Depois de ver o Benjamim pela primeira vez,fiquei confusa."O que ele teria achado de mim?",foi isso que pensei,a minha primeira impressão foi de que ele tivesse gostado de mim.Não poderia pensar outra coisa,ele me encarou quando estavas descendo a escada,nossos olhos naquele instante conversaram,pude ver que ele sentiu uma forte atração por mim,assim como eu por ele.Era mágico,porém impossível.

O dia passou depressa e quando dei por mim já era tarde.Estava trabalhando em uma mecânica de veículos,o expediente acabava às 6 da tarde.Já era essa hora quando despertei do transe,trabalhei pensando no Benjamim e perdi a noção do tempo.Quando uma garota que aparenta ter 17 anos começa a trabalhar em uma mecânica,as outras garotas acham estranho e eu percebi isso.As garotas da cidade me olhavam confusas,acho que perguntavam o que uma garota fazia ali.Hum,o dono do local também pensou isso,aquele era o meu primeiro contato com o preconceito desde o dia que cheguei a Betrovite.

Acabou o expediente e era hora de voltar para "casa",não era longe,do meu local de trabalho até a pousada andava apenas uns 300 metros.Mas foi nesses 300 metros que eu me vi submersa em mais uma terrível lembrança.Voltando para casa eu encontrei o Benjamim,ele também estava indo para a pousada.A lua já brilhava no céu e algumas estrelas surgiam lentamente.

Meu coração pulsou mais rápido.

Com sua mão macia,Benjamim me tocou no ombro.Outra vez sentir o seu sangue percorrendo seu corpo.E ele quebrou novamente o silêncio daquela cidade vazia.

-Então você trabalha na mecânica do Diego.Por quê?

-Sempre gostei de coisas difíceis,então aprendi a trabalhar com carros e você onde trabalha?

-Presto um serviço de escrivão na delegacia... - Eu o interrompi.

-Então você não trabalha? - Ele sorriu.

-Tecnicamente não,o último caso de prisão aqui foi no ano de 2008,eu nem morava nessa cidade ainda.

Como assim?Ele não havia nascido em Betrovite?

-Você não é daqui? - Perguntei confusa,o Benjamim tinha um bloqueio de mente,não conseguia saber absolutamente nada sobre ele.

-Não,vim de outro continente para buscar novas experiências,quero ter prazer pela vida.E você por quê veio para cá?

Estávamos conversando tão intensamente que não percebi que já estava na porta do meu quarto.Ele me deixava relapsa.

-Vim pelo mesmo motivo. - Menti.

Foi então que perguntei se ele não gostaria de entrar.

-Não quer entrar?

-Ficaria mais a vontade sentado no corredor.

Então sentamos e passamos horas conversando.Ele me contou sobre sua vida e eu menti sobre a minha.A conversa me fez lembrar de uma época da minha vida.

1230 d.C

Lá estava eu,correndo para mais uma fuga.Só conseguia pensar no Josep,a sua trágica morte não saia nem por um momento da minha mente.Eu o amava demais,mas a ordem dos Aláicos conseguiu nos alcançar,eu fugi mais uma vez,todavia não consegui salvar ele,se eu estivesse forte naquele momento talvez o Josep vivesse mais um tempo.Estava fraca,me esconde,mas tive uma visão terrível.Os Aláicos foram cruéis e sabiam que eu sentiria tudo,então mataram o Josep da forma mais cruel possível e eu senti a sua dor.Não queria que isso acontecesse com o Benjamim,então não podia me envolver com ele,mesmo com aquela atração agindo sobre meu corpo.Tinha que resistir aquilo,ou ele morreria.Aquele amor só estaria em paz quando tudo acabace,eu teria que destruir os Aláicos de uma vez por todas.

Voltei a mim quando o Benjamim me balançou.

-O que você tem? - Perguntou ele.

-Nada,estava tendo um devaneio.

Pedi licença e levantei,mas a luz se apagou.Era uma queda de energia.