‘’Você pode ser quem você quiser. Seja você mesmo e sinta-se confortável em qualquer caminho que seguir!!’’

-Logan Lerman-

P.O.V. Annabeth

   Minha manhã foi da seguinte forma, depois da minha discursão com a piranha da Drew entrei para sala e começaram a elogiar-me, confesso que acabei gostando. Sentei perto de Percy, meu maldito lugar, o professor na qual tinha um nome muito estranho e engraçado (sério essa escola tinha problemas em contratar pessoas com nomes esquisitos) começou a falar de um festival, onde quem quisesse poderia montar uma banda e competir, o vencedor ganharia uma viagem para Cancun com tudo pago e teria metade de seu semestre garantido, nota nunca foi problema para mim, estava mais interessada logicamente na viagem. Então pensando em como montar uma banda e competir, Percy se vira para minha linda pessoa e faz sua proposta na qual eu aceitei. No almoço Silena e o resto do pessoal da minha outra cidade me ligaram, falaram que estavam morrendo de saudades e que São Francisco não era mais a mesma coisa sem mim por lá, depois de metade do intervalo conversando com eles, desligamos e converso com Luke sobre nosso baixista, ficou meio receoso em relação ao cabeça de alga, mas eu insistir tanto que ele acabou aceitando. Eu e Nico ficamos muito próximos, também conversei com o moreno que concordou em ser nosso baterista, até ai tudo as mil maravilhas, ocorrendo tudo bem. O foda mesmo foi quando eu contei para aquele cabeça de vento que o Castellan ia ser da banda, ele ficou puto da vida, e agora estamos indo para casa, pra tentar terminar esse mal entendido sem sair feridos.

   Cheguei e vi que Percy estava sentado no sofá vendo um canal qualquer na televisão. Subi a escada sem mesmo olhá-lo, entrei no quarto e joguei minha mochila na cama que dormia e meu skate debaixo dela, guardei meu boné e ouvi a porta sendo aberta, virei-me e deparo com um par de olhos verdes encarando-me.

   - Podemos conversar? – perguntou, eu não queria, mas precisava.

   - Claro – respondi indiferente.

   - Não aqui, vamos há um restaurando que tem aqui perto – assenti, descemos a escada, Poseidon e Melissa não almoçavam em casa, entramos em seu conversível e fomos o caminho todo calados, até que chegamos. O restaurante era lindo, sua faixada era vermelha com plantas decorando-a, duas paredes eram com um vidro, dando vista para o lado de dentro que pelo que percebi era bem refinado, nos sentamos em uma mesa mais afastada das outras e fizemos nossos pedidos, eu nunca tinha ido há um lugar tão chique assim, o mais perto que cheguei foi numa venda de cachorro quente que quase todas as noites eu e meus amigos  comiam lá.

   - Então por que chamou Luke para tocar na mesma banda que eu, sabendo que não nos damos certo – quebrou o silêncio que estava entre nós, indo direto ao assunto.

   Suspirei.

   - Bom, porque, tipo ele não tem muitos amigos, e eu pensei...

   - Para Annabeth – ele cortou-me, pela primeira vez estávamos em uma discursão sem gritos, o que achei muito estranho – Não menti para mim, eu sei que esse não é esse exatamente o motivo, posso ter a cara de lerdo e de vez enquanto também ser, mas lerdeza também tem limites, não sou tão bobo assim.

   Percy tinha razão, ele era bem mais esperto que imaginava, e realmente esse não era o motivo, decidi contar a verdade. Abaixei a cabeça envergonhada e fechei os olhos, ainda podia sentir o moreno me observando.

   - Pensei que se ele entrasse para a banda, vocês poderiam voltar a ser amigos – Levantei a cabeça, pensei que fosse encontrar um Jackson em fúria querendo me esguelhar, mas o que vi fez minha cabeça se confundir e se surpreender. Percy estava com um sorriso no rosto, e esse sorriso era verdadeiro dava para ver.

   - Você não vai brigar comigo? – perguntei estreitando os olhos, ele apenas negou com a cabeça.

   - Não – seu sorriso não abandonava seu rosto. Ergo uma sobrancelha.

   - Por que não? – o moreno respira fundo.

   - Porque Annabeth, você tentou nos reaproximar e isso foi um gesto muito bonito, você tem um bom coração, prova disso foi ter cuidado de mim noite passada – seu sorriso desapareceu dando lugar a um olhar triste e recaído. Então ele se lembrou da noite passada, meu coração se apertou, eu não sabia o que fazer, não sabia o motivo, mas não gostava de vê-lo dessa forma, por impulso seguro sua mão que estava em cima da mesa, fazendo-o olhar para mim.

   - Percy você quer conversar? – perguntei docemente, o mesmo desviou seus olhos dos meus e apertou mais minha mão, considerei isso como um sim – Então vamos comer e depois damos uma volta por aí.

   Ele assentiu, nossos pedidos chegaram e comemos em silêncio. A comida era muito gostosa, tudo cozinhado perfeitamente, dei uma garfada no macarrão, deixando escapar um, então o suguei sujando minha boca de molho. Percy deu uma gaitada e isso me alegrou muito. Terminamos e o moreno pagou a conta. Fomos andar em um Park Ecológico que tinha ali por perto, como era quarta-feira, estava vazio. Poucas pessoas passeavam por ali, mesmo assim entramos. O lugar era lindo, andamos calados até chegar em um lago. Eu queria animar as coisas, Percy estava muito quieto e depressivo, então o empurrei, que me olhou confuso.

   - Está com você – disse sorrindo o que o fez sorrir mais que eu. Comecei a correr com ele logo atrás de mim, ambos rindo feito crianças. Adentrei-me mais na floresta escondendo atrás de uma gigante árvore, pensei que tinha o despistado, mas assim que me virei para sair uma figura de cabelos negros aparece na minha frente.

   - AHHH – gritei pelo susto que levei, colocando a mão no coração e caindo de bunda no chão. Percy também caiu, mas foi de tanto rir, não aguentei e o acompanhei na risada. Conseguimos nos recuperar, ele foi se aproximando e encostou em meu braço.

   - Agora está com você – falou alegre.

   - Me parece que está bem melhor cabeça de alga – ele assentiu.

   - Graças a você, novamente – corei dos pés a cabeça. Percy se levanta e me ajuda a ficar de pé – Vamos ao lago.

   Juntos fomos, chegamos e nos sentamos na beirada encostados em uma árvore e com os pés descalços na água gelada. Ficamos assim por um tempo curtindo a tranquilidade do momento, até ele decidir quebrar.

   - Tudo isso começou quando meu pai contou-me que Sally, minha mãe, havia fugido com seu melhor amigo, Paul Blofis. Mas antes disso é claro, minha vida era  é o que podemos dizer perfeitinha, morávamos na Califórnia, as vezes eu sentia a falta dela como mãe, mas eu tinha meu pai – Percy olhou para o horizonte – Também tinha meus amigos, eles  sempre fazia-me esquece-la rapidamente mesmo não sabendo da situação que me encontrava. Meu pai e eu éramos muito unidos um com o outro, todo fim de semana marcávamos de fazer algo, nossa relação era mais de amizade do que pai e filho, durante a semana costumávamos cozinhar, e toda ultima sexta nós assistíamos os piores filmes do mês, chamávamos de sexta  do filmeco.

   Ambos soltamos uma risada, eu apenas ouvia.

   - Mas tudo isso acabou quando meu pai ganhou uma promoção em seu trabalho, transferiram ele para Nova York, aí fomos praticamente obrigado á mudar nosso estilo de vida, cada dia meu pai e eu se afastava mais, paramos de sair, paramos de ver os filmes, bom paramos de fazer tudo o que fazíamos antigamente. Poseidon dedicou seu tempo para o trabalho e em poucos meses ele conseguiu abrir seu próprio negócio, o clube, ai sim que nos afastamos de vez, até de conversar com ele ficou difícil, sua vida é aquele clube, então nos tornamos estranhos um para o outro, perdi contato com meus amigos da Califórnia e mais que nunca eu senti falta de minha mãe.

   Vi ele secando uma lágrima que havia escorrido pelo seu rosto, mas permaneci quieta apenas ouvindo.

   - Mudei de escola e lá conheci novas pessoas, conheci o que é falsidade, e quanto às pessoas podem ser gananciosas quando querem algo , fiquei perdido, então Drew me chama para andar com ela e seu grupinho, pois sou muito bonito para ficar sozinho, disse ela. Depois de um tempo começamos a namorar, ela me arrastava para as festas e me embebedava. Eu chegava em casa todas as noites bêbado e ruim, foi ai que descobrir que toda vez que bebia eu esquecia dos meus problemas, apenas uma noite era o que eu precisava para isso, para esquecer Sally.

   Para minha surpresa Percy começou a chorar, o que me assustou um pouco, nesse momento meu coração se partiu em mil pedacinhos minúsculos, ele doía com sua dor, era uma coisa inexplicável o que eu estava sentindo, então o abracei passando todo um apoio ali, e fui correspondida. Percy soluçava, suas lágrimas tinham ensopado minha blusa, mas eu nem estava ligando, fiquei acariciando seu cabelo, até ele se acalmar e nos afastar, mesmo assim o moreno colocou sua cabeça em meu ombro onde eu fiquei a passar a mão pelo seu negro cabelo.

   - Pode parecer drama, mas muitas vezes eu pensei em me matar, por mais que eu quisesse perdoá-la eu não conseguiria, ainda sinto saudade sim, mas a odeio. Quando eu adquirir idade o suficiente pra entender mais das coisas, Poseidon contou-me a história. Sally vivia traindo-o com Paul, enquanto meu pai ia trabalhar, aquela vagabunda ia para cama com aquele cafajeste, então quando meu pai descobriu, a perdoou, mas naquela noite ela fugiu com o Blofis, me deixando ainda pequeno, e desde então nunca mais tivemos noticia dela, para mim esquece-la de vez, esquecer que essa mulher existi e que carrego seu sangue, eu coloco álcool em minha boca.

   Percy levanta a cabeça e passa a encarar-me com seus olhos cheios de lágrimas novamente.

   - Preciso da sua ajuda Annie – sussurra, fiquei espantada com esse ato, principalmente vindo dele, mas o abraço novamente e deixo-o chorar em meu ombro.

   - Estou contigo e vou lhe ajudar – o moreno me aperta mais contra si, meu corpo se encaixou perfeitamente em seus braços – Calma Percy, agora estou do seu lado e estamos juntos nessa.

   - Obrigada Annie, por aparecer em minha vida – sorriu, essas palavras fizeram um efeito enorme sobre mim – Você vale ouro – nos soltamos.

   - Eu sei – Percy solta uma gargalhada o que faz tudo valer a pena. Calçamos nossos tênis – Agora você tem que me levantar e para isso acho que você tem que ficar de pé – falo.

   - HÁHÁ – soltou uma risada irônica – Nem um pouco folgada né – rir.

   - Talvez só um pouquinho – ele revira os olhos e se levanta logo em seguida me colocando de pé. Começamos a caminhar, e então sem mais nem menos eu paro. O moreno me olha com a sobrancelha erguida.

   - Por que parou?

   - Porque estou cansada – falo fazendo biquinho e arrancando uma risada de sua boca, ele coloca as mãos na cintura e começa a bater seu pé, essa cena ficava muita engraçada.

   - Annabeth  nós caminhamos apenas cinco minutos, e você diz que está cansada? – indagou-se.

   - Ei foram cinco minutos de puro terror, meus pezinhos estão doendo.

   O moreno bate em sua testa.

   - Não acredito.

   - Me carrega – estendo os braços e faço biquinho o que era irresistível. Percy sorri e balança a cabeça, enato se vira de costas.

   - Sobe então preguiçosa – sorri.

   Chego por trás dele e dou impulso, passei minhas pernas em redor de sua cintura com ele as segurando e meus braços em seu pescoço, então disse ao seu ouvido.

   - Pode ir, e obrigado – impressão minha ou ele se arrepiou?

   Fomos o caminho inteiro conversando e rindo, Percy era péssimo para contar piadas, e eu era pior, mas mesmo assim gargalhávamos sem parar, até que ele do nada começa a corre, eu gritava em meio às risadas para ele parar, mas quem disse que esse cabeça de vento me escutava. Percy tropeça levando nós dois para o chão.

   - Ai – gemi, mas estava mesmo era rindo junto com o moreno.

   - Se machucou? – perguntou parando de rir e me olhando preocupado.

   - Não, está tudo bem e você?

   - Bom estou inteiro – rimos e nos levantamos.

   Saímos do Park Ecológico e entramos em seu conversível, indo agora para o clube, bom até aqui tudo bem entre nós, como eu disse até aqui.