Sarah

– Está brincando comigo! - Meus olhos marejavam. - Em todas as suas decisões já pensou perguntar minha opinião? É do meu futuro que estamos falando! -A incredulidade em seu rosto intensificava a raiva que se acumulava tremulando em meu corpo.

– Querida, é uma oportunidade ótima e única. Não posso ficar longe de você e seu pai também não iria querer...

– Não iria querer? Não ouse tomar o papai como parte disso, uma vez que se casou com outro homem. Afinal, é por causa dele o motivo dessa mudança, não é? - Não contive os berros que saíram num jato, interrompendo suas palavras.

– Robert recebeu uma proposta melhor na Califórnia, será bom para todos nós. Pense, a casa será maior e você poderá ter seu prórprio carro, além da faculdade... - Meu estômago embrulhava, enquanto andava de um lado para o outro desejando que tudo fosse apenas um sonho ruim.

– Não quero ir para uma droga de faculdade na Califórnia, mamãe! - Sua expressão se suavizou por um instante. - Não quero deixar Yale.

– Yale é 4.794 quilômetros de San Francisco. Você virá conosco querendo ou não. - Indagou asperamente. Meus olhos se arregalaram em descrença, era de meu futuro que estávamos lidando.

– Tenho 20 vinte anos e posso decidir isso sozinha.

– Sem sombra de dúvidas... Mas, como vai se sustentar? Irá morar com seu pai ganhando dinheiro as custas dos peixes?! - Um sorriso irônico brotou em seus lábios. - Mais tarde vai me agradecer... Arrume suas malas, amanhã cedo estaremos partindo. - Disse por fim, deixando o cômodo. Sozinha na pequena sala, permiti que as lágrimas caíssem em força total.

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Não pronunciei palavra alguma por toda a viagem, esperando que meu silêncio fosse uma boa forma de protesto. Reconsiderando diversas vezes a ideia de ir morar com meu pai no Maine, tendo em mente que minha presença tornaria tudo mais complicado quando mal conseguia sustentar a si mesmo. A Universidade estadual de San Francisco seria meu purgatório. Definitivamente. Não poderia esconder minha infelicidade apesar da faculdade ter uma boa reputação.

O volume feria meus tímpanos através de meus fones de ouvido, concentrada em Rock And Roll All Night na lista de reprodução do Kiss. Jess balançava meu ombro bruscamente; Deus, é difícil ter um pouco de sossego?!

– O quê? - Gritei exasperada, assustando-a. - Desculpe.

– Chegamos. - Ela apontou uma casa à frente quando estacionamos na sarjeta. Deveria concordar com Susana em alguns quesitos, a casa realmente era bem maior... E mais bonita. Suspirei profundamente antes de sair do carro e ultrapassar a porta de entrada.

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Subi as escadas do segundo andar relutante, evitando o momento em que teria que acomodar minhas coisas em meu quarto. Joguei as malas no canto, analisando o cômodo razoavelmente grande. "Vamos lá", pensei; não sabia ao certo quanto tempo passara organizando minhas "tralhas", talvez tempo demais... Meu estômago implorava por comida e meu corpo por descanso. Caminhei até a cozinha procurando algo comestível, felizmente, havia pizza no microondas. Algumas lágrimas debandavam meu travesseiro, e angustiadamente afundara na inconsciência. A noite se passara inquietante.

Estou cansado de ser o que você quer que eu seja.

Me sentindo tão sem fé, perdido sob a superfície.

Não sei o que você está esperando de mim...

Colocado sob pressão.

De andar sob seus passos [...]

Você não pode ver que está me sufocando?

Me segurando tão apertado,

Com medo de perder o controle.

Pois tudo o que você pensou que pudesse ser,

Caiu por terra bem na sua frente [...]

Tornei-me tão entorpecido [...]

Tudo o que eu quero fazer, É ser mais como eu sou,

E menos como você é.