A Gotinha De Amor Que Faltava escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 36
Capítulo 36 – Fechando Um Ciclo


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal.
Já era pra ter postado esse capítulo há alguns dias, mas, infelizmente, fiquei sem internet.
*
Bem, vamos aos agradecimentos.
Lana Ston e Escritora Fantasma, muito abrigada por terem recomendado a fic. Fiquei fascinada com o que cada uma escreveu. Valeu mesmo, meninas.
A propósito, esse mês foi aniversário da fic, dia 05. Dia 07 foi aniversário de uma pessoa que admiro muito, uma amiga querida, Ká. Ah, e, dia 15 foi o meu, não que ninguém se importe. Mas, enfim. Capítulo dedicado especialmente a vocês três. Se alguém mais faz/fez aniversário esse mês e quiser me falar por review ou mp, sinta-se a vontade.



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No dia seguinte foi a mesma rotina: acordar e preparar Julia para ir à escolinha. Dessa vez, porém, Rosalie foi quem fez isso. Emmett aproveitou para preparar a mamadeira da filha e o café da manhã também.

Rosalie fez uma trança lateral nos cabelos de Julia, enfeitando com alguns tic-tac de borboletinhas, que a deixou completamente encantada. A pequena olhou-se no espelho com o rostinho sorridente e olhos brilhando.

Foram juntos levá-la a escolinha. Depois disso, Emmett deixou Rosalie no trabalho e foi para a empresa cuidar dos negócios da família. Por volta das treze horas, saiu pra buscar Rosalie para irem buscar Julia. Por mais que tentasse, não conseguia deixá-la em tempo integral todos os dias.

Exatamente como na primeira vez, a mãe saiu do carro apressada, indo para perto dos portões. Emmett ia logo atrás, brincando com a chave do carro em uma das mãos. Porém, seus olhos estavam vidrados da figura da esposa enquanto ela se movia.

A mãe de um garotinho o cumprimentou, cheia de sorrisos e um olhar sonhador. Rosalie sequer percebeu, estava ocupada olhando para além dos portões observando a filha chegar, de mãos dadas com Sabine.

Um lindo sorriso curvou seus lábios. O mesmo se repetiu com a criança, assim que a avistou. Julia quis correr, mas, por medo de ela cair e se machucar, Sabine a impediu. Julinha olhou pra cima, com carinha de decepção. Contudo, Sabine só a deixou ir quando já estava perto o bastante.

Emmett estava parado logo atrás de Rosalie, com aquele sorriso maroto, de covinhas que ela tanto adora. Presenciar todos os dias o mesmo sorriso no rosto da filha, não tinha preço. Nada podia fazê-los mais felizes.

A cada segundo do dia, nos momentos em que estavam juntos, os três, ela se pegava admirando a semelhança entre os dois. Como se fosse possível a amava cada dia um pouco mais. Esquecia-se até mesmo de que não a tinha gerado em seu frente, porque, a seu coração ela pertencia.

Estava de braços abertos quando os portões foram liberados, e, então, Julia correu para eles. A lancheira e a mochila estavam com Sabine. Apenas Carinho ela segurava.

– Mamãe. Mamãe Ose – Julia cantarolava, envolvendo os bracinhos ao pescoço da mãe.

Rosalie ficou de pé, com a filha nos braços, girando nos próprios pés para poder ficar de frente para o marido.

– Que saudades, bebê – ela murmurava, à medida que cobria o rostinho de Julia de beijos. Aqueles olhinhos azuis brilhando com felicidade legítima. – Sentiu saudades da mamãe amor? – ela afirmou, movimentando a cabeça, sem deixar de observar a mãe.

Rosalie olhou de Julia para Emmett.

– Olha o papai com ciúmes. Olha só, gotinha.

Com uma das mãozinhas ela cutucou o abdômen do pai.

– Papaizinho... – falou, e, em seguida, estendeu os braços para ele.

Recebendo a filha nos braços, comentou:

– Vem para o papai, gotinha. A mamãe quer você só pra ela.

Cutucou a barriguinha dela, fazendo-a se encolher.

– Não – disse Julia –, coquinha não papai. Pala com isso.

– O bebê também é do papai – ele afirmou. – O bebê também não é do papai?

– É, sim, papaizinho – ela espalmou as mãozinhas no rosto dele, plantando um beijo na bochecha.

Rosalie juntou as mãos uma na outra, fingindo estar triste, teatralmente. Tomado por seus sentimentos por ela, Emmett a puxou para si, em um abraço meio que de lado, encostando os lábios ao ouvido dela, em um beijo estalado.

– Eu já disse hoje o quanto te amo? – sussurrou, como uma canção aos ouvidos dela.

Sem conseguir esconder a felicidade que estava vivendo, as milhares de borboletas em seu estomago dançavam enlouquecidas. E lá estava ela, sorrindo feito boba ao respondê-lo.

– Apenas umas 357 vezes. Não, espera, com essa foram 358.

– Fazer o que, eu te amo. E sou um cara estupidamente feliz por tê-las comigo. As duas mulheres de minha vida; minha esposa e minha filha.

Rosalie aproveitou que já estava juntinho a eles, passando os braços em volta dos dois.

– Meus dois amores – assumiu ela, beijando o rostinho da filha.

As duas gargalharam, ao perceberem o estomago de Emmett roncar.

– O que posso fazer se o urso dentro de mim tem fome?! – ele explicou sendo um tanto brincalhão.

– Pala com isso ulsô – Julinha exigiu, encostando a mãozinha no estomago do pai. – Papai, e tem mesmo um ulsô na sua baíga? Você comeu ele que nem na histólia lobo do mal? Foi? Pulque?

– Não, gotinha. O papai está só brincando.

Ele segurou a mãozinha dela, fingindo morder.

– Pala ulsô. Pala papai ulsinho.

– Isso filha, faz esse urso ficar quieto.

– Ele tá com uma fome muito gande, né papai? O ulsô na sua baíga.

Rosalie gargalhou, e, de canto de olho, viu Sabine se aproximar com as coisas de Julia.

– Obrigada. Até amanhã, Sabine.

– Até amanhã – a moça saudou, com um sorriso amistoso.

– Dá tchau pra Sabine, gotinha – o pai pediu.

– Tchau, Sabine.

– Tchau, Julinha. Nos vemos amanhã novamente.

Emmett caminhou de volta pro carro tendo Rosalie bem ao seu lado. Acomodou Julia na cadeirinha e cedeu passagem à esposa para que se acomodasse ao lado da filha.

Aproximadamente duas horas depois, eles saiam do restaurante a caminho do escritório da decorada que se encarregaria de decorar o quartinho de Julia.

No elevador, Emmett estava com Julia no braço. Ela brincava com Carinho e, vez ou outra, cutucava sua orelha. Rosalie estava bem ao lado deles, com a mão repousando no braço do marido.

Já dentro do escritório. Logo que se sentaram, ela puxou Julia para seu colo. Naquele momento, tê-la ainda mais pertinho, reforçava a realidade em que estava vivendo.

– Então, é no quarto dessa princesa que iremos trabalhar?!

Julia se encolheu no colo da mãe, as mãozinhas em torno de Carinho, o pônei cor-de-rosa. Rosalie beijou seu rostinho carinhosamente.

– Fala pra ela amor, do quê que você gosta.

Julia continuou tímida. O pai então tentou ajudar. Afagando a perninha dela, comentou:

– Fala pra ela do que a gotinha do papai gosta – Julia mostrou Carinho ao pai. – O papai já sabe que você gosta. Mas ela não sabe. Fala pra ela filha.

– Fala docinho... – sussurrou Rosalie, lhe dando um beijo na cabeça.

– Julinha gota de pônei e de plincesas... – sua voz soou tão fraca que eles mal conseguiram entender.

– Fala mais alto amor – a mãe pediu novamente.

– Julinha gota de pônei e de plincesas. E muito cô-de-osa. E também daquele bicho que tem um negocio aqui – ela encostou a mãozinha na testa. – Viu moça? Ele tem uma coisa aqui, na cabeça. Bem aqui.

– É unicórnio filha – lembrou Rosalie. – Eles se chamam unicórnios.

– Ok – anunciou a decoradora. – Já temos um ponto de partida. Pôneis, princesas, unicórnios e muito cor-de-rosa. Eu vou mostrar pra vocês alguns modelos pré-prontos, mais ou menos no estilo que buscam. A partir daí vocês podem estar sugerindo que tire ou acrescente algo. Começaremos trabalhar a partir disso.

Foram horas no escritório da decoradora até que chegaram a um acordo, usando a maquete digital. Rosalie palpitou muito. Porém sempre focando naquilo que sua filhinha gostava que eram pôneis.

Emmett não ficou de fora, vez ou outra, dava sua opinião.

Em breve o espaço vazio, no apartamento, estaria preenchido da mesma forma que o buraco que havia antes no coração e na vida do casal.

Fariam daquele espaço um cantinho especial. Um mundo de cores e magia, reforçando a inocência e criatividade de uma garotinha especial. O lugar onde seria para sempre seu refúgio. Onde a acolheria em suas noites de sono. E então chegaria o dia em que se tornaria uma mocinha, e o redecoraria.

Para aquela pequena família mais um passo havia sido dado. Era o início de mais uma realização pessoal.

Percebendo a satisfação no rosto da esposa, Emmett estendeu a mão e lhe afagou o ombro, para depois beijar de leve a pele exposta de seu pescoço. Tão logo se afastou, percebeu que Julia observava. Sorrindo beijou a bochechinha dela também.

Rosalie estava contendo a emoção, mas se tornou impossível. Ao piscar os olhos lágrimas lhe caíram na face. Foi surpreendida com o toque suave de uma mão pequenina afastando suas lágrimas.

– Eu te amo Julinha. Te amo. Te amo, meu bebê – murmurou, enquanto a filha ainda limpava suas lágrimas.

Olhou para Emmett, em seguida, inclinou o rosto para beijá-lo. Ele pôde sentir o leve sabor de sal nos lábios dela.

– Para de chorar amor. Era pra você estar feliz.

– Mas eu estou. São lágrimas de felicidade.

– Julinha não está achando que são de felicidade. Ela está preocupada.

Rosalie desviou o olhar brevemente, olhando para Julia, e a encontrou com os olhinhos cintilando de lágrimas.

– Não, minha vida, não chore. A mamãe não está triste – pediu, segurando o rostinho dela entre as mãos.

– Julinha não gota que a mamãe chola. Pô caso que dá uma vontade de cholá. O colação fica muito tiste. Té fica muito bateno.

A mãe a abraçou como que precisasse disso para se sentir melhor.

– Tudo bem, meu amor. Então nenhuma das duas vai ficar triste. Nem chorar.

– Aham – murmurou Julia.

A mãe deu vários beijinhos nela, enquanto a abraçava.

– Podemos começar amanhã mesmo, verificando as medidas, e escolhendo o material – avisou Virginia, a decoradora.

– Não vejo a hora – disse Rosalie, ao ficar de pé. – Estarei aguardando-a junto com sua equipe. Quero ver tudo isso se tornar real o quanto antes.

Enquanto saíam do escritório, Rosalie falava com Emmett.

– Obrigada, ursinho.

– Pelo o que amor? – ele pediu, passando o braço em volta dos ombros dela.

– Por me fazer mãe. Por vir comigo. Por opinar e ser sincero. Por ser o homem que é agora. Tudo isso é muito importante para mim.

Ele aproximou os lábios do ouvido dela, sussurrando:

– Eu disse que dessa vez seria diferente...

– Obrigada – ela sussurrou em resposta, sentindo-se muito envolvida em tudo aquilo.

E quando ele abriu a porta traseira do carro para que ela entrasse com a filha, ela acrescentou:

– Eu te amo.

– Nunca mais permitirei que nenhuma das duas se afaste de mim. Vocês são toda minha vida – e ao dizer isso, ele fechou a porta.

Rosalie acomodou Julia na cadeirinha enquanto ele ainda se acomodava no banco do motorista.

– Para onde vamos agora? – ela pediu.

– Nesse horário, o pessoal do grupo de apoio está tendo uma reunião. Eu gostaria de ir até lá, pra agradecer todo apoio que me deram no começo, quando não sabia como ser pai de minha própria filha. Gostaria de me despedir. Seria grosseiro de minha parte não fazer isso, eles foram muito bacanas comigo. Tudo bem pra você?

– Claro. Porque acha que diria não? Eles estiveram com você quando mais precisou. Te apoiaram. Na verdade, estou feliz que queira ir falar com eles. Em outro tempo você jamais faria isso, quero dizer, agradecer a alguém.

– Obrigado – disse ele, em seguida, voltou-se para frente, inserindo a chave na ignição.

– Mamãe, eu quelo a pepeta – Julinha pediu, preguiçosamente.

– Vai dormir amor?

– Vai. Calinho tá com xoninho.

– Ah, Carinho está com soninho. Tudo bem então. Deixa só a mamãe pegar a chupeta na mochila.

Ela puxou a mochila de Julia para o colo, abriu um dos compartimentos e retirou de lá a chupeta acompanhada do paninho. Entregando imediatamente a ela.

– Bigado, mamãe Ose.

– De nada, amor.

Rosalie assistiu ela levar a chupeta à boca, encantada. Pouco a pouco os olhinhos de sua bebê foram ficando pesados até que ela adormeceu.

Não levou muito tempo para chegarem ao endereço. Emmett estacionou próximo ao prédio onde funciona o grupo de apoio. Desligou o motor do carro e retirou o cinto de segurança. Olhou para a esposa quando percebeu que ela não se moveu no assento.

– O que? – pediu, preocupado, mantendo o corpo ligeiramente de lado.

– Eu não vou descer com você. A Julinha está dormindo.

Ambos olharam a filha adormecida na cadeirinha. Metade do paninho colada à bochecha e uma ponta presa entre os dedinhos. A chupeta mexendo lentamente com a sucção. Parecia um soninho tão gostoso e tranquilo.

– Não quero mexer nela, ursinho. Se retirá-la da cadeirinha agora ela pode acordar e ficar enjoadinha por não termos deixado tirar sua soneca. Se fosse pra levá-la pra cama, tudo bem. Mas não é esse o caso. Você não vai demorar, não é? Só vai lá se despedir deles, então eu ficarei aqui com ela, te esperando.

– Eu não sei... Não gosto da ideia de deixá-las aqui sozinhas.

– Não vai acontecer nada. Vai logo! Quanto mais rápido você for, mais rápido irá voltar.

Emmett olhou dela para a filha e novamente para ela.

– Tudo bem. Mas fique com a chave do carro. Vou deixá-la na ignição. Abre um pouco os vidros.

– Eu sei amor.

– Se perceber alguma movimentação estranha, saia daqui com o carro. E me ligue logo em seguida.

– Ok, agora vai logo.

Ele se inclinou no espaço entre os bancos para poder se despedir melhor.

– Vem cá, me dá beijo – pediu.

Rosalie rolou os olhos, soltando cinto, e então se inclinando ao encontro dos lábios dele.

Ele mergulhou uma das mãos na nuca dela enquanto a beijava forte. Não tinha a menor vontade de se afastar, gostaria de poder viver nos lábios dela.

– Vai ursinho. Desse jeito você não vai nunca.

– Está bem, já estou indo – e quando estava se afastando, voltou e a beijou forte outra vez.

– Vai – ela exigiu, empurrando com as duas mãos o peito dele.

Ele sorriu, revelando as covinhas em ambas as bochechas.

– Cuida dela – avisou.

– É o que estou fazendo.

Virou-se para a porta e antes de abri-la avisou:

– Voltarei o mais rápido possível.

– Estou contando com isso.

– Qualquer coisa é só me ligar, e eu volto correndo.

– Tudo bem. Vai tranquilo.

E então, ele já não estava mais no carro.

De onde estava, no banco de trás do veículo, agora com as duas janelas da frente parcialmente abertas, ela observou o marido entrar no prédio antigo.

Voltou olhar a filha dormindo. Afagou seu rostinho, em seguida, beijou um bracinho. Logo depois se mudou para o banco da frente, o banco do motorista.

Pensou em dar uma volta pelo quarteirão, para passar o tempo. Mas chegou a conclusão que talvez não fosse uma boa ideia. Acabou, por fim, ligando o rádio.

De tempos em tempos olhava Julia dormindo. Depois tornava olhar para a entrada do prédio. Por falta do que fazer, pegou o celular e enviou uma mensagem ao marido.

“Já estou sentindo sua falta.”

Não esperou resposta, sabia que ele estava ocupado agora.

Poucos minutos depois, recebeu duas ligações. A primeira foi de Ângela, da casa de festa. A segunda, de Grace, cuja conversa foi mais demorada.

Se pegou sorrindo bobamente ao perceber a figura do marido se aproximar da saída. Logo atrás dele vinha uma mulher. E quando chegou à calçada, outra surgiu apressada, agarrando seu braço esquerdo.

“Mas o que?”, pensou Rosalie, incomodada com toda aquela intimidade.

Endireitou-se no assento. Sua atenção agora inteiramente na cena, na calçada em frente ao prédio. Passou para o banco do carona, buscando uma melhor visualização. A mulher, bonita demais, ela pensou. Sorria para seu marido como se fosse o único homem na face terra. A necessidade que tinha de tocá-lo estava deixando-a irritada. A cobra do ciúme começa a se contorcer dentro dela.

– Filha da mãe, tira essas mãos de cima do meu marido – grunhiu por um instante.

Presenciou a distância Emmett afastar as mãos da mulher de seu braço para, em seguida, olhar na direção do carro. O olhar dele encontrou o seu, mas ela não sorriu quando ele lhe sorriu.

Ele se despediu de Skyler com apenas um “até logo”, mas ela, no entanto, foi audaciosa e lhe pregou um beijo bem em cima da covinha, na bochecha esquerda.

Rosalie respirou fundo, forçando-se não pensar em uma enxurrada de nomes feios para definir aquela mulher que forçava intimidade com seu marido.

Observou Emmett caminhar em direção ao carro, parecendo satisfeito, olhando-a todo tempo através do para-brisa. No entanto, antes que ele pudesse se aproximar do veículo, ela abriu a porta e ficou de pé na calçada.

Ele imaginou que fosse para recebê-lo com um abraço ou algo parecido. Mas, quando moveu os braços para abraçá-la, Rosalie não se moveu.

Antes de perguntar qualquer coisa, olhou para dentro do carro, mais especificamente no banco traseiro onde estava a filha. Julia ainda dormia, tranquilamente, alheia aos dois.

– O que foi? – ele pediu, segundos antes de encostar os lábios nos cabelos dela.

– Quem é ela? – Rosalie pediu, sem mover um músculo. Ele ainda a abraçava.

– Ela quem?

– A fulana que estava cheia de dedos em cima de você.

– Ela é gente boa.

– Ela é gente boa – repetiu, imitando o tom de voz do marido, porém, beirando a irritação. – Quer continuar falando com ela, vai lá. Eu vou embora com minha filha pra que você possa ficar mais a vontade.

– Não precisa ficar com ciúmes amor.

– Eu não estou com ciúmes – ela negou.

– Então porque está agindo assim? Indiferente a meu abraço. Humm... Por quê? – murmurou, beijando o ouvido dela suavemente. – Eu vi sua mensagem. Queria que tivesse entrado lá comigo para que todos a vissem e soubessem que é você quem eu amo. Que soubessem que todas as vezes que aprendi algo novo lá dentro, era por você e aquela garotinha que está dormindo no carro – Emmett a sentiu suspirar contra os músculos de seu peito. – Foi escolha sua ficar aqui fora. Você não quis retirá-la do carro, lembra? Eu não fiz nada de errado, Rose. Vamos lá, querida, quero sentir seus braços ao redor de meu corpo. Não me deixe pensar que vai me deixar outra vez.

Lentamente os braços dela se moveram envolvendo-o pela cintura. Os lábios dele logo se curvaram em um sorriso, tendo o queixo apoiado à cabeça dela.

– Assim está bem melhor – informou.

– Não vai me dizer quem é a fulana?

– Que importância isso tem?

– Eu quero ouvir de sua boca que àquela mulher não quis tirar você de mim enquanto estive fora.

– Se ela quis ou não, isso não tem importância. Porque cada segundo do meu dia foi vivido pensando em você e Julia. Pouco me importa se ela tinha intenções. Eu sempre quis apenas uma mulher, e essa mulher é você – ele segurou o rosto dela entre as grandes mãos e, ao inclinar os lábios na direção dos dela, suplicou. – Não rejeite.

E ela não rejeitou. Se permitiu ser beijada, retribuindo igualmente o amor e desejo. Aceitando de bom grado a torrente de calor liquido que os tomava todas as vezes que se beijavam. Se tocavam.

E então, a seguir, ele a beijou várias vezes no pescoço.

– Nunca mais faça isso. Meu coração quase parou de bater quando pensei que fosse brigar comigo. Não suportaria a ideia de vê-la me deixar novamente. Dessa vez isso não afetaria apenas a mim...

– Jamais irei a lugar algum sem minha filha.

Suas palavras o fizeram chegar a um pensamento óbvio.

– Eu sempre estarei onde minha filha estiver – explicou, com uma sobrancelha levemente erguida, olhando-a fixamente.

– Exatamente – confirmou, presunçosa.

Emmett apertou o corpo dela contra o seu, chegando a erguê-la um pouco do chão.

– Eu vou mostrar o quanto te quero quando, ainda hoje, estivermos fazendo amor. Beijando e reivindicando cada pedaço de pele em seu corpo.

– Humm... Mal posso esperar – ela sussurrou contra a pele do pescoço dele.

Ele a colocou de volta no chão, ao ouvir alguém chamar seu nome acenando com um “até logo”. Era um amigo do grupo de apoio.

Quando voltou olhar para Rosalie, ela estava se encaminhando para uma das portas traseiras do carro. Ele se apressou pondo uma mão na porta e outra no ombro dela.

– Vem na frente comigo – pediu.

– Mas... – ela tentou argumentar.

– Ela está dormindo. Está quietinha. Não vai precisar de você ao lado dela agora.

Rosalie olhou Julinha adormecida dentro do carro.

– Eu queria fazer amor com você nesse exato momento. Mas, como não é possível, apenas fique perto de mim – ele implorou.

– Está bem – concordou, indo para perto da porta do carona, que logo foi aperta para ela.

No minuto seguinte, Emmett estava dentro do carro, ao lado dela. Em todas as vezes que precisaram parar no sinal de trânsito, ele estendeu a mão para afagar a dela. Algumas vezes, o joelho também.

[...]

Estavam na garagem subterrânea do prédio agora. Rosalie retirava Julia da cadeirinha para levá-la ao apartamento.

– Mamãe... – ela gemeu ainda sonolenta, com a chupeta na boca.

– É a mamãe amor. Está tudo bem. Pode dormir mais um pouquinho.

– Papai?...

– O papai está aqui com a mamãe. Ele está levando as nossas coisas pra casa. Dorme mais um pouco bebê.

Mantendo Julia em uma posição confortável em seus braços, ela também segurava Carinho. Julia voltou a cochilar, mas quando estavam no elevador, despertou totalmente. Ergueu a cabeça, que antes estava recostada ao ombro da mãe, e ficou olhar em volta.

– Não está mais com soninho, gotinha? – a mãe perguntou.

Seu rostinho estava amassado, com a marca do paninho.

– Não tá masi – ela respondeu.

– Então entregue a chupeta pro papai guardar – pediu Emmett.

Ela sacudiu a cabeça, freneticamente, levando as mãozinhas à boca cobrindo a chupeta.

– Chupeta só na hora de dormir gotinha.

– Gotinha vai domí – ela tentou disfarçar recostando a cabeça outra vez no ombro da mãe. Fechou os olhinhos, abrindo, em seguida, uma brecha para observar a reação do pai.

– Viu só que espertinha. Querendo me enrolar – ele se queixou. Rosalie bem tentou não rir, mas foi impossível. – E você ainda fica rindo.

– Desculpe ursinho. Não deu pra segurar.

E lá estava ela, mordendo o lábio em uma tentativa de conter o riso. O que acabou conduzindo os pensamentos do marido para um tema bem diferente.

– Não faz isso – pediu ele, de olho nos lábios dela.

– Isso o que?

– Morder o lábio desse jeito, quando estou fazendo um esforço danado... Você sabe...

– Se controla amor. Tenha paciência.

– Todos os dias eu faço isso. Talvez eu devesse entoar um mantra. Acha que funcionaria, Rose?

– Sei lá – ela respondeu, gargalhando.

– Você acha graça, né – bufou. – Foram intermináveis dias, que se tornaram meses, de total celibato. Agora, sempre que nossa filha nos dá uma folguinha, só quero amar você.

As portas do elevador se abriram na cobertura. Um saiu ao lado do outro.

– Você já era impossível, agora então.

– Fazer o que – ele comentou. As covinhas em sua bochecha logo trataram de se exibir.

Voltando a falar com a filha, ela perguntou:

– Quer tomar banho de banheira com a mamãe?

Esquecendo-se que fingia dormir, Julia respondeu imediatamente.

– Quelo, sim.

– Então entregue a chupeta para o papai.

– Senão Julinha não toma banho de banheila com a mamãe?

– Isso. Dá a chupeta pro papai guardar.

– Tá.

Ela nem pensou duas vezes antes de retirar a chupeta da boca e entregá-la ao pai.

Assim que entraram no apartamento Rosalie a pôs no chão. E lhe deu um tapinha no bumbum quando ela saiu correndo.

– Para o banheiro da mamãe, gotinha.

Emmett se jogou no sofá, deslizando sobre o encosto, e lá ficou. Rosalie foi atrás de Julia, não demorou muito as duas estavam dentro da banheira.

Passaram-se alguns minutos, até Emmett surgir no umbral da porta. Ele estava sem camisa e de pés descalço. Assistindo as duas brincar, vez ou outra, seus lábios se curvavam em um sorriso, e lá estavam suas covinhas de volta.

– Ei, aí está você – comentou Rosalie, pouco antes de soprar uma camada de espumas que estavam na palma de sua mão.

Ele nada disse, apenas deixou as covinhas falarem por si só.

– Vem cá ursinho, senta aqui – ela indicou a borda espaçosa da banheira.

Ele fez exatamente como ela sugeriu.

– Me dá seu pé – ele pediu.

– Vai massageá-lo?

– Vou.

– Obrigada amor. Estava mesmo louca por uma massagem.

– Eu suspeitei quando me pediu para sentar aqui.

Ela esboçou um sorriso, meio que se entregando.

Enquanto Julia brincava eles conversaram um pouco. Quando se deram conta, todo o piso, ao longo da banheira, estava coberto de espumas. E um patinho de borracha perdido na bagunça.

Após um tempo, ele as deixou tomar banho a sós.

[...]

Depois do jantar, Julia ficou brincando com o pai enquanto a mãe, na cama, recostada aos travesseiros, lia um livro. Às vezes Rosalie se pegava sorrindo ao ouvir o riso dos dois.

Julia, com seu gritinho fino, correndo por todo o apartamento com o pai ao seu encalço, fingindo-se de monstro.

– Sai montlo. Saiiiiiiii!

– Eu vou pegar essa gotinha de amor. Vou sim. E nunca mais devolverei para a mamãe Rose, nem ao papaizinho, muito menos pros vovôs, vovós, titias e titio.

– Não vai montlo. Seu do mal.

Ele rugiu como se fosse realmente um monstro. Num piscar de olhos Julia desapareceu corredor adentro, gritando. O pai chegou a se curvar de tanto rir.

– Mamãe. Mamãeeee.

Julia entrou no quarto dos pais feito um foguetinho, indo parar ao lado da cama.

– O que foi amor? – a mãe pediu, deixando o livro de lado, mesmo já sabendo que tudo fazia parte da brincadeira dos dois.

– O montlo que pegá Julinha e Calinho plá nunca masi devolvê – ela lutava pra subir na cama Box. – O montlo papai.

– Onde está a gotinha de amor? – Emmett pedia, usando de um tom de voz quase assustador.

– Ele tá vino! – ela gritou, tendo os braços e pernas numa bagunça, enquanto lutava para subir na cama.

Gargalhando, Rosalie a ajudou. Ela logo se enfiou embaixo dos lençóis feito um pequeno furacão.

– Não fala. Não fala que a Julinha tá aqui mamãe Ose.

Outra vez Emmett rugiu falsamente, dessa vez, porém, bem em frente à porta, que estava aberta. Tanto Rosalie quanto ele vira o pequeno monte embaixo dos lençóis se mexer, contendo o riso.

– Você – exigiu ele, com a falsa voz de monstro. Seu rosto estava que era só diversão, e tinha dificuldade pra controlar o riso –, diga-me onde está aquela gotinha de amor.

– Oh, seu monstro papai – sorriu Rosalie, entrando na brincadeira, apontando o dedo para o montinho embaixo dos lençóis –, eu não sei aonde ela pode estar.

Emmett fez sinal pra ela ficar calada. Devagar se aproximou da cama. Respirou fundo, tentando controlar a gargalhada que se formava. Segurou o lençol com as duas mãos e o puxou em uma só vez, revelando uma garotinha encolhida, que, ao se dar conta de que havia sido descoberta, pulou pra cima da mãe.

– Sai montlo – ela gritou.

Emmett se jogou na cama, passando o braço em volta de Rosalie, prendendo as duas em um único abraço.

– Sai montlo. Montlo sai.

– As duas são minhas agora. Nunca mais irei soltá-las – lá foi ele tentar a falsa voz de monstro outra vez, e acabou gargalhando.

– Vocês vão me fazer sufocar – disse Rosalie. Os dois pararam imediatamente, olhando para ela. – Eu estou brincando. Anda, podem me abraçar.

Outra vez os dois estavam em cima dela. Emmett mantendo o peso do próprio corpo nos cotovelos para não esmagar a filha.

Naquela mesma noite, quando Julinha adormeceu entre os dois, puderam trocar beijos e caricias. Não demorou muito tiveram que deixar o quarto.

Enquanto eles se amavam, no banheiro, aplacando o desejo e a saudade, Julia tinha uma noite de sono tranquila, livre de pesadelos.


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Notas finais do capítulo

Não se esqueça de deixar um review :)
Já ia me esquecendo; a fic está na reta final.
Beijo, beijo
Sill