Eu arregalei meus olhos. Não sabia se ficava feliz por ver meu pai, por conhecê-lo, ou se chorava por ver quem ele era, o que havia feito e o que estava prestes a fazer.

–Pare de enrolar e fale logo quem é você! – Alvo gritou, perdendo a paciência.

–Não estou mentindo, e ela sabe disso. – Black disse, apontando para mim, que estava paralisada. Eu fitava o chão, não queria olhar na cara daquele homem. Se eu olhasse, não saberia o que eu faria, se chorava ou se corria para o abraçar.

–Você estava morto! – Sophia falou, finalmente o olhando.

–Sua mãe a afastou de mim, não foi minha culpa! – Ele disse. Eu ficava cada vez mais irritada. Como ele pôde fingir estar morto e depois colocar toda a culpa na minha mãe?

–Você é um idiota! – Eu gritei – Você sabe o quanto eu sofri querendo um pai? Você sabe o quanto a minha mãe sofreu por ter que cuidar de mim sozinha? Por ter que aguentar meus choros à noite? Sabe o que ela passava quando ia deitar na cama sozinha, sem ninguém para dizer que tudo ia ficar bem? – Eu gritava e chorava.

–Sophia, eu te juro que eu não queria isso, mas eu tive que sair da sua vida, era o melhor para você. – Ele disse dando um passo e ficando mais perto de mim.

–Assim como você acha que está fazendo o melhor querendo matar todo mundo em nome de Voldemort? – Eu perguntei, fazendo mais lágrimas caírem dos meus olhos.

Alvo e Rose estavam paralisados com aquilo. Eu falava como se eles simplesmente não estivessem lá.

–É complicado. – Black, ou James, ou pai, seja lá como eu deveria chamá-lo agora disse, abaixando a cabeça.

–Não tem nada de complicado. – Falei, limpando as lágrimas.

–Eu te conto tudo, tudinho, mas à sós. – Ele disse.

–Meus amigos irão saber de tudo depois, não fará diferença alguma. – Falei, cruzando os braços.

–Desculpe Sophia, mas o que eu falar, ninguém pode saber, apenas você. Ou é isso, ou nada feito. – Ele disse, e eu fui obrigada a aceitar. Era melhor eu saber do que ninguém saber.

~*~*~*~

Black, ou melhor, meu pai me contou tudo. Cada palavra que ele falava me fazia ficar cada vez com o olhar mais calmo e ao mesmo tempo mais assustado. Ele tocava meu ombro, e eu sentia como se agora eu tivesse um pai, que me ama, que nunca parou de me amar.

Apesar de tudo o que ele fez, eu o perdoo. Eu estava chocada, depois de tudo que ele havia dito a única coisa que eu queria era passar todos os momentos que eu tinha com meu pai, com minha mãe, com meus amigos. Agora eu sabia de uma coisa, meu pai me amava, amava minha mãe e ele sentia nossa falta.

Eu comecei a chorar e o abracei assim que ele terminou de falar. Ainda o abraçando eu olhei para cima, para ele. Uma lágrima caia pelo seu rosto e um sorriso se formava enquanto ele me abraçava como se aquele fosse nosso último abraço, como se eu pudesse nunca mais o ver.

Ele tinha razão de temer porque depois que ele disse certas palavras eu mal pude prestar atenção no resto. Aquelas palavras me assombravam, me davam medo. Aquelas palavras não saíam da minha cabeça e não iam sair nem tão cedo. Assim como elas permaneceriam em minha mente também entrariam na cabeça do resto das pessoas.

“Voldemort não morreu.”