A Dama e o Prostituto escrita por Ruriet


Capítulo 2
Le Bal




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O sono de Haruno Sakura fora repentinamente perturbado pela criada eufórica, que a chamava sucessivamente enquanto abria as cortinas do quarto, deixando que a luz adentrasse o lugar.

- Senhorita Haruno, sua mãe vai ficar irritada se a senhorita dormir por mais um minuto! – disse em tom preocupado.

Haruno resmungou algo enquanto se remexia na cama macia.

- Senhorita, por favor! – a criada puxava os lençóis e o edredom da cama, na falha tentativa de tirar a menina dali.

- Petrova... – resmungou – Só mais cinco minutinhos... – disse sonolenta, enfiando a cabeça embaixo do próprio travesseiro.

- Senhorita, juro que se não se levantar vou lhe jogar um balde de água fria cabeça abaixo! – advertiu-a.

Sakura logo tratou de se mexer, afinal, sabia que a empregada seria capaz de fazê-lo. – Ok petrova, você venceu! – Sakura finalmente se levantara, com uma expressão levemente irritada. – Você interrompeu meu sonho! E bem na hora em que o príncipe ia me beijar... – e ao lembrar do próprio sonho seus olhos começaram a brilhar e sua expressão irritada se desfez como mágica.

- Sonhando com príncipes mais uma vez, senhorita? – Petrova riu, arrumando a cama.

- Essas coisas só são boas em sonhos, Petrova! Na vida real não há homem que seja encantador como aquele do meu sonho... – seus olhos voltaram a brilhar.

- Acho melhor a senhorita correr para o banho, sua mãe está lhe esperando para tomarem café juntas...

- Ok. - A menina caminhou até o banheiro que fazia parte de sua suíte e tomou um longo e demorado banho. Vestiu um roupão tão rosa quanto seus cabelos e tratou em se apressar para o café com sua mãe, afinal, se esta estava disposta a passar uma manhã junto com a filha, algo importante queria dizer-lhe!

- Bom dia, mamãe! – disse cordialmente, sentando-se à mesa e encarando a mãe que sentava do outro lado desta. A senhora Haruno era uma mulher de expressão imponente, com cabelos loiro-claros e levemente ondulados, com nariz arrebitado sob os óculos elegantes de armação dourada. Colocou o jornal que segurava a um lado e encarou a filha.

- Dormiu bem? – perguntou com a voz gentil.

- Sim... – respondeu sem muita vontade, seu foco agora eram as rosquinhas recheadas com chocolate que estavam aguardando por ela com cara de “me coma, sou deliciosa!”. Sakura estava faminta e quando estava prestes a pegar sua segunda rosquinha, a mãe lhe impediu, retirando todas as demais de perto dela.

- Assim você vai engordar! – disse, empurrando para ela um cacho de uvas. – Não! Não pense que vou assistir enquanto você se entope de gordura! – concluiu ao ver o olhar irritado que Sakura lhe lançara. – Assim não haverá homem que te queira, minha filha!

- Não me venha com essa história de casamento de novo, mamãe! Por favor, estou farta! – rebateu, enquanto devorava o cacho de uvas.

- Como ousa dizer isso? Eu com dezessete anos já estava noiva! O tempo está passando, minha querida! Não quero morrer e deixar uma filha solteira pelo mundo... Seria uma vergonha! – seu costumeiro tom dramático-teatral irritava a filha, que a olhava em silêncio para não agravar aquela discussão sem sentido.

- Certo mamãe... – respondeu por fim, enquanto a mãe lhe lançava um olhar de desaprovação.

- Quase ia me esquecendo... Seu vestido chega hoje de tarde! Temos um baile de máscaras para ir! HOHO – seu tom tornou-se animado em questão de segundos. Seus olhos começaram a brilhar daquela forma estranha, como quando ela imaginava Sakura subindo no altar ao lado de um homem rico e com bom sobrenome.

- Aaah, mamãe... Não me diga que vai me fazer encontrar um daqueles seus “candidatos” a noivo pra mim! Já disse que estou farta! – ela quase gritava. A senhora Haruno já lhe havia arrumado vários pretendentes antes, pelo menos uns cinco. Mas Sakura sempre dera um jeito de fazer com que a mãe desistisse deles. Em suma eram sempre mais velhos e metidos e idiotas e... bastava!

- Coloque uma coisa na sua cabeça, querida... Você irá se casar em breve! Estou cuidando disso! HOHO – aquela risada causava arrepios e calafrios na garota.

X

Na mesma tarde, a melhor amiga de Sakura, Tenten, apareceu para uma visita. A garota estava muito empolgada com o baile que aconteceria naquela noite. As duas conversavam, jogadas na cama de Sakura enquanto comiam uma barra de chocolate que Tenten trouxera. A senhora Haruno teria um infarto caso descobrisse que a filha se entupia de doces às escondidas.

- Aiaiai, Sakura... Vou encontrar Neji hoje! Ainda não é certeza, mas talvez ele peça minha mão em casamento logo, logo... – os olhos da amiga brilharam quando ela mencionou as palavras “Neji” e “casamento”.

Sakura suspirou. – Você é igual minha mãe! Só pensa em casamento e dinheiro! Poxa... dezessete anos é muito cedo pra se casar!

- Mas imagine Sakura, você e o homem da sua vida vivendo felizes para sem...

- Não ouse terminar isso! – interrompeu-a. – Parece que está me rogando uma praga!

- Credo Sakura...

- Eu que não quero passar a vida inteira do lado de UMA única pessoa, até morrer! Deve ser tedioso! – sua expressão era de nojo.

- É que você ainda não descobriu o grande amor da sua vida! – brincou Tenten, fazendo cócegas na amiga, que por fim rira também. – Quando você o encontrar, os sinos vão badalar e você nunca mais será a mesma! Acredite... – a amiga suspirou voltando a ficar com aquela expressão que à Sakura parecia muito idiota.

- Espero não ficar idiota como você! – Sakura riu, pegando um pedaço de chocolate e encerrando o assunto sem mais delongas.

Alguém bateu à porta.

- Entre...

Petrova entrara apressada trazendo uma gigante caixa preta. – Senhorita, aqui está o vestido que sua mãe encomendou. – disse, deixando a caixa sobre a cama. – Mas que absurdo!- disse, lançando um olhar furtivo ao chocolate sobre a cama - Vocês estão comendo chocolate de novo, suas danadas! Senhorita, sabe que sua mãe...

- Ah, Petrova querida... Sei que você não vai contar a ela, não é mesmo? – Sakura a olhou com um sorriso persuasivo.

A criada balançou a cabeça e deixou o quarto. – Eu não vi nada, afinal! – disse enquanto fechava a porta atrás de si.

- Vamos, abra a caixa Sakura! – disse Tenten, mais animada que a outra.

Sakura tirou a tampa da caixa e lá estava ele: um longo vestido champagne, sem mangas, daqueles bufantes e com várias “camadas” de tecidos e forros, incrementado com detalhes dourados por toda sua saia (bem a cara da dona Haruno...).

As duas observaram o vestido por um tempo, com olhos arregalados.

- Wow, Sakura-chan! É um vestido lindo... Digno de Cinderela!

- Por sorte não tem sapato de cristal pra acompanhar. Mas é bem a cara da minha mãe...

- Eh, não tem sapato de cristal, mas tem isso... – Tenten retirou da caixa uma máscara também champagne e com detalhes dourados. Os olhos da garota de cabelos castanhos brilhavam novamente.

- Minha mãe é exagerada, mas tenho que admitir que o vestido é lindo... E a máscara também! – Sakura suspirou, jogando-se na cama novamente.

- Hoje você descola um príncipe, aposto que sim! – Tenten sorriu, sentando-se ao lado da outra.

- Já disse pra não rogar praga!

X

Sakura desceu da limusine e caminhou até o saguão de entrada do prédio onde seria realizado o baile. Um dos recepcionistas lhe indicou o extremo do ambiente, onde um lance de escadas lhe levaria ao salão no piso inferior, apinhado de pessoas com seus vestidos coloridos e máscaras brilhantes. A mãe de Sakura chegaria apenas mais tarde. Era impressionante como ela demorava a se arrumar.

Enquanto Sakura descia as escadas sentia que algumas pessoas a observavam. O vestido estava chamando muita atenção, de certo. Seus cabelos foram ondulados (pela criada que fizera questão de prepará-la) e presos de uma forma abstrata, com alguns cachos soltos na parte da frente. Estava deslumbrante, sem dúvida.

Caminhou até o centro do ambiente, olhando a sua volta a procura de Tenten, mas não havia sinal da amiga por ali. Sentia-se perdida em meio a tantas pessoas e estava um tanto distraída em olhar para os lados, até trombar, sem querer, com um garoto que andava de costas. Ele virou-se imediatamente. O tal desconhecido parecia ter saído de um livro de contos de fada. Sua roupa azul marinho em estilo medieval era digna de um príncipe encantado, afinal. E por trás da máscara que combinava com a roupa estavam dois belos olhos negros, assim como seu cabelo, que contrastavam com sua pele alva.

Eles se entreolharam até que Sakura lembrou-se de respirar e de pedir desculpas.

- Eu sinto muito... Estava procurando...

- Me concede uma dança, senhorita? – interrompeu-a com sua voz serena e gentil, tão bela que Sakura não teve como recusar.

Ela lhe estendeu uma mão. – É claro. – respondeu e então ambos juntaram-se. Ele com uma mão em sua cintura e ela com uma mão em seu ombro.

Ficaram em silêncio por alguns minutos. Ele parecia preocupado com as horas, fitando o relógio gigante que ficava em um extremo do salão enquanto dançavam. Sakura preferiu não questionar. Na verdade ela queria puxar assunto com o moreno, dado que estava por deveras entediada. Sem saber o que dizer contemplou os olhos dele. Possuíam uma cor tão normal, mas ao mesmo tempo eram encantadores... Ela corou quando ele passou a fitá-la também. A música que os embalava havia terminado, mas para a surpresa da garota, ele não se soltara dela quando uma mais lenta começou. Ao invés disso aproximou-se mais, ainda encarando-a.

Por uma última vez ele olhara para o relógio, voltando o olhar para Sakura em seguida. Ele soltou a mão que segurava à dela e lentamente colocou a sua no queixo da garota, deixando-a ainda mais surpresa. Por fim, aproximou-se mais, fazendo com que seus rostos ficassem a centímetros de distância e tomou seus lábios em seguida, num beijo delicadamente demorado. A última coisa que Sakura pudera ouvir antes de perder-se em meio aquele beijo subitamente agradável foram as badaladas do relógio indicando meia-noite.

O garoto separou-se dela e fitou seus olhos por uma última vez. – Encontro você no lugar combinado. – e dizendo isso saiu apressado dali, sumindo em meio à multidão.

Sakura continuou parada, sem ter entendido o que acabara de acontecer e sem saber o que fazer. Segurou o vestido, levantando sua bainha para que pudesse sair dali, quando avistou no chão um objeto preto: claro, só podia ser! O celular do seu príncipe encantado.

Aquilo era algum tipo de piada? Só poderia ser afinal! Só restava descobrir de quem: de sua mãe, ou do próprio destino? Ela soltou um sorriso irônico e tratou de sair dali, ainda atordoada.

Quando você o encontrar, os sinos vão badalar...” – as palavras de Tenten ecoavam em sua cabeça.

X


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Notas finais do capítulo

Foi como eu disse, sem sapatinho de cristal e sem carruagem mágica, mas ainda assim uma enorme ironia do destino. Sakura que aguarde até conhecer a outra face de seu “príncipe encantado”.

Eu adorei escrever esse capítulo, então espero do fundo do meu rim que tenham gostado também.

Mandem reviews com sugestões, reclamações, elogios, críticas, conselhos de ortografia. Conversem comigo, perguntem como foi meu dia ou como eu estou, senão eu juro que lhes faço comer uma maçã envenenada! Uhum! ._.

Ps: Com vocês acham que a Sakura deveria se casar?- não vale o Sasuke, fikdik . (respondam ;)

Kisses e bubais ~

(agradeço a quem leu)



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