Palavras do diário...

"Eu estava sozinha em mais uma jornada,já sabia que seria difícil,além do mais com aquelas coisas atrás de mim.Minha vida sempre foi metamórfica,a cada momento,a cada período de tempo,nasciam novas situações que exigiam mudanças.Mudanças irreversíveis,dolorosas e desastrosas,quantas pessoas eu perdi nessa longa caminhada.Esse planeta não pertence a mim e as pessoas não podem se aproximar.Sou o prazer e também sou a derrota,mas não posso ficar sozinha.Não é da minha natureza viver na solidão,pena que eu pago o preço por estar rodeada de pessoas,ou melhor,elas morrem por estarem comigo!" - Petra Halif 

Eu tinha esperanças de conseguir me livrar "deles",por isso fui para "Betrovite",no sul da Vislândia,uma pequena cidade onde todos sabiam da vida de todos.Por ser tão pequena imaginei que estaria protegida,achei que eles pensariam que me esconderia em mais uma cidade grande,mas não fui tola de cometer esse erro outra vez.A vida de fugitiva é complicada,é ainda mais complicada quando encontramos  alguém para amar.Não podia amar,mas nós não mandamos no coração.

Enfim,depois de um tempo viajando,ou fugindo,cheguei em Betrovite. Mas minha chegada não foi muito boa,na rodoviária,encontrei o Benjamim,foi péssimo encontra-lo.Quando o vi,me apaixonei,sabia que era arriscado manter esse sentimento no meu coração,mas eu não tinha escolha.Era forte demais.Passou um curto período e não vi mais o Benjamim,me aliviei.Consegui arrumar um trampo rapidinho,e descolei um lugar para ficar,fui parar em uma pousadinha de quinta.Era ótimo para mim.Pelos lugares que passei,deixei uma impressão falsa,fingia ser rica para que em um momento despista-se aquelas coisas,então havia chegado a hora de ficar pobre e dar vida nova ao disfarce.

Já estava instalada a algum tempo,mas não esperava que na manhã de 7 de abril de 2010 teria uma surpresa.O Benjamim havia chegado de viagem naquela manhã,não o via a uma semana,desde quando cheguei na cidade.Mas para minha dor,ele morava na mesma pousada que eu e fora isso,ainda era meu vizinho.Depois de saber disso chorei,não queria alimentar aquele amor,seria doloroso como todas as outras vezes,porém naquele específico caso eu sentia que minha atração era maior,que aquele cara de cabelos loiros e lisos,de aproximadamente 1,76 de altura,era o único que amei de verdade.

Estava tranquila,preparada para mais um dia de trabalho naquela cidade pacata.Peguei a chave da porta que estava em cima da mesa e fui até a saída,fechei a porta e me virei.E o cara de belos olhos esverdeados estava ali do meu lado,ele vinha em minha direção e sem querer esbarramos,Benjamim segurava alguns papéis e esses caíram no chão.Agachamos juntos para pegar os papéis e nossas mãos se tocaram,aquele simples toque me fez sentir sua pulsação e o sangue das suas veias mostrava que ele era um rapaz muito calmo.Olhamos fixamente dentro dos olhos um do outro e seu olho verde me fez rir,o silêncio foi quebrado quando ele disse:

-Desculpa... - Eu o interrompi.

-Não,a culpa foi minha,nem vi onde eu estava indo,desculpe-me!

-Sou o Benjamim,Benjamim Keller. E você?

-Sou Petra,Petra Halif... - Dessa vez ele me interrompeu.

-Mora a pouco tempo aqui não é?Sou hospede e moro aqui em frente,estamos porta com porta. - Brincou ele e eu sorri.

-É sou a mais nova hospede,esqueci,aqui estão os seus papéis.

-Obrigado.

-Tenho que ir,tchau.

-Até outra hora Petra...Halif. - Disse ele com um sorriso,seus dentes eram tão alvos.

-Até,Benjamim.

Dei as costas para ele e desci as escadas que ficavam no fim do corredor,dei uma última olhada para ele e o vi parado no mesmo lugar olhando para mim,apenas virei o rosto e terminei de descer as escadas.