou ele enquanto abaixava sua “arma mortal” lentamente.

– Me desculpe. Não estou acostumada a pedir para ser anunciada na minha própria casa - respondi me defendendo.

– Tudo bem… À propósito, o que faz aqui? - perguntou ele de maneira nada discreta.

– Vim falar com você, é claro.

– É claro... - repetiu ele ainda tentando processar toda a situação. Percy não esperava me ver ali tão cedo, certamente. Comecei a reparar em sua roupa e no ambiente a minha volta. Ele estava de pijamas e a casa estava uma zona.

– Não me leve a mal, mas uma faxina de vez em quando viria bem - comentei ainda olhando ao redor. Tinha até uma fatia de pizza esquecida em cima da mesinha de centro da sala.

– É… isso está em projeto, acredite - desconversou ele.

– Sei… Bom, não quero tomar muito seu tempo, já que vejo que deve estar muito ocupado - falei com ironia. Percy devia estar dormindo na sala quando destranquei a porta e o acordei - Estou indo a uma psicóloga por recomendação da sua mãe. Está me fazendo muito bem e acho que estou realmente melhorando. Tanto que quero voltar pra casa o quanto antes - resolvi dar uma boa notícia para amenizar o impacto da bomba que vinha a seguir - A doutora Taisa me pediu que você começasse a frequentar comigo. Ela diz que isso vai nos ajudar a superar nossos problemas.

– O que? - perguntou Percy enrugando a testa e fazendo cara de estranheza.

– O que ouviu - respondi sabendo que ele havia entendido muito bem - E não me olhe com essa cara, não é o fim do mundo. Percy, nós precisamos disso. Olha só a que ponto chegamos. Precisamos de ajuda para salvar nossa relação. Ou você não quer isso?

– Eu não preciso da ajuda de ninguém - disse ele ríspido - Nós nunca precisamos da opinião de ninguém para vivermos bem e felizes, Annabeth. Não vou me sentar numa sala e ficar contando meus problemas a uma desconhecida que provavelmente está ganhando uma fortuna para dizer meia dúzia de frases feitas. Temos que resolver nossos problemas sozinhos!

– Não posso acreditar que esteja sendo tão imaturo e preconceituoso - disparei enquanto andava para longe dele, em direção a sacada - A consulta não é nada disso ai que você falou. Não devia criticar algo antes de conhecer. Estou dizendo que está me fazendo bem e que você deveria ir. Mas se é tão cabeça-dura a ponto de nem querer tentar, então eu sinto muito - voltei a me virar para ele e fui em direção a porta passando pelo local onde estava.

– Espere - disse Percy segurando meu braço e me impedindo de ir embora. O contato entre nós, mesmo que singelo, me fazia soltar faíscas de tensão - Eu quero resolver as coisas, mas não dessa forma. Não acho que precisamos de terapia, Annie. Só quero você de volta. Porque não volta pra casa? Temos tanto o que conversar. Por favor, esqueça essa história de psicóloga!?

– Não, Percy, não dá - respondi e então me soltei dele - Se quer realmente resolver nossa situação então eu já te disse como podemos fazer isso. De outra forma é melhor que vá se acostumando a arrumar a casa sozinho…

Sai e bati a porta atrás de mim. Eu havia acabado de dar um ultimato a Percy e não me sentia nada bem com isso. Caminhei arrastando os pés até o elevador e assim continuei até chegar ao prédio de Sally. Olhei para o edifício e hesitei. Não queria subir e dar de cara com eles. Ficariam preocupados novamente com minha evidente expressão de derrota. Decidi então ir dar uma volta no shopping. Não era longe dali, eu poderia ia andando. Fiquei horas perambulando por lá, sem parar para olhar nenhum vitrine, nem para comer em nenhuma lanchonete. Quando começou a escurecer, resolvei voltar para a casa dos pais de Percy. Eles estavam na sala vendo um filme. Passei por trás do sofá na ponta dos pés para que eles não me notassem e fui para o quarto onde estava dormindo há quase dez dias. Troquei de roupa, me deitei e demorei até conseguir pegar no sono. Por sorte não tive sonhos e consegui descansar.

No dia seguinte fui, já sem o mesmo ânimo de sempre, a consulta com a psicóloga Taisa Marques. Acabei até me atrasando um pouco e cheguei ao consultório cerca de dez minutos depois do horário marcado. Iria morrer de vergonha da Sra. Marques, já que ela costumava ser muito pontual com os horários. Subi as escadas até o segundo andar do prédio que ficava no centro de Nova York. Cheguei ao consultório que ficava no terceiro andar ofegante. Tratava-se de um imóvel pequeno de apenas cinco andares, mas achava que não custava nada colocarem um elevador ali. Fui em direção a sala da doutora respirando pesado e reclamando em pensamento. A porta estava entreaberta e a recepcionista não me impediu, então entrei. Quase cai pra trás como que eu vi. Taisa não estava sozinha. Percy estava ao seu lado e eles estavam entretidos em uma conversa animada. Tanto que demoraram alguns segundos para notar que eu havia chegado.

– Annabeth, que bom que está aqui - me cumprimentou Taisa - Como pode ver já conheci seu encantador namorado - ela deu um sorriso para Percy e eu quase senti ciúmes - Se não se importa, gostaria que esperasse um pouco lá fora para que eu converse a sós com ele primeiro.

– Tudo bem…

Respondi ainda sem ação. E sai fechando a porta. Ok, agora eu estava realmente com ciúmes. Mesmo sabendo que aquilo era ridículo. Mas não pude deixar de ficar imaginando o que ele estavam falando lá dentro. Iria morrer de curiosidade, afinal um psicólogo jamais podia contar o que um paciente lhe disse durante uma consulta. Pelo menos isso queria dizer que ela não iria dizer a ele o que eu havia lhe contado até ali. Só depois de alguns minutos é que foi cair a ficha de que Percy havia vindo a consulta, mesmo tendo me dito que não viria. Bom, pesando bem agora, ele não disse exatamente que não viria. Apenas discordou da minha opinião e ficou tentando me convencer a desistir da terapia. É, parece que meu ultimato havia funcionado. Mesmo assim eu ainda estava brava com ele por ter discutido comigo. Nós não nos víamos a dias e aquele encontro havia sido terrível. Fora que havia sido muito doloroso vê-lo no estado em que estava.

Depois do que pareceu uma eternidade, depois eu vi que havia sido apenas quinze minutos, a psicóloga voltou a me chamar para a sala. Me sentei ao lado de Percy, mas não olhei em sua direção nem dirigi a palavra a ele até que a doutora começou a falar. No início foi difícil quebrar a tensão existente no ambiente, mas Taisa era uma profissional excelente e logo conseguiu nos fazer falar. Percy não parecia tão relutante em cooperar com a análise, logo eu agradeci por ela ter conversado primeiro com ele a sós. Fiquei de cara amarrada por um bom tempo para deixar claro que ainda estava chateada com ele. Mas aos poucos, no decorrer daquelas duas horas que passamos no consultório, fomos relaxando e falando mais abertamente do que estávamos sentindo. Chegamos até a mencionar o fato de Percy ter me deixado quando descobriu minhas mentiras e também de quando eu descobri sobre Caroline.

Foi o momento mais difícil, porém mais proveitoso da consulta. Não consegui segurar as lágrimas quando falei daquilo na frente dele. Disse que me senti muito mal ao perceber que eu não tinha ideia de tudo aquilo que ele tinha vivido com Caroline. Perguntei porque ele havia mentido sobre o Diário e Percy respondeu que estava tentando me proteger. Não fiquei exatamente satisfeita com a resposta dele, mas só de ter desabafado era como tirar um peso de 200 toneladas de minhas costas. Percy disse que sentia muito por ter me causado aquilo e que foi uma burrice ele achar que um pedido de casamento iria resolver a situação. Eu concordei e disse que também sentia muito por ter saído correndo daquela maneira. Ao final da sessão era evidente o quanto nós dois estávamos nos sentindo melhor.

Ainda doía um pouco ter falado de tudo o que relembramos, havíamos remexido em muitas feridas. Também era péssimo lembrar que eu também havia errado e muito. Mas eu sentia que era daquilo que precisávamos. Era aquilo que iria nos curar totalmente. Continuamos frequentando as sessões todos os dias por um bom tempo. A cada dia ficávamos mais confiantes e mais à vontade para discutir e resolver as diferenças. Tivemos alguns maus momentos, é claro, mas na maior parte do tempo conseguíamos entrar em um consenso. Em pouco tempo eu consegui voltar ao apartamento e Percy e eu voltamos a nos relacionar normalmente, social, afetiva e sexualmente falando. O que também fez muito bem pra nós dois. A carência não ajuda ninguém a resolver problemas em um relacionamento. Com o tempo, então fomos melhorando e eu tinha certeza que não demoraria para voltarmos a ser o que éramos.


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Notas finais do capítulo

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