Dias De Guerra escrita por Mereço Um Castelo, Luiza Holdford 2


Capítulo 8
Capítulo 8 - As Porcarias das Latrinas


Notas iniciais do capítulo

Depois de um longo período de hiatus, nós voltamos :D
E, nos vemos nos rodapés hein?



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- Boa tarde, moças. Como estão? – ele chegou com a pompa de uma quase dama. Gracinha! – Gostaram de preparar o café?

- Depende da perspectiva. Se olhar pelo lado que não lavamos as drogas da... – oops, um pigarreio de Jasper me interrompeu. Por que ele vive me interrompendo? Eu quero ser expulso, lembra?

- A gente se virou.

- Eu vi, eu vi... Fizeram um bom trabalho até. Melhor do que o do Hurley. Quem sabe vocês não podem ficar sempre aqui, hein? O que acham?

- O que acha de nos liberar para um descanso, hein? O que acha? – brinquei com ele. Mas Jasper não gostou muito, como eu já esperava.

- Você realmente quer saber minha opinião? – concordei meio que a contra gosto. Eu já não sabia muito o que queria... Aliás, sabia sim, e não era nada que tivesse a ver com castigos. – Que tal trabalhar mais?

- Os escravos de Jó tem que trabalhar mais? Mais?

- Sim, por que não?

- Ah, por nada... Eu só achava que essa guerra tinha a ver com a escravização. Meio que te faz errado, não?

- Não venha tentar me ludibriar, moça!

- Ludibriar? Mas o que é que é isso? Está louco, é? Só estou... estamos conversando! Não podemos conversar? Existe boca e língua para isso! – sorri sarcasticamente. Era tudo muito óbvio. E se o cara estava sem os seus puxa sacos de plantão colados no seu imenso traseiro, é óbvio que eu daria um jeito de tirar sarro.

- Pois está falando demais e fazendo de menos.

- Claro, pelo o que eu me lembre, nasci e cresci em uma fazenda da alta elite. Não sou escravo.

- Pois então se acostume com os tratamentos, moça! – ele deu uma risadinha. Desgraçado. Te odeio. Para sempre. Te odeio muito!

- Tudo bem então, tudo bem. Mas vou querer minha carta de alforria.

- Sente e espere – ele disse com descaso, e então se virou para o Jasper. – Você vai lavar as latrinas.

- Eu? – Jasper se assustou, e eu sorri em vitória. Era o que aparentava, pelo menos. – Por que só eu?

- Oras, porque você até que está se demonstrando ser uma boa moça. Agora, sua amiguinha de penitência... – ele parou franzindo a testa. Droga. Ia vir castigo pior para mim.

Aliás, o que tem de pior além de lavar privadas onde todo mundo faz suas necessidades? Credo, meu. Que nojo! Se isso já era nojento, fico me perguntando qual era o nível de criatividade da pessoa para arranjar algo pior.

Soldados com diarreia em meio do campo? Lavar as roupas deles? Quem sabe...

- Mas, ah... Não, os dois vão lavar. Gosto de vê-las juntinhas! São como comadres à tarde fofocando, com a diferença que estão fazendo serviços. E quero que façam bem feito, ou então terão de refazer tudo, entendido?

- Não! Eu não vou...

- Entendido, Coronel. Entendemos completamente bem a ordem – Jasper me cortou e respondeu o mestre dos puxa sacos com uma voz firme e grossa.

Agora, além de manda chuva, também queria dar uma de machão? Não era ele quem estava com medo de fugir?

Mas que droga esse Jasper. Qual era o seu problema?

Enfim, o Coronel pareceu gostar de nossa submissão. Ele era cruel, malvado e... pervertido! Cruzes!

- Que bom que estamos nos dando bem. Fico imensamente feliz. Agora, vão trabalhar. Vocês sabem onde ficam os produtos de limpeza.

- Olha só, teremos produtos de limpeza! – sorri contente. Seria mais fácil a limpeza, pelo menos. – Luvas estão inclusas, certo?

- Luvas? Para quê luvas?

- Oras, para quê? Para comer! Estou com fome! – comecei a dar com a língua nos dentes de novo, e iria falar muito mais se não fosse Jasper para me frear novamente.

- Nos viramos com o que tiver. Não se preocupe, Coronel. Faremos todo o trabalho. Vamos, Damon?

Fui até seu lado e fiquei ali com os braços cruzados e uma cara emburrada. Eu realmente já não estava gostando de toda aquela ideia de ter que lavar latrinas, ainda mais as que os soldados usam todos “carregados” de armamentos “pesados”, e ainda por cima teria que fazer todo o serviço sem luvas?

Começo a pensar que, se eu não conseguir sair daqui, provavelmente morrerei com alguma infecção generalizada, alguma doença muito grave ou ficarei praticamente morto.

Papai acho que ficaria feliz, Katherine... Oh, Kath, minha linda Kath, se eu morrer, é melhor você chorar grandes lágrimas, ou do contrário voltarei para puxar seu pé na cama à noite. E puxarei para assombrar, não para fazer outras... coisas...

- Já podem ir, soldados. E não se acanhem, demorem o tempo que precisar, desde que o negócio fique realmente limpo.

- Não se preocupe, senhor. Daremos o nosso melhor – Jasper, seu puxa saco.

- Que bom. Agora andem!

O cara basicamente nos chutou para longe dali com a maior cara de pau, e nós dois fizemos o que ele mandou... com a maior cara de escravos prostitutos. Droga. Odeio quando Jasper me faz essas coisas, sabe?

Conforme fomos andando, mil e uma coisa passava pela minha cabeça. Eu queria xingar ele, dar um tapa na cabeça ou quem sabe esfregar a cara dele no chão cheio de pedras. Mas, para falar a verdade, nada parecia doloroso o suficiente por se render tão fácil ao fardado lá.

- Qual seu problema, cara?

- Qual é o meu problema? Eu é quem devo lhe perguntar: qual é o seu problema? Você só quer arrumar confusão, eu não! – ele me olhava como um pai que começa a formar uma grande bronca na cabeça, mas, não, eu não daria chance de tudo sair por aquela boquinha.

- Nem vem que, no final das contas, você também quer sair daqui. E se você quer saber, tanto quanto eu!

- Damon, eu não quero isso!

- Lógico que quer. Não quer ficar com a mocinha fogosa lá?

- Opa, opa, opa, opa! Eu nunca disse nada disso! E olha bem o que você fala da Duff, Damon. Ela é uma dama!

- Assim como a Katherine sempre aparentou, mas foi só a gente ficar sozinho no quarto que... Ai, meu Deus. Era basicamente outra pessoa, era uma... mulher! Uma mulher completa!

- Não ouse comparar Duff com essa Katherine de novo.

- Ou o quê? Vai chutar minha bunda? Puxar minha orelha?

- Posso fazer pior, Damon. Não me venha com essas...

- Essas o quê? Jasper, cara, vamos nos mandar daqui. Não vejo a hora de zarpar desse inferno. Você também quer, só está se lamentando por ser um menininho que perdeu o irmão.

- Damon, não ouse falar sobre meu...

- Irmão? Por que não?

- Porque... porque não te interessa! É coisa minha, não sua. Fica na sua!

- Olha só, o carinha triste virando macho. Vamos ver o machão lavando latrinas!

- Eu lavo, e lavo sem reclamar por ter de cumprir com meu dever. Aliás, eu sou uma boa pessoa, eu cumpro com meus deveres. E você? Você não!

- Oh, Deus, me perdoe. Não me jogue no fogo do inferno... Oops, acho que já estou aqui. Enfim, Deus, oh meu piedoso Pai, me perdoe por ser um mau homem – disse sarcástico e com um tom carregado de drama na voz.

- Damon, isso não tem graça!

- Ok, então... Papai Noel, me desculpe se não estou sendo um bom menino e digno de um presente de Natal...

- É sério. Vamos logo para os banheiros.

- Mas você quer mesmo fazer isso, né? Mas que vontade é essa de limpar excrementos fecais alheios? Faz parte da sua penitência interna, é? Alguma coisa do tipo... familiar, sei lá?

- Não se intrometa onde não lhe é chamado. Agora vamos logo.

Reatamos a andar – que eu já nem tinha percebido ter parado para uma breve discussão com o carinha, – e fomos em silêncio até a droga do banheiro. Chegando lá, tinha um outro carinha que eu nunca tinha visto na vida. Tinha uma cara de judiado, o que me fazia crer que seguir tanto as ordens não fazia bem às pessoas. Realmente...

- O Coronel mandou entregar isso a vocês para fazerem a limpeza.

Ele deixou no chão um balde cheio de coisas para limpar, e quando falo isso, quero dizer paninhos, um tipo de sabão muito estranho e umas escovinhas. Escovinhas? Sério? Querem que lavemos todos os banheiros só com essas escovinhas? Quando eu completar sessenta anos, termino! Sério!

Ele já estava se virando para ir embora quando parou e se virou novamente, parecia ter se esquecido de alguma coisa. Acho que era por isso que ficava tanto de castigo.

- Ah, aqui atrás estão duas vassouras grossas para a limpeza das paredes.

Paredes? Sério? O que esses soldados andam fazendo nas paredes? Será que eles não sabem usar papel higiênico, não?

Droga. Só de pensar nisso, já senti todo o meu café subir pela garganta. E se eu não fosse capaz o suficiente de controlar todo o meu eu interior, eu jurava que iria ter que limpar não só dejetos, mas como meu próprio vômito também. Éca.

- Boa sorte!

O carinha saiu com a mesma emoção que demonstrou de quando estava aqui na nossa frente, e a única coisa que nos restou foi começar a trabalhar naquela bagunça toda. Até que o banheiro não estava tão fedido assim.

- Acho que estamos com sorte.

- Como pode achar isso? Eu estou tendo as piores horas da minha vida! – ele disse de mau humor. Também, quem não estaria pegando o balde e enchendo de água para começar a limpeza de banheiro?

- Eu sei, eu sei. Limpar latrinas não é lá dos melhores serviços, mas poderia ser pior...

- Como o quê? Estar aqui com você querendo conversa comigo?

- Ixi, cara, fica calmo aí. Ainda somos amigos. Temos que ser, se queremos sobreviver a esse inferno aqui – peguei o sabão e comecei a esfregar em uma escovinha sem muita vontade. 

- Não, eu estou tentando sobreviver aqui, você está tentando fugir.

- Não, eu também quero isso, cara! É verdade!

- Resolva o que quer então. Não dá para sobreviver e fugir do exército ao mesmo tempo. Decide o que quer.

- Ah, vai, fala sério, Jasper. Não vai dizer que não acha tudo muito estranho tudo aqui no exército? – falei enquanto a gente já começava a esfregar as latrinas.

Comecei pela mais limpa e cheirosinha, para falar a verdade. Que o odor aumentasse com o tempo, assim eu não sentia muito... ou meu estômago. Tanto faz...

- Não, não acho.

- Não mesmo? Cara, é sério, para e pensa. Os caras se prostituem aqui para subir de cargo.

- Como é? – ele parou no exato momento.

Droga. Será que ele conhecia alguém que tinha feito e agora sabia que eu sabia disso? Era, tipo, para ser segredo?

- É, saca só. É muito difícil alguém conseguir subir de cargo aqui. Quem consegue subir com esse inferno? Sofrendo essas porcarias de penitências e tudo mais? Só pode dar uma de mulherzinha e fazer a festa para os superiores. Não tem outra resposta, cara!

A porta se abriu.

- Major Whitlock, o Tenente Ralph mandou entregar luvas ao senhor. Ao outro soldado mandou que avisasse o seguinte: se vira!

- Ah, ok. Obrigado! Até mais.

O cara se foi, mas eu fiquei... com as calças em minhas mãos. Major? Whitlock? Major Jasper Whitlock? Estou ferrado. Muito, mas muito, muito, muito, muito ferrado!

Dei um sorrisinho sem graça e me voltei para a minha latrininha linda e pouco suja bem à minha frente. Hmm... Uma sujeirinha para ser limpa aqui, outra ali... Será que o tempo vai demorar para passar?


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Notas finais do capítulo

Mas e aí gente? Alguém ainda lê a fic? (espero imensamente que sim!!!). Sabe, a Mery e eu queremos muito, muito, muito mesmo saber o que estão achando dessa nossa primeira parceria crossover, ok? Então, por favor! Deixem um comentariozinho para nós (pobres leitoras necessitadas de um mísero comentário que seja).

beijos e POR FAVORRRRR comentem, vai? Lembre-se do gato de botas, a cara deles é as nossas pedindo, ehehhe.



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