Entre Mundos Distintos escrita por JuliaFerreira
Na manhã seguinte fui acordada pelo despertador e fui checar se minha mãe ainda dormia, mas ela já devia ter saído para o trabalho, então fui ao encontro de Michael e Alice. Cheguei ao banco que sentávamos na noite anterior, mas não havia ninguém lá. Andei pelo parque e comecei a ouvir sussurros perto de uma gangorra velha, então me escondi pelos arbustos e andei vagarosamente para ver quem falava. Encontrei dois garotos que aparentavam ter 16 anos, musculosos e vestiam roupas pardas, com um “A” estampado em vermelho no peito.
– É aqui a cidade. – Disse um deles.
– Quando iniciaremos? – Perguntou o outro.
– Assim que reunirmos mais quatro membros para a Angels. Se conseguirmos apagarmos a memória daqueles ali, poderemos terminar nosso domínio. – O anterior apontou para uma caixa preta ao lado deles.
Os dois sorriram maleficamente e tentaram levantar a enorme caixa e transportaram até um jato bem estranho estacionado um pouco mais adiante. Na caixa havia escrito “fugitivos”.
“Michael e Alice.” Pensei. Eles estavam naquela caixa e deveria estar com mais algum amigo de Alice para nos ajudar na missão. Pensei em usar o poder da Levitação para buscar a caixa, mas eles me notariam e certamente me destruiriam. Pensei muito tarde e observei o jato partindo em disparada.
Comecei a entrar em desespero e não havia ninguém para clamar por ajuda. Corri floresta adentro e achei um lago, no qual parei para repousar e pensar, sem risco de humanos passarem pelo local. Depois de algumas horas, bolhas começaram a se formar no meio do lago e me preparei para me defender do que fosse. Até que uma imagem começou a se formar e parecia ser o rosto de um homem de barba branca e olhos fundos.
– Diana. – Disse a imagem.
– Até a imagem sabe meu nome. – Bufei. – Quem é você?
– Sou o Mago das Águas. – Respondeu. – Peço ajuda, Diana. Salve minha filha, Alice. Ela foi uma das únicas que não foi absorvida pelo poder da Legião e uma das mais bravas rebeldes. Destrua a Legião.
– Como você pretende que eu faça isso sozinha?
– Seu pai lhe mandará um corvo ainda hoje. Ele lhe guiará até a cidade dos descendentes. Você é esperta Diana. Saberá o que fazer.
– Meu pai? Não preciso de nada vindo do meu pai. – Revoltei-me, mas a imagem já estava sumindo.
Fiquei parada, sem saber o que fazer e tentei pensar em algum plano. Pensei por muito tempo e fui cutucada nos ombros. Já estava pronta para quebrar quem fosse e vi um animal de três metros de altura, negro, me olhando com os olhos estranhamente meigos para aquele corpo tão medonho.
– Você deve ser o tal do corvo. – Falei.
Ele se curvou para que eu subisse em suas costas e assim fiz. Segurei firme e partimos pelas nuvens.
Depois de algumas horas de viagem pelos céus, Consegui avistar algumas luzes concentradas em um local, o que parecia ser uma cidade.
– É ali a cidade dos descendentes? – Questionei.
O corvo pareceu entender e balançou sua enorme cabeça em concordância.
Sobrevoamos a cidade e pousamos em um lugar afastado e mais seguro, para que não pudessem nos ver. Desci do corvo e pedi para que me esperasse em um local seguro por perto, caso algo desse errado e tivéssemos que fazer uma fuga.
Andei até atrás de uma árvore no limite da cidade, para observar como era o local. Muitas pessoas andavam vendadas e cabisbaixas com as roupas parecendo trapos. Mais adiante havia uma enorme grade, onde identifiquei uma placa escrita: “Humanos.” “Ali é onde os escravizam.” Pensei. Do outro lado estava um enorme palácio negro, onde partiam chamas de algumas tochas mais ao alto.
– De alguma forma, preciso entrar no palácio, achar meus amigos, libertá-los e destruir os principais comandantes da legião. – Sussurrei. – Ok, isso não vai ser fácil.
Pensei nas pessoas transitando tristemente e obedecendo a ordens, aqueles descendentes não pareciam felizes com tudo aquilo, então certamente iriam para o lado dos rebeldes. Cutuquei um garoto que colhia frutos perto da minha árvore e ele me olhou assustado.
– Onde está sua venda garota? – Ele disse baixo.
– Eu não sou submissa. Só preciso de um jeito para entrar no palácio e chegar ao local dos fugitivos. – Expliquei.
Ele pareceu confuso, mas me entregou uma venda do bolso dele.
– Tome. Entre no palácio com isto para que não te prendam. Siga as placas de dentro do palácio para chegar a sala dos fugitivos e tente não ser pega. Boa sorte garota. – Ele me entregou a venda.
Agradeci, pus a venda e fui cabisbaixa até os portões do palácio. Um dos guardiões restringiu minha entrada.
– Qual a sua tarefa? – Perguntou com seriedade.
– Preciso envenenar humanos fracos. Sala de venenos? – Menti.
O guarda parou por um instante, mas não pareceu desconfiar. Disse-me as direções da sala e liberou minha entrada. Procurei por uma placa em que me dissesse onde aprisionavam os descendentes fugitivos e encontrei. Caminhei por onde as direções diziam e passei por várias portas de ferro até encontrar a porta que eu queria. Chequei para ver se ninguém transitava pelo corredor e tentei entrar, mas estava trancada. “Os humanos não são de total inutilidade. Se tem uma coisa que aprendi com os delinquentes do colégio era como quebrar uma fechadura para abrir a porta. Vamos lá pensamento. Quebrar fechadura.” Usei meu poder da força pelo pensamento e assim se fez. A porta se abriu e a empurrei para entrar, com cautela. Lá estavam várias celas, aonde muitos fugitivos tremiam de frio e fome. Caminhei pelo corredor de celas e observava alguns dormindo e outros se encolhendo a me ver. Pareciam com medo de algum castigo. Finalmente, achei a cela aonde Alice, Michael e outro amigo se encontravam. Eles pareciam felizes ao me ver, mas não tínhamos muito tempo até alguém nos achar. Eu estava certa. Logo que estava me concentrando em quebrar a fechadura da cela deles, três descendentes musculosos corriam em minha direção, furiosos.
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