Illusion escrita por Harmonie


Capítulo 2
Nem aqui, na Suécia ou em qualquer outro lugar.




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Na sala clara de interrogatório, Kate Moretti acabara de sentar-se de um lado da mesa de metal e Rosie Powell, sentada à sua frente, deixava transparecer inquietação em seu semblante. Dr. Daniel Pierce escolhera permanecer próximo à porta, encostado na parede cinza e gelada, local de onde podia observar ambas as mulheres ali presentes.

Kate apoiou os antebraços sobre a mesa e olhou Rosie nos olhos. - Sou a agente Kate Moretti do FBI e preciso fazer algumas perguntas. Tudo bem?

A garota concordou com apenas um movimento de cabeça.

– O que aconteceu hoje pela manhã?

Rosie desviou o olhar para a mesa por alguns segundos e inspirou profundamente antes de olhar novamente para Kate e começar a falar. – Quando acordei, Karin estava bem. Dormindo. Eu não tinha certeza se ela precisava acordar tão cedo, por isso não pensei em acordá-la. Então arrumei minhas coisas e fui assistir às minhas aulas. Só voltei ao dormitório depois da minha última aula, que por acaso era do professor Pierce.

Kate e Rosie direcionaram os olhares para Daniel que observava a segunda na tentativa de reconhecê-la. E não demorou muito para que o fizesse, apesar de a garota agora estar com os cabelos escuros soltos: era ela na última aula que havia dado naquele dia, a única a responder a pergunta que fizera para a classe, apesar de não tê-la respondido corretamente. – Você estava na minha última aula hoje. – disse, tornando audível seu pensamento para que Kate pudesse tomar conhecimento acerca dele.

A agente e a garota se olharam novamente e Daniel se aproximou, posicionando-se atrás da cadeira de Kate, próximo ao vidro espelhado de onde podia observar melhor a estudante.

– E o que aconteceu depois da aula do Dr. Daniel?

– Voltei ao dormitório para pegar as coisas de que precisava para passar o fim de semana com meus pais. Quando cheguei, ela estava... – a frase foi interrompida e Rosie inspirou profundamente mais uma vez, visivelmente perturbada pelas lembranças. – morta. Fiquei paralisada, olhando por alguns segundos esperando ver algum movimento em seu peito, mas não vi. Não tive coragem de me aproximar. Era tanto sangue... Então saí de lá correndo para procurar ajuda. Foi quando liguei para a polícia.

– Você tem realmente certeza do que viu?

– É claro! Você viu o sangue! Ela estava lá. Morta. Eu não sei o que aconteceu, mas tenho certeza do que vi. - Rosie aparentava perturbação e elevou o tom de sua voz por apenas alguns segundos antes de se arrepender por tê-lo feito.

– Certo. – Kate disse calmamente e esperou alguns segundos até que a garota se acalmasse. - Sabe de alguém que teria algum motivo para querer machucar Karin? Algum amigo, ex-namorado, alguém com quem ela estivesse saindo...?

– Não. Karin era tímida e reservada. Nunca estava cercada de muitas pessoas e eu nunca a vi sair para um encontro com nenhum rapaz.

– Ela já conversou com você sobre algo relacionada aos seus parentes, talvez sobre sua origem?

Após pensar um pouco, Rosie começou: - Ela morou na Suécia por alguns anos quando era mais nova e chegou a comentar sobre ser algum tipo de prima distante de alguma parte da família do rei da Suécia. Distante ou não, é emocionante de qualquer maneira. Ou era... – o pequeno sorriso que havia se formado quando começou a falar sobre o parentesco de Karin se desfez ao se dar conta da realidade.

– Com o que temos até agora, o interrogatório acaba por aqui. Irei chamá-la novamente para mais perguntas caso seja necessário, certo?

A garota aquiesceu e começou a se levantar junto de Kate, que agradeceu sua presença e cooperação enquanto saíam.

Ao saírem da sala, Rosie foi levada para a saída por dois policiais que aguardavam do lado de fora, próximos à porta. Kate e Daniel foram juntos até a mesa dela; apenas uma dentre as tantas outras encontradas no grande espaço daquele andar do departamento.

A agente se sentou na cadeira em frente a seu computador e Daniel permaneceu em pé próximo a ela que, em seguida, procurou os olhos do professor.

– Não existe assassinato se não houver um corpo. Se for só isso o que temos, não existe caso. – Moretti se recostou em sua cadeira e permaneceu olhando Pierce. – Podemos conseguir alguma coisa se a família dela denunciar seu desaparecimento...

– Alguma coisa não está certa...

Daniel deixou de olhar Moretti por um momento e, assim que o fez, viu alguém que não havia estado lá até o momento.

– Na verdade, está tudo exatamente como deveria estar, Dr. Pierce.

Ali estava ele, logo a sua direita. Era uma figura caricata: usava uma cartola preta sobre os cabelos escuros e mal cortados, um fraque excentricamente roxo e luvas brancas. Daniel o olhava intrigado. - Quem diabos é você?

Kate, que havia estado distraída por alguns segundos enquanto pensava, observou sem entender. Daniel olhava para o nada. – O que? – perguntou, mas sem obter nenhuma atenção de Pierce, decidiu deixar que ele continuasse a fazer o que quer que estivesse fazendo e se empenhou em olhar mais uma vez a pasta com as fotos de Karin antes de se conformar com o fato de que não havia caso algum a ser investigado.

– Sou um ilusionista, Pierce. – o homem tirou a cartola para cumprimentar o professor e, quando a colocou novamente no lugar, esta estava roxa como o fraque e seu cabelo, ainda sem corte, havia se tornado ruivo. – Você sabe que a garota não inventou aquela história. Você a viu. Está tudo bem na sua frente, doutor. – o ilusionista sorriu e desapareceu para dar lugar a um agente que vinha em direção à mesa de Kate.

– Temos mais informações. – o agente se aproximou com algumas folhas de papel nas mãos. – Mas não creio que serão de grande utilidade. – as folhas foram dadas à agente Moretti que, rapidamente, começou a examiná-las na esperança de que o caso, que já havia despertado sua curiosidade, fosse salvo e pudesse, finalmente, ter bases sólidas.

– Isto está certo? – Kate olhou para o homem que, com um aceno de cabeça, confirmou.

Moretti olhou mais uma vez para os papéis em suas mãos e, em seguida, para Daniel. – Você vai ficar feliz em saber que Karin Bernadotte não faz parte da linhagem real, assim como você previu. – Kate começou, e Daniel esperou pelo que viria a seguir. – O mais estranho é que ela não existe. Nem aqui, na Suécia ou em qualquer outro lugar.


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